Na última quarta-feira (11/03), Tim K., ex-aluno de uma escola da cidade de Winnenden na Alemanha invadiu as dependências do local armado causando a morte de dezessete pessoas durante um ataque violento que só foi terminar a vários quilômetros de distância, em outra cidade, com seu suicídio após ter sido encurralado pela polícia.

Categorizado como mais um caso de vingança de uma pessoa desajustada socialmente contra outros que supostamente causaram essa situação, soma-se aos tantos outros incidentes parecidos ocorridos nos últimos anos. O desfavor da semana é que tem gente que ainda debate se a “sociedade” tem culpa na alienação desses assassinos e se no final das contas, eles foram as vítimas.
FONTE: g1.globo.com
Posso dizer que tenho certo conhecimento de causa sobre o assunto. Sempre digo aqui que sou um nerd e sinceramente, me orgulho disso. (Para desespero da Sally…)
Na verdade, nerd não passa de um termo amplo, que pode ter vários significados de acordo com o seu pré-conceito sobre o assunto. Para uma pessoa como eu, nerd é aquela pessoa que gosta de computadores, videogames, tecnologia, quadrinhos, desenhos e coisas do gênero. Mas, acima de tudo, tem noção exata da diferença entre fantasia e realidade. E aqui eu posso estar sendo corporativista: Os nerds tem mais capacidade de separar as duas coisas do que as pessoas ditas normais. Quantos de vocês morreriam de vergonha de admitir que já jogaram RPG? Aposto que a maioria… Mas eu não. Já joguei e me diverti muito, é só um jogo e você não vira um elfo de verdade, não precisa ter medo, viu? Dá para sair de uma sessão de RPG e ir encontrar sua namorada numa boa sem tentar cortá-la em pedacinhos com uma espada+3.
Não estou falando disso para defender a classe. Estou falando disso para mostrar como eu não tenho a MENOR simpatia pelos SOCIOPATAS que cometem esse tipo de crime por não conseguirem viver no mundo real. Eles até podem ter gostos parecidos com nerds, mas não são. Eles são desajustados, problemáticos e quase sempre os maiores responsáveis por se afastarem do mundo que os cerca.
E olha que nesse aspecto eu tenho mais um ponto em comum: Eu FUI vítima do famoso “bullying” durante boa parte da minha adolescência. Não guardo mágoa ou rancor de nenhuma das pessoas que fizeram isso comigo. Eu perdoei até a pessoa que MAIS contribuiu para tornar esses anos da minha vida miseráveis: Eu mesmo.
Bastou eu aprender que tinha que fazer minha parte, não entrando no papel de vítima e permitindo que as pessoas se aproximassem de mim. E tudo acabou. Simples assim. Em questão de meses eu já tinha grandes amigos e uma namorada. Lá se foi a raiva do mundo. Não existe maior interessado no seu bem-estar do que você mesmo, caro nerd. Faz o seu que o mundo te aceita.
As interações humanas são uma selva mesmo. E imagine só como isso é pesado numa época da vida onde todo mundo está tentando se impor no mundo, custe o que custar? Não é à toa que a maioria desses tiroteios ocorre quando os “párias escolares” estão na adolescência, além deles terem uma capacidade menor de lidar com seus problemas, o resto do grupo está numa das fases mais cruéis de sua vida. Receita de problemas, sem dúvida.
Se você vive no mundo real, sabe que sair atirando em todo mundo e se matar depois é patético e não vai resolver nada. Se você vive fora da realidade, pode achar que estará passando uma mensagem e que quando der “respawn” vai ter uma vida melhor. Até por isso eu prefiro definir esses estúpidos responsáveis pelos tiroteios como sociopatas. Nerds não tem nada a ver com isso.
Mas aí eu entendo como as pessoas misturam as coisas, se tem uma coisa pela qual os nerds são conhecidos é pelo afastamento do grupo, escapismo. Os sociopatas também.
(Não estou me atendo a definições acadêmicas sobre o transtorno de personalidade dissocial, tenham em mente.)
Mas a diferença termina aí, os nerds sabem que estão inseridos numa sociedade com regras e principalmente com outras pessoas. O sociopata se sente completamente alheio a tudo isso. É exatamente esse tipo de mentalidade que faz um indivíduo sair atirando em tudo e em todos sem ter nenhum problema com as conseqüências de seus atos.
O desfavor da semana é que a cada tiroteio desses levanta-se a discussão sobre a crueldade dos adolescentes, o já citado “bullying”. Realmente, caros leitores populares na escola, é uma merda! Nos sentimos mal, sofremos e parece que não vai ter fim. Mas de forma alguma é o fim do mundo, é possível sim sobreviver a isso e aprender lições valiosíssimas sobre a vida.
A minha grande lição foi: “Caiu? Levanta!”
Se você se sente diferente do grupo, isso não quer dizer necessariamente que você ou o grupo estejam errados. Às vezes não é culpa de ninguém. Calha de personalidades conflitantes dividirem o mesmo espaço, e a lei da selva é a lei da selva não importa onde se esteja. O mais forte sobrevive. (Algum daqueles BOSTAS sobreviveu aos tiroteios? Pois bem…)
Seja quem você é e CONVIVA com o mundo ao seu redor. Eu não trocaria nenhuma das minhas sessões de RPG do passado por bebedeiras com outros amigos menos compatíveis comigo, mas mais populares. Mas também não trocaria nenhuma das minhas ex-namoradas (mesmo as piores) por um videogame de última geração. Existe um equilíbrio em tudo: Tenha seus interesses, não mude seus gostos para parecer mais agradável ao mundo; mas acima de tudo, não deixe de interagir com outros seres humanos. É a parte mais importante da vida, nos bons e nos maus momentos.
Essa lição um sociopata nunca vai aprender.
Um nerd talvez não aprenda e fique se vitimizando a vida toda, mas não vai sair atirando por aí.
Como vocês vão ver no texto logo abaixo do meu, Sally usa o termo nerd para tudo. Eu deveria ficar ofendido, mas não fico porque eu sei que ela faz a diferenciação exata entre alguém que sabe consertar um computador e alguém que mata dezenas de pessoas porque não consegue se adaptar a sociedade. Não se enganem, estamos concordando plenamente em nossos textos, como é de praxe no desfavor da semana. Eu tenho asco do mesmo tipo de pessoa que ela vai descrever, sem tirar nem por. (Estou avisando porque ela vai pegar um enfoque diferente do assunto.)
Um dia desses eu ainda vou convencê-la a não usar o termo nerd de forma tão pejorativa, mas vai ser de forma amistosa.
Para me chamar de nerd, para perguntar se eu era espinhento ou para perguntar como resolver aquele problema com o seu Windows: somir@desfavor.com

Crianças são criaturas cruéis. Sempre foram. Sempre ridicularizaram o diferente, sempre se uniram covardemente contra as minorias e sempre fizeram brincadeiras além do limite do aceitável que magoam. Isso sempre foi normal, escola sempre foi selva. Até que começaram a criar alarde em cima de uma coisa normal e classificá-la como Bullying. Pronto, virou um DRAMA. Todo nerd se sente uma pobre vítima de uma barbárie que justifica qualquer atrocidade.
Todos nós passamos por maus momentos no colégio e nem por isso viramos assassinos. Acho muito fácil culpar os colegas ou qualquer outro fator externo (como vídeo-game, drogas, etc) em vez de responsabilizar os imbeciloides que fizeram isso e seus pais. O caso ocorrido na Alemanha mostra bem a (i)responsabilidade paterna: Enquanto o filhão nerd, armado com uma submetralhadora, matava os colegas, mamãe estava no salão, se embonecando. Onde foi que o infeliz conseguiu a arma? Era de papai, que é colecionador.
Um jovem transtornado não acorda completamente diferente de um dia para o outro. Mesmo nos casos mais extremos de surtos psicóticos, há uma piora gradual e sintomática. Evidente que estes pais não prestavam a menor atenção a seus filhos, a ponto de deixar armas disponíveis (ou ao menos ao alcance) de meninos com sérios problemas.
Nesses casos, costuma-se jogar a culpa para os colegas. O infeliz se diz discriminado, volta e mata todo mundo. Bullying tá na moda! Se vitimizam, quando na verdade as vítimas reais estão deitadas no chão com o corpo perfurado por balas. Todo mundo tenta entender o lado do nerd. Engraçado que quando um assim dito “bandido” mata, a sociedade não tem a menor pena e pede uma condenação severa, mas quando o assassino é um menino classe média, branquinho, “gente como a gente”, as pessoas ponderam mais, afinal, poderia ser o seu filho a estar ali.
Não consigo não ter nojo dessa nerdalhada emo que ostenta uma mágoa de rejeição cultivada tortuosamente todos os dias. Desenvolvem traumas em cima disso: distúrbios alimentares, distúrbios de relacionamento, fobias sociais e etc. Dá um tempo! Levanta a cabeça e toca a vida, deixa de ser bebê chorão de ficar valorizando estresse! Foda-se se o nerd é rejeitado, leva cuecão, leva moca… Todos nós passamos por maus momentos na vida, e nem por isso pegamos armas e saímos matando os outros (não por falta de vontade, eu garanto).
Fazer desses panacas, desses bostinhas, as vítimas me chateia muito. Colégio é selva, todo mundo sabe disso. Só os fortes sobrevivem. Todo mundo sofre, só que o nerd, quando sofre, fica abalado de tal forma pela falta de estrutura, que isso o acompanha para o resto da vida e o faz surtar, a ponto de querer matar todo mundo. Ei! Nerd! Você não é melhor que ninguém, ok? Porque você acha que em você dói mais? Todos nós encaramos isso sem matar ninguém, se componha, vire homem e seja macho de decidir NA MÃO, sem covardia. Isso mesmo, cai na porrada. Não cai, né? Não tem coragem. De malucos eles não tem nada, são bem espertos.
Essa nerdalhada que eu sempre detestei (e eles sempre me detestaram também, porque eu sempre fui popular), desses que se vitimizam, acha que tudo é uma sacanagem pessoal com eles. Se por uma infelicidade um desses se apaixona por você e você não retribuir, periga o elemento chorar abraçado com seu bonequinho do Star Wars por seis meses enquanto planeja te matar e no fim das contas de dar 25 tiros no peito. Alou? Bando de nerds babacas! APRENDAM a lidar com frustrações, ok? Todo mundo dá seu jeito, vocês também tem que dar. A vida não é fácil para ninguém.
No fundo são uns mimadinhos, inseguros, protegidos da mamãe, medrosos e covardes. NÃO TENHO PENA. Não compro esse discurso de “coitadinho ele foi tão provocado” ou de “coitadinho, ele é doente”. É um MIMADO, UM BOSTINHA que tem que cumprir pena trancado que nem um animalzinho. Tenho pena de quem nasce sem condições de escolher o que quer ser da vida e tem como única solução entrar para o crime para comprar remédios para a mãe doente. Playboy que teve tudo de mão beijada achar que pode passar a mão em uma arma e matar quem o aborreceu tem mais é que se foder. Eu tenho pena das famílias que perderam brutalmente seus filhos queridos assassinados.
Nerds se acham injustiçados, preteridos e excluídos. Fazem um drama enorme em cima disso e canalizam tudo para a raiva. Em casa, não devem encontrar limites satisfatórios. Para gente que não tem limites, existe a lei. Vai beijar na boca de alguém, vai fazer sexo! Que seja, vai praticar alguma atividade nerd como jogar RPG, mas não mata. Cadê o Arcebispo de Olinda para excomungar esses dois?
Para quem tiver interesse no assunto, recomendo um livro muito bom chamado “Precisamos falar sobre Kevin”.
E para todas as mães e pais: ter filhos implica em RENÚNCIA. Dediquem tempo a seus filhos e tenham o trabalho de educar e ensinar limites. Eu sei que é mais fácil não colocar limites, mas custa caro no final. Ou vocês botam filho no mundo e se dão ao trabalho de criar, ou então façam como eu: não tenham filhos porque não querem essa encheção de saco, limitação e aborrecimento. Cá entre nós, hoje em dia só tem filho quem quer…
Para contar sua história triste de Bullying, para tentar me matar por debochar de nerds e de Star Wars e para sugerir temas: sally@desfavor.com