Dinoooovooooo!O desfavor cede e cai mais uma vez na novela Rafinha Bastos. Não podemos deixar passar o desenvolvimento da trama agora que Wanessa Camargo (pau no cu dela, só é famosa por causa do sobrenome, então escrevemos) está tentando arrancar pelo menos cem mil reais dele com um processo ridículo de indenização por danos morais.

Desfavor da semana.

SOMIR

Eu quero entrar com um processo de indenização por danos morais contra a Wanessa Camargo. O prospecto dela conseguir tirar um centavo de um humorista por uma piada genérica me entristece profundamente, influindo na minha capacidade de acreditar no sistema social vigente.

Mas eu não sou filho de celebridade e/ou esposa de empresário rico. A justiça do meu país tende a não dar muita bola para o que eu quero ou deixo de querer. Ambos os processos teriam o mesmo grau de frivolidade, ambos os processos seriam tentativas de extorsão para limitar a liberdade de outro ser humano, mas só o dela tem chances de dar em alguma coisa.

Até agora tratei o(s) caso(s) Rafinha Bastos evitando me posicionar claramente sobre o quanto eu gosto das piadas dele, afinal, não era o ponto da argumentação. Acho que ele e o elenco do Zorra Total tem exatamente o mesmo direito de exercer o humor que bem entenderem. Direito de expressão está num patamar bem acima de gostos pessoais.

Mas já que temos mais uma prova clara que o mundo é mesmo dos imbecis, fodam-se essas definições idealistas. Eu gosto das piadas dele, acho que tem ideias muito bacanas (quando acho babaca, digo claramente, mas todo mundo tem seus momentos babacas) e acho péssimo que esta nação CHUCRA esteja tornando-o inimigo público por causa disso.

Vou deixar uma coisa bem clara: Eu respeito o seu direito de achar que o Rafinha Bastos não pode fazer as piadas que faz, mas entenda que eu te considero uma das partes integrantes do problema. Quem trata um comediante como inimigo da nação pensa tão pequeno que acaba só atrapalhando no quadro geral.

Essa turma caindo matando nele, torcendo para que ele sofra consequências totalmente descabidas pelo que fez, é justamente quem mantém esse sistema de subserviência tão agradável aos políticos corruptos. O direito de “ofensa” de uma filhinha de papai que pulou de dentro de uma carteira para outra como medida de sucesso na vida se sobrepõe a um tão valioso quanto liberdade de expressão?

E eu nem vou entrar no mérito de que justiça só existe para os ricos deste país, uma sentença com uma indenização no caso passaria LONGE de ser justiça. Isso é extorsão. Um crime “legal” com a chancela de boa parte de nossa população como cúmplices. No final das contas, não passa de uma demonstração de poder. Para deixar bem Claro quem manda e quem obedece.

E só para entrar no mérito da piada: Eu JURO que se ele falasse isso da minha mulher, eu daria risada e nunca mais pensaria nisso. Afinal, eu NÃO SOU MALUCO! Se o Rafinha Bastos disser que vai explodir uma bomba e destruir o mundo, eu não vou levar a sério. Basta meia dúzia de neurônios para diferenciar uma piada de uma ameaça. Sério… como é possível que esse comentário bobo tenha virado uma indenização por danos morais?

Que porra de mundo é esse? Todo mundo riu na bancada do programa, todo mundo riu em casa, um maluco inseguro, porém um maluco inseguro rico pra caralho, ficou ofendido e de repente as pessoas esquecem que o ser humano é capaz de falar coisas absurdas apenas por diversão? Cacete, eu estou começando a ficar com medo de falar em público. O cérebro humano deve ter involuído drasticamente enquanto eu estava distraído.

E se eu me posiciono favorável ao humor do Rafinha Bastos dessa vez, recuando no mérito exclusivo de liberdade de expressão, é porque do jeito que a coisa vai, começa a parecer um bom referencial de quem ainda honra o conteúdo do crânio. Escuto e leio muita gente batendo palmas para aquela anta da filha de cantor brega e dizendo que o humorista tem que pagar indenização e perder o emprego.

Parece que somos nós contra eles. Nós queremos as liberdades necessárias para viver numa sociedade funcional, eles querem agradar o sinhôzinho. Vejam bem: Não ir com a cara do Rafinha Bastos e querer que ele se foda por isso é até razoável, mas querer que ele se foda por AGORA ter começado a mexer com gente rica e poderosa é atestado de babaquice.

Eu já mencionei que uma das coisas que mantém o sistema de exploração e desigualdade é o desejo “quase” secreto de que a pessoa possa se beneficiar dele futuramente. No fundo muita gente GOSTA da noção de que gente rica e poderosa tenha proteção extra para tudo. Elas podem não usufruir disso agora, mas quem sabe um dia? A pessoa tende a ser um zero à esquerda tão grande quanto uma Wanessa Camargo da vida, e é confortável imaginar que exista uma série de condições que a tornem suficientemente intocável pela plebe.

Se aquela anta pode cagar em cima da nossa liberdade de expressão, quer dizer que todos nós podemos também se tivermos os recursos necessários. Analisando todos os níveis sociais, vamos encontrar uma maioria esmagadora de pessoas que vivem em função da opinião alheia. Todos se acham vítimas de ENVEJA.

Essa gentinha babaca torcendo para o Rafinha se foder por ter “mexido com quem não devia” faria exatamente a mesma coisa que a Wanessa Camargo se tivesse a oportunidade. Foda-se um funcionamento saudável da sociedade, o importante é aproveitar as vantagens pessoais e sacanear quem pode menos.

Nós contra eles. Podem ter certeza que eu queria MUITO que essa turma de “ofendidos profissionais” perdesse direito de fazer qualquer coisa além de puxar uma carroça. Mas nós aceitamos que é o direito deles que valida os nossos. Liberdade não existe sem seus contratempos.

E se você é burro(a) demais para entender qualquer coisa além de discussões sobre pessoas, facilito: Estou do lado do Rafinha Bastos. Entenda como quiser.

Para dizer que sentia falta dos meus textos chamando todo mundo de burro, para reclamar que estava gostando da minha ausência, ou mesmo para perguntar se eu gostaria que comessem minha mulher e o bebê (eu vou responder perguntando se você tem dificuldades para se lembrar que tem que respirar): somir@desfavor.com

SALLY

Eu quero saber, em primeiro lugar, porque merrrrdas quem critica Rafinha Bastos perde seu tempo vindo ler o Desfavor, já que o humor que a gente faz é tão ou mais ofensivo que o dele. Não me entra na cabeça que alguém goste do Desfavor e não goste do Rafinha Bastos e ainda venha aqui dar lição de moral. Se metade das coisas que a gente já escreveu aqui fossem ditas pelo Rafinha na bancada do CQC todo mundo estaria falando mal. Porque será?

Rafinha Bastos incomoda gente grande. Gente grande como políticos influentes, donos de emissora de TV e empresários. Gente que incomoda gente grande sofre esse tipo de tratamento que ele está sofrendo. A gente não incomoda ninguém porque somos dois nobodies. Curioso que o limite entre a piada e a falta de respeito seja o quanto ela afeta quem tem poder. O bom gosto é ditado pela mídia, se todo mundo cai de pau, o populacho vai lá e repete que é de muito mau gosto.

Vejamos Gisele e a Hope, por exemplo. Esta semana o CONAR decidiu que o comercial é bacana e não deve sair do ar. Entendeu que é uma piada sem a intenção de ofender. Gisele não incomoda empresários, muito pelo contrário, dá dinheiro a eles. Mas aquele comercial da Hope, pode ser sim muito ofensivo à imagem da mulher. Já escrevemos sobre isso. Avisar ao marido que estourou o limite do cartão de crédito e que ele vai ter que cobrir o rombo, ou seja, pedir dinheiro ao marido, vestida é errado, o certo é usar seu corpo para obter dinheiro, porque se você estiver casada, isso não é prostituição. Então tá. Era só brincadeirinha.

Mas quando Rafinha Bastos reagiu a um comentário do colega de programa e disse que comeria Wanessa e a criança, era sério? Era com a intenção de ofender? Ele ficou pensando assim no camarim: “Como posso ofender Wanessa Camargo, esta pessoa tão importante na mídia…?”. Me poupem. Você achou de péssimo gosto a brincadeira? Tá no seu direito (só não sei que merdas está fazendo aqui, porque as nossas são piores), agora dizer que ele estava falando sério? Nada me espanta depois que uma piada dele sobre estupro foi levada a sério e ele foi processado por apologia a crime. Admitindo que ele esteja brincando, porque passou do limite que VOCÊ considera agradável, isso quer dizer que ele passou dos limites? Você é referência mundial de bom senso e bom gosto? PASSE A GRAVAR as merdas que você fala e faz diariamente e veja se você é tão diferente dele.

Será que se Wanessa não fosse casada com Marcus Buaiz, a história teria repercutido tanto? Será que se Marcus Buaiz não fosse sócio do Ronaldo Travequeiro e não tivesse pressionado Ronaldo para não gravar um comercial da Claro ao lado de Marco Luque em represália teria dado tanta merda? Vocês ficaram passando a mão nos “Monique Evans da vida” que ficam se vitimizando por nada e criaram um monstro, uma indústria de ofendidos querendo ser indenizados. Taí, Wanessa processando Rafinha Bastos, pedindo, como MÍNIMO, CEM MIL REAIS por causa do comentário dele, porém dizendo que “espera ganhar muito mais”. Será que ela processa cada peão de obra que diz que comeria ela de forma grosseira?

Se você pensou “Bem feito, assim ele aprende a pensar duas vezes antes de falar e ofender os outros”, faça um favor para todos nós: NUNCA MAIS VOLTE AQUI. Gente que pensa isso, além de idiota, é EXTREMAMENTE HIPÓCRITA. Cadê aquele discurse super hippie de liberdade de expressão? Pode gritar na rua que comete um crime mas não pode fazer piada ofensiva? Pois eu vou morrer afirmando: EU QUERO VIVER EM UM PAÍS ONDE SE POSSAM FAZER PIADAS OFENSIVAS. Quem corre atrás da fama (ainda mais da forma indigna como Wanessa correu) sabe que este será um dos efeitos colaterais. Vai chorar na puta que pariu, porque quem quer o bônus tem que suportar o bônus. Democracia não é poder falar o que você quer, é ter que engolir o que você não quer.

Wanessa CAMARGO, porque sim, ela é filha do Zezé Di (com i!) Camargo e Luciano (duplas sertanejas são uma única pessoa) apesar de ter proibido a imprensa de escrever seu sobrenome, sempre vai ser aquela caipirinha BREGA e INSEGURA que mostrou seu rosto gordinho para concorrer com a Sandy. Muita cara de pau essa moça se achando no direito de cobrar respeito à sua vida particular! MAS LOGO ELA, que revelou para A FAMÍLIA que tinha perdido a virgindade EM UMA ENTREVISTA À REVISTA VEJA? Logo ela que deu por dois anos pro Dado Dolabella e apanhou dele? Logo ela que evade sua privacidade para tudo quanto é revista sempre que pode? Wanessa, vai fazer uma cirurgia nessa tua gengivite MEDONHA em vez de mobilizar o Judiciário para seus caprichos pessoais. Quem se expõe tem que saber segurar o rojão quando abusam da brincadeira. Contar à família e ao mundo que perdeu a virgindade pela Veja pode, ouvir piada pesada de humorista não pode? HIPÓCRITA. Vai se fazer de fina na casa do caralho, sua roceira desqualificada!

Depois que mexeu com Wanessa CAMARGO (Tem Dado em Casa? Turun tss!) Rafinha Bastos vem sofrendo um boicote de meio mundo, por pressão do seu marido, Marcus Buaiz. Sabe no colégio, quando você brigava com uma amiguinha e daí dizia para suas outras amiguinhas que só continuava sendo amiga delas se elas parassem de falar com a Fulana? É isso. Só que feito por um SUPOSTO HOMEM, SUPOSTAMENTE ADULTO. Se meu marido fizesse uma porra dessas, eu morreria de vergonha, juro! Numa boa, só para garantir que gente pau no cu vai parar de vir aqui: O mundo ficaria melhor se Wanessa CAMARGO perdesse esse bebê, porque puta que me pariu, esses dois criando um filho vai ser foda.

A hipocrisia das pessoas não tem fim. Todo mundo sabe que o Fábio Assunção FOI, É e provavelmente SEMPRE SERÁ um MEGA-DROGADO. Quem é do meio SABE as merdas que ele faz. Rehab MEU OVO. Ainda assim, quando Rafinha fez uma piada com o vício do Fábio Assunção (de quebra sacaneando a Nextel) foi aquele mimimi. Não pode, porque DROGADO agora é parte daquele grupo dos Intocáveis. Drogado global, tipo Fábio Assunção ou Marcelo Anthony (que paga droga com cheque e continua sendo galã), que não se queimam por usar drogas, se for o Rafael Pilha tem que ser preso e chutado em praça pública. Se Rafinha Bastos fizesse piada com o vício do Pilha alguém ia reclamar? Que nada! Iam falar que fato notório! Porque o Pilha é trash, bater no Pilha pode, só não pode bater em global. E SIM, quem mora no Rio SABE que Nextel é o celular de 100% dos traficantes, por culpa da própria Nextel que criou uma série de condições propícias para que isso ocorra.

Rafinha Bastos pode ser o que for, mas é o ÚNICO neste momento que tem coragem de falar a verdade nua, crua e sangrando. Que tem coragem de romper com essa sociedade lucianohukizada hipócrita e politicamente correta. Como sempre tem um pau no cu filho duma puta que insiste em perguntar se eu gostaria, vou responder por antecipação: Não, eu não gostaria que Rafinha Bastos falasse que comeria a mim e a meu filho, PORÉM eu gostaria de viver em um país onde Rafinha Bastos POSSA falar que comeria a mim e a meu filho, porque acho que censura é pior do que Rafinha Bastos. E eu teria MUITA, MAS MUITA VERGONHA de fazer disso um caça-níqueis e processar pedindo dinheiro. MUITA VERGONHA MESMO.

E parafraseando o próprio Rafinha Bastos, Wanessa CAMARGO deveria AGRADECER por ele dizer que a comeria, nunca vi uma caipirinha tão feia e brega como ela. Gente, é impressionante! Tentaram dar um banho de loja mas a mulher continua UMA BOSTA. É tipo uma Victoria Beckham só que gorduchinha, suburbana e cafona. Wanessa, eu não te comeria, nem depois de muito álcool. Vai me processar por isso também?

Você pode não gostar de Rafinha Bastos ou não concordar, mas quem você pensa que é para dizer que “isso não é humor” ou “isso não tem graça” ou “o humor não perde nada sem ele”? EU ACHO ENGRAÇADO PRA CARALHO, EU ROLO DE RIR quando vejo ele rompendo com o politicamente correto. Você pode dizer que VOCÊ não gosta, e mesmo assim, pense bem se o fato de você não gostar é motivo para que ele não possa mais dizer o que pensa.

Para ignorar os inúmeros avisos de que aqui não é democracia, para ignorar os avisos de que gente pau no cu que vem passar lição de moral não é bem vinda ou ainda para atestar seu analfabetismo funcional e me perguntar se eu gostaria que fizessem isso comigo: sally@desfavor.com

iAiai

SOMIR

Tem gente que enche o saco até depois que morre. O legado de Steve Jobs vai ser duradouro, infelizmente. Se me alentou a sensação que a humanidade ficou um pouco menos viadinha depois que ele bateu as botas, não posso dizer o mesmo sobre a reação pública.

Nas horas subsequentes ao aviso oficial do falecimento, pareceu-me que haviam levantado a tampa de um bueiro e milhares de insetos asquerosos correram livremente pela rua. Eu sei que eles vão voltar eventualmente e teremos uma sensação de normalidade aparente, mas nunca é uma boa experiência assistir como a humanidade consegue se enganar.

Vivemos numa sociedade baseada em exploração e consumo, tenho horror às ideias comunistas por serem frequentemente totalitárias, mas que os desgraçados pegaram na veia com essa análise, pegaram. Só numa sociedade como a nossa que milhares (torço para que não, mas possivelmente milhões) choram pela morte de alguém como Steve Jobs.

Como já havia mencionado numa postagem anterior, até respeito o tino comercial dele, mas não o julgo como um divisor de águas positivo para a evolução tecnológica humana. Imagem e status na frente de avanços? O mercado vai seguir nesse caminho cretino ainda por muuuuitos anos. Infelizmente.

E olha que nem estou censurando quem se sentiu movido pelas conquistas e dramas pessoais de outro ser humano. É natural. Por mais que eu consiga enxergar um lado positivo na sua ausência, não tinha o menor desejo de que algo de ruim acontecesse a ele. Morreu? Pena para ele, para a família e os amigos.

Mas não é assim que a banda toca para boa parte da população. Tem algo a mais na reação popular. Algo que explicita como somos nossos próprios capatazes na escravidão da economia moderna. A grande estratégia de marketing da Apple desde que renasceu nas mãos de seu fundador foi transformar a marca num “clubinho”. Não de atitudes ou ideias, mas um clube de consumo.

Para fazer parte da “experiência Apple”, bastava botar a mão no bolso. E foi brilhante como ele e sua equipe conseguiram fazer isso bem debaixo do nariz de todos. As convenções messiânicas, os anúncios, o design dos produtos… Funcionou muito bem. Quando Jobs morreu, pessoas cuja ÚNICA conexão real com ele era o consumo dos produtos da sua empresa acusaram o golpe como se fosse seu guru pessoal.

Se tudo o que se espera das pessoas hoje em dia é capacidade de consumir, nada mais natural do que buscar pertencimento e propósito a partir disso. Steve Jobs não criou nada, apenas enxergou a oportunidade. E jamais pode-se negar o crédito disso. A história vai se lembrar dele de forma cada vez mais elogiosa com o passar das décadas. Tudo bem que não foi overdose, mas se aproxima demais de uma morte de rockstar. No auge.

Mais curioso ainda é que Bill Gates, o cara que REALMENTE botou essa indústria de pé, vai ser lembrado apenas como o rival maligno. Aposto que numa balança objetiva de serviços prestados à humanidade, Bill ganharia de longe (Não aprovo tudo o que ele fez, mas o cara já doou mais dinheiro à caridade do que o resto da humanidade… junta… na história.). Mas Bill Gates é um homem de negócios, Steve Jobs foi um guru de negócios. E nem é um texto para homenagear o dono da Microsoft, é uma constatação de como não é só como você movimenta o dinheiro das pessoas, é como você movimenta as ilusões delas.

Steve Jobs ajudou a criar um dos mais bem sucedidos clubes de consumo da história, dando um pouco mais de sentido à vida vazia de muita gente. Steve Jobs morreu de câncer, mesmo sendo bilionário. E é justamente aí que ele comprou a passagem só de ida para o lado positivo da memória humana. Gostamos de quem reforça algumas mentirinhas sociais “necessárias”.

O pobre se deleita quando o rico sofre. Claro que uma série de regrinhas sociais que mantemos evita que muita gente sequer racionalize as coisas dessa forma, mas é justamente no disfarce que a coisa fica explícita: Complacência. Perda real não gera complacência. Gera tristeza, revolta, apatia… mas não esse tipo de pena.

Toda vez que alguém diz “Olha só, era tão rico e morreu de câncer como um qualquer”, está tentando se convencer que a peça que falta na sua vida NÃO é a riqueza. E ironicamente, ao mesmo tempo consomem para tentar se aproximar dessas “pobres” figuras multibilionárias. Steve Jobs foi uma peça perfeita nesse quebra-cabeças paradoxal da humanidade consumista. Viveu para alimentar o desejo de riqueza alheio, morreu para expurgar a frustração dos que fracassaram.

Mas não passa de uma ilusão. Ainda é SEMPRE melhor ser rico. Preste atenção no mundo onde você vive, dinheiro sempre vai comprar o que é necessário para se alcançar os desejos incutidos na cabeça das pessoas. O objetivo “final” da população tem que ser colocado distante o suficiente para a maioria da humanidade jamais ser capaz de alcançá-lo. Incrível como celebramos esse golpe.

Eu não sou paranóico com essas coisas, não acho que seja um plano consciente perpetrado por um grupo seleto de pessoas, acredito que a humanidade se organiza da forma que funciona. As pessoas não querem derrubar o sistema por medo. Não medo de repressão… Medo de perder uma chance de ser um dos privilegiados.

Mas não podemos dizer isso publicamente, podemos? Aliás, é melhor nem pensar nisso. Não seria agradável considerar que TUDO na nossa vida atual seria melhorado com alguns bilhões na conta. Melhor fingir complacência. Melhor acreditar que sem o dinheiro, ele teria sofrido mais e vivido menos.

Steve Jobs foi mesmo o gênio que a nossa era mereceu.

Para dizer que eu levei o sentimento anti-Apple longe demais, para reclamar que estava esperando mais piadinhas, ou mesmo para dizer que eu sou o capitalista mais comunista que você conhece: somir@desfavor.com

SALLY

Eu queria falar do Rafinha Bastos novamente. Porque quando programas como Zorra Total sacaneiam ou humilham preto, pobre, favelado, mulher ou judeu tá tudo bem, quando a Hope faz comercial com piada de mau gosto “é só brincadeira”, mas quando Rafinha Bastos faz todo mundo cai de pau. Porque será? Porque o cara INCOMODA, mete o dedo em um monte de ferida importante, confronta políticos, faz denúncias, mexe com “imexíveis”. Mas o porra do Steve Jobs resolve morrer nesta semana, então, deixa o Rafinha Bastos para outro dia. Certeza de que não vai faltar oportunidade.

O grande desfavor da semana surgiu com a morte do Steve Jobs. Não, não é a morte dele, o cara não era gradesbosta. Era bem filho da putinha, diga-se de passagem. Humilhava funcionários aos berros, não reconheceu a filha alegando ser estéril e tinha valores estranhos. Em uma reportagem ao New York Times, pediram que ele liste as coisas mais importantes que já fez. Sabe o que estava na lista? Usar LSD. Sua empresa era acusada de usar trabalho infantil e trabalho escravo (Foxconn, oi?) e sua vida é um rosário de atitudes escrotas e incorretas que eu poderia desfiar aqui.

Mas não vou. Sabe porque? Porque tudo está sendo dito em blogs, jornais, documentários e biografias. Minha intenção não é falar por cima do que já foi falado, por isso não fiz um Processa Eu sobre ele. Todo mundo conhece os detalhes da escrotidão desse sujeito, não preciso dizer o que já está no Google. Bacana é contar a escrotidão do Papa, do Che Guevara e da Madre Teresa da Calcutá. A morte do Steve Jobs vem sendo tratada por uns como um desfavor porque morre um gênio, alguém admirável e por outros como algo bem feito porque morre um tremendo filho da puta. Cagamos para a pessoa do Steve Jobs, nosso enfoque hoje é na reação popular e não no morto.

Sim, o grande desfavor da semana foi a reação do populacho à morte do Steve Jobs. Aquelas frases conformistas de gente que vota no Tiririca se espalharam rapidamente: “Tá vendo? Era rico mas morreu jovem, de câncer, dinheiro não compra saúde” ou ainda “Tá vendo? Ele era rico e está morto, não vai levar nada dessa vida”. Pobre tem essa mania de tentar se enganar querendo se convencer que os ricos tem um karma de infelicidade por serem ricos e que eles são pobres, mas em compensação são mais felizes que os ricos. Pena que não é verdade. Fala isso para um pobre! Eles ficam super irritados.

Para começo de conversa, DINHEIRO COMPRA SAÚDE SIM. Excepcionalmente não. É o contrário do que dizem. A regra geral é que dinheiro compra saúde. Conheço muita gente rica que não estaria viva se não tivesse muito dinheiro. Basta ver a taxa de mortalidade de pobre e de rico. Porque UM rico morreu, querem presumir que na hora da doença tanto faz ser rico ou ser pobre? De jeito nenhum! Ainda mais em um país como o Brasil, onde a saúde pública é uma titica. Dinheiro compra saúde e te salva da morte COMO REGRA GERAL, excepcionalmente não. EXCEPCIONALMENTE. Vamos ficar apontando para cada caso de cada rico que se salvou da morte por ter feito tratamentos de ponta? Aí a gente pode computar se dinheiro, em termos gerais, não compra saúde.

Alguém me explica porque pobre fica tão feliz quando rico se fode? Chega a ser ridículo, pobre se fode a vida toda, o ano todo, todo santo dia. Quando o rico se fode em UMA OCASIÃO, o pobre aponta e ri. Os mesmos que se dizem super tementes a Deus comemoram a desgraça alheia. Ninguém duvida que pobre se fode muito mais do que rico nessa vida, no entanto, quando um rico se fode por algum motivo a pobralhada toda faz alarde e começa a gritar que dinheiro não compra a felicidade. Quem diz que dinheiro não compra felicidade é porque não conhece a loja. Falando sério, dinheiro não garante que você vá ser feliz, mas puuuta que pariu, como aumenta as suas chances! Até parece que pobreza é certeza de felicidade.

Com a morte de Steve Jobs a pobralhada tá quase que agradecendo por ser pobre, porque parece que o efeito colateral de ser rico é morrer de câncer. Pobre tem câncer também, e tem mais do que rico. E morre mais quando tem. E mesmo que só rico tivesse câncer, você prefere o que: uma vida de oitenta anos na pobreza ou cinqüenta anos a La Steve Jobs? Vá pá puta que pariu, bando de recalcados! Ter dinheiro não é um erro, achar que dinheiro é a coisa mais importante da sua vida sim.

Essa mentalidade ridícula foi incutida ao longo de anos na cabeça do brasileiro: ser rico é uma ilusão de felicidade, na verdade, se você for rico, vai ser solitário, frustrado, problemático, doente e infeliz. Muito cômodo tentar convencer o povo de que, no fundo, no fundo, eles estão melhor na pobreza. Pena que não é verdade. Mas esse povo é tão bunda que parece nutrir até um certo receio de enriquecer, como se com isso fosse ficar automaticamente infeliz. Parece que o dinheiro vem “amaldiçoado”. Todo pobre vai saber te contar alguma história de alguém que era muito feliz pobre e depois que ficou rico sua vida ficou toda cagada.

Infelicidades e desgraças pessoais todos passamos na vida. Só que quando se tem dinheiro para lidar com isso e se escorar nos melhores profissionais que possam te ajudar, as mais divertidas formas de lazer, as mais agradáveis distrações, os melhores remédios, as melhores comidas e tudo mais que o dinheiro pode comprar, o sofrimento se atenua. Ilusão de pobre pensar que o rico sofre tanto quanto ele. Sofre muito menos. Só que rico não é imortal. Uma hora os ricos morrem. E quando eles morrem a pobralhada aponta e grita “Viiiiu, Gislayne! Não adianta nada tê dinhêro, morreu de cânci que nem qui a gente!”. Ricos e pobres morrem, é verdade, mas os ricos vivem muito melhor e morrem muito melhor.

O grande erro é achar que APENAS dinheiro basta para assegurar a felicidade de alguém. APENAS dinheiro não basta. Mas ser feliz SEM dinheiro, ao menos aqui no ocidente, não acho viável. Porque infelizmente precisamos de dinheiro para ter alguns direitos básicos como saúde e educação. Então, se existe um grupo que está fadado à infelicidade e à doença são os pobres e não os ricos. Não que eu goste, não que eu ache bonito. Acho que todos deveriam ser ricos. Mas não é isso que acontece. Por isso me causa espanto que os mais fodidos apontem para os privilegiados e fiquem tirando onda. Que falta de bom senso, de senso do ridículo!

Está na hora de acabar com essa presunção de que se o sujeito é rico ele leva uma vida vazia, é infeliz no amor, tem problemas familiares e acaba adoecendo. Estas coisas acontecem tanto com ricos como com pobres, sendo que o rico tem muito mais chances de superar e reverter. Está na hora de acabar com esse recalque horrível e ridículo de comemorar quando um rico se fode e depois encher a boca para falar de Deus. Não estou defendendo Jobs, que era um desfavor ambulante, estou reprovando uma conduta genérica que estimula as pessoas a se sentirem gratas por não serem ricas. Mecanismo mais imbecil de contenção social!

Dinheiro infelizmente compra QUASE TUDO. Quando surge uma exceção que o dinheiro não compra, todo mundo aponta e grita fazendo parecer que é regra geral. Com isso a revolta em ser pobre diminuí e as pessoas se sentem compensadas por uma punição divina ou karmica contra os ricos. Está na hora dos pobres começarem a se revoltar com a desigualdade social e exigir outro padrão de vida, ainda que seja à força. Chega de se enganar, chega de romantizar pobreza e alimentar o mito que ser rico gera dor e sofrimento.

Se eu ouvir mais um infeliz repetindo que dinheiro não adianta nada e que Steve Jobs era rico e mesmo assim morreu de câncer eu vou dizer que pelo menos não morreu na fila do SUS. Só dinheiro não garante a felicidade, mas a falta de dinheiro com certeza a dificulta por demais.

Para dizer que Marco Luque é que deveria se recusar a gravar comercial da Claro ao lado do Ronaldo porque ele mancha a reputação dos outros com sua fama de TRAVEQUEIRO, para dizer que Steve Jobs não morreu e é tudo um golpe de publicidade da Apple ou ainda para fazer qualquer piadinha ou trocadilho com i-alguma-coisa: sally@desfavor.com

herp“Na última segunda-feira (26), em cerimônia realizada no Lincoln Center, em Nova York, o Jornal Nacional recebeu o prêmio International Emmy Awards 2011, na categoria Notícia pela cobertura da invasão do Complexo do Alemão, ocorrida em novembro de 2010.”

Jornal Nacional ganhando prêmio? Pela cobertura da “invasão” do Complexo do Alemão? Que Emmy, que nada… o prêmio merecido é desfavor da semana.

SOMIR

Deve ter sido engraçado quando chamaram Willian “Bonner” numa premiação ocorrida nos Estados Unidos. E considerando o alarde feito pelo editor-chefe e apresentador do Jornal Nacional após o recebimento, sorte nossa que ele costuma ficar atrás de uma bancada.

Vamos esclarecer uma coisa: O Emmy está para o Oscar assim como o Emmy Internacional está para o Oscar de filme estrangeiro. É basicamente um tapinha nas costas concedido pelos americanos. Política de boa vizinhança… Até porque a Globo vai ter muito poder na transmissão da Copa do Mundo de 2014, e principalmente nas Olimpíadas de 2016. É bom fazer uma média com a vênus platinada, afinal, as credenciais não se entregam sozinhas.

Bacana que a última vez que a Globo venceu o prêmio “Deve ser difícil não ser americano” foi com a novela “Caminho das Índias”. Nada mais natural que seguir a longa tradição de prêmios em ficção e papar mais uma estatueta com a mini-série “Invasão do Alemão”. Se pararmos para pensar, a Globo merece. Mobilizar o governo carioca, a polícia, o exército e inúmeros traficantes para encenar tudo aquilo foi um feito incrível. E aquela cena antológica dos fogueteiros correndo morro acima enquanto os verdadeiros líderes do tráfico estavam rindo em outra favela? Brilhante! Ficção da mais alta qualidade.

Mas nem tudo são flores. Talvez por alguma barreira linguística, os americanos resolveram dar o prêmio da categoria jornalismo. Bom, sem querer ser preconceituoso, mas já sendo… americano tende a achar que a nossa capital é Buenos Aires mesmo. Não dava para esperar muita atenção nesse quesito. Até entendo como ocorreu a confusão, parecia tão real, não? Bom, Bonner e Cia. parecem não ter se importado tanto. Cavalo dado não se olha os dentes, já dizia o ditado.

Nós que moramos aqui sabemos melhor. Jornal Nacional é apenas mais um exemplo da nossa rica tradição de dramaturgia televisiva. Jornalismo é um bicho completamente diferente. Não dá para fazer jornalismo sério guiado por interesses políticos e financeiros (se bem que aqui no Brasil político e financeiro andam de mãos dadas…). Só mesmo o pessoal do Emmy para achar que um jornal que ignora descaradamente notícias danosas à imagem de protegidos da emissora vale como exercer jornalismo.

O brasileiro já se acostumou a sua dose diária do anestésico global. Até poderia mudar de canal, mas seriam apenas outras moscas. O Casal Nacional faz seu papel de poupar o cidadão médio de informações que ele não precisa ficar sabendo para continuar a ser um cidadão médio. É o poder do hábito. Se queria ficar bem informado, que não nascesse pobre e tivesse acesso apenas à TV aberta, não?

E é impressionante como essa novela jornalística influencia a cabeça do povão. Talvez isso tenha sido considerado no Emmy. Foi o Jornal Nacional que tirou o Collor do poder. Claro, ele também o colocou lá, mas dependendo de como você enxerga a situação, isso é duas vezes mais impressionante. A Rede Globo consegue a façanha de ser eterna “situação”, independentemente de quem está no governo. Afinal, a condição necessária para ser “oposição” não interesse nem um pouco aos líderes do nosso quinto poder.

Vejam bem, não estou dizendo que o Jornal Nacional é uma espécie de vilão caricatural que quer destruir nossa nação, seria uma infantilidade. Como todas as figuras que desfrutam de muito poder, sua ideia principal é manter o “status quo”. Uma sensação de normalidade e conformismo média extremamente necessária para assegurar que quem manda continue mandando, mas principalmente para que quem obedece continue obedecendo.

A “reportagem” premiada é um exemplo flagrante disso. A Globo não tem o MENOR interesse em bater de frente com o poder político vigente. Toda a história da invasão do Complexo do Alemão parecia estranha desde o começo, mas mesmo com centenas de cabeças pensantes analisando o assunto, não vimos sequer um questionamento sobre as inconsistências durante a ação. O desfavor, com os plantões de Sally, fez uma cobertura completamente diferente, dando até a impressão de que as imagens da Globo se referiam a outro lugar que não o Rio de Janeiro.

Não estou sendo inocente, sei que qualquer jornalismo é tendencioso, querendo ou não. Mas eu sempre imaginei que a grande qualidade de uma reportagem é o quanto de investigação e elementos surpreendentes estavam inseridos na pauta final. Premiar aquela palhaçada não é problemático só porque a Globo continua tomando apenas o seu partido em qualquer questão, é também uma falta de respeito com quem vai atrás de notícia, ao invés de apenas fazer a transmissão ao vivo de uma patética armação entre Estado e criminosos para fazer o povo acreditar que não está sendo ignorado.

Esse Emmy deve ser mesmo o ápice da qualidade global de jornalismo. Quando Willian Bonner exibe seu troféu orgulhoso, também diz que é assim que a banda toca por aqui. Só acho uma injustiça que os traficantes cariocas não tenham sequer disputado o prêmio de atores coadjuvantes.

Para me chamar de reaça comunista de meia tigela (wat), para reclamar que bater na Globo é tão “década passada”, ou mesmo para dizer que Tropa de Elite 1 e 2 que mereciam prêmio de jornalismo: somir@desfavor.com

SALLY

Faz muito tempo que não vejo o Jornal Nacional do começo ao fim. Me irrita. Não tem nada a ver com questões ideológicas muito menos com política. Desisti de política faz tempo. Das últimas vezes que tive a infelicidade de ver o Jornal Nacional fiquei espantada como notícias de extrema importância envolvendo política internacional, corrupção e outros temas de interesse coletivo eram tratados com superficialidade e logo depois emendavam matérias idiotas como o nascimento de um filhote de panda não sei onde e outras coisas irrelevantes que não são pauta decente para o principal jornal do principal canal de televisão de um país.

Eu sei que ele é tentador, porque é um convite ao relaxamento cerebral: não tem que pensar, não tem que fazer força para compreender. É só sentar e deixar o casal anestesiar sua cabeça com futilidades e uma gota de jornalismo. Mas não é para isso que jornalismo serve. Para esse tipo de sensação boa de cerebro em modo de espera existem programas de humor, seriados e tantos outros recursos. Jornalismo é para instruir e informar. Mas, falemos especificamente do Jornal Nacional.

É um jornal onde o apresentador e redator certa vez verbalizou que é feito pensando em um telespectador com QI similar ao Homer Simpson. Eu não tenho mentalidade do Homer Simpson, você tem? Eu não vejo, não me acrescenta nada, muito pelo contrário. E não é aquele papo hippie de que a Globo vai comer seu cérebro. Não sou disso. É o Jornal Nacional que é uma BOSTA GIGANTE mesmo. É uma bosta para pessoas com cérebro, justamente porque não foi pensado para pessoas com cérebro. Para achar o Jornal Nacional uma bosta não é necessário ter motivação política, viu gente? Ele é uma bosta por si só. E por falar em bosta, Bonner continua insistindo naquele bronzeamento artificial carregado e continua parecendo um cocô de peruca. Além de fútil, idiota e mentiroso, o Jornal Nacional também fere meu senso de estética.

O curioso é que, mesmo que o próprio sujeito que é apresentador e redator diga com todas as letras que é jornalismo pensado para pessoas com o nível intelectual de HOMER FUCKIN’ SIMPSON, a porra do Jornal ganha um prêmio Emmy (importante o suficiente para ser chamado de “o Oscar da televisão”, ou seja, grandesmerda para a gente, mas muita coisa para o resto). Daí Bonner Simpson, todo pimpão, dá entrevista dizendo que faz o melhor jornalismo do mundo. Ele, que recentemente deixou um furo no meio da apresentação do Jornal Nacional (esqueceu que era sua vez de falar) porque estava “tuitando” ao vivo. As coisas estão tão equivocadas que nem dá vontade de começar a falar sobre o assunto. A única coisa que eu repudio mais do que o Jornal Nacional é Bonner Simpson evadindo sua privacidade no Twitter.

Como se não fosse ruim o bastante dar um prêmio internacional para um jornalismo que, quem faz assume ser superficial, fútil e simplista, ainda teve a cereja do sundae. Repararam que sempre tem a cereja do sundae? Quando Deus decide debochar da gente, o faz com requintes de crueldade. O Jornal Nacional ganhou o Emmy com a cobertura da “invasão” do Complexo do Alemão!

Se você não é leitor antigo do blog, procure uma série de postagens que eu fiz chamadas “Plantão Hell de Janeiro” onde a gente cobriu a “invasão” ao Complexo do Alemão, digamos, com outro enfoque. O resumo geral é: um jornalismo de merda, que se assume de merda, ganhou um prêmio famoso cobrindo uma farsa, ajudando a enganar o povo. Farsa sim senhor, meses depois (e até hoje) uma série de denúncias corroboram com a nossa versão dos fatos. Enganar o povo dá prêmio? Dá um Emmy para o Maluf, minha gente!

Olha, tô puta. O Desfavor fez uma cobertura melhor do que a do Jornal Nacional do episódio no Complexo do Alemão. A Globo só tem uma coisa: tecnologia. E ainda por cima a usa para o mal. E nem grandes merda é! Essa tecnologia toda que eles dizem ter é grandes bosta se comparada com a de outros países, fazem transmissão da Globo parecer um grande episódio do Chaves. O mérito da Globo é ter olho em terra de cego.

Daí você pode começar a nos paunocuzar dizendo que todo mundo gosta então é evidente que é bom e eu te lembro que o Tiririca foi eleito com uma quantidade expressiva de votos. Você também pode dizer que se a gente não gosta, basta não assistir e eu te lembro que o emburrecimento que se promove na população respinga diariamente em pessoas como eu e você que temos nível intelectual acima do Homer Simpson. Realiza se isto se desse em outra área. Realiza se um autor escrevesse um livro falasse para a imprensa que o livro foi pensado para pessoas com mentalidade do Homer Simpson. Não causaria estranheza de ganhasse algum prêmio literário? É como se o Somir ganhasse um Nobel da Humildade.

Mas ninguém pareceu se importar. O Jornal Nacional atende às necessidades da maioria dos brasileiros: salpica umas gotinhas de atualidades mastigadas e distorcidas permeadas por notícias bobinhas envolvendo animais, natureza, futilidades, comportamento e beleza, para não cansar o cérebro do telespectador. Isso basta para a maior parte das pessoas. As pessoas fazem apenas o necessário. Ok, a pessoa tem o direito de ser medíocre, o que não pode é premiar a mediocridade com um Emmy.

Além disso, mesmo depois de uma infinidade de calças arriadas como gravações que comprovam o envolvimento direto do chefe da polícia responsável pela operação do Alemão com traficantes, depoimento de moradores e outras constatações empíricas como a bala comendo solta e o tráfico correndo solto por lá, ninguém parece se importar em questionar se aquela palhaçada que aconteceu foi realmente verdadeira. Se o casamento da subcelebridade A com a subcelebridade B é de verdade ou não todo mundo discute, né? Enquanto isso Sergio Alcoolatra Que Mata Blogueiro Cabral deita e rola na fama falsa de pacificador. Tô esperando até agora a invasão da Rocinha, a qual eu disse que ele jamais faria dentro dos seis meses que haviam sido prometidos. De fato não fez. E não vai fazer tão cedo. Tão pensando o que? Custa caro comprar os direitos de simular uma invasão, os bandidos vendem caro o espetáculo.

Uma pena que o jornalismo mais visto do país não aproveite a oportunidade para informar algumas verdades para o povo. Bota aquela merda nas nossas mãos para você ver o que acontece. Levo porrete e tudo, numa vibe meio D’Alborga (grande mestre). Onde o resto do país vai encontrar uma fonte de informação fiel à realidade, já que o povo do Complexo do Alemão não tem voz? E as pessoas do Rio que tem voz estão mais preocupadas com outras coisas, como ficar com um corpo sarado para o versão ou protestar para poder fumar sua maconha em paz. Para quem está no topo da pirâmide está tudo ótimo, e por mais que lamentem quem está por baixo, o medo de que uma mudança mexa com seu status econômico e social impede que saiam da inércia.

Obrigada, Jornal Nacional, por alienar milhões de pessoas todos os dias e incutir mentiras na cabeça das pessoas. Incutir mentira na cabeça do povão é covardia, é como um elefante batendo em uma formiguinha. Espero que um karma muito ruim esteja reservado para todos os que colaboram diariamente para manter o povo nesta condição de ignorância disfarçada de telejornalismo. Espero que algo de bom venha do uso abusivo da internet: tomara que com o tempo as pessoas busquem diversas fontes de informação.

Ah, sim… Agora eu quero um Nobel e Literatura.

Para dizer que eu sou comunista mesmo tendo me chamado de direitista na postagem sobre Che Guevara, para dizer que gostaria de ver Somir e eu na bancada de um jornal narrando e comentando as notícias ou ainda para atribuir tudo que foi dito a posicionamento político e inveja: sally@desfavor.com

MÉÉÉÉÉÉTAU!Começou ontem mais uma edição do Rock in Rio, com Milton Nascimento, Claudia Leitte, Katy Perry, Elton John, Rihanna, Os Cambistas, Banda Muitas Filas, Lixo & Atrasos…

Line-up de primeira, desfavor da semana.

SOMIR

Tentando ver o lado positivo: Pelo menos dessa vez o Rock in Rio está sendo no Rio. Acredito que até por isso flexibilizaram toda aquela parte do “Rock”. Pode-se até argumentar que o Motörhead sozinho vale o título, mas a média denota que o evento é um caça-níqueis descarado.

Deve ser infernal organizar um show de grande porte no Brasil, tenho dificuldades de lembrar de uma porcaria de evento onde o público não foi tratado como gado e o jeitinho nacional não deu o ar da graça para coroar a situação. Quem se dá bem nessas é caixa dois de organizador e cambista.

Confesso que quando anunciaram o Rock in Rio, fiquei um pouco esperançoso. Tudo bem que a oferta de bons shows internacionais já melhorou aqui desde a edição anterior (em solo nacional), mas poderia ter a chance de pegar uma daquelas sequências “mágicas” de shows. Imaginem qual não foi a minha surpresa (minha e de muita gente) quando começaram a anunciar coisas como Claudia Leitte e Rihanna…

A merda nem é só a qualidade das músicas “jabá de rádio”, é o público que isso atrai e o que diz sobre a intenção da organização. Soltaram um “assina com quem é famoso e foda-se”. E aí não dá nem para se surpreender com a bagunça que vira o evento. O público-alvo é qualquer um que pague o ingresso, aliás, meio-ingresso. Porque aqui na República das Bananas a esperteza é endêmica. Se vivêssemos num país com tantos estudantes assim, o nível cultural desse povo seria bem melhor.

Paga o dobro do valor minimamente justo (vocês acham que eles não acham o preço certo e dobram?) quem não entra no jogo da UNE e outras organizações mafiosas. Depois não sabem por que os ingressos aqui no Brasil são em média mais caros que em países semelhantes. Tudo bem que eu quero que falte dinheiro, comida e atendimento médico na casa de fãs da Katy Perry e Cia., mas isso não é sobre minhas vontades. É mais um daqueles “momentos Brasil” onde ser honesto custa mais caro.

E mesmo com o sonoro “se fode aí” que é o evento, a pobralhada se acumula. O público dessa vez vai ser menor que em edições anteriores, pode até parecer que a organização achou melhor controlar a aglomeração da pobralhada, mas a verdade é que as bandas são bem… meia-bomba. Porra, o show de encerramento vai ser com o que restou do Guns N’ Roses (e mesmo que você seja fã, vai admitir que não sobrou muita coisa…).

Vários dos grupos já entraram definitivamente na fase “pé-de-meia” da carreira. Red Hot Chilli Peppers e Metallica como dois dos exemplos mais claros. O Coldplay já está pegando a descendente. As outras? Porra, nem para fechar os dias estão servindo (sem contar os dinossauros, que completam bem um set-list, mas já passaram da fase de atração principal). Eu fui adolescente no final dos anos 90, comecinho dos 2000, não tenho nada contra Slipknot e System of a Down, mas… eles não fecham dia mais em festival algum.

Se comparar com o line-up de um Glastonburry da vida, é de chorar o nível dos convidados. Não sou muito fã de ficar relembrando as primeiras edições do Rock in Rio (o povo ia ver o Cazuza! que horror…), mas há de se concordar que boa parte dos grupos estava no auge. Isso já faz uma puta de uma diferença. Numa comparação triste, se ontem tivesse terminado com aquela anta da Lady Gaga, até teria mais moral.

O Rock in Rio tem toda cara de “o evento que deu para fazer”. Mas a mídia vai cair matando em cima (tem que ter notícia e botar aqueles refugos da MTV para trabalhar no Multishow…) como se fosse um grande orgulho nacional um festival “enfiando dobrado” como esse.

O público do primeiro dia foi uma merda TÃO grande que a Claudia Leitte não levou chuva de garrafa! Gezuiz, o LOBÃO levou garrafada em edições anteriores. Alguém me explica como uma cantora de axé passou ilesa? Se explodisse uma bomba e matasse todo o público, a única consequência econômica seria a falta de tração animal por algumas semanas. Aliás, engraçado como bateu um momento honestidade nela e ela mudou pra caralho o set-list. Tudo bem que Chico Science é mais um daqueles “gênios porque morreu”, mas deve ter se revirado no túmulo depois dela mandar um Manguetown.

Ah sim, os atrasos. A última a se apresentar, a mulher-saco-de-pancadas, Rihanna, entrou só com duas horas de atraso. Espero que num evento mil vezes mais complexo como uma Olimpíada fique mais fácil de organizar as coisas.

Mas quem se importa? O evento vai girar quase um bilhão de reais. Tenho certeza que pelo menos alguém vai aproveitar bem o Rock in Rio. SPOILER: Esse alguém não vai estar na platéia.

Para fazer alguma defesa apaixonada da banda que marcou sua adolescência, como se isso tivesse alguma coisa a ver com o festival capenga mencionado aqui: somir@desfavor.com

SALLY

O que está acontecendo neste final de semana no Rio de Janeiro é uma amostra grátis do que veremos nas Olimpíadas e na Copa do Mundo: uma bagunça generalizada que a imprensa insiste em noticiar como um evento de sucesso. Não é. ESTÁ TUDO UMA MERDA.

O Rio de Janeiro está UM CAOS. Todo mundo sabia que o Rock in Rio daria um nó no trânsito, mas como desgraça pouca é bobagem, a Guarda Municipal amanheceu em greve ontem primeiro dia do evento. MUITO BACANA. O que já estava cagado, ficou cagado ao quadrado.

Para começo de conversa, as determinações anunciadas não foram seguidas. Informaram em tudo quanto era canto quais as ruas que fechariam e em quais horários. Me programei para passar por uma destas ruas uma hora antes do seu fechamento, para não correr riscos. Quando entrei na rua, uma hora antes do horário do seu fechamento, me deparo com um caminhão destinado a rebocar veículos que se atravessou na pisa DO NADA, sem fechamento prévio das entradas por cones (como deveria ser) impedindo a passagem. Perguntei o que era aquilo e eles me avisaram que o trânsito estava fechado e quando eu perguntei porque anunciaram uma hora e fecharam na outra, a resposta não poderia ter sido mais educada: “Porque sim, Madame, pode dar meia volta”. Eduardo paz, muita luz e muita saúde para você e para sua família, tááá?

O caos se estendeu de uma forma que eu precisaria de dez páginas para narrar. Os ônibus não deram vazão, o terminar principal de ônibus ficou sem luz, deixando uma multidão no escuro, fila para comprar cartão de ônibus, depois fila para pegar o cartão e depois fila para embarcar. Um amigo meu que veio de outro estado disse que demorou mais do terminal do ônibus especial para o Rock in Rio do que para chegar da cidade dele até a minha casa. O bacana é que o tal ônibus VIP não foi barato não: R$ 35,00. Muita gente NÃO CONSEGUIU CHEGAR.

Teve gente entrando armada, teve gente entrando com drogas e teve gente entrando sem pagar. Falhas grosseiras de fiscalização por todos os lados. Gente branquinha e bem vestida sequer era revistada. Fila para tudo. Ingressos caríssimos que vieram com falhas no código de barras deixaram muita gente na mão. É tanta merda, mas tanta merda, que vocês não tem noção. Infelizmente não é esse o ponto central da minha postagem, então, deixo os detalhes da bagunça e desorganização para aquela parcela da imprensa que tem comprometimento com a verdade divulgar. Mas podem acreditar, a maior parte da imprensa vai fazer parecer que foi um sucesso e que o Rio está suuuper preparado para eventos de grande porte. MENTIRA.

O ponto central é: tanto perrengue, tanta confusão, tanto esforço por shows que de rock que, de rock não tem nem o cheiro! Não que eu esteja falando mal dos artistas que irão se apresentar, gosto de diversos, mas porra, querer empurrar que Claudia Leite, Katy Perry, Elton John e Rihana são rock ofende minha inteligência. Depois, quando eu falo que Rafael Pilha é um astro do rock neguinho reclama! E nos próximos dias a coisa não fica muito melhor do que isso não: NX Zero, Ke$ha, Jamiroquai, Stevie Wonder, Jota Quest, Ivete Sangalo, Lenny Kravitz, Shakira, Skank e tantos outros NÃO SÃO ROCK. Eu sei que talvez seja complicado fazer um evento SÓ de rock, mas vocês tem que concordar que fazer um evento chamado “Rock in Rio” onde o rock é uma EXCEÇAO, é algo meio 171.

Acaba que a maior parte das atrações principais tem aquele estilo show fake americanizado já manjado e saturado, onde nos deparamos com as seguintes variáveis: a) quem se apresenta tenta cantar ao vivo e dá vexame, pois sua voz é fraca, despreparada e não suporta os movimentos de dança da apresentação, criando falhas e “ofergâncias” ou b) a pessoa assume que sua voz é um cu e faz um show em playback cheio de dança, cores e efeitos especiais mas que musicalmente não tem valor algum. Chega a ser um choque quando, no meio da música, ligam o microfone da pessoa e sua voz REAL ecoa, nada a ver com a voz tratada e sintetizada que canta a música. Francamente, acho ambos estelionato musical. Todo mundo sabe que essas celebridades pop dão vexame quando tem que cantar ao vivo, sem os inúmeros recursos de estúdio para melhorar suas vozes estridentes e irritantes e ainda assim insistem em chamá-los de cantores!

O mais bacana é reparar nas letras. A grande maioria é futilidade pura, ou baixaria, ou imbecilidade. Se as pessoas entendessem o que estão cantando, não teriam a metade dos fãs. Mas aqui é assim, o artista fala duas frases em inglês e todo mundo bate muitas palmas e vai ao delírio, sem nem ao menos entender metade do que foi dito, mesmo que tenham sido mandados tomar no meio dos seus cus e chamados de otários. Eles batem palmas pelo simples fato do artista ter lhes dirigido a palavra. Que honra uma celebridade de momento, drogada ou anoréxica ou que apanha do namorado ou que barraqueia onde quer que vá ter a generosidade de te dirigir uma frase de forma coletiva, depois de vocë ter gasto trezentas pratas para vê-la tão distante a ponto dela fica do tamanho do seu polegar, hein? Bate palma mesmo, foquinha latina subdesenvolvida!

O preço é outro fator que deve ser levado em conta. Se você não tinha tempo e paciência de virar a noite em uma fila para comprar ingressos (já caros no original), levou uma facada nas mãos de cambistas, que compraram tudo. Quem mandou trabalhar e não poder passar vinte e duas horas numa fila? Ingressos chegaram a ser vendidos pela exorbitante quantia de setecentos reais. Esse é o problema de deixar cambistas comprarem os ingressos: eles esgotam todos em poucas horas e o povo se fode, tendo que pagar pelo menos o dobro do preço.

Paga caro pelo ingresso, tem dificuldades para chegar no local e quando chega tem dificuldades para entrar e quando entra vê show em playback ou então cantado de forma vergonhosa. Sou eu que estou ficando velha ou o Rock in Rio é a maior furada?
Para piorar, a transmissão televisiva foi risível. Padrão Globo de Qualidade, conhecido também como TOQUE DE MERDAS (o oposto do toque de Midas). Só valeu a pena ver as entrevistas na área VIP, várias celebridades visivelmente bêbadas protagonizando vexames. Estou começando a achar que merece um Plantão Rock in Rio, pois a baixaria VIP tá correndo solta: é gente comprometida se chupando nos cantos com desconhecidos, é briga de marido e mulher com lavação de roupa pública em público, é crise de choro de mulher traída… teve de tudo ontem. Até os peitinhos da Gloria Maria deu para ver, quando jogaram um holofote nela durante uma entrevista. Tadinha, a blusa dela ficou transparente pra caralho, parecia um raio-x.

Enfim, o primeiro dia de Rock in Rio foi um cu completo e fodeu com a cidade toda. Imagina como vai ser quando for uma Copa do Mundo! E quando for uma Olimpíada, com semanas de atividades diárias? HAHAHAHA. Querem tentar maquiar e dizer que foi bonito? Tenta a sorte, se for leitor do Desfavor vai saber a verdade.

Mal posso esperar pelo dia de amanhã, a previsão é de chuvas torrenciais, vai ficar ainda mais divertido!

Para me chamar de espirito de porco, para me chamar de mentirosa porque reporteres da Contigo disseram que a organização foi exemplar ou ainda para dizer que toda paunocuzação nos cariocas é pouco: sally@desfavor.com

Processa Eu! Lá em casa...Nesta semana vazaram fotos muito esperadas por homens do mundo inteiro, Scarlett Johansson finalmente mostrou mais do que seu decote e expressão bovina habitual. Evidente que este não é o desfavor da semana (não para o Somir), o que realmente criou a coluna de hoje foi a ameaça ridícula de processar meio mundo e as desculpinhas padrão pela divulgação das fotos.

FONTE

Quem mostra a bunda abaixa a cabeça para a internet. Desfavor da semana.

SOMIR

Em primeiro lugar, vou ser honesto: Meu único problema com as fotos é a baixa resolução. Mais uma figurinha para o álbum, agora eu fico esperando vazarem algumas da Christina Hendricks. Ei, adiantou torcer pelas da Scarlett…

Independentemente do grau de satisfação deste que lhes escreve, o desenrolar da história merece SIM estampar nossas páginas. Comportamento de celebridade tende a ser imitado pelo povão, e essas desculpinhas padrão para vazamento de fotos reveladoras já me deram nos nervos. Ao invés de assumir as bobagens, se aproveitam do baixo conhecimento técnico do cidadão médio para jogar a culpa no colo alheio.

Pouco tempo após o surgimento das fotos na internet, já surgiram as menções que o material não passava de montagem. É natural, já que tem mesmo muita gente fazendo montagens, especialmente de mulheres que não tiram a roupa para a mídia; além disso, parece ser a primeira desculpa que qualquer anta, celebridade ou não, dispara quando acuada.

Vamos esclarecer uma coisa: É relativamente simples adicionar ou retirar objetos de uma foto. Não costuma ser o foco da atenção e engana muito bem até olhos treinados. Agora… fazer uma montagem de uma pessoa no corpo da outra? Boa sorte passando até pelos “peritos de mentirinha” da internet. O cérebro bota um foco de atenção tremendo na face de outras pessoas. É uma espécie de talento natural humano.

Até mesmo analfabetos digitais conseguem perceber algo “errado” numa montagem de rosto em corpo diferente. Claro que nem todo mundo consegue definir exatamente o que não encaixa, mas basta mencionar a possibilidade da foto ser uma montagem que muita gente se toca. Com um pouco de bom-senso, a grande maioria das montagens pode ser desmascarada. Até porque todo mundo acha que sabe mexer em fotos, mas é apenas uma minoria que tem noção do que está fazendo.

E olha que tem como pegar no pulo até os maiores talentos no assunto. Sutilezas que só podem ser percebidas com programas especiais em conjunto com muita experiência na área. Não vou matar ninguém de tédio com explicação técnica, mas tenham a certeza montagem não faz milagre. Se o peladão ou peladona da foto parece perfeitamente natural na cena, pode acreditar que é verdade. Esse lance de que qualquer foto pode ser montagem é uma forma de dizer que o rei não está nu. Não duvide tanto do que você consegue depreender de uma foto, tende a ser o julgamento correto.

Mas como mais e mais pessoas estão desmistificando a desculpinha do FÓTOXÓÓÓPI, aumentou demais o número de pessoas tentando se esconder por detrás dos Hackers. Como o que eles fazem parece impossível de se compreender, é até seguro jogar para o lado deles a culpa de qualquer irresponsabilidade na manutenção da auto-imagem.

Sinceramente? Te acham RÁQUIR se você abrir o prompt de comando do Windows e “pingar” o Google. Quem sabe o que esses termos significam deve estar rindo lembrando das vezes que assustou o povo com proezas hackers de mentirinha. Vamos tirar isso do caminho: Hackers são uma diminuta parcela dos usuários da rede e estão mais preocupados em encher o rabo de dinheiro procurando falhas em sistemas de grandes corporações do que tentando postar no seu Twitter.

Neguinho tem uma daquelas senhas terminadas em 123 e ainda acha que precisa ser um gênio da programação para invadir e copiar seus arquivos pessoais? Virou moda entre as celebridades: Faz qualquer merda no computador, diz que foi hackeado. Engraçado quando fazem para tirar o da reta por uma declaração problemática. Engraçado porque cola, principalmente. Esse Pedro grita lobo e nunca é ignorado.

As duas falhas mais comuns do usuário que tem sua vida exposta além da conta na rede provém do software (senha ridiculamente óbvia ou falta de uma) ou do hardware (perde ou deixa desprotegidos na mão de estranhos laptops ou celulares) humanos. Aposte e não perca que a falha bisonha de segurança vai ser culpa exclusiva de alguém que registra e armazenas fotos e vídeos íntimos desprotegidos no computador. Não precisa ser hacker para baixar uma foto…

Dizem qualquer merda para tentar se livrar da gorda parcela de responsabilidade que tem. Adivinhem só: O rei está nu e pedro não viu lobo nenhum. A celebridade (ou anta genérica da sua rede social predileta) foi negligente ou queria mesmo que o material viesse a público.

No caso Scarlett, foi a desculpa dos hackers. E como isso basicamente é uma confissão de distração ou intenção, é ainda mais ridículo ficar lendo declaração de advogado dizendo que vai processar metade da internet. Essas fotos já são de domínio público. Se queria evitar MESMO o vazamento, não deveria tê-las mantido tão fáceis de serem interceptadas. Ou mesmo posado/tirado.

Numa analogia tosca com concepção: Se não quer ter filhos e não vai usar pílulas ou camisinha, sobra basicamente a abstinência. Eu sou totalmente favorável a mulheres que acho atraentes ficarem se mostrando peladas por aí, mas que pelo menos o façam com orgulho.

P.S.: Só eu que acho engraçado como muitos sites brasileiros exibiram as fotos com uma estrela sobre os mamilos, mas deixaram a bunda exposta numa boa? Esse falso puritanismo “pode tudo que não é rosa” nunca fez sentido para mim.

Ah claro, para não perder a chance de processo internacional: Foto 1 e Foto 2. Foto bônus.

Para dizer que me paga bem para tirar esse texto do ar, para reclamar que até pelada a Scarlett é chata, ou mesmo para me parabenizar por escrever tanto só com uma mão: somir@desfavor.com

SALLY

Como vocês já devem ter percebido, vazaram fotos na namoradinha do Somir pelada em diversos sites da internet.

Gandesbosta, vaza foto de mulher pelada todo santo dia. Só que no caso dela, foi aquele auê. Até o FBI entrou em cena. Será que se fossem fotos de uma nobody o FUCKIN´ FBI ia investigar? Daí o advogado na moça entrou em contato com todos os sites para dizer que vai processar quem publicar as fotos com alegações teratológicas incluindo coisas como “direitos autorais”. Se cada vez que você publica uma foto de alguém na internet sem o seu consentimento tiver que pagar direitos autorais por causa disso, vou ter que dar a toba para quitar estes três anos de débito aqui do Desfavor, viu?

Inicialmente se falou de hackers roubando estas fotos, depois a coisa ficou um pouco mais simples: testemunhas contam que a mocinha foi para a balada, bebeu todas até cair e perdeu seu celular, onde as supostas fotinhos estavam. Imediatamente depois ela confirmou e ato contínuo (vulgo “tomei esporro do meu advogado”) negou e afirmou que na verdade a causa teria sido um hacker que invadiram seu Blackberry Bold 9000 (a empresa deve estar feliz da vida com essa publicidade. Não importa, de uma forma ou de outra, a moça zanzava por aí com seu celular recheado de fotos dela pelada.

Vai me dizer que não teve nem um pouquinho de negligência da parte dela? Realiza: você é uma celebridade, sex symbol (para pessoas como o Somir que preferem de palitos em vez de corpo feminino), daí você tira fotos suas pelada, deixa elas no seu celular e vai para a balada. VAI À MERDA, NÉ? Roubos e furtos acontecem até mesmo quando a gente vai no mercado, inclusive nos EUA. Para que alguém mantém fotos suas pelada no seu próprio celular? “Hmm, já que estou aqui na fila do banco e está demorando, vou dar uma olhada na minha bunda”, “Ai que saco essa fila do supermercado, vou dar uma olhada nos meus peitinhos para matar a saudade”. VAI À MERDA II.

Se eu, que sou uma nobody, já tomaria mil cuidados, com certeza esta mocinha também deveria tomar. Ela QUERIA que essa merda vazasse. Nunca tiraria uma foto minha nua, mas, puta merda, se por um infeliz acaso eu fosse para uma balada com fotos minhas nua no meu celular, eu ia cuidar mais desse celular do que cuidaria de um filho, abria as duas bandas e enfiava ele no cólon para ter certeza de que não ia perder. E, independente de sair de casa com ele, jamais deixaria fotos nua em um lugar que pode ser hackeado. Custava colocar em um pendrive e guardar em um local menos arriscado? Ela assumiu um risco. Deu merda. É a mesma lógica do alpinista que morre congelado no topo da montanha.

Não é possível que as pessoas não saibam que NÃO EXISTE PRIVACIDADE no mundo virtual. Por mais bem guardadas que você ACHE que estão, as informações podem vazar. Sobretudo se você é uma pessoa visada. Não tem dessa de achar que está protegido. Logo, não tem dessa de reclamar que teve a privacidade violada. É como colocar a bunda para fora da janela do carro e depois processar quem olha. SIM, se você tira fotos NUA está assumindo o risco de que todo mundo veja. Tadinha da namoradinha do Somir, ela não lê o Desfavor. Se ela lesse, talvez não tivesse passado por isso. Alguém passa o link para ela?

Meu ovo que essa mulher não queria virar manchete de jornal no mundo todo. “Esperta ela, conseguiu o que queria, né Sally?”. Você acha? Expondo sua mãe, seu pai, sua família, todos que a cercam a esse constrangimento? Já imaginou seu avô recebendo um e-mail com uma foto sua nua? Aparecer a esse preço eu dispenso e não acho nada inteligente quem o faz. Agora posa de ofendida, de quem teve a privacidade super invadida. Salvo raras almas inocentes (que não é o caso), ninguém pode alegar que desconhece o risco que é guardar uma foto sua pelada por meio digital. Ela mesma evadiu sua privacidade ao manter fotos suas pelada em um local que ela sabia que poderiam ser acessadas por qualquer pessoa do mundo com um pouco mais de habilidade.

Não é o caso de uma vítima inocente. Poderíamos até especular se seria o caso de arrogância, de se achar fodona e acreditar que nunca aconteceria com ela, mas também não acredito. É uma (péssima) atriz experiente, que vem sendo perseguida por uma imprensa invasiva por anos. Ela SABE que neguinho é capaz de tudo. Tablóides grampearam os telefones de Presidentes, imagina se não invadiriam a privacidade de uma atriz? Então, não venha se dizer “chocada” e “transtornada”, até porque já andou mostrando essa mixaria em filmes e fotos e não reclamou, porque ganhou muito bem para isso.

Porque tem disso: quando neguinho ganha bem não é nada de mais, é um “nu artístico”, “um trabalho como outro qualquer”, “de bom gosto”. Seis meses depois vazam fotos caseiras da fulana pelada mais ou menos na mesma posição e ela se diz traumatizada e super invadida. Minha filha, um conselho de amiga: não tem o que fazer? Vai dar um jeito nessa tua bundinha de gaveta. Pega um par de caneleiras, fica de quatro e levanta a perna até surgir uma protuberância logo abaixo da sua lombar, chamada BUNDA. Talvez eu também me sentisse degradada se vazassem fotos minhas com essa bundinha de aspirina (branca, chata e com um risco no meio).

Ser famosa tem bônus e tem ônus. O bônus é que milhões de portas se abrem, você tem dinheiro, você tem recursos, você tem inúmeros benefícios decorrentes. O bônus? Você é vigiado e tem sua privacidade violada 24h por dia, o que te obriga a andar na linha, tomar muito cuidado ou então cagar quando uma informação pessoal vaza. Querer ter o bônus sem ter o ônus não dá.

O pior é que tem muita gente super solidária com esse “absurdo” que fizeram. O FBI diz já ter localizado um dos suspeitos. Bacana, você atira um avião contra um prédio, mata três mil pessoas e neguinho demora dez anos para te localizar. Você posta os peitinhos (que todo mundo já viu) de uma atriz (que assumiu o risco disso acontecer) na internet e no dia seguinte o FBI chega junto. Adorei as prioridades.

Mas, apesar de toda a palhaçada, para mim o mais ridículo foi a postura do advogado de ameaçar processar todo mundo que postar ou divulgar as fotos. Alou? Tiozão do Direito, vai processar METADE DO MUNDO? Vai processar um anão da Nova Zelândia, um avô da África e um adolescente francês? Será que ele sabe QUANTOS sites existem pelo mundo? Muita vergonha de quem blefa com algo que notoriamente não se pode cumprir, fica completamente desacreditado e sem moral. Muita vergonha de quem faz isso na sua vida profissional.

O nome do energúmeno é MARTY SINGER, que julgou ser melhor aparecer nos jornais do que manter sua credibilidade. O pior? Que todo mundo vai achar ele bonzão: “Marty Singer? Ele deve ser bom, eu lembro, ele foi o advogado da Scarlett Johanssson!”. É disso que as pessoas lembram, e não da lambança que ele fez. Para ser foda basta ter como cliente uma pessoa famosa, foda-se se você perdeu seu relógio na cracolândia (Ércio? Oi?)

É isso, todo mundo está na mídia: a namoradinha do Somir, o advogado fanfarrão, a marca de telefone segurança zero que ela usava… só que todos de forma NEGATIVA. Mas, nesse mundinho de merda, o importante é aparecer. Apareceu tá no lucro, neguinho vai acabar esquecendo PORQUE apareceu. O importante é estar na mídia. E meio mundo vai acreditar que as fotos foram realmente roubadas. Vamos lá, comecem o coro dizendo que eu tenho inveja…

Para dizer que eu só estou criticando porque ainda tenho ciúmes do Somir, para dizer que para uma menina de 26 anos ela podia ter um corpo melhorzinho ou ainda para dizer que é tudo inveja porque ela é famosa e eu não sou como se ser famoso fosse o sonho de todas as pessoas do planeta: sally@desfavor.com