Chama o Juca!Hoje um sabor diferente no desfavor. Quando surgiu o assunto de comer algo que não se gosta numa ocasião social, não foi o rebelde sem causa do blog que se opôs à convenção. E agora são vocês, companheiros de mesa, que vão temperar esta discussão. E sem mais analogias toscas…

Tema de hoje: É justificável comer uma comida que você não gosta por obrigação social?

SOMIR

Sim. E vamos deixar claro que não estamos discutindo sobre comidas extremamente alheias ao nosso dia-a-dia, nem mesmo aquelas que podem te causar algum problema de saúde. É questão de gosto mesmo.

A aceitação ou rejeição de pratos, elementos ou temperos da culinária mais tradicional é basicamente questão de costume e amadurecimento do paladar. Poucas crianças gostam de cebola, alho e pimenta; mas muitos adultos fazem questão. Aposto que todo mundo aqui deve ter algum exemplo de algo que não suportava na infância e comeria numa boa hoje em dia. (Tem uma piada com a Sandy em algum lugar aqui…)

Estou mencionando isso porque no fundo sabemos que não vamos morrer se comermos algo fora de nossas preferências. Já passamos algumas vezes pela experiência de encarar comidas detestadas e estamos todos aqui. Além disso, sinto informar que esses gostos são puramente psicológicos: As decisões sobre o que nos agrada ou não são tomadas pela língua. Até por isso pessoas praticamente iguais (irmãos, por exemplo) podem ter gostos diferentes para comida.

Se as pessoas não largassem de frescura em determinado momento da vida, todo o mercado alimentício do mundo seria composto de miojo e salsicha de frango (com tempero suave). As pessoas vão se adaptando e adquirindo novos hábitos para conviver melhor.

Não é racional esperar que o mundo se curve às suas vontades sem oferecer nada em troca. E é justamente aí que minha CARA escorrega: Sem o menor treinamento para ser antissocial, ela tenta justificar sua teimosia botando a culpa nos outros. Quer ser aquela pessoa que faz cara feia na mesa e diz que não come o que o anfitrião passou horas cozinhando? Direito seu, mas aceite que vão te achar uma mala-sem-alça e a culpa É sua. Ser do contra é uma escolha, e escolhas tem consequências.

O ato de servir comida é uma ferramenta social das mais antigas da raça humana. Bobagem achar que não vai causar um mal estar, já que está no inconsciente coletivo que oferecer uma refeição é um gesto de boa vontade. Talvez a pessoa não externe sua decepção ou ofensa com sua recusa, mas algum resquício disso vai ficar. Você vai ser a pessoa que fez a “desfeita”. Parece uma bobagem, mas o poder psicológico da refeição em conjunto é muito grande, justamente por estar tão arraigado no que entendemos por socialização.

Tudo bem que a pessoa precisa ser meio babaca para guardar mágoa de você por causa disso, mas vocês já se esqueceram que a maioria acachapante das pessoas É meio babaca? Vivemos num mundo de pessoas com extrema dificuldade de racionalizar e contextualizar. Algumas delas tem poder sobre você, inclusive.

E não podemos ignorar que um dos maiores passatempos humanos é falar de outras pessoas. Quem se recusa a comer o que todo mundo está comendo numa boa fatalmente vai virar assunto quando não estiver mais por perto. Por simples falta de assunto melhor, vão discorrer sobre sua frescura. Isso impacta a imagem que os participantes da conversa terão sobre você a partir daquele momento.

Pouca gente vai efetivamente te odiar a partir daquele momento, mas não é uma boa forma de ser registrado na memória alheia. Ainda mais com essa babaquice generalizada de “ser humilde” em voga, você vai estar ligando sua imagem com frescura, e pior, muito pior… soberba. A comida que te ofereceram não era “boa o suficiente” para você. Quer conviver apenas com pessoas racionais? Azar o seu. Não adianta nem nascer de novo.

Pode parecer contraditório que justo eu esteja pregando aceitar uma convenção social de gente tonta para conviver melhor, mas cada caso é um caso. Se a sua contraparte é um esforço razoável, faz sentido colher as vantagens.

E qual o sacrifício exigido de quem não quer pisar nesse campo minado de relações? Comer uma comida que você não gosta. Sério que é tão impensável assim? Por mais que você queira fazer drama em cima disso, é uma banalidade.

Ainda é uma questão de custo e benefício. Imagine que você está visitando a casa dos pais de sua namorada pela primeira vez. Na mesa um prato que você não costuma encarar, mas que sabe que dá um puta de um trabalho para fazer… ISSO É HORA DE SER FRESCO? Sério. Se vai dizer que não come, já aproveita para passar a mão na bunda da véia e mijar no vaso da planta na sala! Mi, mi, mi. Come, sorri e diz que estava uma delícia. E se rolar de novo nas próximas visitas, come de novo, sorria de novo e diga que estava uma delícia de novo. Do jeito que o cérebro funciona, você vai acabar gostando mesmo. (Ou tendo uma boa desculpa para convencer a namorada a não te levar mais para a casa dos pais dela… o que também é uma vitória!)

Tá achando que o sentido da vida das outras pessoas é adivinhar seus pensamentos e se adaptar às suas vontades? Às vezes vale mais reconhecer o esforço alheio para te agradar do que realmente ser agradado. Imagine então que seu chefe te convida para almoçar? Na cabeça dele, ele está te valorizando. Por mais que o desgraçado peça para os dois aquela feijoada “típica de pobre” com um porco inteiro boiando dentro, não é um ato hostil. Fazer doce e dizer que Vossa Majestade não come aquilo vai macular o momento. E aquela promoção pode estar apenas dependendo de com quem ele vai mais com a cara.

Relações interpessoais dependem demais dessas sutilezas. Não ter frescura com comida traça paralelos (mesmo que inconscientes) com maleabilidade, mente aberta, pés no chão e coragem. E é comum que essas noções sejam positivas para você.

O mais importante aqui é que comer uma comida de que não gosta não te exige mudança de personalidade ou subserviência eterna. É um ato. Adoraria fazer SÓ o que eu quero, juro que tento, mas nem sempre é possível. Tem coisa que dá tanto trabalho para esclarecer (sem nenhuma obrigação de conseguir) que o melhor é jogar o jogo social médio.

Tá no inferno? Abraça o capeta.

Para dizer que vai me convidar para uma buchada na sua casa, para dizer que mulher não entende essa coisa de comer qualquer porcaria, ou mesmo para pagar de analfabeto funcional e mencionar suas alergias: somir@desfavor.com

SALLY

NÃO! Comer uma coisa que gente não gosta é de uma violência terrível. Não há a menor necessidade de se sujeitar a isso. Por acaso você é obrigado a gostar de tudo? Por acaso o fato detestar determinado prato quer dizer que você deteste também quem o preparou?

Logicamente estamos falando de comida normal. Ninguém pode esperar servir olho de cabra e criar uma imposição social de degustação. O problema é que para muitos de nós alguns pratos normais e comuns despertam a mesma náusea de um olho de cabra. Vai dizer que não tem nenhum alimento ou tempero que você não suporte a ponto de dar ânsia de vomito se você se forçar a comer um prato cheio?

Um bom anfitrião pergunta antes de preparar um jantar. Um bom anfitrião se não pergunta, faz mais de uma opção como prato principal. A culpa não é sua se um compromisso gastronômico for um fracasso e sim de quem o organizou. Como eu disse, não gostar da comida não significa não gostar de quem preparou a comida. Quão insegura uma pessoa tem que ser para se aborrecer porque você não quer comer o que ela preparou? Muito. Por causa da insegurança alheia você vai se violentar e enfiar goela adentro uma coisa que não suporta? Espero que não. Eu não faço isso comigo mesma, eu me amo demais para fazer uma porra dessas.

Sem contar que mesmo que se tente, nem sempre dá certo. Dependendo do grau de repulsa que você tem pela comida, periga até mesmo acabar vomitando. Isto sim seria um tanto quanto ofensivo. Vamos combinar que de um jeito ou de outro a pessoa percebe que você está comendo com esforço: cai uma lágrima aqui, outra ali, você se entope de líquido depois de uma garfada, você empurra a comida com pão, enfim, ninguém é tão bom ator a ponto de comer um prato cheio de algo que detesta sem dar ao menos alguns sinais. O corpo fala!

Não importa quem você esteja querendo agradar: chefe, sogra, namorada(o), amigos… com certeza será muito mais justo com a pessoa se você não comer. Já pensou se um dia se descobre que você detestava aquilo? Já pensou a vergonha que descubram que você foi inseguro o bastante para empurrar da boca pra dentro um negócio que abominava? Mais: se você comer fica escravo para sempre e periga a pessoa fazer este mesmo prato para você em outras ocasiões. Mentira é uma bola de neve. Uma vez uma amiga comeu escargot na casa do chefe morrendo de nojo mas fingiu que gostou e elogiou. Dali para frente, em todos os almoços de negócios que eles faziam o chefe fazia questão de pedir escargot porque achava que ela gostava muito. Ela teve que comer essas lesmas diversas vezes para sustentar a primeira mentira. Vai achando que isso não vai acontecer com você! Deus é sádico, caso vocês ainda não tenham percebido.

Supondo que você esteja sendo convidada por um psicopata inseguro que vai te odiar e te prejudicar caso você diga que não gosta da comida dele. Supondo que você sabe que algo de muito ruim vai te acontecer, como perder o emprego ou o namoro se disser que não gosta daquela comida (o que não seria de todo ruim, já que trabalhar ou namorar com alguém de cabeça tão fodida não pode ser uma boa coisa). Ainda assim, existem formas inteligentes de escapar do prato indesejado. Até mesmo uma mentira é mais aceitável do que se obrigar a comer algo que não quer.

Você pode, por exemplo, dizer que tem alergia a aquilo ou a algum dos ingredientes daquilo. Quem vai te desmentir? Mente mesmo: “Ahhhh que penaaaa… A-DO-RO buchada, acho de super bom gosto servir para as visitas rins, fígado e vísceras de bode cozidos dentro do próprio estômago do animal, PENA QUE SOU ALÉRGICA. Menina, nem te conto, fico toda empolada, a garganta fecha, uma tristeza”. Pronto! Alergia é um fator que foge à sua vontade, ninguém vai ficar chateado por causa de uma coisa inevitável. Mas, cá entre nós, sério que você tem medo que a pessoa fique puta com você? Quem fez esse prato é que deveria ter medo que as visitas saiam putas da vida da casa! Mas esse povo regional adora prestigiar as raízes e acha que o Brasil todo tem que adorar a comida da sua terra.

Alergia é apenas uma entre muitas sugestões. Pode dizer que está de dieta, que é diabético, que está com colesterol ou triglicerídeos muito elevados e o médico proibiu ou qualquer outra desculpa que se adéque ao prato que estão te oferecendo. É auto-preservação. Porque passar um mau momento para não causar um sofrimento justificável a um ente querido tudo bem, mas passar um mau momento por causa da loucura alheia é baixa auto-estima. Não gostar de um prato não é crime nem falta de respeito com o anfitrião. Quem sabe receber pergunta previamente sobre o menu.

Na pior das hipóteses, joga a comida pela janela (verificando se o vidro está aberto, claro), dá pro cachorro por baixo da mesa, joga no vaso de plantas, bota dentro da bolsa, faz O QUE FOR PRECISO, mas não coma. Existem mil soluções alternativas, não tem necessidade de se sujeitar a esse sofrimento.

Talvez a Madame aqui de cima não entenda o sofrimento que é porque ele é praticamente um triturador de lixo ambulante que come qualquer merda sem sacrifício. Ele matou todas as papilas gustativas com um mix de cigarro e Coca-Cola, a ponto de algumas vezes nem conseguir distinguir frango de peixe. Assim é fácil comer qualquer merda sem achar que isso é um grande esforço.

Para nós, seres humanos que mastigamos pelo menos três vezes a comida antes de engolir e que conseguimos sentir seu sabor, pode ser um verdadeiro tormento ter que comer algo que nos é repulsivo, sobretudo quando isto não é repulsivo para o resto da sociedade. As pessoas não entendem como você pode não gostar de uma coisa que todo mundo gosta e não respeitam. Defenda-se desta violência gastronômica! Imponha-se e não coma ou minta descaradamente e fique rindo por dentro!

Não há necessidade de comer uma coisa que a gente detesta. Não se justifica comer alguma coisa que a gente não suporta. Sujeitar-se a uma violência desnecessária é coisa de gente que não se ama. E é humilhante.

Para dizer que humilhante é guardar enguia em um guardanapo dentro da bolsa, para dizer que meu plano é falho porque algumas vezes até o cachorro vira a cara ou ainda para dizer que eu sou uma patricinha mimada que nunca passou fome: sally@desfavor.com

Quem não tem cão...Hoje o desfavor aborda um tema cabeludo, quer dizer, barbudo… Muitos homens nesse mundo ostentam barbas em seus rostos. Muitas mulheres nesse mundo não gostam disso. E é no encontro desses muitos discordantes que o assunto de hoje se desenrola.

Tema de hoje: É falta de consideração não fazer a barba se isso a incomoda?

SOMIR

Não, falta de consideração é pentelhar os outros por bobagem. Os argumentos femininos são frequentemente rasos e infantilóides o suficiente para serem simplesmente ignorados. Caro colega barbado: Não dê a mínima para o drama dela, ela VAI ceder. Essa é uma disputa que só perde quem quer.

Vamos logo explicar porque a frescura de não gostar de barba não se sustenta além de mero chilique, e depois disso vou definir o motivo EXATO pelo qual muitas mulheres fazem essa exigência fútil.

Motivos estéticos: Tudo bem que gosto varia muito, mas a não ser que você tenha vivido numa aldeia indígena isolada até hoje, está mais do que acostumada com barbas adornando rostos masculinos. Não é uma deformidade, não é uma doença, não é sujeira… é apenas mais um dos estilos possíveis para um homem. Se a barba estiver num rosto que você julga atraente, ela fica bem. Igual cabelo. A não ser que seja algo muito exagerado, é apenas questão de tempo até se acostumar e começar a gostar.

O cara não engordou vinte quilos, ele está com uma barba, larga de frescura e vai me fazer um sanduíche… E além disso, caso as mulheres não saibam, nós nem sempre gostamos das maluquices que vocês fazem com seus cabelos. Mas como não somos “mimadinhos do papai”, nos acostumamos logo e seguimos com a vida.

A mulher não vai largá-lo por isso. Risco zero. Ainda mais numa relação estável, a maioria tolera até chifre, vai encanar com barba? Faz-me rir.

Motivos higiênicos: Não sei se as frescas ficaram sabendo, mas criou-se um costume muito interessante nas sociedades modernas, o do banho diário. Eu sei, surpreendente, né? Pois então, nesses banhos diários os homens barbados meio que não conseguem escapar de lavar o rosto, e adivinha só o que também fica no rosto? A barba de um homem é tão porca quanto ele.

Aliás, o mais curioso é mulher reclamando disso: Aposto, SEM MEDO DE PERDER, que barbas veem mais água e sabão que o cabelo das mulheres. Afinal, não tem dessa de “não lavar a barba hoje para não estragar a chapinha”. Se vocês nos deixam interagir com seus cabelos ensebados numa boa, não deveriam ter frescura com algo bem mais limpo.

E sobre a parte de restos de alimentos e outros resíduos corporais… Gezuiz, pare de procurar namorados na APAE! Uma pessoa adulta normal não anda com restos de comida ou outras coisas piores pendurados no rosto. Tem que ter algum problema mental para perder essa capacidade de auto-manutenção básica.

Ah sim, eu vivo no gradiente civilizado da temperatura global, não tenho muitas experiências com calor escaldante, mas, não é como se a barba fosse a única coisa que ficasse suada. Para chegar no ponto disso ficar fedido e nojento, a pessoa já deve ter ignorado outros sinais bem mais óbvios que está derretendo. Cheiro de suor emana do corpo todo. Mesmo sem barba o cidadão já não estaria num estado lá muito agradável.

Repetindo: A barba de um homem é tão porca quanto ele. E se uma mulher escolhe ficar com um homem porco, azar dela.

Motivos Mimimi: Tem mulher que reclama que barba arranha o rosto. Tem mulher incapaz de diferenciar uma barba cheia de uma por fazer. Evidente que a por fazer arranha, é babaquice negar. Agora, a barba cheia, o objeto deste texto, tem basicamente a mesma textura do cabelo do cidadão. Os machos da espécie humana não tem genes de porco-espinho. Os pelos da barba não vão ficar apontados como agulhas para sempre. SE for um caso muito especial onde o rosto da mulher fica em carne viva mesmo roçando numa barba cheia, é razoável para o homem ceder. Afinal, um caso dramático desses é quase como uma deficiência física da parte dela. (SPOILER: Grandes chances de você nunca encontrar uma mulher assim… algumas ficam com a pele levemente irritada e se acham violentadas, mas essas aí fazem drama por qualquer coisa e você aprende rápido a não dar atenção…)

E mesmo que ela reconheça que é pura frescura, ainda pode tentar a bobagem de dizer que é muito simples para ele aceitar seu capricho. Não, não é. A barba é uma escolha visual, não é a mesma coisa que depilar uma perna. Se um homem briga com uma mulher por não se depilar, está apontando seu descaso com a aparência. Se uma mulher briga com um homem por causa de uma barba, está tentando impor seus gostos.

E por mais que o papai tenha feito todas suas vontades, princesinha, na vida real a gente não ganha sempre. É o gosto dele no corpo dele. Até compreendo um certo mau estar se ela o conhece sem barba e ele muda o visual, mas como eu já escrevi lá no começo: Vai se acostumar. Mulher que conhece homem barbado e pede para ele tirar a barba não tem moral nenhuma. Não é falta de consideração não ceder a uma vontade fútil dela.

E agora sim, o motivo REAL pelo qual elas pedem para os homens tirarem as barbas: O conjunto visual reforça o discurso de autoridade. Homem barbado está tatuado no inconsciente humano como figura de respeito. Tanto que quando inventamos deus, tacamos uma barba nele. Ela sente que algo atrapalha seu comportamento mimado e ataca uma das fontes.

Provavelmente é ranço de milênios de subserviência a homens barbados. O metrossexualzinho médio parece mais maleável, é inconscientemente mais fácil para ela sapatear na cabeça de um homem com traços mais infantis/femininos. A vida é cheia desses joguinhos de poder, esse é só mais um deles. Não é falta de consideração ignorar essa bobagem.

E jamais se esqueçam, caros cuecas: Ela VAI ceder. Não se preocupe.

Bônus: Mulheres que tem rejeição prévia por homens barbados costumam ser mais infantis, impulsivas e egoístas. Favor não confundir com mulheres que tem rejeição prévia por homens feios. Se a mulher faz drama com barba mesmo se um cara bonito a estiver usando, CORRA!

Para dizer que enquanto mulher puder regular sexo, não adianta argumentar sobre nada (eu sei, eu sei…); para dizer que não é uma criançona e não gosta de barba porque elas são feias, bobas e chatas; ou mesmo para me mandar colocar as barbas de molho (no ácido): somir@desfavor.com

SALLY

A questão é simples: se a mulher se incomodar, é falta de consideração do homem insistir em usar barba?

SIM. Nós fazemos tantos sacrifícios em nome do que ELES consideram estético, nada mais justo do que ter uma retribuição! E olha que fazer a barba nem dói! Queria ver se tivessem que depilar a barba com cera quente.

Não é pirraça nem implicância. Muitas mulheres tem motivos legítimos para abominar barba. Algumas de pele mais sensível ficam com o rosto todo arranhado ao beijar um homem barbado, por exemplo. Sem contar que, no calor que predomina no Brasil, é meio nojento passar o dia todo com uma barba suada na cara, periga ficar com cheiro de saco no rosto. E quando a pessoa fuma e a nicotina fica impreganda na barba? Ou então o cheiro a cigarro, pois pêlos e cabelos ficam impregnados de cheiro de cigarro. E quando ficam restos de comida na barba? São tantas hipóteses de inconvenientes gerados pela barba que eu poderia ficar aqui até amanhã citando os eventuais problemas decorrentes.

Se está fazendo um mal para a sua parceira, custa muito fazer a barba? Não sei porque homem tem uma mania de tirar onda dizendo que é terível fazer a barba todos os dias. Francamente, se fosse tão terrível e sacrificante, eles fariam como nós: cera quente, para só ter que passar por isso uma vez por mês. Ou vocês acham que os nossos pêlos crescem mais devagar naturalmente? Pelo visto não é tão ruim como dizem, pois preferem fazer a barba todos os dias do que encarar uma dorzinha considerável uma vez por mês. Então, não me venham com drama, dizendo o quão terrível é fazer a barba todos os dias, porque fazer a barba todos os dias é OPÇÃO, existem formas de fazer a barba uma vez por mês e até de forma definitiva!

E também não me venham fazer parecer que é mero carpicho nosso e nos chamar de mimadas ou tiranas. Nós retiramos alguns pêlos do nosso corpo por razões meramente estéticas, porque ele não podem remover pêlos do corpo deles por razões que ultrapassam a estética? Francamente, quando se gosta de alguém se quer estar o mais atraente possível para essa pessoa. Se você sabe que a pessoa não aprecia barba e insiste nela está dizendo “foda-se você, eu sei que você não gosta e eu não me importo, pois mesmo não custando nada fazer a barba, eu não vou fazer”. Belo jeito de fazer sua mulher se sentir desprestigiada.

Barba acumula cheiros, provoca alergias e eventualmente até machuca. Se uma mulher usar um batom que dê alergia no homem e insistir nele será chamada de escrota por preferir sua beleza e vaidade ao bem estar do parceiro. Porque homens se sentem no direito de manter sua barba como patrimônio pessoal a qualquer custo? Eu mesma respondo: vaidade egoísta.

Mesmo que a reclamação da mulher seja meramente estética, acho um desfavor insistir na barba. Você não quer ser atraente (ou mais atraente) para a sua parceira? Ela com certeza faz vários sacrifícios como se depilar ou fazer dieta, que não causam prazer algum, só para que você a considere mais atraente! Se as mulheres começarem a se apegar a esse argumento de “o corpo é meu, não tem que opinar” e só fizerem o que lhes for confortável com certeza vai ter muito marmanjo reclamando!

Fazer a barba, além de ser indolor, é algo plenamente reversíve. Não entendo porque tanto drama. Se o homem se arrepender, em poucos dias a barba voltará a nascer. Qual é o grande problema? Alguns reclamam do tempo gasto para fazer a barba. Queridos, duvido que leve mais de vinte minutos diários. Vão se foderem! Sabe quanto demora para a gente depilar tudo que tem que ser depilado, deixare mãos, pés e cabelo apresentáveis? Vinte minutos não dá nem para secar o cabelo com secador, aquela secadinha básica só para não dormir com cabelo molhado. A gente corta o cabelo curto? Não, a gente seca a porra do cabelo.

Os custos também não são desculpa. Acredito que uma lâmina de barbear esteja ao alcance de todos os que estão lendo este blog. Com certeza muito mais barato do que o que as mulheres gastam para se manterem minimamente apresentaveis. Logo, podemos concluir que é um procedimento indolor, rápido e barato. Não vejo muito motivo para não fazê-lo, a não ser aquela pirraça boba de querer tudo do seu jeito.

Minha desculpa favorita vem daqueles imbecilóides que dizem que não fazem a barba porque a lâmina de barbear “machuca” a pele sensível deles. PAUSA PARA RIR: HAHAHAHA. Ok, então para não machucar a pele sensível DELES, optam por machucar a NOSSA CARA, esfregando uma barba na gente! Aliás, não sei se os homens sabem, mas lâmina de barbear NÃO É A ÚNICA forma de fazer a barba. Existem aparelhos elétricos, cremes depilatórios, cera e até mesmo depilação definitiva.

Chega de desculpas. Só não tira a barba o homem que não QUER. Se a sua mulher não gosta da sua barba É SIM FALTA DE CONSIDERAÇÃO insistir nesta barba. Você não se beija, quem te beija é ELA. Deixe de ser vaidoso e egoísta. Se for deixar a sua mulher feliz, que diferença que faz ficar com ou sem barba? É algo tão reversível, tão inignificante perto do bem estar da pessoa amada. Que tipo de homem opta por colocar o conforto da mulher depois da estética?

Um detalhe: em um clima quente, onde se sua muito, a pele fica mais sensível. Nada mais escroto do que você estar com a pele suada, molinha e uma barba ficar roçando em você. Acho que homem que usa barba deveria ficar roçando um ralador na pele suada por uns minutos para entender o que a gente sente.

Deixem de ser babacas e façam a barba se suas mulheres não gostarem de barba.

Para dizer que caiu na mentira de que sua mulher não se incomoda com barba, para dizer que é a mulher que tem que calejar o rosto ou ainda para dizer que se esse for o problema, não faz a menor questão de beijar: sally@desfavor.com

Você é livre! Para continuar acorrentada...Mais um capítulo na guerra dos sexos do desfavor. Sally e Somir discutiam sobre filhos(as) levando namoradas(os) para dormir na casa dos pais. Ele disse que filhas deveriam ter menos liberdade para isso, ela teve certeza que isso viraria uma coluna.

Tema de hoje: Filhas tem menos direito de levar namorados para “dormir” em casa?

SOMIR

Sim. Não digo que é para NUNCA aceitar que a sua filha tem um relacionamento que presume sexo, eu estou defendendo regras mais rígidas para ela. E isso tem tudo a ver com a facilidade com a qual homens e mulheres conseguem parceiros sexuais.

Para um homem ser um garanhão ele precisa ter pelo menos alguma característica especial: Ou o cara é muito bonito, ou é bom de papo, ou é talentoso ou tem muito dinheiro. Ele tem a capacidade de cativar e convencer várias mulheres a fazer sexo com ele.

Para uma mulher dar para vários homens, ele tem que ter pelo menos… uma buceta. Existem vadias feias, burras e pobres. Não existem garanhões feios, burros e pobres. Hoje, na era do politicamente correto, parecem ignorar que tem diferença sim. E não é necessariamente uma coisa ofensiva para as mulheres em geral. Estou apenas dizendo que conseguir vários parceiros sexuais é mais FÁCIL para uma mulher.

Não vejo motivo de orgulho em algo que se conquista só por… estar lá. Se uma mulher quer usar sua atratividade como instrumento de sucesso na vida, ela tem que pelo menos se cuidar. E isso exige sorte e esforço, principalmente esforço.

Se uma mulher quer se validar fazendo sexo com muitos homens, ela só precisa dizer sim. E aqui surge uma grande armadilha se resolvermos igualar homens e mulheres: Ela vai achar que é especial porque muitos homens desejam fazer sexo com ela pelos mesmos motivos que os homens que conseguem isso se sentem.

O pegador NECESSARIAMENTE tem alguma característica que vai impulsioná-lo na vida fora dos lençóis. Não se cativa tantas pessoas à toa. A pegadora nem sempre, pode ter sido apenas dificuldade de dizer não.

E é justamente nesse armadilha que eu não quero que uma filha minha caia. O problema não é fazer sexo, o problema é depender dele como ferramenta de validação. Prefiro tomar decisões inteligentes do que ser visto como moderninho por um bando de estranhos. Afinal, a pessoa que mais importa na criação é o filho.

Quando os pais liberam geral para o filho, ele ainda tem que se virar para conseguir ser atrativo o suficiente para rebocar as menininhas para casa. Se fizerem o mesmo com a filha, acaba o único obstáculo.

Com as mesmas regras, filhos e filhas apresentam resultados muito diferentes. Afinal, homens e mulheres SÃO diferentes. Filhos não são seres ideais criados dentro de uma bolha, eles estão em contato direto com o mundo. Pais espertos entendem isso e sabem prepará-los para a realidade lá fora. Quando você coloca regras um pouco mais rígidas para a filha, você equilibra o ambiente.

E não vamos cair na ilusão de que só porque está em casa que não vai aprontar nada. Seja como for, o casalzinho vai se trancar num quarto e fazer o que bem entender. E aí que a aprovação paterna pode criar uma falsa sensação de segurança. A confiança que você deposita na filha pode “respingar” no parceiro dela. Numa dessas, ela pode ficar distraída o suficiente para topar “só umazinha sem camisinha, vai?”…

E quem engravida é homem? Sally escreveu um texto inteiro vitimizando as mulheres na questão da camisinha, não pode contra-argumentar sobre isso.

Nos arriscamos mais quando o ambiente é conhecido e seguro. Se os pais usam um critério irresponsável para fornecer essa segurança, os filhos estão muito mais propensos a fazer merda. Criação básica: Não é o que você diz, é o que você faz. Filhos imitam.

Os pais tocaram o foda-se e demonstraram que a filha é EXATAMENTE igual ao filho? Ela vai reagir assim. E boa sorte lidando com uma mulher que acha que é homem. Ela vai assumir riscos que não combinam tão bem com ela. A prática caga e anda para a pose de moderninho.

Quando for falar sobre este assunto numa roda de amigos, repita o discursinho da minha CARA, as pessoas se acham evoluídas por pensar assim, mesmo que não tenha base lógica (e até parece que vivemos num mundo onde as pessoas ligam para lógica).

Mas quando for criar um ser humano, use a cabeça. Conheça o mundo ao seu redor e adapte-se. Não é para acorrentar a menina no pé da cama e exigir que ela se torne uma freira, é para tomar um cuidado específico com um risco que se faz mais presente na vida de mulheres.

Muito me admira que a turma que cai matando nos pais que abandonam os filhos na mão de babás e creches quando pequenos ache bacana dizer um “se fode aí” para os filhos depois que eles crescem um pouco mais. Adaptar regras ao gênero do filho é uma medida de preocupação. É cuidado.

Aposto que vão dizer que não adianta nada mudar as regras que as filhas vão fazer o que bem entender do mesmo jeito e até pior por causa da proibição. Novamente, realidade: Exagero atrai exagero. Mulher que faz MUITA merda o faz por ausência ou excesso de cuidado dos pais. Eu advogo uma preocupação no meio termo, com a única diferença que os padrões para definir uma relação segura para a filha devem ser mais severos que para o filho. Equilibrando uma diferença básica entre os sexos.

Não precisamos de regras especiais para equiparar o acesso aos direitos básicos de várias minorais? Direitos iguais não significa acreditar piamente que todos são iguais. E se você acha que minha argumentação é machista, azar o seu. De verdade.

Para dizer que faltou machismo para compensar o atraso, para dizer que entender o meu ponto de vista exige trabalho mental que você não está disposta a realizar, ou mesmo para se iludir achando que seu exemplo pessoal reflete toda a humanidade: somir@desfavor.com

SALLY

Vejam que a questão aqui não é se seus filhos que moram com os pais podem levar namorados para dormir em suas casas, a questão é se filho homem e filha mulher tem este mesmo direito!

Existe quem não permita de forma igualitária: ninguém pode, nem filho homem nem filha mulher, quando quiserem dormir com alguém que se casem ou então que saiam da casa dos pais. Ok. Existe ainda quem permita ambos, tanto o filho homem quanto a filha mulher podem trazer seus namorados para dormir na casa dos pais. Ok. Mas existem pessoas pancadas da cabeça que fazem distinção e permitem que apenas o filho homem traga namoradas para dormir em casa. Não ok.

Posso saber porque a idéia de que seu filho faz sexo ou tem um parceiro é menos desagradável do que o mesmo pensamento envolvendo sua filha? Isso ultrapassa o machismo. Seria territorialismo masculino? Seria uma coisa meio primitiva de se sentir incomodado com outro macho no seu território? Para tentar encontrar a resposta, façamos um breve exercício mental.

Se a questão está realmente ligada ao sexo do filho ou da filha, o que aconteceria se o seu FILHO quisesse levar um NAMORADO para dormir na sua casa? E o que aconteceria se a sua FILHA quisesse levar uma NAMORADA para dormir na sua casa? Tudo se inverteu, né? É mais fácil tolerar a filha com namorada do que o filho com namorado, né? Acho que a questão tem mais a ver com o sexo do parceiro do que do filho. Homem não gosta de outro homem na sua toca. Babaquice pura!

Ainda que exista alguém não influenciado por esse territorialismo, preocupado apenas em preservar o “bom nome” da filha, continua sendo babaquice. Essa nova geração está começando sua vida sexual cedo demais para poder pagar por ela. Adolescentes de 13, 14 anos (na melhor das hipóteses, 15 ou 16) não tem dinheiro para pagar motel, anticoncepcionais, exames médicos regulares ou qualquer outra despesa relacionada. Ilusão pensar que se você não cooperar com sua filha ela simplesmente não vai fazer sexo. Vai sim, só que na precariedade. Bela forma de preservar sua filha!

Vai fazer sexo dentro de um carro parado em uma rua deserta, dentro de um banheiro público ou até mesmo no play ou na escada do seu prédio. Sabe-se lá em que condições. Periga até ser flagrada pela polícia e conduzida a uma delegacia. O que é mais constrangedor? O namorado da sua filha dormir na sua casa ou ter que tirar sua filha da delegacia porque ela estava fazendo sexo na rua? Por mais desagradável que seja ter sua filha fazendo sexo na sua casa, proibi-la costuma gerar conseqüências ainda piores.

Sem contar o ressentimento que se cria ao permitir que o irmão durma com a namorada e proibir a irmã de fazer o mesmo. O que se ensina com esta contradição? Que a irmã tem menos discernimento, por isso seu namorado não pode dormir com ela? Que a irmã é mais fraca, por isso precisa de proteção extra? Que ser mulher é uma merda e é normal ser tratada de forma injusta por ser mulher? Vão se foderem! Ou pode todo mundo, ou não pode ninguém!

Se você tem um problema mental qualquer que te faz sentir desconfortável com o fato da sua filha ter crescido e estar fazendo sexo, parece mais lógico rever sua postura e se adaptar à realidade do que puni-la expondo suas experiências sexuais a riscos desnecessários. E sim, se o namorado da sua filha dormir na sua casa, eles VÃO FAZER SEXO. Não se engane, quartos separados não fazem a menor diferença. Hipocrisia essa coisa de quartos separados.

Porque ainda tem dessa: muitas vezes o namorado da filha pode dormir na casa, mas em quartos separados, enquanto que o filho pode se trancar com a namorada no quarto. Continua injusto. Se você pensa que fazendo isso está preservando sua filha, está muito enganado. Os valores hoje não são mais os mesmos e não é demérito para ninguém fazer sexo de forma notória. Na verdade você está preservando a você mesmo, do incômodo de ter que assumir que sua filha faz sexo. Tem gente que prefere não pensar sobre algumas verdades inconvenientes, mesmo quando elas estão lá. Se não admitir para si mesmo, não precisa lidar com incômodo, né? Negação é uma arte!

Por isso não acreditem em quem diz que este tratamento diferenciado é para o bem da filha. Não é proteção nem cuidado, muito pelo contrário, esta diferenciação acaba é colocando sua filha em risco, pois a sujeita a ter que fazer sexo “como der”. Adolescentes são incontroláveis, se eles quiserem, eles vão fazer sexo, não importa o quanto você tente controlar ou proibir. O tratamento diferenciado é para o bem dos pais, que não estão prontos para admitir que a filha faz sexo. Preferem que ela faça sexo de forma precária ou hipócrita do que mudar sua postura.

Muitas vezes os pais são tão hipócritas que até permitem que a filha durma na casa do namorado, mas não o inverso. Permitem de forma assumida ou velada, quando a filha diz repetidas vezes que vai dormir na casa de uma amiga eles sabem, no fundo, onde ela realmente está. Consentem o sexo, só não querem ter que lidar com isso de forma direta debaixo do seu nariz.

O correto é estabelecer um critério igualitário: idade, tempo de namoro ou qualquer outra coisa que valha para ambos os sexos e utilizá-lo como forma de autorização para dormir na sua casa. Ensinar a seus filhos um pouco de justiça e igualdade não vai fazer mal a ninguém. Mulher é diferente de homem em muitas coisas e precisa de proteção em muitas coisas, mas não em matéria de sexo! Fazer sua filha acreditar no contrário vai cagar todos seus relacionamentos futuros.

E se você não consegue aceitar de jeito algum a idéia da sua filha dormindo no mesmo quarto de um namorado debaixo do seu teto, bem, seja coerente e não permita que seu filho o faça.

Para dizer que sofre por concordar com o Somir, para dizer que em tese meu discurso é lindo ou ainda para dizer que este texto é desagradável e prefere não comentar: sally@desfavor.com

Ele é mansinho, relaxa...A velha guerra de estimação do desfavor ganha mais uma batalha: Sally é favorável a um hábito na cama que deixa Somir enojado. Apesar do começo promissor, não é nada disso que você está pensando…

Tema de hoje: É doentio dormir com animais de estimação na própria cama?

SOMIR

Sim. Basta não ser um tipo de pessoa que dorme com bichos na própria cama para entender.

Nem sei porque eu me dou ao trabalho nessas discussões, as pessoas parecem teimar que os próprios hábitos são sinais inegáveis de equilíbrio e sanidade. Se o carente genérico faz alguma coisa, automaticamente se torna “expressão de normalidade”.

E como eu vou defender que quem dorme com animais de estimação na cama é doente da cabeça E uma vergonha evolutiva, duvido que vá angariar muita simpatia. A verdade tem que ser agradável, não?

Bom, comecemos. Eu já discorri bastante sobre a idéia de que é nojento ter um animal de estimação dentro de um apartamento, e muito disso pode ser aproveitado aqui. Para não ficar repetitivo, vou mencionar apenas que PRECISAR dar banho num animal diz muito sobre suas noções de higiene. Se o seu cachorro ou gato pudessem passar a vida toda sem um banho-tortura com todos aqueles produtos químicos extremamente danosos para seu olfato, pode ter certeza que eles viveriam bem mais felizes.

Mas eu sei que Sally e seu fã-clube dizem que animal é brinquedo. Tem coisa mais feminina que destruir a natureza de quem convive com você? Por isso ficaremos apenas na parte higiênica.

Um ser que não se preocupa com banhos não tem em si a capacidade de discernimento necessária para conviver com seres humanos. Cães, gatos (se lamber não vale) e pré-adolescentes deveriam sempre ser mantidos do lado de fora de casa, seu habitat natural. O animal meio que “decora” onde pode ou não pode vomitar, cagar ou mijar, mas não é como se ele prezasse pela limpeza do local. Ele está apenas evitando as reprimendas do macaco pelado local.

O bicho tem uma compreensão bem limitada sobre higiene. Para ele o chão e cama são rigorosamente a mesma coisa. Uma pessoa minimamente normal bota a cara para fora da cama para vomitar (bêbado não conta como pessoa normal), um cachorro pego de surpresa com a mesma vontade vai emporcalhar o que é que estiver embaixo dele.

Se a dona (eu juro que espero que não existam homens que durmam com animais, se tiver, FAVOR não mencionar, pode ser a gota d’água da minha esperança para a humanidade e o nascimento de um serial killer ou genocida em massa…) der uma bronca, TALVEZ o bicho entenda que fez algo errado, mas não existem garantias.

E a não ser que você dê três banhos por dia no bicho, ele vai estar mais sujo do que você. Você fica rolando pelo chão? Você bebe água da privada? Você se esfrega em qualquer coisa com cheiro forte? Você não se limpa depois de cagar ou mijar? Você não se sente incomodado quando está fedendo? Então você é um ser mais higiênico que qualquer animal de estimação. Duvido que você aceitaria uma pessoa com esses hábitos na sua cama, por que aceitar o bicho?

MESMO QUE você admita ser porco (tem gente que dá beijo de língua em cachorro, fetiche é fetiche e é bobagem discutir…), ainda é meio bizarro do ponto de vista psicológico pela carência necessária para o ato. Tem gente que diz que não consegue dormir sozinha… Gezuiz, quantos anos você tem, quatro? Dormir com uma bomba relógio de porquice por um motivo infantilóide desses não diz muitas coisas boas sobre sua saúde mental.

E tem quem se rebaixe a acatar a vontade de um animal irracional, acredita? A pessoa diz que “o bicho quer” e tenta defender esse hábito admitindo ser escrava dos caprichos do Sr. Lambo-o-cu-depois-que-cago! Isso é falta de vergonha de na cara! Como é que vocês se olham no espelho?

Só que a coisa desmorona mesmo quando é uma mulher (novamente, homens, não me decepcionem tanto assim, por favor…) querendo impor seu costume bárbaro para o parceiro sexual! Fazer sexo não combina com bicho de estimação na cama, pelo menos para quem não é chegado em zoofilia…

A histérica em questão tem a pachorra de dizer que quando se estiver fazendo sexo, o bicho SAI. Isso implica que você vai ter que tirá-lo dali quando estiver com vontade e também que ele vai poder voltar depois! Eu não venho da linhagem da espécie mais evoluída do planeta para ficar decidindo meus hábitos sexuais de acordo com a conveniência de uma porcaria de um animal que nem polegares opositores desenvolveu!

Na teoria é bacana dizer que o bicho sai, mas na prática é um saco! Principalmente num relacionamento estável, onde não tem essa de hora marcada para uma trepada! O bicho não está nem aí, não vai sentir que está “sobrando”. É capaz até de começar a rosnar quando você começar a agarrar a mulher. Sim, porque gente que dorme com bicho na cama cria animal mimado e sem capacidade de discernimento entre espécies. É quase como dormir com um mongo ciumento de dentes afiados entre você e sua mulher!

E o filho da puta às vezes se toca, mas faz operação tartaruga (ou mesmo pedra, imóvel, e nem pode tocar a porrada, senão ela fica brava e te deixa na mão…) para sair. Não sei quanto a vocês, mas eu não fico à vontade de transar com um bicho me olhando. Até porque algumas malucas dizem que NÃO LIGAM do bicho ficar ali… Porra… Sério… Não sei em que comunidade hippie a pessoa foi criada, mas eu sou filho da civilização moderna e não quero dividir minhas “quatro paredes” justamente nessa hora.

Direito de cada um fazer coisas doentias quando elas mesmas são as vítimas, querer arrastar outra pessoa para compartilhar o sofrimento é na melhor da hipóteses muita falta de noção!

Ah, só para reforçar: Seu animal de estimação não te ama, ele depende de você. Bando de gente carente… BICHO É BICHO! Quando eles aprenderem a construir camas, ganham direito a uma.

Para dizer que eu sou uma pessoa horrível e seu animalzinho irracional nutre por você um dos sentimentos mais complexos e abstratos possíveis, para dizer que acha super normal dormir com bicho SÓ porque você faz, ou mesmo para assumir que a verdade doeu e ignorar solenemente a argumentação: somir@desfavor.com

SALLY

É doentio dormir na mesma cama que seu animal de estimação? NEM SEMPRE! Depende do dono, da cama e do animal.

Já discutimos a pertinência de se manter um animal de estimação em um apartamento, ocasião em que a Madame aí de cima se mostrou intransigente. A questão agora é diferente. Mesmo aqueles que acham nojento um animal viva trancafiado em um apartamento e apenas tem animais quando moram em casas sabem que algumas vezes é necessário colocar o animal para dentro pelos mais variados motivos: uma chuva forte, um frio intenso ou até mesmo pelo estado de saúde do animal. Dificilmente um dono de animal escapa deste evento (Somir, quantos gatos mesmo você tem DENTRO da sua casa? Quatro? Não, três e um chupa-cabra, né?)

Independente da razão pela qual o animal se encontra do lado de dentro (porque o dono permite, por uma ocasião especial ou porque ele mora do lado de dentro), ele terá que dormir em algum lugar. Vejo algumas pessoas que se dizem higiênicas colocando seus animais de estimação para dormir na cozinha. NA FUCKIN´ COZINHA? QUE NOJO! Cozinha tem que ser um dos lugares mais limpos da casa! Também vejo gente trancando o animal no banheiro. Nem vou comentar. E se acham super limpinhas! ECA!

Permitir que o animal tenha acesso ao seu quarto, seja por uma situação excepcional, seja de forma rotineira, não é necessariamente nojento. Existem formas e formas de coabitar dignamente com um animal de estimação. Existem formas inclusive de dividir uma cama com ele dignamente. Um gatinho que deita aos seus pés, por cima do cobertor e dorme ali quietinho a noite toda não me parece nojento. Um fila que deita por debaixo do cobertor e baba no travesseiro sim me parece doentio. Tudo depende das circunstâncias. Dizer que bicho na cama é doentio em qualquer circunstância é generalizar.

Acredito que o ponto chave de todas estas questões envolvendo o tratamento a animais esteja em uma única atitude: quando se começa a humanizar o animal, a relação passa a ser doentia. Vale o mesmo que eu já disse sobre roupinhas para bichos, SE for necessário, Se for indispensável para o bem estar do animal, é válido. Se for para humanizar, porque acha bonitinho colocar um vestido de bailarina ou uma camisa do seu time, é muito loser.

Permitir que um bichinho suba aos seus pés ou durma em um cantinho da cama não é esse drama todo que a Madame aqui de cima está fazendo. Isso não torna a pessoa automaticamente carente, solitária, porca ou qualquer outro adjetivo pejorativo. Não basta pegar esse ato isolado para meter o cacete em uma pessoa. Por um acaso, no momento, eu não tenho nenhum animal de estimação, mas conheço pessoas que dormem com seus pets de forma bem razoável e que não podem ser avacalhadas por isso.

Eu faço questão de frisar que animais tem que ter limites, afinal, foi você que o comprou e não o contrário. Ele é seu, é sua propriedade e a casa é sua também. É você quem manda e estabelece as regras. Se isto estiver claro, o animal vai respeitar as regras impostas para o uso da cama na hora de dormir. Se não estiver claro, o animal vai apoiar a bunda no seu travesseiro e a coisa ficará doentiamente nojenta.

Sendo um animal educado, com tamanho condizente com a cama e minimamente limpo, não vejo nenhum problema. “Mas Sally, mesmo quando é limpo, bicho é sujo, ele vai contaminar o edredom!”. Sejamos sinceros aqui, afinal, a gente conversa de forma escrita por três anos e temos intimidade para isso: quem aqui nunca foi na rua e quando chegou em casa sentou ou deitou na cama, por cima do edredom, com a roupa que saiu? Pensem, reflitam. Aquela roupa que você usou para sair, que sentou em bancos de transporte público, de lanchonete, de cinema e sabe-se lá onde mais, também sentou no seu edredom. O que será mais sujo, um banco de ônibus ou metrô ou seu gatinho que nem sai de casa?

Hipocrisia dizer que animal é sujo. Nós chegamos em casa muito mais sujos do que ele e ainda assim sentamos na cama. E não é sujeira nossa, é sujeira dos outros. Quem te garante que alguém não cuspiu na cadeira de cinema? Quem te garante que ninguém sentou todo suado na cadeira onde você sentou para lanchar na rua? Quem te garante que não colaram uma meleca no banco do ônibus que você pegou? É preciso abstrair um certo grau de sujeira, se não viramos paranóicos hipocondríacos com TOC. Sem contar que tem gente que fica com o bicho no colo e depois deita na cama, o que, em se tratando de “contaminação”, equivale ao bicho na cama!

Evidente que ninguém deveria permitir que um bicho grande suba na cama e ocupe um espaço que deve ser dos seres humanos. Assim como também acho bizarro animais muito peludos cagando o edredom todo. Mas, porra, um bicho pequeno, educado e limpo não vai te trazer mal algum. Qual é a grande diferença do sofá para a cama? Ahhh… seu bicho também não pode subir no sofá, porque você é coerente, né? faz uma coisa: deixa uma câmera ligada quando você sair de casa e me conta se ele realmente não sobre no sofá.

TER UM ANIMAL é abrir mão de um grau na escala de limpeza da sua casa. Quem não consegue ver isso está se enganando. Não estou dizendo que quem tem bicho é porco, estou dizendo que, a mesma casa, a mesma pessoa, sem um animal, fatalmente seria mais limpa. Porém o dono do animal entendeu que na relação custo-benefício todos os bons momentos que o mascote proporciona compensam um pouco menos de higiene. E na minha opinião, compensam MESMO.

Então, vamos parar de achar que bicho é um saco de doenças e estabelecer regras incoerentes. O bicho não pode subir na cama mas caga dentro de casa ou toma banho no chuveiro ou na pia ou sobe no sofá ou deita no tapete (ou qualquer outra coisa que compromete igualmente a tara por limpeza) só que isto lhe é permitido porque é mais socialmente aceito? Hipócrita.

Tem gente que confunde DAR CARINHO e conforto ao animal com carência e problemas pessoais. Não estou mandando colocar macacão de bebê e levar o cachorro para passear em um carrinho chamando-o de “meu filho”. Não deixem que a Madame faça disto algo maior do que realmente é. Um bichinho educado no pé ou no cantinho da cama não é nada de mais.

Para me chamar de porca, para me chamar de carente ou para não perder o costume e me chamar mais uma vez de mal amada: sally@desfavor.com

Oh yeah again!

SEMANA DO FUTURO: Durante esta semana transmitiremos o desfavor também em formato binário na antiga rede mundial de computadores. Isso ainda é muito experimental, mas acreditamos que exista uma possibilidade de contatar seres do longínquo ano 2011[CMT]. Isso te interessa, receptor, porque você vai notar algumas simplificações infantis na linguagem para nos fazermos inteligíveis para os bestiais habitantes daquela época. Também teremos que pegar mais leve com algumas opiniões, aquele povo era muito supersticioso e acreditava piamente em códigos morais místicos, segundo o que apuramos.

Não é de hoje que se discute os limites da relação entre matrizes e clones, ambos os responsáveis por esta transmissão são clones criados livres por vontade de suas matrizes e apóiam a Declaração de Direitos dos Clones. Mas isto aqui é o desfavor, evidente que acharíamos uma baixaria para discutir…

Com o aumento de casos de pessoas assumindo relações sexuais com seus clones, surge uma desavença: Sally e Somir enxergam excesso de intimidade com suas cópias de forma bem distinta.

Tema de hoje: Sexo com o próprio clone é gay?

SOMIR

É sim. Por uma teimosia da minha matriz, eu e minhas gerações anteriores fomos mantidos exatamente com a mesma orientação sexual arcaica dele. Está escrito em letras garrafais na minha Carta de Manipulação HDNA: “O SEU CU É O MEU CU, NÃO PODE DAR O MEU CU!”…

O meu cérebro é um dos raros exclusivamente heterossexuais restantes entre os humanos. Pode apostar que eu sei muito bem o que é gay ou não. Eu sou o cara que daria um fora num modelo de genética sem o menor remorso. (Toda vez que eu digo algo assim, me olham com cara de espanto… Eu sou hetero, não escolhi ser assim, LIDEM COM ISSO!)

Eu sei que vai aparecer a turminha cabeça fechada para dizer que todo mundo nasce bissexual e orientações são escolhas conscientes, mas não é assim que a banda toca. Tem muita gente nesse Setor Galáctico que não faz o estilo tradicional “gosto de meninos e meninas”. Existem registros e mais registros do passado e vários estudos de civilizações sexuadas que corroboram com a idéia de sexualidade inata. Incrível como injetam trilhões de créditos em pesquisas sobre modificações genéticas e sucateiam os centros de pesquisa comportamentais… Neguinho tem três pintos, mas não entende nenhum deles.

Pois bem, cá estou eu desviando do assunto… Falemos de clones. As pessoas tem tanto medo de assumir sua sexualidade que inventam desculpas ridículas para explicar sua atração exclusiva pelo mesmo sexo. Sim, EXCLUSIVA… Acessem o Centro de Pesquisas Sexuais da Nova Indochina e recebam o estudo H8829-093CD. Isso mesmo… 67% das pessoas que mantém relações sexuais com seus clones ADMITEM não procurar outros parceiros. Considerando o tabu que envolve o tema, o número real deve ser ainda maior.

Não estou julgando o ato de fazer sexo com o próprio clone de forma pejorativa. Até entendo quem faz, deve ser interessante estar com uma pessoa que conhece seu corpo tão bem como você, mas, novamente… do ponto de vista de um heterossexual: Tem que gostar do mesmo sexo para sequer conseguir! Eu jamais conseguiria ficar sexualmente excitado com um marmanjo pelado. Eu não tenho escolha nessa questão, não tem força de vontade que reverta sua orientação sexual natural.

Se a pessoa se sente atraída pelo seu clone, ela se sente atraída pelo mesmo sexo. É um bicho completamente diferente da masturbação. Uma pessoa não precisa se sentir atraída por ela mesma para querer sentir prazer… Até gente que se odeia e se acha horrorosa se masturba! E, porra, sexo não é só sobre sentir prazer, é sobre proporcionar prazer também.

É uma conexão com outra pessoa, robô ou alienígena. Não se tira a troca da relação sexual só porque uma pessoa tem vergonha de assumir o que realmente é. Um clone jamais vai ser uma expressão de “auto-amor”, porque ele gera uma nova relação, uma que te exige comunicação com outro ser. Você não pensa pelo clone, é uma cópia do seu corpo e da sua mente. Mas o simples fato de não estar no mesmo ponto do espaço já cria uma visão diferente do mundo.

É outra pessoa. Outra pessoa do mesmo sexo. Você poderia procurar outros parceiros(as), mas está fazendo sexo com esse clone. Para muita gente essa é a única relação estável que vão ter durante suas vidas.

Aceitem de uma vez por todas: Nem todo mundo é bissexual. Os governos só fazem essas campanhas para aumentar a taxa de reprodução, e só porque precisam preencher aquelas colônias de extração de minerais aqui no Sistema Solar Primário. Europa II está fechando por falta de trabalhadores e isso é péssimo para os negócios.

Se você, como a maioria dos que tem relações sexuais com seus clones, descobre-se completamente satisfeito em manter essa relação exclusiva, você é homossexual. E isso não é demérito! Deixe de ser uma ovelhinha desses poderosos que só se importam em aumentar a população humana de forma barata. (Afinal, o processo de clonagem é bem mais caro que uma singela trepada entre sexos opostos…)

Já vi muitos casos de gente hackeando o SATI para fazer o clone esquecer os “servicinhos extras” prestados. A pessoa prefere arriscar a mente de seu clone do que lidar com a idéia de que não é bissexual. Aposto que boa parte dos clones que acabam sacrificados ou largados babando em Centros de Proteção do Clone sofreram nas mãos de alguém que ficou apagando sua memória sistematicamente. Isso fode com a mente dele. O SATI não foi feito para isso…

A pessoa leva o clone para casa, faz sexo com ele todos os dias, deixa de procurar outros parceiros e NÃO quer ser vista como homossexual? Faça-me o favor. Eu sou a prova viva que não é inevitável sentir-se atraído pelo próprio clone assim como é inevitável a vontade de se masturbar. (Até porque eu assinei um plano holoadulto de 45.000 canais… O canal robótico é eletrizante!)

Eu tenho meu quarto, o meu clone tem o dele. A gente faz muita coisa juntos, mas não tem a menor necessidade de ficar se esfregando. Não existe tensão sexual, não existe atração nesse nível. Atração intelectual vive muito bem como amizade, oras! PRECISA fazer sexo com qualquer pessoa que seja parecida com você? Vai ser narcisista assim lá em Gliese!

E honestamente, por mais que eu não considere homossexualidade uma coisa negativa, ficar fazendo sexo com o clone me parece uma coisa de gente carente e cagona. Medinho de rejeição, é?

O que pessoas adultas e conscientes fazem de comum acordo dentro de quatro paredes não me importa, mas quando começam a abusar de clones que muitas vezes recebem alterações cibernéticas para serem eternamente obedientes, a coisa começa a ficar séria. Essa gente exclusivamente homossexual tem que sair do armário e parar de colocar em risco suas cópias com seu pânico da descoberta.

Sexo com o clone é gay sim. Deixem de viadagem e assumam logo.

Para dizer que duvida que as pessoas do passado sequer sabiam ler, para dizer que clone não tem direito de porra nenhuma mesmo tendo 90% do seu código genético clonado, ou mesmo para fazer as mesmas piadinhas de hetero que eu já enjoei de ouvir: somir@desfavor.com

SALLY

Fazer sexo com o próprio clone é homossexual?

Primeiro gostaria de dizer que, em homenagem às origens do Desfavor, este texto também estará disponível na internet (lembra?), para aqueles que por razões neurológias ou religiosas não podem ter acesso ao sistema Brainet de transmissão de informações diretamente ao cérebro. Durante a semana toda postaremos os texto na Brainet e também na internet. Desfavor voltando às origens!

Vamos ao tema. Odeio essas classificações, mas já que não conseguimos viver sem elas, ao menos tentemos fazê-las de forma correta: fazer sexo com seu clone é fazer sexo com você mesmo, logo, estaria mais para masturbação do que para homossexualidade. Na verdade, acho que mereceria uma nova classificação. Concordo com o grupo que defende ser uma nova modalidade: Autosexualidade. Sentir vontade de fazer sexo com alguém PORQUE é do sexo oposto é homossexual. Sentir vontade de fazer sexo com alguém PORQUE é você mesmo, ou seja, conhece seus desejos e o funcionamento do seu corpo, é autosexual.

Faz quem quer, não é obrigatório. Faz quem tiver vontade e se sentir bem. Fazer sexo com o próprio clone é uma experiência que pode contribuir para que você conheça melhor seu próprio corpo, afinal, é um desperdício usar nossos clones como mero banco de órgão para doação, como já foi abordado no Flertando com o Desastre do ano passado, “Limite ético da utilização dos clones”. Apesar de toda a polêmica envolvendo o tema, eu sou favorável ao uso amplo dos clones para fins não-medicinais. Faz sentido deixar seu clone ali trancado na sala de criogenia da sua casa? Não faz. Visita à sogra? Manda o clone! hahaha

A oportunidade de conhecer seu próprio corpo na terceira pessoa, por uma visão externa, é simplesmente fascinante. Não quer tentar? Ok. Respeito. Só estou pedindo para que não julguem quem o faz de forma simplória, chamar isto de homossexual é igualar sexo com você mesmo a sexo com qualquer desconhecido do mesmo sexo. Aliás, é incrível como ainda temos a necessidade de classificar as condutas sexuais! Desde os primórdios toscos e obsoletos do Desfavor, mil anos atrás, já abordávamos esse assunto. Mas pelo visto, mil anos depois nada mudou. A merda é a mesma, só mudam as moscas!

Desde que o Ministério da Genética permitiu a clonagem de forma ostensiva, uma série de dilemas éticos vem envolvendo o relacionamento de seres humanos e seus clones. Depois do novo Sistema de Armazenamento e Transplante de Informações (SATI) eles passaram a ser usados como forma de aprimoramento pessoal e profissional de forma socialmente aceita. Porque parte deste aprimoramento não pode ser sexual? Testar as reações do clone ao seus estímulos e testar a sua relação aos estímulos do clone pode te tornar um parceiro melhor. Francamente, você passa todos seus medos, conhecimentos, desejos e sonhos para ele todas as noites quando o atualiza no SATI, que mal tem ter contato corporal com ele, que te conhece como ninguém?

“Mas Sally, então você está dizendo que fazer sexo com seu clone não é traição?”. NÃO, não estou dizendo isso. Você está fazendo sexo com ALGUÉM. É traição sim! Só não acho que seja homossexual porque a escolha desse alguém não é por causa do sexo feminino ou masculino e sim porque é VOCÊ MESMO. O que te move a escolher não é o sexo e sim a identificação absoluta e o conhecimento total. Custa abrir a mente e perceber que a atração sexual fugiu ao padrão de escolha “sexo feminino” e “sexo masculino”? Hoje existem outros atrativos que não o gênero.

Neguinho faz sexo com o próprio clone adoidado, só não assume. O grande problema é o tabu que envolve o assunto. Quantos Brainmails eu recebo de pessoas contando que fazem sexo com seus próprios clones escondidos! Tá na hora de quebrar esse tabu e permitir a liberdade de escolha de cada um. Porque sempre temos que criar tabus diferentes? Quer fazer sexo com seu clone? FAÇA. Pessoas temem criar novas classificações e se apegam aos padrões antigos, mesmo que eles já estejam obsoletos.

Também vejo um pouco de maldade de um pequeno grupo nesta classificação “sexo com seu clone é homossexual”. Os gays foram maioria absoluta durante muitos séculos e ficaram mal acostumados com isso. Com o crescimento da bissexualidade eles perderam território e estão quase extintos. Parece uma tentativa desesperada de voltar a ser maioria, classificando pessoas que fazem sexo com o próprio clone como “homossexuais” para elevar o número de homossexuais na sociedade e tentar voltar ao status de classe dominante.

Maldita hora que o medo do bullying e a histeria protetiva forçaram o legislador a modificar a lei e reservar cotas no Congresso para homossexuais, heterossexuais e outras minorias, proporcionais à porcentagem de seus representantes na sociedade. Vejam o caso dos homossexuais: cada cem mil homossexuais na nossa sociedade dariam direito a 1% das vagas. Quanto mais homossexuais no país, mais vagas para eles no Congresso. Se aceitarmos que cada pessoa que faz sexo com seu clone é homossexual, o número de vagar para eles na política, no mínimo, quadriplicaria!

É um perigo dar tanto poder a uma classe. Desde que tivemos o primeiro Papa assumidamente gay, após a Grande Releitura da Bíblia III, o grupo vem tiranizando os demais. Não adianta forçar a barra para ser maioria novamente, Srs. Homossexuais: fazer sexo com o próprio clone não é gay. Parem de tentar retomar poder. Não parece, mas também é uma questão com fundo político. Vocês não perceberam ainda que SEMPRE tem uma questão política por trás de tudo?

Muito me admira que a Madame aqui de cima, egocêntrico como é, nunca tenha sentido o desejo de fazer sexo com um clone seu, cujo cérebro detém as mesmas informações atualizados diariamente (abençoado seja o SATI!). Ele se ama acima de todas as coisas! Já pensou? Fazer sexo com alguém cuja mente é idêntica à sua, que sabe tudo que você gosta, seus desejos mais ocultos, seu timing, que sabe TUDO? Duvido que ele nunca tenha feito, mesmo que sem nenhum tipo de penetração. Ora, masturbação é a sua mão no seu pênis. A mão do seu clone é a sua mão…

Homossexual é fazer sexo com uma pessoa do sexo oposto QUE NÃO VOCÊ MESMO. Autosexual é fazer sexo com você mesmo. Dizer que sexo com seu clone é homossexual é dizer que seu clone é como outra pessoa qualquer, e não é: é você mesmo.

Para mentir e dizer que nunca fez sexo com seu próprio clone agora que, após protestos, desligamos o detector de mentiras ou para dizer que mil anos depois isto aqui continua uma porcaria ou ainda para dizer que sexo com o próprio clone é melhor do que ter que sentar na própria mão: sally@desfavor.com