Como uma deusaaaaa...Vivemos discutindo sobre criação de hipotéticos filhos aqui nesta coluna, hoje vamos regredir um pouco no tempo e discutir práticas de um casal defrontado com uma gravidez. Enquanto ele chama de viadinhos os homens que não fazem sexo com suas mulheres grávidas, ela acha natural que o homem não queira muita intimidade do tipo durante a gestação.

Tema de hoje: Homem que não faz sexo com sua mulher grávida é fresco?

SOMIR

É sim. E eu nem estou engrossando aquele coro estúpido que diz que homem tem que comer qualquer coisa com dois cromossomos X para ser considerado macho, é mais questão de assumir a responsabilidade pelo o que faz e ter consistência nas suas atitudes.

Presume-se que um casal cuja mulher está grávida faça sexo regularmente, já existe intimidade para não precisar mais de “condições ideais” para cada trepada. Se precisar de uma adaptação ou uma tolerância extra para alguma situação nova, não costuma ser problema.

Na vida real há uma perda natural de glamour no decorrer de uma relação, que deveria ser compensada pela naturalidade no convívio, inclusive o sexual. E homens são excelentes nessa história de tocar o foda-se e aproveitar o sexo do jeito que ele está disponível. Claro que em situações extremas a coisa azeda, mas a gama de tolerância masculina em troca de sexo é enorme.

Por isso que não me desce esse papo de que porque a mulher sofre uma alteração previsível e passageira durante a gravidez o seu homem tenha uma súbita crise de elitismo e resolva que ela não é mais atraente. A figura da mulher grávida é uma constante na vida de qualquer um, é balela dizer que essa modificação corporal choca um homem.

Sim, isso pode até não ser o ideal sexual desse cidadão, mas sinto informar que a chance de uma mulher ser o ideal sexual do seu parceiro fixo é quase nula. Talvez para o marido da Gisele Bündchen… Não é como se estivessem mexendo num equilíbrio delicadíssimo.

E eu nem estou sendo cego a ponto de querer que seja tudo exatamente como antes da gravidez, nem sempre vai ser conveniente, nem sempre vai ser agradável, mas na média é absurdo ficar meses e meses sem comer a sua mulher! Se por CU DOCE do seu parceiro, você ficar sem sexo por meses, enfiar um par de chifres nele não é só justificável como é seu dever cívico!

Eu hein! Sexo faz parte de um namoro ou casamento na maioria absoluta dos casos. E se for para ficar sem isso, é bom ter um motivo EXCELENTE.

E o verdadeiro motivo desses homens com frescurinha de comer suas mulheres grávidas passa longe de ser excelente: Medo de virar adulto.

Pois é. Depois que a mulher engravida, o homem sente a pressão de virar pai, o que efetivamente lhe coloca uma enorme carga de responsabilidades. Mas como as pessoas são horríveis e acham desculpas para tudo, os cagões acharam uma forma de se livrar desse peso.

A partir do momento em que sua mulher assume o papel de mãe, eles espanam e se colocam na categoria de filhos. Assim só elas tem que agir de acordo com o esperado. E como eles a enxergam como mães dissociadas do seu papel de pai, o desejo sexual desaparece.

Ela não é mais a sua mulher, ela é mãe. Não se esqueçam que tem muito homem por aí que diz com todas as letras que tem mulher para fazer sexo e tem mulher para cuidar dos seus filhos.

O “não vou enfiar meu pau na boca que beija meus filhos” é A MESMA COISA que “não vou enfiar meu pau tão perto assim dos meu filho”. Desculpa esfarrapada de quem não tem coragem de assumir seu papel de homem.

E são esses os caras que vão ser pais relapsos e distantes. Os filhos são um problema para eles, problema que ele espera que uma otária resolva enquanto continua com seu complexo de Peter-Pan no puteiro. Se a mulher for compreensiva, ela vai estar corroborando com essa visão das coisas.

Fez o filho? Aguenta! Ser homem é acima de tudo arcar com suas responsabilidades. E continuar enxergando sua mulher como mulher após uma gravidez faz parte de ser consistente com o seu papel. As desculpinhas padrão, que provavelmente serão todo o texto de Sally, podem enganar muitas mulheres, que são conhecidas por viver com o terror de serem abandonadas se engordarem meio quilo, mas não passam pela visão de alguém que sabe como homens pensam. Não era para perder a vontade de fazer sexo porra nenhuma. Tem coisa errada aí sim.

Ele está se borrando de medo de seguir em frente na relação e acha qualquer desculpa inconsciente para criar a figura da “mãe genérica” no lugar de sua mulher.

Mas como mulher é um bicho iludido, vai continuar achando que o mesmo cidadão que enfiou o pau nela enquanto estava menstruada (ou ainda em outro buraco ainda menos famoso por sua higiene) subitamente está com nojo de algumas estrias na barriga. Ha!

E eu nem falei sobre as benesses do sexo durante a gravidez. Faz bem deixá-la relaxada e “exercitada”. Sexo é um santo remédio para diversas ocasiões. E pode apostar que boa parte da personalidade do cão que várias grávidas desenvolvem vai ser atenuada com uma boa dose de endorfina.

Tudo bem que o cara não precisa chegar ao ponto de preferir mulheres grávidas, mas não tem motivo JUSTIFICÁVEL para matar a vida sexual do casal por tanto tempo.

Para dizer alguma baboseira romântica que eu vou ignorar, para dizer que eu devo ter fetiche por grávidas, ou mesmo para se enganar dizendo que o seu homem é diferente e especial: somir@desfavor.com

SALLY

Homem que não come SUA mulher grávida é fresco/viado? NÃO. Mil vezes não!

É uma questão de coerência, se eu defendi aqui mil vezes o argumento de que uma mulher não tem que fazer nada que não queira sexualmente falando e que isso não dá ao homem o direito de chamá-la de fresca, tenho que ser justa e dizer que se um homem não se sente confortável fazendo sexo com sua esposa grávida, ele não pode ser pressionado a fazê-lo nem ser chamado de fresco e viado por causa disso! Gosto (inclusive o sexual) não se discute. Por mais que eu não concorde tenho que respeitar.

Antes que comecem a malhar, não necessariamente estamos falando daquele homem que não quer comer a mulher pela mera futilidade dela esta gorda feito uma vaca. Tem outras coisas que passam pela cabeça de homem e podem bloquear seu interesse sexual pela mulher temporariamente. Em alguns casos, a mulher fica tão pau no cu durante a gravidez que isso por si só já dá vontade de nem chegar perto. Gente, vamos combinar, o cara vai meter o pau dentro de onde o filho dele está. Por mais que a gente saiba que não vai cutucar a criança nem nada, não deve ser muito fácil de equacionar.

Um homem supostamente “normal” não teria problemas com isso, mas porra, as pessoas tem o sagrado direito de ter limitações. Assim como eu não entendo porque não fazer sexo com sua mulher grávida, muita gente deve não entender porque ter medo de lagartixas. Aceitar e respeitar mesmo sem entender é uma virtude.

E vamos combinar, vocês já leram o sem fim de efeitos colaterais bizarros que uma gravidez pode gerar? Tem pra todos os (mau) gostos: hemorróida, fortes flatulências etc. Talvez isso somado ao fato da mulher estar um pau no cu mais o plus dela estar parecendo uma vaca holandesa tirem um pouco o tesão do sujeito, né? Amor não tem nada a ver com tesão. Você pode amar profundamente alguém e não sentir tesão. Parem com essa besteira de achar que “se ele me ama ele vai querer”. Porra nenhuma. Não é assim que a banda toca.

Além de tudo, a espera de um filho mexe com o psicológico de um casal. Dificilmente um casal espera um filho sem redobrar suas preocupações econômicas e sem um aumento na carga de ansiedade. É uma situação transitória com data marcada para acabar, acho compreensível esperar se for o caso. Vai fazer o que? Obrigar o homem a fazer sexo sem vontade? Nós, que somos as primeiras a gritar que não devemos ser obrigadas a fazer sexo quando não temos vontade, vamos cometer o mesmo erro que eles cometem com a gente? Nada disso. Sejamos superiores. Sejamos coerentes com todas as nossas reivindicações.

Lamento não poder aprofundar minha argumentação por nunca ter engravidado na vida. Tenho certeza que existem uma centena de motivos que eu desconheço para justificar que o homem ou a mulher não se sintam confortáveis para fazer sexo neste período, concorde você ou não, concorde eu ou não. E por mais que eu possa não concordar com muitos deles, se provocam um sentimento genuíno, me sinto na obrigação de respeitar, afinal, é uma situação passageira, nada que inviabilize um relacionamento saudável.

Que porra de pensamento é esse de ter sempre que fazer sexo? Eu hein… somos gente, não somos bicho. Não “temos que” fazer sexo. Fazemos sexo quando estamos com vontade e não por obrigação ou para evitar que pensem que somos “frescos” ou “viados”. As pessoas tem o sagrado direito de eventualmente, em certas circunstâncias que lhe sejam desagradáveis, recusar sexo sem que isso vire um problema ou um motivo para julgamentos.

Nós não gostamos de ser jogadas no papel clássico/obsoleto de mulher e ter que ouvir que deveríamos ficar em casa cozinhando e cuidando dos filhos. Nós quicamos quando alguém ousa falar isso. Então, como podemos jogar os homens no papel clássico/obsoleto de ter que fazer sexo com a mulher não importa o que esteja acontecendo?

Eu não quero um homem fazendo sexo comigo só por obrigação social, sem vontade (se é que isso é possível), só para não ser taxado de fresco ou viado. Jamais chantagearia uma pessoa colocando estes adjetivos como conseqüências de uma recusa. Até porque, se é o parceiro que eu escolhi para ser pai dos meus filhos, é fato que saberei que não é fresco nem viado.

Um ato isolado não apaga tudo que a pessoa tem de bom e não basta para classificá-la como fresco, viado ou o que quer que seja. Eu sei bem como é ter sentimentos menosprezados só porque a pessoa não entende ou não concorda (“você tem medo de lagartixa? Que coisa idiota, é um bicho limpinho, não morde não”) e por isso me sinto na obrigação de validar esta recusa masculina sem ter que, necessariamente, para explicá-la, denegrir a imagem do homem.

Atentem que o absurdo do texto de hoje é tamanho que EU estou aqui defendendo homens. A que ponto chegamos…

Acho que esse discurso muito machão que desmerece homem que não faz sexo por algum motivo transitório tal como gravidez é de se desconfiar. Uma pessoa bem resolvida não julga tão rápido nem julga com tanta crueldade. Essa coisa de “sou muito macho, como mulher de qualquer jeito a qualquer tempo” é meio bravata.

Para fechar, um último argumento. Se fosse ao contrário, se fosse A MULHER GRÁVIDA que não quisesse fazer sexo por uma série de desconfortos físicos ou psicológicos da gestação, ela não teria esse direito? Eu acho que sim. Porque dar esse direito à mulher e negar ao homem?

Para dizer que o Fantástico está algumas semanas atrasado na denúncia sobre as atrocidades cometidas no Complexo do Alemão e sugerir que eles leiam o Desfavor, para dizer que Ronaldo está alguns anos atrasado na sua aposentadoria e sugerir que ele leia o Desfavor ou para dizer esperava algo escatológico hoje e ficou frustrado: sally@desfavor.com

Pegava!Nada como começar uma semana com um tema leve e agradável! Relacionamentos amorosos tendem a ter seu próprio ciclo de vida, sendo que poucos realmente conseguem fazer jus à expressão “até que a morte os separe”. Na discussão de hoje, porém, isso é praticamente uma garantia.

Sally e Somir discordam sobre a possibilidade de iniciar um namoro com um(a) paciente terminal. Lembrando, é claro, que doenças contagiosas não valem. (Suicídio são outros quinhentos…)

Tema de hoje: Você começaria um relacionamento com um(a) doente terminal?

SOMIR

Sim. Mas eu duvido que você vá encontrar a argumentação emotiva que espera aqui neste texto. Me baseio mais numa visão realista sobre a morte do que na defesa do amor contra todas as intempéries.

A morte ainda é um tema confuso na mente das pessoas. Parece que muita gente ainda está presa na visão do assunto que formou durante a sua infância, uma espécie de “se esconder do bicho-papão tapando os próprios olhos”… Muita gente passa a vida toda ignorando a análise racional sobre a própria finitude evitando o assunto como um todo.

Foi mal, mas eu não vou corroborar com essa visão infantilóide sobre a vida. Temos apenas uma vida e ela é curta demais para ficarmos com frescuras. Aproveitar seu tempo costuma ser diretamente relacionado com aproveitar suas oportunidades. E quem foi que disse que um relacionamento com data marcada para terminar não é uma oportunidade? Oportunidades não são garantias de sucesso, oportunidades fazem parte do risco inerente à vida.

Se a sua preocupação é nunca ter de lidar com a morte de uma pessoa querida, enfie-se sozinho(a) num buraco e não saia de lá. Porque todas as outras possibilidades te fazem assumir o risco.

Evidente que essa racionalização não torna menos triste perder uma pessoa da qual você gosta. É natural, é humano! Mas existe uma diferença importante entre “ser deixado” de surpresa e acompanhar e se preparar de acordo para o processo. A morte não é tão alheia assim às nossas mentes, o tempo se encarrega de nos ensinar a aceitar o ciclo da vida.

Sem contar que quem realmente deveria estar preocupado é quem está com sua sentença escrita. Drama por drama, é melhor estar do lado vivo da história. Ei, foda-se o politicamente correto, é verdade. Sem contar que as pessoas tem a mania de tratar um(a) doente terminal como um retardado que entra em crise por qualquer motivo. Deve ser ótimo passar os últimos dias de sua vida sendo tratado de forma falsa e melosa. (Não digo falsidade de intenções, falsidade no sentido de fingir que não tem um elefante na sala…)

E já que não pretendo ficar de frescura, vamos aos motivos (que eu aposto que vocês vão achar horríveis) pelos quais eu não teria medinho de começar um relacionamento com uma doente terminal.

Em primeiro lugar, vamos concordar que a maioria das relações vai muito bem no começo, depois que as coisas complicam. Paixão cega e a gente se diverte por qualquer bobagem. Uma relação com final programado tem grandes chances de ser sempre assim. Não dá tempo de enjoar da pessoa ou ficar ouvindo as mesmas histórias pela quinquagésima vez. Até mulher burra pode ser interessante por um curto período de tempo!

E vamos concordar que a lenha dessa relação vai ter que queimar rápido para não haver desperdícios! Mesmo considerando que lá pela fase terminal séria da doença o sexo vai despencar, ainda existe uma margem de tempo onde você vai ter nas mãos uma mulher que não tem lá muitos motivos para fazer cu doce na cama. Numa dessas você risca os maiores e mais inconfessáveis fetiches da sua lista, sem o risco de vê-la abrindo o bico futuramente para te sacanear. E será que ela vai se dar ao luxo de regular para um homem para o qual quer dar só para “não parecer fácil”?

É uma questão de aproveitamento. E os dois se divertem no processo. Vai saber o tipo de loucura que pode sair da mente de alguém que já não tem muito mais a perder?

E não é apenas de sexo que falo aqui. É mais fácil assumir riscos insanos e fazer coisas por pura diversão se você só está apostando alguns meses ou semanas de vida. Nesse mundo de gente cagona que tem medo de pisar fora da linha, é um alento encontrar um(a) alma livre. Talvez essa pessoa jamais pensasse e fizesse as mesmas coisas em outra situação.

E o relacionamento com uma doente terminal pode proporcionar um grau de sinceridade e de falsidade perfeitos! Parece contraditório, mas a idéia é que o risco de traição de confiança diminui sensivelmente se um dos dois vai morrer (ela vai morrer, difamar morto é mal-visto… camada extra de segurança). E ao mesmo tempo, não dá tempo de suas mentiras mostrarem as pernas curtas. Ei, se ela morrer acreditando que você é um espião ou um rockstar, nenhum mal feito!

E por mais que eu vá levar pedradas até a milésima geração: Existe um certo status aproveitável se você contar que sua namorada morreu de uma doença incurável enquanto você segurava sua mão até o último momento. Sabendo aproveitar, vai chover mulher na sua horta. Se dizer que acabou de sair de um namoro já tem poder, imagine só isso!

Não estou dizendo que a parte legal da história é ela morrer, estou dizendo que não tem mal nenhum em aproveitar as vantagens de uma relação dessas. Imagine que uma pessoa querida morra e te deixe uma herança: Você trocaria a herança pela pessoa viva por mais tempo, certo? Mas já que essa opção NÃO EXISTE, adianta o que ficar se martirizando? É a mesma coisa aqui. Escolhas impossíveis não devem guiar ações… Se por um milagre essa pessoa sobreviver, melhor ainda! É só se adaptar a uma relação “sem fim presumido” e seguir em frente. Mas doentes terminais tem esse hábito de não escapar. Vou tapar o sol com a peneira?

Percebam que não é um fetiche por mulheres à beira da morte, ainda dependeria exclusivamente da atrações exercida por ela em condições normais. E porra, faz bem saber que a pessoa que está com você vê vantagens em te escolher. Ser honesto nesses pontos evita que a futura ex-mulher comece a acreditar que está num relacionamento baseado em pena. Isso sim seria uma crueldade.

E por mais piegas que seja: Custa “perder” algum tempo da sua vida para estar do lado de alguém que você gosta numa hora de dificuldade? Não é como se eu estivesse preocupado em “estar ocupado demais” para encontrar a mulher da minha vida nesse meio tempo. Essa coisa de “pessoa especial” te esperando em algum lugar desse mundo é baboseira de desenho da Disney e de gente insegura que precisa acreditar que fez a única escolha possível.

Um relacionamento saudável (doentio é ficar com quem não te faz bem) pode tornar os últimos dias de vida mais felizes. Podem até me pintar como monstro insensível, mas eu não entraria em crise depois, afinal, fiz o que podia fazer com o tempo que tive ao meu dispor. E isso, desfavores, isso é a vida.

Para dizer que eu sou uma pessoa horrível, para dizer que eu sou um viadinho romântico, ou mesmo para dizer que está confuso(a) sobre qual lado escolher hoje para parecer mais nobre (para um bando de manés na internet… ha): somir@desfavor.com

SALLY

Você teria um relacionamento com um doente terminal? NÃO.

Quero dar uma breve explicação para evitar possíveis equívocos. Se eu estivesse tendo um relacionamento com uma pessoa e esta pessoa viesse a adoecer eu continuaria com ela, mesmo em estado terminal. Continuaria com ela até o dia da sua morte, ou ao menos essa seria a minha vontade. Isso não se confunde com INICIAR um relacionamento com uma pessoa que JÁ ESTÁ em estado terminal.

Não vejo razão nem benefícios que justifiquem iniciar um relacionamento com alguém que está muito doente e provavelmente muito incapacitado de construir um relacionamento normal. Não se enganem nem romantizem, um doente terminal dificilmente conseguirá fazer sexo com regularidade ou até mesmo praticar atividades corriqueiras como ir a um cinema ou sair para dançar. O que me prenderia a uma pessoa assim? Pena? Só se for. Medo de estabelecer um relacionamento com alguém que possa me dar mais talvez. Porque quem dá mais, com certeza cobra mais também.

Quando o amor preexiste à doença, ele justifica uma série de sacrifícios e renúncias que fazemos para estar ao lado da pessoa amada. Mas quando ainda não há amor, porque escolher alguém que tem chances bem maiores do que a média de morrer em breve e que ainda estará incapacitado de levar um relacionamento normal, dentro dos padrões? Qual seria a justificativa para abrir mão de tantas coisas? Cheira até a auto-sabotagem uma pessoa que topa esse tipo de remendo afetivo.

Eu quero um relacionamento pleno. Eu mereço um relacionamento pleno. Porque vou entrar de cabeça em algo que sei que não será nem pleno nem duradouro se ainda não há um vínculo afetivo me amarrando a aquela pessoa? Quando você conhece a pessoa já em estágio terminal de alguma doença e de alguma forma resolve investir nela soa mais como compaixão do que amor.

Sim, eu sei que um dia todos nós vamos morrer. Mas o normal é que até lá, tenhamos vivido uma vida plena, cheia de planos realizados e boas lembranças com o parceiro. Nem falo em escalar montanhas ou viajar com uma mochila das costas para Europa. Peço coisas mais básicas como longas noites de sexo, cinema, teatro, jantares.

Uma pessoa com saúde deteriorada a ponto de ser chamado de doente terminal não pode dar o básico do básico em um relacionamento. Ou melhor, não pode dar quase nada. É uma pessoa que está (e TEM QUE estar) concentrada nela mesma, vivenciando momentos difíceis de mal estar que geram uma indisponibilidade. Investir em alguém que não pode retribuir aquilo que eu quero parece uma grande prova de desamor comigo mesma.
Não se trata da dor da perda em si, porque todos nós sentiremos esta dor um dia. Também não se trata do pouco tempo que resta, porque já tive romances que sabia ser passageiros com pessoas de outros estados e de outros países e levei numa boa. Se trata do parceiro não ter condições de tocar um relacionamento de forma normal e satisfatória. Quer ter um amor de carnaval com aquele gringo que conheceu em uma cidade turística? Vai fundo! Vivam as duas semanas juntos a mil e aproveitem bastante. Mas com um doente terminal isso não é possível.

Hospital, remédios, dor, sofrimento, medo… são tantos os fantasmas que cercam uma pessoa em estágio terminal que eu a consideraria egoísta de se envolver com alguém. Egoísta e idiota, pois todos os seus esforços tem que estar focados para sua saúde. Talvez para alguém que não goste muito de fazer sexo nem de sair com o parceiro um relacionamento assim funcione, para mim não seria satisfatório.

Querer fazer os outros acreditarem que a qualidade de relacionamento com um doente terminal é muito similar à de uma pessoa saudável é um deboche. Não, não é apenas o fato de que a pessoa vai morrer em breve o que pesa na hora da recusa. É a qualidade do relacionamento que ela vai poder te dar enquanto estiver com você.

E uma pergunta numa vibe meio psicologia: PORQUE alguém escolheria uma pessoa terminal para iniciar um relacionamento? Evidente que esta escolha faz disparar uma sirene de alerta. Tem algo estranho. “Mas Sally, a gente não escolhe por quem se apaixona”. Foi mal, mas são anos demais de análise na costas para acreditar nessa baboseira. Exima-se desta responsabilidade se puder, eu já não posso mais.

Existem tantas pessoas no mundo, tantas coisas por fazer, por conhecer, por construir… Neste ponto você pode estar pensando que todos nós podemos morrer no dia de amanhã e ninguém está livre de ser ver sem o parceiro de um dia para o outro, mas eu te respondo: uma coisa é um pequeno risco, outra é uma certeza médica. Sim, existe uma diferença.

Palavra de quem já bateu na trave duas vezes: quando você está com o pé na cova, NÃO TEM DISPONIBILIDADE para construir um relacionamento saudável e satisfatório. Nem é exigível que tenha! Contentar-se com uma pessoa que não pode te dar um relacionamento satisfatório diz muito sobre você. Reflita.

Um doente terminal não se resume a uma pessoa que vai morrer em breve. Um doente terminal é uma pessoa que estará quase sempre sob forte medicação, sentindo dores ou desconfortos (ou vocês acham que uma doença que te MATA não causa estes e outros inconvenientes?), que estará quase sempre se sentindo mal e precisando de cuidados médicos e que estará quase sempre em sofrimento físico e psíquico.

Eu sou uma pessoa inteira. Sem ofensas, mas eu mereço uma pessoa inteira. Se já existir amor, não terei escolha a não ser ficar com a pessoa, mas se ainda não tiver vínculo com ela, me parece covarde e medíocre mergulhar em uma relação que claramente se dará pela metade.

Para dizer que toparia porque a idéia de não precisar dar um fora na pessoa te fascina, para dizer que eu sou um monstro sem coração ou ainda para dizer que mais uma vez quem cravou o lado romântico dessa budega foi o Somir: sally@desfavor.com

Essa é para vocês, feministas!Já discutimos várias vezes nesta coluna as diferenças entre a atração feminina e a masculina, mas quando Somir sugeriu uma conexão entre carros e receptividade das mulheres, Sally bateu de frente e fez questão desta coluna. Os leitores estão convidados a pegar uma carona na discussão.

Tema de hoje: Homem sem carro é menos atraente para as mulheres?

SOMIR

Sim. Mas elas sempre vão dizer que não. O problema é que as mulheres em geral ficam preocupadas demais com a presunção de interesseiras para pensar de forma racional sobre a questão. E eu não tenho muitas esperanças de comentários “pensantes” na coluna de hoje. Um mês agradando as histéricas acabaria cobrando sua conta.

Vamos logo ao assunto: O príncipe encantado chega a pé? O meio de transporte é uma constante na formação da figura do homem idealizado pelas mulheres. Ele significa liberdade, movimento e direção. Todas características que apelam DEMAIS para a noção de atração feminina. Claro que o príncipe encantado não é uma definição literal sobre o que as mulheres querem, mas faz parte de um conjunto de fantasias comuns ao gênero que costumam ser exploradas na ficção.

O mundo é muito mais do que preto e branco, por mais que as fêmeas de nossa espécie insistam em ignorar. Uma mulher não precisa ser interesseira no sentido pejorativo da palavra para julgar o valor de um homem usando TAMBÉM o fato dele ter um carro ou não.

Pode ser um cavalo branco, um carro, um barco… Não é questão do valor financeiro desse meio de transporte, são as suas possibilidades. E eu vou parar essa parte sobre a presunção de interesse feminino no dinheiro do homem por aqui. Se o que eu já escrevi não consegue nem levantar uma dúvida na sua cabeça, você é um caso perdido. Divirta-se com sua mente auto-limitada, tem gente que até diz que é uma benção!

E vamos tomar o cuidado para não usar os exemplos errados. Estamos discutindo se homens sem carro são menos atraentes do que homens com carro. Mas é evidente que esse não pode ser o único elemento que determina se uma mulher se sente atraída ou não por um homem. (Ok, existem as marias-gasolinas que dão para o dono do carro que gostam, mas elas são um extremo que não pode valer como regra…)

Dizer que tem muito homem por aí que vale a pena mesmo sem ter carro é tão argumento quando dizer que mulheres não preferem homens bonitos porque tem muitos feios que valem a pena. Sally tem um histórico de usar exemplos golpistas nesta coluna. Prestem atenção.

Define-se se algo faz diferença partindo de princípios parecidos. Há de se considerar uma escolha entre dois homens razoavelmente parecidos. Se um deles tem carro e o outro não, isso tende a desequilibrar a balança.

O homem que tem um carro adiciona os seguintes valores ao seu “portifólio” de qualidades:

– Mobilidade: Ônibus e metrô podem ser ótimos para o dia-a-dia, mas num encontro cujo destino não é tão banal, ter carro é essencial. Motel a pé (ou de táxi) é dose! Um carro permite privacidade e liberdade ao mesmo tempo. Facilita demais a vida de um casal. Claro que hoje em dia muita mulher tem carro, mas não vamos ignorar a realidade para fazer pose: A proporção de homens motorizados é muito maior. Boas chances dela não ter um.

– Direção: Não adianta teimar, queimadora de sutiã, mulheres são programadas para gostar de homens que saibam guiar. Não literalmente um carro, mas a idéia de que tem alguém com noção de onde está indo acalma a insegura mente feminina. (Quer enlouquecer uma mulher? Pergunte onde ela quer ir jantar!) O homem que tem um carro ganha para si a presunção de que é dono do próprio nariz e escolhe seus caminhos. E elas adoram pegar essa carona.

– Estabilidade: Presume-se que um homem motorizado tenha um mínimo de sucesso na sua vida. E bota mínimo nisso, já que favela (pelo menos as paulistas) costuma ter mais carros do que habitantes. Mas não deixa de ser um referencial. Mesmo mulheres que não estão caçando dinheiro sabem que uma relação com um homem mais estabilizado financeiramente é bem mais simples.

– Transparência: O carro de um homem diz TUDO sobre ele. A relação entre cuidados externos e internos, a dedicação, a manutenção, a forma como se comporta no trânsito… Uma mulher esperta faz a ficha exata de um marmanjo só prestando atenção nisso. Um homem sem carro consegue manter segredos indesejáveis sobre seu comportamento habitual com muito mais facilidade.

– Não é um hippie: Enfia a bicicleta no cu e vai abraçar uma árvore! Sério… bicicleta é fim de carreira. Um homem que anda de bicicleta é egoísta (veículo só para um?), sovina (prefere chegar fedendo em qualquer lugar do que gastar com gasolina), mal-educado (complexo de dono da rua) e ainda usa aquelas roupinhas colantes muito suspeitas.

Ok, talvez eu esteja um pouco irritado por causa de uma fechada de ciclista recente…

Mas a questão é que esse desespero para FAZER POSE de que não é interesseira não muda o fato de que a mulher vai considerar o homem sem carro um pouco menos atraente. Conveniência também faz parte do conjunto de valores que definem o sucesso de uma relação. Homem namora mulher, mulher namora namoro. É o pacote que conta e o homem é mais um dos elementos. Quanto mais vantagens “subjetivas” um homem consegue colocar nesse pacote, mais bem visto ele vai ser.

Ah, antes que eu me esqueça: Se você está planejando escrever “do que adianta ter um carrão se o homem [insira defeito exagerado aqui]”, é melhor pensar um pouco mais sobre a relação entre as idéias.

Para me parabenizar por conseguir ofender homens e mulheres num mesmo texto, para expor sua insegurança dizendo que pega muita mulher mesmo sem ter carro, ou mesmo para repetir a velha bobagem de usar exceção para definir regra: somir@desfavor.com

SALLY

NÃO. Um absurdo que a gente esteja sequer discutindo isso!

Para começo de conversa, a menos que você conheça o Cueca em uma paquera no trânsito, você não tem como saber se ele tem carro ou não antes de formar um juízo de valor sobre o quanto ele é atraente. E depois, o “ter carro” é algo transitório, um mero bem, não uma qualidade ou um defeito inerentes à pessoa que possam interferir no julgamento quanto à atração que sentimos por ela.

Não sou hipócrita de dizer que dá no mesmo se relacionar com um homem que não tenha carro. Claro que é muito mais cômodo alguém que tenha carro e que venha te buscar na porta da sua casa, mas porra, é um plus, um luxo, um bônus. Não é nem nunca será fator determinante para mensurar a atração que um homem exerce sobre uma mulher. A menos que a mulher seja uma puta interesseira, o que não é o caso das leitoras deste blog. Ao menos EU não acho que seja. Também é mais cômodo se relacionar com um homem que esteja com a barba feita, mas nem por isso viramos a cara para um homem barbado atraente!

Vamos focar na palavra ATRAENTE. Amiga Calcinha, pense em um homem que você acha lindo. Vale tudo, afinal gosto não se discute: desde Brad Pitt até algo mais regional como José Mayer de sunga. Agora pense nesse homem cheio de charme, conversando com você. Educado, seguro, decidido. E cheiroso, porque homem perfumado é o que há. Saber que ele não tem carro afetaria na atração que você sente por ele?

LAMENTO, SOMIR, mas muitos homens usam essa desculpa de não ter carro para se convencer que não conseguem mulheres por causa disso. Acredito que na verdade o motivo seja outro. Ou eles tem uma personalidade repulsiva mesmo ou então ficam tão complexados pela falta do carro que ELES julgam tão fundamental que acabam sabotando tudo com uma boa dose de recalque e insegurança. Um homem que nos é atraente, continua atraente se não tiver carro. Alguém aqui se recusaria a sair com o Tom Welling ou com o Ashton Kutcher se eles fossem pedestres?

Mesmo que se considere o carro uma coisa importante, um homem não “é” sem carro, ele ESTÁ sem carro. Ainda que a gente pense no homem como provedor, como macho que vai levar o sustento para o lar (tosco, hein?) carro não é critério! Seria melhor escolher um pobre esforçadinho que tem grandes chances de subir na vida, responsável e ralador, do que um riquinho com carro importado que não saberá administrar seu dinheiro quando o papai morrer. Não é a fortuna atual do homem que enche os olhos das mulheres e sim seu caráter empreendedor. Aliás, meus queridos, de onde vocês tiraram que mulher tem tanta racionalidade? Mulher apaixonada acha o sujeito atraente até se ele tiver UM CU NA TESTA!

Recapitulando: um homem lindo, seguro e inteligente será atraente independente de ter carro. Quem aqui não conhece algum homem super atraente que não tem carro? O problema é que HOMENS tendem a desprezar homens que não tem carro e acham que o mundo inteiro pensa como eles, afinal, a cabecinha torta e fudida deles é referência universal de bom gosto e bom senso, não é mesmo?

Pois muito se enganam. Se você, Amigo Cueca, acha desprezível um homem sem carro, saiba que mulheres não necessariamente pensam assim. A menos que seja uma puta interesseira. E não falo da boca para fora, já namorei por quatro anos uma pessoa que não tinha carro nem tinha a menor intenção de comprar um carro e não tive o menor problema com isso. A paranóia está na cabeça masculina.

A atração é medida por aquilo que a pessoa É, e não por aquilo que a pessoa TEM. TER não é SER. Ao menos não para as pessoas com uma boa cabeça, a maioria dos nossos leitores. Infelizmente vivemos em um mundinho mesquinho onde publicitários sem escrúpulos, como a Madame aqui de cima, tentam nos vender que TER é SER. Mas não é, e faço questão de vir aqui afirmar isso.

Quando aparece um comercial cretino dizendo coisas como “Ford Fusion, quem tem fez por merecer” isso bate e volta nos meus ouvidos. Eu não deixo uma merda dessas entrar. Quem não tem um Ford Fusion é porque não fez por merecer? Ah… mas vá pá porra três vezes! HOMEM se afirma através do seu carro, é uma questão mal resolvida MASCULINA, não venham jogar os traumas de vocês pra cima da gente, porque essa pica não é nossa!

Quantas mulheres aqui já não se sentiram atraídas por um homem sem nem ao menos saber se ele tinha carro, e quando descobriram que não tinha, levaram a história adiante sem a menor ressalva? ALO-OU! SEUS PANACAS! O que torna homem menos atraente é falta de caráter, falta de hombridade, falta de respeito, falta de carinho, falta de educação, falta de cuidado para com a sua mulher! Vocês definitivamente não sabem o que a gente quer! E olha que a gente explica, explica, explica e vocês não entendem! CABECINHA DURA, HEIN? OU SERIA CABECINHA OCA?

É como afirmar que um homem se sentiria menos atraído por uma mulher se ela não tivesse um sapato caro ou um vestido de grife. Querem ser atraentes? Sejam bacanas, honestos e leais. Tá de bom tamanho. Respeito e carinho. Não fazemos questão de carro. Fazemos questão de que o homem não seja um acomodado parasita sustentado, que seja uma pessoa esforçada e queira melhorar de vida. Mas isso não é sinônimo de carro! Na cabeça tosca de vocês, homem que não tem carro deve ser muito pobre, porque qualquer pessoa com um dinheirinho na conta deve correr e comprar um carro, né? Ainda assim, o raciocínio continua errado, pois homem pobre pode ser extremamente atraente desde que não seja acomodado. Mas isso é assunto para outro Ele Disse, Ela Disse.

Só para citar um exemplo de pessoa sem carro e muito bem, obrigada, conheço três homens sem carro que são sucesso entre as mulheres: um homem RI-CO, que não tem carro e não quer ter porque costumava de estressar brigar muito no trânsito e percebeu que em algum momento aquilo iria acabar mal. Abriu mão de dirigir e só vai aos lugares de táxi. E continua sendo um sucesso com as mulheres. Nunca foi considerado menos atraente por não ter carro! Também conheço outro homem lindo e atraente que por ter epilepsia optou por não dirigir mais, pois uma vez teve um ataque epiléptico ao volante e quase morreu. E para arrematar, tem um ator global que perdeu a visão de um dos olhos, e com isso o senso de profundidade, e não pode mais dirigir. Chove mulher, mesmo sem carro. E são apenas alguns exemplos.

Só quem liga para carro é homem. Da mesma forma que só quem liga para celulite é mulher. Cada qual com as suas paranóias. Não venham colocar essa obsessão por carro na nossa conta, dizendo que sem carro vocês serão menos atraentes aos olhos femininos porque não é verdade. Sem carro vocês terão uma visão negativa é de OUTROS HOMENS. E SÓ.

Para dizer que está feliz porque o Somir voltou e provocar um grande desgosto nele, para se eximir das suas escolhas e dizer que toda mulher é interesseira ou ainda para dizer que carro é para os fracos, os fortes andam de jatinho: sally@desfavor.com

Imagem levemente modificada para grudar na sua retina para sempre.Hoje vamos colocar na balança, mais uma vez, opiniões divergentes sobre como se cuidar da própria forma física. Com a popularização das cirurgias de redução de estômago, não são mais apenas os “mortalmente” obesos que submetem à prática.

Tema de hoje: Redução de estômago por motivos estéticos é aceitável?

SOMIR

Sim. E olha que eu tenho lá meus estranhamentos com a vaidade habitual da humanidade. Fico puto quando percebo que muitas pessoas fazem esforços incríveis para ficar mais bonitas, mas não levantam um dedo para aprender a conversar sobre algo além de… outras pessoas. Vão até o limite do supérfluo de um lado, ignoram o básico do outro.

E não é discursinho hippie “todo mundo é lindo do jeito que é”, vaidade é uma coisa muito boa, mas deveria valer no campo intelectual também. Falar coisas estúpidas e demonstrar ignorância sobre diversos assuntos é até motivo de orgulho para muita gente!

Pois bem, se isolarmos o fato de que uma pessoa está fazendo uma intervenção cirúrgica com o objetivo de parecer mais atraente para outros seres humanos (e para si mesma, por que não?), a operação de redução de estômago não é tão diferente assim de colocar uma prótese de silicone ou fazer uma lipoaspiração.

É evidente que cada tipo de operação tem seus riscos e recompensas próprias, mas a idéia de modificar o corpo para se adequar a padrões de beleza que não alcançaria facilmente (ou nunca, no caso do silicone nos seios) está lá. Quando começaram as primeiras cirurgias plásticas, o alvoroço sobre “as implicações éticas” foi grande, mas bastaram algumas gerações de narizes mais finos e decotes mais preenchidos para o povo sossegar.

A cirurgia de redução de estômago para fins estéticos é um passo além das plásticas. Pode ser difícil de digerir agora (ha), mas não é nada tão chocante assim. A tendência é que uma sociedade com avanços tecnológicos significativos comece a achar soluções “preguiçosas” para problemas solucionáveis com esforço e dedicação.

Afinal, evoluímos para quê? Você não caça touros para fazer o churrascão de domingo, ou caça? Você não atravessa uma cidade grande andando todos os dias, atravessa? Tecnologia serve para diminuir a carga de esforço físico do ser humano (teoricamente para aumentar o mental, mas… pequenos passos…). O que nos leva a uma população cada vez mais sedentária e obesa. O caminho que pegamos, como espécie, não permite mais uma volta às raízes de muito esforço para pouco resultado.

Então chega de frescura! O que quer que inventem para “desembalofar” esse mundo de forma rápida e preguiçosa é ÚTIL. Porque a solução que a Sally prega NÃO tem mais lugar no mundo de hoje.

Força de vontade e disciplina não são características presentes em todos os seres humanos. Isso é papo de livro de auto-ajuda. É no mínimo de uma inocência incrível achar que dieta e exercícios são uma alternativa viável para todas as pessoas. Tem gente que simplesmente não tem saco para isso, tem gente que prefere morrer de infarto aos 40 do que fazer algo que não gosta até os 80. Ei, essa é a humanidade! Não deveria ser surpresa.

E se o poder interior não está em todas as pessoas, tem algo que está: O estômago. E existe uma cirurgia que o diminui e faz a pessoa perder peso! Pode não ser o mais saudável, mas é prático. Principalmente para quem nunca vai conseguir emagrecer de outro jeito (SPOILER: Quase todo mundo.).

E como em todo procedimento invasivo, existem riscos incluídos. Se vacilar dá até pra morrer no consultório do dentista. A questão é saber dosar o quanto você pode se arriscar com a necessidade da operação.

A vida não é feita só de sacrifícios, prezamos a conveniência (sabiamente) em vários aspectos da nossa vida. Só porque é uma decisão estética não precisa-se criar esse clima todo de reprovação. Fazer o mais fácil por um motivo fútil é algo tão alheio para você assim? (Pergunta retórica, eu sei que você que está lendo vai mentir quando responder…)

Mas nem tudo são flores. Um dos motivos pelos quais eu sou favorável à operação de redução de estômago para quem quiser é o simples fato de que essas pessoas podem parar de ENCHER O SACO dos outros com aquele nhé-nhé-nhé de gordo vítima. Sabe a pessoa que fica reclamando que não consegue emagrecer? Ou pior, que exige que outras pessoas a achem atraente? Ela é justamente quem não consegue seguir o caminho “natural”.

Mete a faca na pessoa e pronto! É a única chance dela conseguir. E se o mundo precisa de alguma coisa atualmente, é de menos gente gorda com mentalidade de minoria perseguida. Do jeito que a sociedade funciona atualmente, emagrecer traz felicidade e aceitação para esses chatos (pelo menos até eles descobrirem na prática que a personalidade repulsiva era o que afastava os outros…)

E se algum deles morrer no processo… O pool de genes fica mais limpo. Dá certo dos dois jeitos.

Enquanto não estiverem cortando o MEU estômago (Gezuiz me livre de não conseguir mandar um bife de meio-quilo goela abaixo ao meu bel-prazer), não vejo o menor problema.

Pessoas diferentes precisam de soluções diferentes. Menos idealismo romântico e mais tecnologia, por favor! Bem-vindos ao século XXI!

Para dizer que eu estou me defendendo neste texto, para dizer que prefere ser saudável do que ser feliz, ou mesmo para dizer que meu texto foi muito quadrado, bicho!: somir@desfavor.com

SALLY

É aceitável fazer cirurgia de redução de estômago para fins meramente estéticos? NÃO. Não é aceitável, é um absurdo, é bizarro mutilar um órgão em nome da estética. E olha que eu faço quase tudo em nome da estética, se EU estou dizendo que não é aceitável, melhor prestar atenção.

Uma cirurgia agressiva como essa só deve ser utilizada como último recurso para não morrer ou ficar seriamente doente. Isto, claro, se a pessoa tiver um mínimo de bom senso. E lhes fala de camarote quem fez uma colectomia em função de um tumor que também é realizada para emagrecer gordinhos (remove-se a parte do intestino que absorve a gordura, que calhou de ser o local onde eu tinha um tumor), então, não falo em tese aqui. Falo com o conhecimento de causa do que é e das consequências que uma cirurgia mutiladora desse porte deixa em uma pessoa para o resto de sua vida.

E não me venham com argumentos falsos do tipo “melhor isso do que ser gordo”, porque hoje em dia existem INFINITAS OPÇÕES. Você pode colocar um balão dentro do seu estômago e inflá-lo para ter sensação de saciedade sem cortar fora nenhum pedaço do seu sistema digestivo. Você pode tomar medicamentos que suprimam o apetite, como anfetaminas e cia. Você pode tomar medicamentos que impeçam a absorção de gordura como xenical e cia. Você pode recorrer a um milhão de coisas que não caberiam nas minhas duas páginas de hoje. Não há necessidade de se mutilar em nome da estética.

Vou contar um caso bizarro: a irmã de uma amiga minha viajou para outro país para fazer uma cirurgia de remoção dos dois últimos dedos de cada pé. Ela optou por amputar dois dedos de cada pé, o mindinho e o do lado. Sabem porque? Para poder usar seus sapatinhos Christian Louboutin, Manolo Blahnik e Jimmy Choo com conforto. Seus sapatos de bico finíssimo não cabiam em seu pé, que era largo. Ela mandou ver, cortou fora dois dedos de cada pé. Você está chocado? Você está indignado? EU TAMBÉM. ABSURDO! O mesmo absurdo que cortar fora um pedaço do estômago de alguém. Sendo que eu considero o estômago ainda mais importante que um dedo mindinho na hierarquia de funções corporais!

Até entendo aquela pessoa morbidamente obesa que está hipertensa, diabética, cardiopata, correndo mil riscos à sua saúde faça uma intervenção tão radical. Esta pessoa não pode esperar nem pode se dar ao luxo de tentar procedimentos menos invasivos e mais demorados. Mas atentem para o tema de hoje: PARA FINS MERAMENTE ESTÉTICOS. Quem mutila um órgão importante para fins meramente estéticos é débil mental. Nem eu que venero a estética faria uma porra dessas. Não é aceitável se mutilar com consequências e restrições para o resto da vida para fins meramente estéticos. Faz quem quer, mas não é aceitável. Existem outros meios de obter o mesmo resultado.

Porque tem dessa: as pessoas soltam um “faz quem quer” como se o fato da pessoa optar por aquilo fosse aceitável. Vomita após cada refeição quem quer e isso não é nem um pouco aceitável, se chama bulimia. Pessoas fazem coisas não aceitáveis o tempo todo.

Você sabe a que se resume a vida alimentar de alguém que faz essa cirurgia? Você sabe as complicações que a pessoa enfrenta para o resto da vida? Você sabe os riscos? Você sabe como é o pós operatório? É um absurdo que alguém ainda cogite isso como solução para problema de sobrepeso. Isso é último recurso para um obeso não morrer! Fico pau da vida quando vejo mulheres que tem filhos para criar se expondo a esse risco de morte por questões puramente estéticas. Egoístas é pouco!

Olha, não vou nem pedir para ter força de vontade, fechar a boca e malhar, porque as pessoas me metralham quando eu falo essas coisas. Parece que estou mandando os outros roubarem ou usar drogas. Sem contar que vem aqueles argumentos numa vibe auto-perdão do tipo “não tenho tempo para malhar”. Não tem tempo de malhar? NEM EU, FILHA. Daí eu abro mão de uma hora do meu sono e malho mesmo assim. Faça-me o favor… Bem, como ia dizendo, não vou mandar ninguém malhar porque isso parece que ofende, pedir força de vontade dos outros causa comentários irritados. Então ta, vamos pegar um atalho. Se quer pegar um atalho, toma remédio, faz até uma lipo ou quem sabe alguma providência mais “definitiva” só que sem mutilação! Porque fazer algo que é irreversível? Até eu, que sou EU, Estética Queen, fútil e obcecada com corpo, me recusaria a fazer algo irreversível por estética que implique em uma mutilação de um órgão!

Isso é tosco, é medieval. E muitas vezes, ineficaz! A compulsão por alimentos está na cabeça das pessoas. O estômago diminui mas a carência e a compulsão não. Muitas vezes os pacientes acabam comendo tanto por compulsão que simplesmente arrebentam o próprio estômago meses após a cirurgia! Pior: muitas das pessoas que fizeram redução acabaram virando alcoólatras, porque já que não pode comer, canaliza o vício e a compulsão para a comida. Vou repetir uma frase que eu sempre digo: GORDO SE É. Você não está gordo, você É gordo. O fato de mutilar seu estômago (seja cortando, seja grampeando), não te tira a forma doentia de lidar com comida. As pessoas se iludem achando que será uma solução mágica e não é. E ainda que fosse, repito: Não é aceitável mutilar um órgão para fins exclusivamente estéticos.

Que tal chegar até a raiz do problema em vez de sair se cortando? Que tal uma terapia, reeducação alimentar… Não? Malhar, quem sabe, e aprender a gastar mais do que se come, porque peso é matemática: gaste mais do que ingere e você vai emagrecer. Não? Ok, que tal procurar endocrinologistas, nutricionistas, nutrólogos e quantas outras especialidades forem necessárias e fazer dietas, tomar medicamentos… não? Que tal então algo cirúrgico mas que não te mutile?

E só para constar, não adianta merda nenhuma emagrecer vertiginosamente com redução de estômago e depois ter que se entupir de cirurgias nos braços, pernas e barriga porque tá parecendo um Sharpei pelancudo. Se estética era o objetivo… bem… FAIL!

Para dizer que esperava ver opiniões invertidas hoje, para dizer que nunca achou que fosse me dar razão em uma polêmica envolvendo estética ou ainda para ficar em cima do muro e dizer que cada um sabe o que é melhor para si: sally@desfavor.com

FuckfuckfuckfuckfuckComprovando a vocação intelectual do desfavor, hoje trataremos sobre um assunto de suma importância na vida de um ser humano que se preze: O dilema da falta de papel higiênico. Diante da merda literal e da figurativa, Sally e Somir divergem sobre o papel mais aceitável…

Tema de hoje: É aceitável pedir papel higiênico para terceiros?

SOMIR

Não é agradável, não é motivo de orgulho, mas dadas as seguintes circunstâncias é mais do que aceitável! A vida é feita de escolhas, a vida é feita de comprometimentos com seus ideais… E podem me chamar de romântico incorrigível, mas manter minha bunda limpa é um desses ideais.

Mesmo que exista um preço a se pagar por isso. Reconheço que não é um dos momentos mais glamourosos da vida berrar pela porta do banheiro que precisa de um rolo de papel higiênico, mas ignorar completamente sua humanidade por um senso de dignidade distorcido também não diz maravilhas sobre você.

Sempre considerei o papel higiênico uma das maiores invenções da humanidade. Frequentemente negligenciado por sua função desagradável no imaginário popular, é definitivamente uma das idéias mais brilhantes da humanidade. Uma que nos carregou a uma nova era de cus menos fedidos no dia-a-dia. Vamos cagar em cima da evolução social e tecnológica humana por medo de descobrirem que cagamos?

Ah, vá à merda!

Pensemos numa situação possível: Você acaba de fazer sua arte barroca, pintando a porcelana. Aquele alívio que só um intestino seguro de ter cumprido sua missão dá lugar ao desespero ao se notar que não há mais papel higiênico no rolo… E agora? Temos uma bunda cagada e uma tragédia anunciada!

Primeira idéia: Adeus, meia! Mas… isso só funciona em alguns casos específicos, e mal e porcamente, para completar. Se você está usando uma meia branca comum, o tecido consegue absorver os resíduos, até mesmo se eles forem mais líquidos que o normal (Diarréia atrai falta de papel, lei de Murphy…). Mas nem sempre estamos de tênis. Principalmente no caso das mulheres… E várias meias são feitas de tecidos mais finos e elásticos, que além não coletar merda ainda fazem o desfavor de espalhá-la mais ainda.

E para completar, convenhamos que é uma oferta de área útil muito limitada. Duas meias, frente e verso. Mas é tecido, capaz do verso já estar irremediavelmente amarronzado quando você finalmente puder utilizá-lo.

O mesmo vale para a maioria das outras peças de roupa que acabam se tornando vítima da falta de papel. Falta espaço e nem todos os tecidos servem para isso. E reze para o banheiro ter lixo. Resultado: BUNDA SUJA.

Segunda idéia: Água! Parece a solução mais higiênica, mas as coisas não cheiram tão bem assim na realidade. A primeira idéia é o bidê, caso você o tenha por perto… Mas sem usar o papel antes, grandes riscos de você soltar micro-toletes (os famosos Tarzans de pelo de cu) no fundo da porcelana, e eles tem o péssimo hábito de ficar onde pousam. Uma pequena distração e a próxima pessoa que usar o banheiro vai ter a maravilhosa oportunidade de ver um pequeno pedaço do seu almoço do dia anterior depositado no fundo do bidê.

E jamais nos esqueçamos: O cidadão (ou cidadã) não vai enfiar a bucha da privada no rabo para fazer o serviço, vai ser na mão mesmo. Sexy. Essa pessoa vai secar a mão na toalha do banheiro e usar o sabonete da pia? Que bênção!

E sem o bidê na equação, temos a nefasta possibilidade da pia. Imagine a cena: A pessoa fazendo conchinhas com água da torneira e se limpando enquanto aquela água cagada escorre livremente pelas pernas. Se não for esperto para tirar a meia, é mais ou menos como utilizar a primeira opção sem o bônus de jogar a meia fora.

Fica também a possibilidade de tomar um banho completo: O que depende de se estar num banheiro com chuveiro. E como a idéia original era cagar, duvido que se tenha uma toalha à disposição. Pedir uma toalha é mais digno, mas não engana o elemento externo… É capaz até da outra pessoa achar que você cagou nas calças. Lá se vai o fator “não tenho cu”.

E outra: Prefiro mil vezes entregar papel para alguém do que imaginar que essa pessoa limpou a bunda cagada num chuveiro que eu pretendo usar. Água é um passo posterior ao papel.

O resultado de usar a água pode ser uma PORQUICE ou mesmo a CONFIRMAÇÃO que você estava lá para cagar.

Uma última idéia: Mão marrom. Nem preciso dizer como isso joga muito mais contra a presunção de dignidade de um ser humano do que pedir um rolo de papel, não?

O certo é largar de frescura e usar a opção mais higiênica. Nem que isso te exponha ao “ridículo” de assumir que tem funções fisiológicas como qualquer outro ser humano.

Uma pessoa digna escolhe o caminho mais digno NO CONJUNTO DA OBRA(da), e não apenas na visão de outras pessoas. Erguer a voz e pedir por um rolo de papel higiênico te exporá como ser humano cagador, mas pelo menos demonstrará sua determinação em se manter limpo.

A longo prazo é melhor entregar alguns rolos de papel higiênico do que ficar imaginando que cheiro estranho é aquele na sala… Merda fica no banheiro! E longe da pia, bando de porco!

O correto mesmo é prestar atenção se tem papel no banheiro antes de arriar as calças, mas todos sabemos que em alguns momentos da vida esse é um luxo com o qual não podemos contar: Nossas calças estão em jogo.

Não inventaram meias ou pias para limpar a bunda, inventaram o papel higiênico, parte do grupo de coisas que nos diferenciam dos animais irracionais. E eu faço questão de honrar nossa tradição racional.

Olhos podem ser fechados, respirações podem ser seguradas… Só vê e cheira o produto final dos outros quem QUER.

Para me chamar de porco para fazer pose na internet, para me perguntar se eu pedia papel para a Sally, ou mesmo para sugerir formas mais eficientes/nojentas/criativas de limpar a bunda sem papel: somir@desfavor.com

SALLY

Lá está você, sentado(a) no troninho, obrando. Acaba o processo desagradável de soltar um tolete e você se depara com aquela verdade que causa aquela sensação de desamparo, como se a alma estivesse escorrendo pelo pé: não tem papel. Qual é a sua reação? Isso nos leva ao Ele Disse, Ela Disse de hoje: Se acaba o papel higiênico no banheiro, você pede para alguém de fora?

Uma das coisas que eu mais prezo nesta vida é dignidade. Sim, eu acho indigno você, toda cagada, pedir aos berros (porque vamos combinar que você não vai se levantar e ir até a pessoa com as calças arriadas e a bunda suja) para trazer papel. Principalmente quando esta pessoa for o seu parceiro, ou seja, uma pessoa que, presume-se, fará sexo com você poucas horas mais tarde. Não há condições.

Existem momentos em nossas vidas que, apesar de todos nós sabermos que existem e que acontecem com todo mundo, não devem ter a participação de terceiros. Muito pelo contrário, terceiros não devem sequer se lembrar de que este momento existe. Solicitar os préstimos de terceiros para viabilizar sua limpada de bunda depois de cagar fere a dignidade da pessoa humana. Ninguém tem que lembrar que você caga, muito menos saber quando está cagando.

Há outras opções. Sempre há outras opções. E todas elas me parecem melhores do que gritar por terceiros! Sei lá, toma um banho. Limpa com notas de dois reais (foi o Jacinto que uma vez contou nos comentários uma história muito engraçada sobre alguém ter limpado a bunda com notas de um real? queria ouvir essa história em um Desfavor Convidado). Tira a meia, limpa com a meia e depois joga fora. Dá um jeito. Tudo é menos indigno do que pedir auxílio externo, sabe porque? Porque o que quer que você faça para se limpar, o fará na privacidade do banheiro e ninguém nunca vai saber.

Não é inofensivo uma pessoa levar papel higiênico para outra pessoa toda cagada. Equacionem a cena: primeiro a pessoa vai saber QUANDO você está cagando. Sabemos que todo mundo caga e todo mundo fode, mas é extremamente constrangedor saber o exato momento em que a pessoa está cagando (ou fodendo). Excesso de informação. Segundo que quando a pessoa se aproximar para te entregar o papel (ainda que ela não entre no banheiro), vai sentir aquele aroma floral. Ninguém tem porque cheirar o seu cocô. Levar papel para uma pessoa que acabou de cagar é constrangedor e desconfortável tanto para quem demanda como para quem provê o papel.

O tamanho do vexame é inversamente proporcional ao grau de intimidade que se tem com a pessoa. Ao pensar neste tema fascinante de total relevância para a humanidade, provavelmente você se imagina pedindo papel higiênico para sua mãe ou para sua irmã. Pois bem, esta seria uma exceção, pois se você estivesse em uma casa onde tivesse total intimidade com o anfitrião poderia tomar um banho sem constrangimentos ou abrir os armários em busca de papel. Pedir papel a um familiar próxima continua sendo inaceitável, apesar de que algumas pessoas bizarras fazem questão de ter uma relação de total evasão de privacidade com a família. Existem coisas que são personalíssimas. Não devem ser compartilhadas nem com seu irmão gêmeo siamês. Você faria sexo na frente da sua mãe? Você faria sexo na frente da sua irmã? Cagar está nesse grau de privacidade na minha opiniãom e quem discordar de mim está mais perto de ser bicho do que de ser gente. (e lá vai alguém nos comentários dizer que eu disse que cagar e fazer sexo é a mesma coisa… aff).

Atentem como tudo piora quando se está na residência ou no consultório de uma pessoa com a qual não temos muita intimidade. Novamente quero frisar que a existência de intimidade não justifica o ato. Roubar um real ou roubar um milhão são crimes da mesma forma. Mas é inegável que a falta de intimidade piora as coisas. Realiza você berrando por papel na casa de um mero conhecido ou no consultório do seu dentista. Para começo de conversa, você NEM DEVERIA ESTAR CAGANDO LÁ, ok? Pessoas com semancol tem uma trava anal imaginária e involuntária que tampona seu cuzinho quando estão fora de casa. Pessoas dignas só cagam em casa e não me importa o quanto eu vou ser criticada por essa frase.

Mas supondo que você seja um hippie anal, super liberal e desprendido com essa questão e saia cagando sem a menor cerimônia em locais estranhos tal qual uma vaca ou um cavalo. Ciente disso, você deveria andar com um pacotinho de lenços de papel no bolso ou algum outro material de emergência. Supondo que além de hippie anal, você seja relapso e desprevenido e não ande com nenhum lenço, ainda assim, pense na vergonha recíproca que pedir papel vai implicar. Pense nos efeitos irreversíveis de perda de dignidade. Pense nos comentários que as outras pessoas que estão no recinto farão, pense no constrangimento e na fama de sem noção que você ganhará. É uma mancha na sua dignidade que não se apagará mais.

Pense, antes de fazer um estrago irreversível. A gente nunca sabe quem está nos vendo. A pessoa que hoje lhe leva um papel higiênico enquanto sua bunda está melada pode ser seu chefe ou sua esposa no dia de amanhã. E mesmo que você nunca mais veja esta pessoa, dignidade é como confiança: uma vez perdida, demora-se anos para reconquistar.

Solictar auxílio de terceiros para qualquer ato que envolva defecção em qualquer fase do processo é FUCKIN´ INACEITAVELMENTE SEM NOÇÃO, e se você não pode ver isso, bem, lamento informar mas você não é bem resolvido e sim um porco sem noção que paunocuza os outros com situações constrangedoras.

Para dizer que lamenta que o número de comentários em postagens como esta seja superor aos comentários de postagens de cunho político e social, para dizer que seu comparo cagar com sexo devo ter merda na cabeça ou ainda para dizer que sem noção é a pessoa que faz o desfavor de deixar seu banheiro sem papel higiênico: sally@desfavor.com