Primeiro BBB, agora CARAS? O desfavor morreu...Analisamos três casos que escancaram como o Brasil ainda não tem estrutura para lidar com a idéia de liberdade de expressão.

Ricardo Gama, blogueiro carioca, sofreu uma tentativa de execução (que falhou por muito pouco) curiosamente após bater pesado em grandes autoridades no Rio de Janeiro.

Jair Bolsonaro, deputado reaça, repetiu seu veeeelho discurso preconceituoso na TV e gerou uma grande reação nacional, muito por causa da tentativa de Preta Gil ganhar mais alguns minutos de fama.

Cibele Dorsa, subcelebridade genérica, teve sua carta de suicídio enviada para a revista Caras censurada de forma bisonha pela justiça tupiniquim. Sim… revista Caras.

Desfavores da semana.

SOMIR

Como Sally escreve pelos cotovelos e mandou ver mais páginas do que o combinado (surpresa, surpresa…), não vou ficar descrevendo os casos de forma aprofundada, ficaria repetitivo. Vou aproveitar a coluna e falar um pouco mais sobre liberdade de expressão.

O plano inicial era falar sobre o assunto na coluna sobre o Bolsonaro mesmo, mas eu conheço nosso público fã de BBB e não quis deixar o texto confuso. Afinal, apesar de querer que o deputado carioca (supresa, surpresa…) seja punido pela lei, discordo dela por princípio.

Liberdade de expressão real é aquela que não agrada ninguém. E não digo isso porque quero ver todo mundo irritado, não agradar ninguém é o mais próximo de justiça que podemos alcançar numa situação dessas. Agradar a todos é efetivamente impossível.

Sim, esse tipo de impunidade traria à tona da sociedades pessoas que fariam o Bolsonaro parecer um “intelectualzinho de esquerda”. Mas ao mesmo tempo, faria com que os extremistas dessem a cara à tapa sem qualquer chance de fazerem o papel de vítimas de uma sociedade castradora. A liberdade de criar, por exemplo, uma sociedade neonazista com reuniões abertas e periódicas, também pintaria um alvo sobre as cabeças dos participantes.

Quer falar o que quer? Direito seu. Não quer sofrer as consequências? Boa sorte. O Estado não abandonaria os impopulares, mas não tem dessa de garantir a integridade física de todo mundo o tempo todo. Liberdade de expressão TOTAL também é liberdade de colher o que plantou.

Os americanos, por mais odiados que sejam aqui na América Vira-Latina, tem excelentes exemplos de como essa liberdade beirando a inconsequência pode funcionar para moderar o impacto dos extremistas. Talvez você já tenha ouvido falar da Westboro Baptist Church, mas eu vou situar mesmo assim: Como o próprio nome diz, é uma igreja mantida basicamente por uma família que ficou famosa pelas suas manifestações de extremo mau-gosto nos funerais dos soldados americanos. Eles não vão lá para reclamar da política imperialista ianque, eles vão protestar contra a queda dos valores cristãos no país. Para eles, os soldados morrem porque os EUA apóiam a homossexualidade. Nossos reaças cristãos são fichinha perto deles.

As famílias dos soldados ficaram furiosas e exigiram que eles parassem com os protestos. Não adiantou… A lei lá garante esse direito para os manifestantes. O que parece um efeito negativo da aplicação da liberdade de expressão total acabou minando de vez a pouca simpatia que os malucos tinham. A Westboro é odiada até mesmo pelas outras igrejas que pregam contra os homossexuais. O efeito que eles causam é justamente o oposto, vários ativistas já declararam que a família insana foi uma das melhores coisas a acontecer para o movimento dos direitos dos gays.

Processo parecido foi o da Ku-Klux-Klan, que de tanto professar e praticar seu ódio contra os negros, acabou dando munição para a revolução social que culminou no fim da segregação racial institucionalizada nos EUA. A KKK (Diboa?) podia e ainda pode dizer tudo o que quiser, mas está relegada como movimento extremista e sinônimo de vilania na maior parte do mundo. Eles acabam jogando contra o que pregam.

Claro que os EUA não se tornaram uma nação sem problemas por causa dessa liberdade, mas o resultado na balança entre vantagens e desvantagens corrobora com a idéia de que liberdade de expressão total é um caminho pra lá de viável.

Abrir a porta para a mensagem sem filtro abre a porta para a rejeição sem filtro. O mau-exemplo tem um poder que não pode ser ignorado; a auto-regulação social idem.

Aqui no Brasil o Estado tem o péssimo hábito de interferir nessas questões. Péssimo não por que o objetivo das leis seja maligno, mas pela aplicação desastrada e frequentemente tão preconceituosa quanto o que dispõe a combater.

Um deputado constrói a carreira sendo preconceituoso e só sofre alguma consequência quando encontra pelo caminho uma subcelebridade doida por atenção. Vivemos num país onde a ÚNICA forma de tentar vencer a impunidade de ricos e poderosos é enfiar os holofotes da mídia em sua cara por muito tempo. Se ninguém vai ter chance de aparecer e ficar famoso, o preconceito passa incólume.

Uma outra subcelebridade (quem se importa?) faz o papel RIDÍCULO de mandar sua carta de suicídio para uma revista de “pornografia da ostentação”, e como se não fosse horrível o suficiente, o ex-namorado dela (curiosamente RICO PRA CARALHO) consegue fazer com que a Justiça desta República das Bananas esfregue sal nas feridas da ditadura militar recente censurando seu nome (Doda Miranda: Processa Nós!) na carta publicada.

Um blogueiro (Ricardo Gama) recebe vários tiros depois de várias e várias postagens sobre os desmandos, ingerências e falcatruas de autoridades cariocas, tais quais o Governador Sérgio Cabral e o Prefeito Eduardo Paes. Com toda a pinta de queima de arquivo, o caso passou por baixo dos radares da grande mídia. Sally precisou me contar sobre o ocorrido. O caso é seriíssimo e o nosso Estado, tão participativo quando alguém rico ou famoso precisa de uma mãozinha, está assoviando e disfarçando até que o assunto esfrie.

Se é para intervir, que intervenha em prol de quem realmente precisa ter sua liberdade de expressão assegurada. Não para agradar a porra da Preta Gil (O Bolsonaro tinha que ter se fodido MUITO antes disso…) ou o babaca do Doda Miranda. Porque se for para fazer essa merda e deixar o povo à mercê de quem “pode mais”, é mais negócio liberar tudo de uma vez e criar uma cultura que valorize mais quem enfia o dedo na cara de quem não gosta e fala tudo o que pensa. Não dá para mandar matar todo mundo…

Para dizer que sua mente primitiva não consegue acomodar o conceito de seguir leis e discordar delas, para dizer que ainda está confuso(a) com a postagem de ontem, ou mesmo para dizer que só não me mandam matar para não desperdiçar balas: somir@desfavor.com

SALLY

Temos muitos desfavores nesta semana, mas todos tem um ponto em comum: liberdade de expressão. Somos um bebê engatinhando nesse quesito! Após anos de uma ditadura militar que restringiu nossa liberdade de expressão, somos como um passarinho que passou anos na gaiola e ainda tem dificuldades em voar. Vez por outra faz merda, para mais ou para menos.

O primeiro caso que queria comentar é o do blogueiro carioca RICARDO GAMA, conhecido por escrever um blog onde apresenta denúncias sobre diversos políticos, com mais foco no então Governador Sergio Cabral e o então Prefeito Eduardo Paes. Ele realmente se dedica à causa, viu? Tanto fez que acabou levando uns tiros. Sim, no plural. Vários tiros. Dois deles na cabeça. E SOBREVIVEU. Em uma entrevista para um jornal carioca ele confirmou que foi um atentado deliberado contra sua vida por vingaça e disse que tem certeza que foi por causa do blog que escreve. Nós blogueiros do Rio de Janeiro fizemos uma passeata pela liberdade de expressão no local onde ele foi baleado. Ricardo diz que não vai suspender o blog, mas o clima é de medo. Isso é liberdade de expressão? Devo apagar meus textos do Plantão Hell de Janeiro sobre o Complexo do Alemão ou devo começar a andar com escolta? Matar blogueiro é sacanagem.

Ricardo tem certeza sobre QUEM ele irritou, mas não tem certeza de que o assunto será investigado com imparcialidade pela polícia. Ele está com medo. É que quando falam que no Brasil existe liberdade de expressão, a gente acredita, porque é mais agradável acreditar nisso do que em coronelismo. Mas acontece uma coisa dessas e a verdade é esfregada na nossa cara. Ao que parece, pelo que foi narrado, foi uma tentativa truculenta de execução em um local público sem ao menos aquela clássica preocupação de fazer parecer que foi um assalto. Para quem conhece o Rio, vejam que desaforo: ele estava parado entre as Ruas Santa Clara e Barata Ribeiro, em Copacabana (muito movimentadas) quando ouviu alguém chamando seu nome de dentro de um carro. Virou para olhar e levou tiros. Sua reação após ser baleado? Segundo testemunhas gritou “É queima de arquivo!”. Detalhe: ele levou os tiros 11h da manhã.

Espero de coração que, mesmo que não se viva em um país com liberdade de expressão, não vire moda matar blogueiros (*lembrando das coisas que falei sobre Eduardo Paes e Sergio Cabral). Alguém sabe quanto custa um colete a prova de balas? Quem quiser conhecer um pouco mais sobre Ricardo Gama, eu recomendo. Pessoa séria, comprometida e ética: http://ricardo-gama.blogspot.com/. Desfavor repudia com todas as suas forças perseguição a blogueiros. Em breve estaremos lançando mais uma coluna do Desfavor: “Mata Eu!”.

Daí vem outra polêmica envolvendo liberdade de expressão: Cibele Dorsa, uma atriz/modelo/subcelebridade/nobody, que apenas ganhou fama por ter sido casada com Doda Miranda em um passado distante, decidiu que ia se suicidar. Ok, feio se matar, mas é direito dela. Daí decidiu que seria bacana se suicidar pulando da mesma janela na qual seu namorado Gilberto Scarpa (sobrinho do Chiquinho Scarpa, podia ser mais trash?) teria se suicidado semanas antes. Ok, uma merda namorar o sobrinho do Chiquinho Scarpa e o cara ainda se matar quando está namorando com você. Tá ruim o quadro? Calma que piora. Antes de se matar ela escreveu uma daquelas cartinhas de suicídio contando o que estava sentindo e tal. Vamos brincar de vestibular: Para quem Cibele Dorsa deixou esta cartinha?

a) Para sua filha
b) Para sua mãe
c) Para seu pai
d) Para seu ex
e) Nda

A resposta é nda. Ela mandou esta cartinha PARA A REVISTA CARAS. Para a FUCKIN´REVISTA CARAS! É muita vontade de ser subcelebridade! É o desejo de ser capa da Caras levado às últimas conseqüências! Tá ruim o quadro? Calma que piora mais. Ao saber de sua carta suicida lavando roupa suja endereçada à revista Caras, seu ex e pai do seu filho, Doda Miranda se desesperou. Para quem não sabe, ele é casado com uma das mulheres mais ricas do mundo, Athina Onassis, que por sinal, depois do casamento mudou seu nome para Athina Onassis de Miranda (esse cara deve ser foda para fazer alguém renunciar a seu Onassis!), este escândalo não pegaria bem na alta sociedade. O que ele fez? Recorreu à justiça para tentar impedir que a Caras publique a carta suicida de Cibele. Diz ele que quer preservar a filha (ele que pense bem onde enfia espermatozóides) mas a verdade é que a carta tem acusações muito pesadas contra ele.

O resultado dessa briga judicial foi risível. Ficou decidido que a Caras não poderia publicar O NOME de Doda Miranda. E esta decisão saiu tarde da noite, quando a revista já havia sido rodada. Conclusão: foi para as bancas com uma TARJA PRETA onde estava escrito o nome de Doda, no melhor estilo ditadura militar. Qual é a eficiência disso, alguém me explica? A manchete da capa se refere às mensagens que ela entregou à Caras para divulgar “aos filhos, à família e a (tarja preta)”. Todo mundo sabe QUEM É tarja preta! Mas que coisa sem propósito!

Quer dizer, blogueiro leva tiro no coco em plena luz do dia na rua mais movimentada de Copacabana por falar o que pensa mas não pode citar o nome de Doda na revista Caras? Não pode contar o que Cibele queria dizer a seu respeito? A mulher é ridícula de mandar uma carta de suicídio para a Caras, mas porra, a Caras não pode publicar? Se Doda fosse pobre, será que a decisão teria sido esta? Eu não vejo pobre ter sua imagem tratada com tanto cuidado não. Eu vejo policial levantando a cabeça de pessoas que estão sendo presas, muitas vezes injustamente, para a imprensa fotografar. Depois, quando o infeliz é inocentado no julgamento ninguém vai lá tirar foto e dizer que foi engano e que ele é um “cidadão de bem”.

E para fechar nosso papo sobre liberdade de expressão, Bolsonaro, sempre ele, fez mais uma declaração infeliz que foi objeto de texto do Somir. Para quem já disse que o grande erro da ditadura militar foi ter torturado e não matado, não causa espanto. O bacana foi ele tentando remendar o que disse “Achei que estavam falando sobre gays”, porque tá tudo ok se desrespeitar gay, né? O povo e a imprensa em vez de se ater ao tremendo desfavor que é o Bolsonaro e suas declarações miraram sua artilharia na histeria da Preta Gil e fizeram disso um grande caso de racismo! Putaquepariucaralho.

Sem querer ser escrota (mentira, eu tenho o maior prazer em ser uma escrota full time), aproveita e junta um pouquinho dessa indignação e canaliza para uma questão mais profunda: VOTARAM NELE, ele não está ali de favor. Uma parcela significativa da população se identifica com ele. Estamos em um país onde VOTAM NO BOLSONARO. Ele cumpre sua SEXTA legislatura na Câmara dos Deputados, tá? Que tal se indignar COM ISSO?

Ele já falou tantas frases escrotas, tantas barbaridades, que sinceramente não sei qual foi o espanto. Ele é isso aí mesmo, um ser humano desprezível que em minha opinião tem uma forte tendência a homossexualidade mal elaborada. Tem que ser punido. E tem material de sobra para isso. Já chamou uma deputada do PT de vagabunda, defendeu abertamente a tortura para obter confissão de criminosos, declarou ser a favor de dar surras em crianças e adolescentes que tenham tendências homossexuais e por aí segue. Qual é a surpresa da declaração que ele deu para Preta Gil? Minha surpresa vai ser se ele for punido, porque por seis legislaturas ele vem falando merda sem parar.

Mais: nem um escroto de marca maior como o Bolsonaro me faz dar razão à Preta Gil. Qualquer um que esculhambe ela merece um pouco da minha admiração.

Resumo da semana: para Bolsonaro tem liberdade de expressão, para Ricardo Gama tem tiro à luz do dia e para Cibele Dorsa tem carta censurada. Brasil, um país de tolos.

Para dizer que Galeão é o caralho, você vai embora A NADO, para dizer que deseja muito que o filho do Bolsonaro se declare gay e apareça vestido de Carmen Miranda assim quem sabe ele entende que não é uma questão de criação ou caráter ou ainda para dizer que você também acha que destratar a Preta Gil deveria ser recompensado e não punido: sally@desfavor.com

D'OH!Desfavor da semana com uma dose (radioativa) de “Ele disse, ela disse”. Embora Sally e Somir concordem que houve um desfavor mundial após o terremoto japonês, não o fazem exatamente pelo mesmo motivo.

E foda-se o Obama.

SOMIR

Eu não sou muito fã da humanidade. E nem digo isso de uma perspectiva afastada, ignorando que também sou parte do problema. Tanto potencial desperdiçado em comportamentos irracionais…

Ser humano é estar num quilométrico congestionamento de Ferraris.

O poder de dividir o átomo não é pouca coisa não. O que ocorre no interior dos reatores das usinas nucleares não ocorre nem dentro das estrelas! Para um bando de macacos pelados, é um feito incrível. Só que eu fico com a sensação que para muita gente, isso já está de bom tamanho.

Não a fissão nuclear, aposto que a maioria da população nem se importa com isso, e sim a idéia de que somos macacos pelados. E não é o tipo da coisa que pode ficar por isso mesmo. Quem tem esse tipo de poder nas mãos não deveria se prender por ignorância, medo ou ganância. A humanidade precisa merecer seus grandes feitos, ou eles se voltam contra nós.

Discordo veementemente de quem tenta fazer o incidente nuclear em Fukushima parece algo totalmente fora de controle, Chernobyl foi muito pior e não transformou a Europa toda numa zona morta. Quando o sensacionalismo parar de render tanto, o mundo e a mídia vão se voltar para a próxima bola da vez.

Mas não ignoro que foi muito mais risco do que o necessário. Uma combinação perigosa de incompetência e passividade é a verdadeira responsável pela situação. Confesso que nutria um certo respeito pelos japoneses por causa de sua disciplina (a gente admira qualidades que não possui…) e fui um duro golpe perceber que isso em grande parte não passava de comodismo.

A organização nipônica não foi exatamente um avanço para os macacos pelados, foi condicionamento localizado. Se é na hora do aperto que vemos quem é quem, está aí quem somos: Macacos pelados, por todos os lados.

Os que estavam no olho do furacão (não tinha sido terremoto?) reagiram de forma muito menos intensa do que o desejável. Os que estavam de fora entraram numa onde de pânico sensacionalista infundado. O que lhes escreve ficou surpreso com isso. Como sempre, faltou usar a massa cinzenta.

A reação instintiva do macaco pelado é atacar a fonte de perigo mais próxima, ao invés da mais séria. Escrevi um texto inteiro reclamando da tendência natural das pessoas de questionar a função da energia nuclear a cada vez que ocorre um acidente, e não mudei de idéia. Muito mais fácil do que bater no comportamento errado de nossa espécie em relação à tecnologia é bater na própria tecnologia.

Afinal, pega até mal dizer que a humanidade tem que ser menos humana para poder colher os benefícios da nossa engenhosidade. Ao invés de manter uma usina nuclear ultrapassada em funcionamento por comodidade, deveria-se admitir que cada geração cria tecnologias mais inteligentes e que os “upgrades” tem que estar previstos nos custos de qualquer projeto de larga escala.

Essa história de “construído para durar” é coisa de outro milênio. Quem vive numa era de avanços exponenciais de conhecimento não pode mais ter essa mentalidade. Os reatores da usina de Fukushima foram construídos na década de 60 e inaugurados nos anos 70! A questão aqui não é se os reatores funcionam ou não, e sim que parece que estamos achando que energia nuclear é um conceito banal do qual já temos completo domínio.

Se 90% da estrutura da tecnologia serve apenas para controlar efeitos indesejados (superaquecimento e liberação de radiação), isso quer dizer que o que não falta é espaço para evolução. Não é o bastante se contentar com um reator construído numa época onde não se colocava nem cintos de segurança nos carros. Não é o bastante não ter uma solução séria para o armazenamento de lixo nuclear.

Os macacos pelados deveriam estar mordidos com esse desafio, mas não estão. Meia dúzia deles pensam em como resolver os problemas, mas só conseguem fazer alguma dessas possíveis soluções ter alguma função se alguém enfiá-la goela abaixo do grande público.

É a velha mania de só tratar os sintomas, nunca a causa. Tecnologia utilizada de forma irresponsável não é problema isolado, é uma questão intrinsecamente humana. Se ainda não merecemos o poder de partir o átomo, temos que fazer por onde.

E não é esse comodismo intelectual que vai nos ajudar. Renegue seu macaco pelado pelo bem dos outros macacos pelados.

Para dizer que o termo politicamente correto é símio-naturista-brasileiro, para sair berrando que vamos todos morrer, ou mesmo para perguntar quanto eu estou recebendo do lobby da energia nuclear: somir@desfavor.com

SALLY

Esta semana foi podre, viu? Maria Bethânia sugando 1,3 milhões do Governo para criar um blog (e a gente aqui fazendo um blog COM CONTEÚDO e DE GRAÇA, putaquepariucaralho), a coisa pegando fogo na Líbia e muitas outros desfavores. Porém, um deles afeta a todos nós, em escala mundial, então, não dá para deixar passar.

O grande desfavor da semana é a forma como se estão construindo mitos em torno do desastre no Japão: o Japão é ótimo, teve comportamento exemplar, os japoneses também. O desastre foi uma fatalidade inevitável que nem foi tão grave. Nada precisa ser modificado. O Japão nos ensinou uma lição de comportamento e vida. PORRA, sem trocadilhos, ABRAM OS OLHOS, CACETE! Não comprem esse discurso não! TÁ TUDO ERRADO! E não é porque o Japão está na merda que eu vou deixar de falar: ESTÁ TUDO ERRADO. Com o Japão e com o mundo!

Vocês percebem o que aconteceu? A natureza jogando na nossa cara que mais uma vez ela venceu. Não somos nada, estamos totalmente vulneráveis aos caprichos da mãe natureza e todos nossos anos de evolução tecnológica não bastaram para evitar que fenômenos naturais nos dizimem. Porque? Porque somos burros e arrogantes! Polegar opositor para que, se neguinho usa para construir usina nuclear em um lugar onde existe junção de placas tectônicas? Grandes merda que não caiu nenhum prédio residencial ou comercial com o terremoto se a principal estrutura que deveria estar intacta não está: a porra da usina nuclear. Mas o mundo é romântico, daí todo mundo parabeniza os japoneses porque não caiu nenhum prédio (alou? Urânio e Plutônio vazando? Parabéns meu ovo!). Todo mundo elogia como eles são civilizados e organizados. CAGUEI para a organização deles, eles quase mataram a todos nós!

Apesar do Governo Japonês ter mentido inúmeras vezes sobre a real situação e reais conseqüências do desastre, ontem quando disseram que a situação na usina estava melhorando, todo mundo acreditou. É sempre assim, se a gente contar uma mentira que o interlocutor QUER acreditar já tem meio caminho andado para que ele realmente acredite. Nossa mente é traiçoeira, engolimos as maiores merdas quando queremos acreditar. Eu não confio em mais nada do que o Governo Japonês diga, mas as pessoas continuam acreditando! PORQUE? Não duvido nada que amanhã ou depois de amanhã metade do Japão exploda pelos ares. Não que eu deseje isto, de forma alguma, mas infelizmente o bichinho da coerência me mordeu e após sucessivas mentiras eu realmente não consigo mais dar credibilidade a quem me enganou. Detalhe: só ontem o Governo admitiu que não é um desastre de grau 4 e sim 5. Vão tomar no cu que isso é, pelo menos, um FUCKIN´ SEIS. Só eu que fico revoltada quando sou tratada como uma idiota?

Estamos brincando com a sorte. Não falo apenas da energia nuclear. Existem diversas situações criadas ou agravadas pelo homem que podem, de um dia para o outro, foder com a vida da humanidade. Alguém se importa? NÃO. As pessoas parecem gostar de protestar por coisas que só acontecerão dentro de 50, 100 anos. Vai faltar água no planeta dentro de 50 anos? LOSER. Se o Big One acontecer nos próximos anos, NÃO VAI TER NINGUÉM para beber água dentro de 50 anos no planeta. Foda-se o mico leão dourado, foda-se o efeito estufa, que tal mirar o foco para coisas que podem, em questão de segundos (e não de décadas) dizimar o ser humano? Não, né? Não dá ibope. Vamos salvar os golfinhos que eles são super fofos.

Não é irônico pensar que, se estivéssemos fazendo fogueira com pauzinhos e houvesse um terremoto terrível, estilo Big One, seria mais fácil que o mundo não acabasse? No final das contas, o que vai nos matar é a nossa própria tecnologia. Ou melhor, nossa burrice ao empregar a nossa própria tecnologia, porque se neguinho instalasse usina nuclear em locais mais seguros, não teria tanto problema. O ser humano é uma máquina de fazer merda, por isso, é uma questão de tempo até que nossas próprias criações nos exterminem: laboratórios que guardam vírus letais, radioatividade, armas de destruição em massa… qualquer que seja a modalidade, um dia a nossa estupidez vai fazer com que a gente se enforque com o cadarço do próprio tênis. Morte vexaminosa. Morte por incompetência. Vamos morrer sufocados por nosso próprio vômito.

Se este risco todo que corremos fosse o preço inerente a viver em uma civilização evoluída, com antibióticos e ar condicionado, eu seria a primeira a bater no peito e dizer que vale a pena. Eu adoro um conforto. Mas não é. Poderíamos ter a mesma tecnologia e benefícios com muito mais segurança e planejamento. O grande problema não é a evolução e sim a ganância. Seria uma bela lição para o ser humano escaralhar o planeta de tal forma, por ganância, que gerasse um retrocesso onde dinheiro não valesse absolutamente nada. Onde achar uma banana valesse mais do que achar uma nota de cem dólares. Tomem cuidado, Deus quando resolve bancar o troll é mais cruel que qualquer um de nós.

Se esta merda toda que está acontecendo no Japão parar por aqui, não duvido nada que em dois ou três meses o assunto tenha saído de pauta e só se fale nele novamente em dezembro, na forma de dez minutos de uma retrospectiva do ano de 2011 – ou seja, não aprendemos com os nossos erros. Não estamos ouvindo os avisos.

Não quero que o mundo viva sem energia elétrica em uma choupana sem conforto, só peço bom senso de não construir nada radioativo em um local onde dia sim dia não a terra treme. Outros países em áreas de risco como os EUA poderiam aproveitar a oportunidade e refletir sobre o barril de pólvora sobre o qual estão sentados, porque sinceramente, FATALIDADE MEU OVO, o que aconteceu no Japão foi descaso. Não se constrói usina nuclear por cima de encontro de placas tectônicas. Fazendo isso se coloca em risco O MUNDO TODO e nenhuma nação tem esse direito.

No meio de tantas cabecinhas geniais japonesas, ninguém pensou em parar de pesquisar como fazer um celular ainda menor ou como criar um cão robô para tentar achar soluções para problemas mais importantes ou mais urgentes? Provavelmente não. Nos vídeos caseiros deste último terremoto vi pais largando seus filhos e pegando uma câmera para filmar o tremor. Durante um terremoto, você abraçaria e protegeria seu filho ou correria para pegar uma filmadora e filmar tudo? Parem de endeusar os japoneses, pois isso só mostra o complexo de vira-lata que nós brasileiros temos. Eles tem seu mérito por serem disciplinados, adestrados e controlados, mas porra, eles também tem uma penca de defeitos (bem graves, por sinal) e se comportaram por diversas vezes de forma reprovável durante este desastre. Se você não pode ver isso de cara, bem, tente novamente. E vamos perder o medo de falar mal de quem morreu ou se fudeu, que isso é hipocrisia, ok? CORAGEM faz bem.

Repito o que já disse aqui durante a semana: quão merda tem que ser um país que depende de energia nuclear para sobreviver e constrói uma usina MENOS SEGURA do que Angra 1, projetada para um país que não tem tremores? ERRARAM. Os japoneses, sempre tão perfeitos e com tudo sob controle, ERRARAM SIM. E a conta pode vir alta, inclusive para nós que estamos do outro lado do mundo.

Para dizer que desde as Video-Cassetadas você já tinha percebido que japoneses são sádicos pois em vez de amparar seus filhos quando eles caem eles ficam filmando, para dizer que eu tenho ENVEJA do Japão ou ainda para dizer que agora fudeu, esse povo de olho puxado vai vir todo para São Paulo roubar nossos empregos e vagas no vestibular: sally@desfavor.com

tudoputaDurante o Carnaval, duas campanhas demonstraram tudo o que está errado com o mercado publicitário. A cerveja Devassa contratou (a peso de ouro) Sandy para estrelar suas peças, a multinacional Gilette pagou milhões para que Bell Marques, líder do grupo Chiclete com Banana, fizesse a barba e uma música para acompanhar.

E mesmo com valores obscenos para a realidade nacional e a cara-de-pau de chamar todos os consumidores de otários, essas ações renderam bastante para as empresas.

Desfavor da semana.

SOMIR

Não vou me embrenhar profundamente na parte teórica da comunicação publicitária, afinal, nem mesmo quem trabalha nas grandes agências costuma entender essas coisas. No topo da cadeia alimentar da área no Brasil, temos profissionais mercenários que repetem vez após vez as mesmas táticas para qualquer cliente disposto a enfiar a mão no bolso.

Só existem DOIS tipos de ações publicitárias de grande porte no Brasil: “Criando Problemas” e “Melancia no Pescoço”. Lembre-se desses dois arquétipos e você vai começar a se revoltar quando prestar atenção na quantidade avassaladora de propagandas que vê todos os dias.

A publicidade deveria ser uma ferramenta para facilitar e melhorar a vida das pessoas. Sim, parece piada, mas só temos essa visão negativa das coisas pela própria incompetência e preguiça dos que trabalham no setor. É muito útil para a sociedade que produtos e serviços oferecidos sejam ao menos conhecidos pelas pessoas. Tem muita coisa útil e/ou interessante sendo vendida por aí.

Mas como a guerra pela atenção do consumidor está totalmente focada em gerar insegurança e fazer barulho a qualquer custo, a disputa entre as empresas pela qualidade e relevância de seus produtos e serviços perdeu a importância. Até mesmo qualidades que deveriam ser práticas são vendidas de forma absurdamente subjetiva.

O mercado é grande demais, os produtos são parecidos demais. Ao invés de tentar reinventar e aumentar a eficiência do que vendem, as empresas estão preocupadas mesmo em adicionar qualidades imaginárias (o seu xampú tem o “poder da maçã”? você sabe se isso faz algum sentido?) e status vazio (seu carro é o melhor da categoria? quem disse isso entende mesmo do assunto?).

Já escrevi muito sobre a nefasta prática publicitária de transformar sua vida numa série de problemas inventados pela publicidade. Com os dois “stunts publicitários” que são tema desta coluna, vou poder falar mais sobre a tática “Melancia no Pescoço”. E não nos prendamos por termos técnicos, um “stunt publicitário” nada mais é do que fazer algo diferente para chamar a atenção para determinado produto ou serviço. “Stunt” é uma daquelas palavrinhas complicadas de traduzir diretamente (seria “acrobacia”, mas não se resume a isso), mas o que um dublê faz é um “stunt”. Uma ação inusitada com objetivos de entretenimento.

Devassa e Gilette enfiaram melancias nos pescoços de seus garotos-propaganda e aproveitaram o sucesso na mídia. Normalmente se paga uma nota para os jornalistas fingirem que se interessaram por uma marca ou produto, mas quando essas melancias estão penduradas em cabeças que geram notícias por si só, o efeito é potencializado.

Não é errado querer chamar a atenção para o que vende, capitalismo é que nem democracia: Uma merda, mas ainda um pouco melhor que as outras merdas. Só que não basta berrar, tem que dizer alguma coisa. Cacete, deveria ter juramento na publicidade: “Eu juro que não vou usar meu conhecimento para tornar o mundo ainda mais vazio e ignorante.”

O que caralhos quer dizer a Sandy fazendo propaganda da Devassa? Os cretinos que fizeram a campanha dizem que querem demonstrar que todo mundo tem um lado descontraído. Mas sabe o que estão dizendo de verdade? Que todo mundo tem seu preço. Sandy parece totalmente deslocada no ambiente criado para a propaganda, sua cara de pamonha habitual não deixa de transparecer.

Não vai mexer UMA VÍRGULA na imagem que ela tem para as pessoas, esse papinho de “pura por nós” foi inventado independentemente de sua vontade. As pessoas querem que ela seja esse exemplo, ela VAI ser esse exemplo. Inclusive, TODO SEU SUCESSO foi conquistado com essa imagem afastada da “Devassa way of life”. Quando Sandy cresceu e sua imagem de virgem ruiu, ela foi jogada para escanteio.

Quando eu vejo a propaganda e as ações nas quais ela comparece, imagino uma puta num carro escuro batendo uma para um velho endinheirado, fazendo cara feia, mas oferecendo o serviço do mesmo jeito. Sandy vai lavar as mãos, a marca vai ficar mais conhecida… e só. Melancia no pescoço.

O Zé Ruela do Chiclete com Banana se vendeu ainda mais. Mantendo a analogia, caiu de boca no velho rico. A Gilette não foca mais na qualidade do que produz, agora a jogada é dizer que é preciso ter a cara lisa para conseguir sucesso e sexo. O cara CONSEGUIU TUDO com uma barba na cara e agora está defendendo uma marca que diz o contrário? Até mesmo com “hit de carnaval”? É chamar o povo de retardado na cara dura… Pior que funciona.

E olha que o cara conseguiu a proeza de ficar ainda mais feio sem a barba. Mas a Gilette não liga, não é como se as pessoas fossem prestar atenção na consistência de suas mensagens. Chamou a atenção, provavelmente vai manter um contrato “cara lisa” com ele por alguns anos (como faz com vários atletas, dentre eles o Kaká) e continuar rindo no caminho para o banco.

Quando a publicidade não está tentando te fazer se sentir um perdedor por não comprar determinadas coisas, está trabalhando em campanhas estúpidas que ligam sua imagem a pessoas que ficaram famosas fazendo justamente o oposto do que pregam nessas propagandas. Só para chamar atenção.

Campanhas vazias para um público cada vez mais vazio. É a mentalidade Big Brother: Famoso por ser famoso. Eu já disse que odeio a humanidade? Hoje?

Para dizer que eu tenho ENVEJA de publicitários líderes de mercado, para dizer que tem medo de terminar que nem eu se prestar atenção de verdade nas propagandas, ou mesmo para dizer que Sandy só deveria fazer propaganda de pamonha: somir@desfavor.com

SALLY

Somir me disse que se tratam de “stunts publicitários”. Eu não sei o que são stunts publicitários, mas se o Somir, que é publicitário, disse, então eu confio. O Desfavor da Semana são os dois stunts publicitários mais comentados da semana: Devassa x Gillete.

Assim como William Bonner admitiu sem pudor que o Jornal Nacional é feito para um público alvo que tem a mentalidade do Homer Simpson, a publicidade também vem adotando esta mesma linha de raciocínio: nos tratar feito retardados mentais que engolem qualquer merda.

Este movimento de presunção de burrice já vem acontecendo faz algum tempo, mas se intensificou na semana passada com dois episódios antológicos: Sandy e seu lado Devassa e Bell Marques tirando a barba para a Gillete.

Para quem foi poupado destas atrocidades, um breve resumo: Sandy, a puritana, aceitou um milhão de reais para fazer propaganda da cerveja Devassa no camarote do carnaval. Em troca desta quantia, ficou loira e apareceu na TV repetindo o slogan que tem um lado devassa. Foco no comercial onde ela tenta dançar de forma sexy – ela tem a sensualidade de uma tampa de privada. Bell Marques, que para quem não sabe, é o vocalista do Chiclete com Banana (se você não sabe o que é Chiclete com Banana, por favor me diga onde você mora), que ostentava uma barba secular, aceitou DOIS FUCKIN´ MILHÕES de reais para fazer a barba sob os holofotes de uma presepada montada pela Gillete, com direito a fazer até musiquinha para isso (“Já passei gilette meu rosto ta lisinho / Agora to de boa pra ganhar beijinho).

Alguns pontos que poderiam ser esmiuçados mas não há espaço: 1) ambos, Sandy e Bell, são ricos e não precisavam passar por esta humilhação, 2) ambos comerciais foram bem sucedidos e 3) não é a primeira vez que isso acontece (lembra do Gianecchini no comercial do PINTOS Shopping? “tudo que você mais gosta no lugar em que você sempre quis – Quanto vale a sua dignidade para deixar que brinquem com a homossexualidade que você tanto tenta esconder, Giane?)

Porque enquanto eram apenas comerciais RUINS, tinho o “ÂNHA, É O HABÚRGUER DE PICANHA”, o “ASSÔ” do Guaraná ou ainda o pior e mais grotesco comercial de supermercado onde um desenho animado de um bebê PEIDA nos legumes, tudo bem. Era apenas incompetência e falta de capacidade de quem faz. Mas agora estão DEBOCHANDO de nós, consumidores. É um escárnio. E em vez de responder à altura, com indignação e boicote, as pessoas parecem estar engolindo passivamente esta merda toda.

Você acha que em um país com a nossa realidade social se justifica que paguem dois milhões para Bell Marques tirar a barba? Você, que ganha um salário mínimo, não se sente afrontado em ter que fazer a barba de graça sabendo que Bell Marques ganhou dois milhões para fazer sua barba? Você que tem um diploma na mão mas está desempregado ou ganhando merda, se sente incentivado a comprar um produto da Gillete sabendo que ela pagou dois milhões pro Bell Marques Assino com Meu Dedão fazer a barba?

Você acredita que a Sandy tem um lado Devassa? Você confia em uma empresa que coloca a Sandy para dizer que tem um lado Devassa? Te passa credibilidade e confiança alguém que sequer cogita vender a Sandy como Devassa? Você compraria cerveja de uma garota propaganda que afirmou PUBLICAMENTE que NÃO BEBE CERVEJA porque não gosta do sabor que ela tem?

Vem cá, tão tirando a gente de otário MAIS do que o de costume, né não? Não tem ninguém indignado aí não? Se continuar assim vamos acabar vendo um comercial onde Faustão vai dizer que emagreceu tomando Cogumelo do Sol ou então um comercial estrelado pela Monique Evans pregando a abstinência sexual até o casamento.

Caso não tenham percebido, vão continuar empurrando coisas goela abaixo até que alguém ofereça resistência. É como mentiroso quando está contando uma história, se ninguém acusar a mentira, ele vai mentindo cada vez mais! Não vejo as pessoas indignadas nem ofendidas com este tipo de deboche publicitário. Você compraria algo de alguém que te chamou publicamente de burro?

Engolir o que estes publicitários e o que estas empresas estão nos dizendo é vestir a carapuça da burrice. É aceitar ser chamado de burro e ainda recompensar quem te ofendeu (o que confirmaria sua burrice, vamos combinar). Se você quer evitar a fadiga e não quer protestar, ok, mas pelo menos SAIBA, dentro de você, que aquilo é uma ofensa e converse a respeito. Não compre mais o produto. Hoje temos uma infinidade de marcas muito similares para tudo quanto é produto (ahh… a merda da globalização…), você PODE e DEVE se dar ao luxo de descartar quem te tira de otário.

Mas brasileiro não sabe usar o pouco poder que lhe é dado. Da mesma forma como não usa o poder nas urnas, também não usa o enorme poder de opinião que tem como consumidor. Só usa poder de voto e veto para se unir e eliminar um participante antipático do BBB. Joguem o cordão umbilical que eu quero subir de volta.

Fica o pedido: para você, subcelebridade que se presta a estes comerciais babacas, pense duas vezes pois por mais suja que esteja sua dignidade, sempre pode piorar. Para você, consumidor, REFLITA sobre o que andam te empurrando garganta abaixo e LEMBRE-SE que você tem escolha.

PS: No fundo no fundo eu acho que o Desfavor foi Fafá de Belém magoadinha porque Daniela Mercury furou no compromisso com o Galo da Madrugada, cantando marchinhas ofendendo-a, mas o Somir não sabe que existe Fafá de Belém, nem Daniela Mercury, nem Recife, então ele nunca toparia.

Para dizer que você gosta de engolir tudo que te enfiam garganta abaixo, para dizer que só faz a barba com Gillete se ela te pagar dois milhões e para dizer que Paris Hilton era muito mais devassa: sally@desfavor.com

A melhor parte do Carnaval.Já foi desfavor da semana ano passado, é neste e será nos próximos.

SOMIR

Começou a temporada de caça ao respeito-próprio. Numa previsão otimista, milhões serão abatidos em bebedeiras, promiscuidade e comportamento animalesco em geral. No fim, latinhas amassadas, camisinhas usadas, pilhas de excremento e várias penas espalhadas pelo chão marcarão mais uma bem sucedida redução da população pensante nacional.

Não quero parecer eco-chato, mas pessoas que não se entregam a baixaria hipócrita do carnaval são uma espécie em extinção. E olha que meu problema nem é exatamente a parte da baixaria… Se a pessoa quer beber, trepar e vomitar pelos cantos como numa típica orgia romana, tem todo o direito. O corpo é dela, não meu. Buscar o prazer me parece uma coisa óbvia.

Mas as coisas ficam complicadas quando se considera o condicionamento irracional ao qual tanta gente se submeteu: “É carnaval? Então eu tenho “obrigação cívica” de me esbaldar em todos os prazeres típicos da data.” Parece que não estão buscando apenas gratificação, estão buscando conformidade. E é esse o tipo de gente que eu desprezo, profundamente.

E é essa merda de condicionamento que mantém o Brasil um país tão reprimido e hipócrita. O Carnaval moderno é uma invenção religiosa, feita para premiar o povo que aguentava o jejum da Quaresma. A Igreja Católica só ficou burra recentemente, eles sabiam como segurar o povo no lugar usando a culpa como poucos na história. O período de liberdade para putarias e bebedeiras caía como uma luva na proposta de chantagear o povo pelos pecados que eles mesmo inventaram.

Como em todo relacionamento, o segredo é não prender demais e não soltar demais. Se a Igreja pressionasse demais pelo cumprimento de suas regras absurdas, seria alvo de revolta. Se deixasse o povo livre demais para tomar suas próprias decisões, perderia poder e dinheiro.

E qual a jogada de gênio? Liberar tudo alguns dias por ano, fazendo as pessoas esperarem por essa data e se manterem relativamente na linha (sentindo-se culpadas por qualquer merda) no resto do tempo.

Hoje em dia a Igreja Católica ainda tem sua força por aqui, mas não é uma fração do poder inquestionável que já foi. Não pode ser a pressão de meia dúzia de velhos virgens (cu não conta para católico) que ainda faz este país agir dessa forma primitiva e ignorante. A questão é que nosso povo está adestrado. Muito bem adestrado.

O manipulador vive na mente do manipulado. O brasileiro segue a tradição histórica do carnaval à risca, e ainda pressiona quem não participa da festa. Um dos melhores jeitos de passar uma ferramenta de controle para frente é fazer um dos controlados se sentir fortalecido por ela. Donos de escravos costumavam dar um pouco de poder como capataz para os que se diferenciavam do grupo, seja por rebeldia ou por bom comportamento. Isso ferrava a ordem de opressor e oprimido, facilitando a vida de quem queria mantê-los na linha.

O escravo-capataz brasileiro é o cidadão médio que não faz as baixarias que faz no carnaval no resto do ano. É o babaca que se rebela contra um beijo gay numa novela, mas fica bêbado de não ligar para o sexo da “coisa peituda” que agarrou num beco escuro durante a folia.

Não existe explicação lógica para fazer uma coisa meia semana por ano e reprová-la nas outras do ano. Se você acha nojento enfiar a língua na boca de uma mulher que acabou de chupar o pinto de um cara que nem se deu ao trabalho de balançar depois de mijar, por que não acha mais no carnaval?

A pessoa não fica imune aos riscos do comportamento inconsequente, e pode muito bem se foder por causa do abuso de bebida, burrice e sexo. Sempre morrem vários nas estradas, sempre aumenta o número de portadores de DST’s. Os possíveis resultados negativos ainda estão ali. Será que a pessoa acredita em proteção divina?

“Meu filho, eu passo o ano todo te mandando parar com essas coisas, mas como é Carnaval, pode cair de boca na buceta dessa mulher que você pegou semi-desmaiada na rua há meia hora enquanto dirige bêbado sem medo. Vou te proteger…”

“Obrigado, Deus!”

E não me entendam mal, se o cidadão faz essas coisas porque quer, porque gosta, problema dele. Não quero viver numa sociedade castradora. E é justamente por isso que o Carnaval me incomoda.

Voltando à base religiosa/ferramenta de controle da festa, contava-se justamente com o medo das pessoas de assumirem seus desejos para forçá-las a jogar pedras em quem não se adaptava à conformidade. Se elas demonstrassem naturalidade com escolhas diferentes alheias, poderiam ser taxadas como simpatizantes. E povinho SE CAGA de medo de ser excluído da “normalidade”. Se o cidadão não fizesse o que condena pelo menos uma vez por ano, esse mecanismo de defesa que é a hipocrisia não funcionaria tão bem.

Esse papo que o Brasil é um país bem receptivo e bem resolvido é balela. Somos uma nação machista, reprimida e ignorante. O tempo pode resolver isso, mas enquanto o Carnaval existir para manter a mão pesada dos “sinhozinhos” sobre nossa capacidade de evolução social, vai ser um processo estupidamente lento.

É como um vício em drogas: Cada carnaval é uma dose, cada resto de ano é uma crise de abstinência. E como drogas funcionam tornando os momentos de abstinência cada vez mais miseráveis (você não vicia exatamente na sensação da droga, você abomina o momento que não está usando), o país vai ficando cada vez mais babaca com o passar do tempo. Ei, não tivemos uma discussão RIDÍCULA sobre o aborto nas últimas eleições?

Se você tira o Carnaval para fazer o que gosta e se segura o resto do ano, você está sendo controlado. Se você faz o que os outros gostam no Carnaval apenas para não sentir isolado, você também está sendo controlado. Chega dessa festa cretina, chega dessa hipocrisia que só nos atrasa social e intelectualmente.

Enfia o Carnaval no cu! (Porque assim continua virgem… Amém!)

Para dizer que eu não sei me divertir, para dizer que eu devo ter é ENVEJA de quem aproveita a vida, ou mesmo para dizer qualquer outra merda que me fará ter certeza que sua função no mundo é puxar carroças: somir@desfavor.com

SALLY

Chegou mais uma vez esta época nojenta do ano onde as pessoas acham que podem esquecer impunemente códigos de conduta, ética, moral e até mesmo as leis. É época de inversão de valores, de baixaria e de abuso de substâncias que entorpecem o organismo. Sorriam, é carnaval. Foi desfavor da Semana no ano passado, será neste e pelo visto será nos muitos anos que virão.

Tudo aquilo que normalmente seria condenado o resto do ano é permitido, porque afinal, “é carnaval”. Até mesmo os ditos adeptos de religião perdem a linha, mas Deus deve entender, afinal, “é carnaval”. As amarras da fidelidade ficam mais frouxas, o respeito à lei fica mais brando e o bom senso e o bom gosto são arquivados até o primeiro dia útil subseqüente.

Sabe o que mais me aborrece? Se as pessoas ao menos ADMITISSEM tudo isto, não seria tão grave. Tipo, “sou um hipócrita de merda porque prego tais e tais coisas, aponto o dedo na cara dos outros para criticar tais e tais coisas e chegou no carnaval e fiz isso, isso e aquilo que contradisse tudo que eu pregava – sou um merda”. Não. As pessoas se acham bonitas, bacanas e ovelhas do Senhor quando o carnaval acaba. Será que ressaca causa esse auto-perdão todo?

Quando eu me entoco, como disse no ano passado, para não ser arrastada para um deprimente bloco de rua cheio de homem bêbado tentando me agarrar, mijando nas ruas e cantando “olha a cabeleira do Zezé” sempre tem um idiota de plantão que solta frases pejorativas do tipo “Tem que aproveitar a vida, a vida é muito curta!”. Sentiram a imposição social? PARA aproveitar a vida, tem que fazer O QUE EU acho legal, se não é jogar a sua vida fora.

Me poupe! Eu não fico batendo na porta da casa alheia e dizendo “Vamos em um museu? Vamos ao ballet? Vamos ler um fuckin´ livro? Tem que se instruir, você é muito burrinho”. Eu não fico batendo na porta dos meus amigos e falando “Vamos dançar axé? Tem que aproveitar a vida, a vida é muito curta! Se você não dançar axé não vai ter aproveitado a vida!” e muito menos paunocuzando eles com julgamentos envolvendo todas as merdas, vexames e crimes cometidos durante o carnaval. Porque as pessoas se sentem no direito de vir ME paunocuzar, quando na verdade eles é que deveriam ser o objeto de crítica?

Sabe porque? Porque em toda festa, se tem um sóbrio, acaba fedendo para os bêbados. Se tem alguém que não faz merda, não faz vexame, não caga no pau, acaba servindo de comparação para aqueles que o fizeram. Acaba comprovando que fazer estas bostas todas não são inerentes e inevitáveis ao carnaval e sim escolha. Se todo mundo fizer, fica menos grave. Se um não fizer, quebra a corrente. Por isso desvalorizam quem não enche a cara, vomita, faz merda e dá para geral. “Não seja tão correta, isso vai me fazer ficar mal na fita”. Desvalorizar aquilo que realmente tem valor é uma prática tão banal no Brasil que eu estou QUASE me conformando.

O dia que eu receber um elogio porque leio, porque falo vários idiomas, porque tive uma tese publicada, periga ter um desmaio. Eu juro pra vocês que eu sou muito estudiosa, me arrebento de estudar MESMO, estou sempre me atualizando e ainda assim, qualquer elogio que eu tenha recebido nos últimos cinco anos está diretamente relacionado a meu físico. Brasil, um país de tolos. As pessoas sequer sabem IDENTIFICAR uma pessoa inteligente ou com cultura para ser elogiada. São tão burras e medíocres que nem mesmo sabem quando outra pessoa tem inteligência ou cultura digna de elogio.

Carnaval simboliza isso. Uma ode à ignorância, à baixaria. Mas vai dizer isso para alguém! HÁ! Ou é inveja, ou você não sabe curtir a sua vida ou você é fresca e chata. Total intolerância com qualquer pessoa que pense diferente desse pacto tácito de putaria e excessos. Gente, vocês sabem que eu posso ser tudo nessa vida menos puritana, isto não é um discurso moralista. Uma coisa é moralismo outra é fazer pacto com baixaria, na concepção ampla da palavra. Minha ética é a mesma os 365 dias do ano, não é o calendário que me autoriza a beber e mijar na rua, a trair meu parceiro ou a sair beijando bocas de desconhecidos. Eu tenho meus valores.

Quem flexibiliza seus valores em função do calendário, bem, vai desculpar, mas é provável que, lá no fundo, quisesse ser assim o ano todo. E o grande problema nem é o “ser assim”. As pessoas tem o sagrado direito de “ser assim”, o que não pode é 1) achar que isso é bonito, motivo de ostentação, motivo para tirar onda e 2) achar que quem não faz é panacão. Todos nós fazemos coisas erradas. Eu, por exemplo, danço axé. Mas sou uma pessoa com senso crítico, sei que isso é uma merda e que eu seria uma panaca se começasse a apontar para os outros e atribuir-lhes qualidades negativas por não dançarem axé. Dançar axé é um cu, uma bosta, uma vergonha alheia do caralho. Eu faço porque gosto mas sei bem do que é composto o mundo do axé: gente burra, baixo nível e promíscua em 99,99% dos casos.

É isso. Não tem autocrítica. Nem senso crítico com terceiros, vide Prefeito do Rio dando MILHÕES para escola de samba cujo barracão pegou fogo enquanto os desabrigados das chuvas continuam com fome, doentes e sem casa. Mas é carnaval! Então pode tudo, e qualquer pessoa que fizer uma crítica, por mais embasada e pertinente que seja, é baixo astral, tá de mal com a vida. Como diz a música: quem não gosta de samba, bom sujeito não é / É RUIM DA CABEÇA OU É DOENTE DO PÉ”. Muito democrático. São esses mesmos fascista tupiniquins que acham Hitler um horror por impor seu ponto de vista e trucidar quem discorda. Se você não gosta de samba tem problemas na cabeça ou no pé. Esse problema na cabeça eu chamo de CÉREBRO.

Sério, gente. Tô puta. RUIM DA CABEÇA são vocês, seus panacas que pulam carnaval ganhando MERDA, sem ter acesso a bons hospitais atendimento médico de qualidade, sem ter transporte público adequado, sem ter escolas públicas apresentáveis, sem ter qualificação, valorização e reconhecimento profissional, sem o mínimo do mínimo. Tá comemorando O QUE? Conta pra mim? Daí vem aquelas frases de gente IGNORANTE, tipo “a alegria de viver” ou “a vida”. Comemorar uma vida DE MERDA se chama conformismo.

Quem não sabe aproveitar a vida são vocês, seus panacas que pulam carnaval feito um bando de símios descontrolados, perdendo sua dignidade e saúde, abusando de bebida e outras substâncias, se metendo em atividades promíscuas e em locais que muitas vezes podem representar um risco para sua saúde ou suas vidas. Até o ano passado eu não apontava o dedo para vocês, mas de tanto vocês apontarem o dedo para mim, vão ouvir de volta.

Comem merda o ano todo, ganham merda o ano todo, moram na merda o ano todo e em vez de utilizar sua energia para algo produtivo, que os faça melhorar de vida, vão comemorar carnaval. E ainda julgam e menosprezam quem discorda. Sinceramente… tem todo mundo é que se foder redondo.

É por essas e outras que a Tia Sally tá arrumando as malinhas, bem devagarinho, tentando fugir desta cidade nefasta. Até o final do ano espero ter saído do Hell de Janeiro.

Para me fazer propostas de emprego em outros estados, para me fazer propostas de emprego em outros países ou ainda para me fazer propostas de emprego: sally@desfavor.com

Tem certeza?Nesta semana ocorreu a simbólica votação na Câmara dos Deputados para a correção do salário mínimo no Brasil. O governo defendia R$ 545,00; a oposição R$ 600,00.

Vitória da situação, como previsto. Os motivos, cretinos, como previsto.

Desfavor da semana.

SOMIR

Ok, mesmo se o salário fosse reajustado para R$ 600,00 as coisas não mudariam muito na vida de quem depende de salário mínimo. O Dieese estima que seriam necessários mais de dois mil reais de salário mínimo para o brasileiro viver de forma digna. E considerando que quem depende do Estado para saúde, educação, transporte e segurança está ao “Deus-dará” (Estado laico meu ovo!), não basta apenas poder comprar uma cesta básica para viver bem por essas bandas.

O salário mínimo vai continuar sendo um crime de qualquer jeito, mas convenhamos que mal não faria adicionar mais alguns reais no contra-cheque de boa parte de nossa população.

Quer dizer, não faria mal para mim. Guido Mantega, nosso ministro da Fazenda (sub-celebridade só fala besteira), se encarregou de ir para a linha de frente da discussão sobre o reajuste do salário mínimo para defender os R$ 545,00 propostos pelo governo de Dilmão-de-vaca.

Os argumentos são os velhos suspeitos: Perigo de inflação e de aumento excessivo de gastos governamentais. Cada real adicionado nos salários pode ter consequências catastróficas na economia como um todo… Falando assim até parece que somos uma nação responsável e austera com suas contas públicas, não?

Inflação costuma ser resultado direto de injeção de dinheiro no mercado. Bote mais dinheiro na mão das pessoas e elas compram mais. E se a procura aumenta, pode ter certeza que os preços seguem o mesmo caminho. Os preços sobem sem uma razão “concreta”, e isso faz mal para a economia como um todo. Pois bem… Vamos ver o caso desta República das Bananas com mais cuidado.

A diferença entre o valor proposto pelo governo e pela oposição (que está apenas fazendo graça, nunca que o PSDB e cia. daria esse aumento se estivesse mesmo no poder) é de monstruosos R$ 55,00. Sim, se for considerar todos os assalariados, a soma é muito dinheiro, mas não podemos ignorar que esse dinheiro teria que ir direto para o aumento do consumo para influenciar a inflação.

E é aí que vemos que o rei está nu. Você deve ter percebido a escalada assustadora dos preços de vários alimentos nos últimos tempos. O brasileiro perdeu poder de compra nos meses recentes, bem mais do que a pífia correção oferecida no novo salário aprovado.

Os preços estão subindo no mercado internacional por culpa da especulação financeira em cima de produtos de consumo “genéricos”, as famosas commodities. A correção do salário mínimo brasileiro se baseia numa fórmula que considera o crescimento da economia e inflação de dois anos atrás. E o problema está justamente aí: Os preços sobem a curto prazo (o preço do aço demora meses para chegar no consumidor final, o preço da carne demora dias… tudo questão de quanto tempo desde produzir até usar…) e o salário fica amarrado lá no passado. E 2009 foi um ano de crise mundial, até por essas bandas. “Marolinha” só se for no copo de pinga do Lula.

Aumentar o salário mínimo além dessa esmola atual só serviria para tentar recuperar o poder de compra do brasileiro. Não é dinheiro entrando no mercado do nada, é dinheiro VOLTANDO.

Outra forma de lutar contra a inflação seria aumentar a oferta, regulando o mercado de volta. Mas vivemos num país onde abrir uma empresa é praticamente um crime, tamanha a dificuldade colocada pelo Estado com burocracia inútil, impostos abusivos e legislação trabalhista-paternalista.

É muita cara-de-pau querer jogar na conta de quem recebe o mínimo o aperto de cintos necessário para pagar as contas desses safados que aumentaram seu salário de forma astronômica pouco tempo antes.

E já que Mantega está preocupado com gastos excessivos, que tal procurar outros ralos de verba pública antes de jogar a bomba no colo de quem já vive com muito menos que deveria? Aumentar o salário mínimo aumenta o quanto o governo paga para seus funcionários, segurados e subornados. Mas, se fizéssemos reformas em sistemas altamente problemáticos como a Previdência Social, quem sabe não aparece espaço no orçamento para que a Dona Maria possa comer carne uma vez a mais por semana?

De um lado aquele pulha do Netinho torrando cem mil por mês para pendurar cabides no seu gabinete, do outro Mantega dizendo que estamos preocupados com gastos excessivos do governo? Não computa.

Eu já disse, vou repetir: Copa do Mundo e Olimpíadas são BURACOS-NEGROS de dinheiro público aplaudidos pelos cretinos que estão levando essa bolada e pelos ignorantes que acham isso um avanço para o país. Vão enfiar milhões na porra do estádio do Corinthians, mas R$ 55,00 para a pobralhada é demais?

Como diria Sally: VÃO SE FODEREM! Eu entendo que não é festa e não dá para pagar o ideal para a população da noite para o dia, mas é irritante que passem isso como se fosse o governo tomando uma decisão para salvar o país. A corda estourou no lado mais fraco, para NÃO variar.

Para me chamar de comunista e fazer um inimigo, para rir do proletariado e dizer que gasta um salário mínimo só com a comida do seu cachorro por mês, ou mesmo para reclamar que o assunto é chato e explicitar o motivo pelo qual sempre colocam no seu: somir@desfavor.com

SALLY

NOTA DO SOMIR: Sally está sem internet, mas vai me culpar pelo texto dela não estar aqui.