Esse é o cheiro da popularidade!Eu odeio micareta. “Mas Sally, você não gosta de axé? Você não dançava axé?”. Sim, e axé não é micareta. E micareta, ao menos no Rio de Janeiro, virou um LIXO intransitável. Por favor me digam que não é assim em outros estados!

Primeiro vamos esclarecer um conceito para que eu não pareça hipócrita: micareta NÃO É axé. Geralmente as músicas de micareta são bem diferentes do axé convencional, o chamado “pagode baiano”. O que costuma tocar em micareta é Chiclete com Banana, Asa de Águia e outros bostas que deveriam morrer incendiadas. Eu ODEIO micareta e eu ODEIO música de micareta.

Pode ser que você ache tudo igual, porque vamos combinar, do Espírito Santo para cima, tudo parece muito igual (praias, sotaque etc), mas não é. Geralmente a música de micareta começa com aquela guitarrinha baiana tenebrosa que faz você sentir vontade de arrancar as orelhas e guardar dentro da bolsa. Música de micareta tem aquele refrão simplório repetido à exaustão. Na micareta o cantor canta músicas de todo mundo, na maior promiscuidade musical. Não toca a música da banda, tocam as músicas que estão fazendo sucesso nesse meio. Tem grandes solos instrumentais no meio da música. As músicas dificilmente tem trocadinhos pornográficos, até porque, as músicas dificilmente fazem sentido, são um amontoado de frases desconexas (Quero chiclete! Chiclete! Quero chiclete! Chiclete! Quero chiclete! Chicleteeeeeee!). E micareta não tem dançarina.

Hoje qualquer aglomerado de gente para assistir um artista que seja baiano e considerado micareta no Rio de Janeiro. Tremendo desfavor! O nome remete a bebedeira e putaria, sabe como é, vende bem. Artistas que cantam pagode baiano são sugados pelo termo “micareta”. Infelizmente. Som de micareta, na concepção original da palavra, nunca seria É o Tchan ou coisa do tipo. Exemplos de músicas de micareta: “Quebra Aê”, “Dança da Manivela”, “Sou praieiro”, “Quero Chiclete” e “Diga que valeu”. ISSO NÃO É AXÉ. Ponham isto na cabeça de vocês. Isso consegue a proeza de ser ainda pior, mais irritante e mais pau no cu do que axé.

Dito isto, vamos começar a explicar como funciona uma micareta. A primeira coisa que você tem que saber é que os organizadores das micaretas são sádicos. Primeiro eles escolhem locais ABERTOS, geralmente locais ao AR LIVRE para organizar o evento. Ou seja, se chover você se molha e se enche de lama e se fizer calor você sua feito um porco e toma sol na moleira. E geralmente é feita em locais afastados também, de modo que você tenha que se deslocar escrotamente para chegar lá e passar um perrengue da porra para voltar para casa.

O “convite” de entrada da micareta é uma camiseta HORROROSA, larga e sem forma, em cores fluorescentes que não combinam entre si chamada “abadá”. Para entrar na porra da micareta você passa calor, vai até o cu do mundo e ainda vai mal vestido, usando seu abada de forma compulsória. Daí tem as pessoas que “customizam” seu abada. Cortam, colocam paetês, ajustam, enfim, mexem no modelo. Porque o original parece uma camisa de jogador de basquete. Evidente que o que já era brega fica pior ainda depois da customização.

Porque tem disso. Ao menos aqui no Rio de Janeiro, a micareta consegue um estranho fenômeno: custa caro (pode chegar a mais de cem reais por pessoa a entrada) e ainda assim atrai MUITA GENTE FEIA e mal cuidada. Não me perguntem como, acho que tem um guichê secreto na entrada onde dão desconto de 99% para baranga e barango. Quanto mais parecido como Belo menos paga. Daí vem as gordas com seu abada todo customizado até virar um FUCKIN´ TOP com uma barriga que poderia ser uma gestação de sete meses e um piercing soterrado no meio das dobras, tentando despontar do umbigo, se achando muito gatinhas. E se falar que não é inveja. Claro que se você perguntar ninguém vai te dizer que tem um piercing no umbigo e sim um “pirçi nu imbigo”. São tipo um bando de Carlaum (lembram dele? Tá sumida essa porra, ainda bem) só que de batom vermelho menstruação e cabelo alisado. Mas aquele alisado com uma marquinha na altura do rabo de cavalo, saca? Bem daquela que não podia prender nos três primeiros dias e prendeu, marcando para sempre o local do rabo. Não bastasse isso, ainda tem um denominador comum: O CABELO CHEIO DE KOLENE.

Porque sim, Niely Gold é luxo. O que bomba na micareta é o Kolene. Alguém aqui já cheirou kolene? Vou te falar, aquela porra não é de Deus não. Aquele cheiro de plástico adere às narinas e nem cheirando café aquilo sai. Sabe quando você passa horas numa rave e chega em casa ainda escutando aquele “tuntz, tuntz, tuntz”? O Kolene é isso, só que no nariz. Além do maldito Kolene e do pirçi no imbigo, tem também as Fail Tatoos. Tu jura que neguinho fez aquilo numa carceragem de segurança máxima com uma bic e uma seringa enferrujada. As tatuagens que eu já vi em micareta são as mais bisonhas que já vi na vida. E olha que eu lido com preso diariamente. Micareteiros não são tatuados, são LEGENDADOS, de tão obvias e escrotas que são suas tatuagens. Não existe a palavra sutileza nem sofisticação. “Sua ENVEJA é a velocidade do meu sucesso” nas costas ou ainda “Se você é chicleteiro Deus te abençoa, se você não é, Deus te perdoa” na testa. Tem de tudo.

Claro que tem gente bonita em micareta. Tipo, 10%. A esmagadora maioria é feia e inconveniente. A esmagadora maioria usa roupa que não é tolerável para seu tipo físico. “Mas Sally, o que importa é a pessoa se sentir bem com ela mesma, usando a roupa que for”. Hippie do caralho, morra! MORRA! Não volte mais no Desfavor, não queremos gente como você aqui. Tem roupa que não fica bem em certos biotipos e pronto. Não falo só das gordas. Não pode uma pessoa de um metro e meio (tipo eu) usar uma calça saruel porque não tem outra: vai parecer que está com uma fralda cagada. Usar o que quer é o caralho, as pessoas tem que ter bom senso de se vestir conforme seu tipo físico. E as pessoas da micareta não tem. Shiryu feelings, vontade de meter meus dedos nos meus olhos até me cegar só de lembrar da última micareta que tive que ir. E vou te falar, o IBH (Índice de Baranga por Humano) é tão elevado, mas tão elevado, que nem o camarote VIP se salva. Micarta é o único evento onde eu contabilizei mais gente feia do que bonita no camarote.

Se as mulheres são a treva, os homens são um barro. Os homens todos em carros BREGAS, seja pelo modelo, seja pela cor, seja pelas presepadas que ele colocou ao tunar o carro. POR DEUS que recentemente eu vi um Escort amarelo conversível estacionando em um evento desses e o motorista do veículo saindo todo todo. Parecia um táxi dos anos 80, mas ele tava se achando o máximo. Amarelo ovo aquela porra. Isso quando o carro não tem um neon no pára-choque ou um adesivo que provoca Shiryu Feelings. Aliás, os homens de micareta são fáceis de reconhecer mesmo longe de seus carros: montanha de músculos, tatuadérrimos (obrigatório um mega-dragão nas costas ou no braço), sem camisa e com um boné que só pode ser retirado por intervenção cirúrgica. E claro, uma latinha de cerveja na mão que nem com intervenção cirúrgica sai, só amputando o membro mesmo. Entretanto, incapazes de se expressar. Quando em bandos, parecem símios. (ihhh… vou ser processada… PELOS SÍMIOS).

Quem vê até pensa que são de alguma forma uma “geração saúde”, afinal, tudo sarado, tudo sem camisa, tudo saindo de dia… Porra nenhuma. Tudo podre de bombado, anabolizados até o último pentelho, bebendo que não se agüentam (RIP fígado) e na melhor das hipóteses, cheirando lança perfume. São uma geração APARÊNCIA e não uma geração saúde. Faz um hemograma completo e eles serão mais reprovados do que se fizessem vestibular de medicina. Porque tem dessa, eles praticamente não sabem falar. Metade do que dizem é gíria, a outra metade é erro de concordância. Grandes dificuldades para concatenar uma frase (quem dirá idéias). É comum ver o uso de palavras como muleta enquanto se ganha tempo para pensar “Tá sabendo? A parada tá maneira, tá sabendo? Muito maneiro, tá sabendo?”. TÔ, TÔ SABENDO SIM, MEU FILHO, to sabendo que tô com vontade de enfiar um dicionário no seu cu pra ver se assim entra alguma coisa. E tem também as palavras coringa, que são tiradas do pequeno cérebro do tamanho de um caroço de uva quando eles não se lembram da palavra original: “Fui lá pegar a paradinha, porque sem a paradinha não dá para coisar o trequinho e sem o trequinho não tem aquele negócio”. Pensando bem… a micareta é o de menos, gente. O que deveras me entristece é que essas porras VOTAM e CRIAM FILHOS.

Considerando o nível intelectual, a gente já depreende que cantada mais sofisticada que você vai escutar em uma micareta, com sorte, é algo do tipo “seus corno é show” ou “já é ou já era?”. Digo com sorte porque neguinho nem se dá ao trabalho de dialogar, chega junto, chega chegando, chega beijando. É tipo um grande supermercado de gente ali exposta e você vai e pega o que gostar e prova. Se não gostar devolve. Se gostar fica uma ou duas músicas depois dá um perdido dizendo que vai ao banheiro ou pegar bebida e fica com outra pessoa. Sim, pessoas com mais de trinta anos acham bacaníssimo “pegar” vários em uma mesma noite (grandesmerda pegar mulher na micareta, coisa difeeeeeeeciu…). Herpes Contest: GO!

Claro que o evento não começa na hora marcada. A banda que vai tocar sempre atrasa. Enquanto isso fica um DJ ou coisa parecida tocando umas musiquinhas para animar o pessoal, ou seja, neguinho bebendo pra caralho e suando pra caralho. Receita de sucesso para ficar com alguém com dignidade, viu? Quando a banda finalmente entra, geralmente em um trio elétrico (um palco móvel, tipo um caminhão com a caçamba aberta só que maior), as pessoas já estão bem transtornadas e fedidas. Eu sempre torço para o trio atropelar um, mas infelizmente isso quase nunca acontece. Se tiverem vídeos de micareteiros sendo esmagados pelo trio, posta nos comentários que eu vou ao delírio.

Vamos às músicas. Se começa a tocar uma música famosa, e geralmente elas começam pelo refrão (de uma complexidade lingüística impressionante), os micareteiros até dançam o refrãozinho, fazem a coreografia, mas, passado o refrão, bate toda uma bipolaridade e eles começam do nada a rodar, correr de um lado para o outro e se jogar uns contra os outros. Sabe hippie em festinha quando toca “Ob-La-Di, Ob-La-Da”? É mais ou menos isso só que mais frenético. Pulam de forma desordenada, gritam, se sacodem. Se levar um pastor rola um exorcismo. Lá pelas tantas sempre começa uma porradaria.

Mas não vai pensando que porrada de micareta é aquela porrada organizada do rock n´roll, onde neguinho abre uma rodinha e entra quem quer. Briga de homens é para fracos, micareteiro não discrimina, bate inclusive em mulher. É porrada para todo lado. Eu atribuo mais ao calor do que à bebida, há estudos que o calor deixa os animais irritadiços. Quando começa uma porrada em micareta ninguém nem percebe, pois a massa está se portando de forma surtada e desordenada quase o tempo todo. Os micareteiros pulam, pulam e pulam. Também pudera, não dá para dançar quando tem o sovaco de um na sua orelha, a bunda de outro no seu peito e o cotovelo de outro na sua costela. Eles ficam em um curralzinho sempre calculado para ser menor do que a quantidade de pessoas que comparecerão, para que o evento pareça cheio, de modo que parecem gado confinado. E o cheiro? Melhor não falar do cheiro. Já passou ao lado da jaula do elefante no Zoológico? Pois é, é pior. Dá vontade de dar um peidinho para melhorar o aroma do local. E quando tem jatos de água para refrescar as pessoas? O cheiro de cachorro molhado é de lascar. Neste ponto, rola um Michael Jackson Feelings, vontade de tirar fora o próprio nariz.

Impossível travar um diálogo qualquer em uma micareta. Além do sujeito Made in Salvador berrando no microfone e do populacho no cio pulando e se debatendo, as pessoas entram em um frenesi, em um estado de transe que ninguém vê ninguém, ninguém fala com ninguém. O máximo de contato que pode ocorrer é que do nada dois estranhos se engatem e comecem a se beijar, mas diálogo que é bom, nem pensar. Se precisar perguntar a alguém onde e o banheiro, por exemplo, você tá é muito fodido.

Aliás, deixa eu reformular a frase: se você precisar IR ao banheiro, mesmo que saiba onde fica, você tá é moooooito fodido. Primeiro que tem grandes chances de ser aquela coisa nefasta e insalubre chamada banheiro químico. Segundo que com tanta gente bebendo, vai ser mais higiênico baixar as calças e se aliviar ali mesmo, porque em dez minutos os banheiros ficam irrespiráveis. Então você pode escolher: desidratar num calor da porra e não beber nada para não ter que usar banheiro químico (opção digna, porém nociva à sua saúde) ou beber o quanto quiser, até mesmo uma skol mega-diurética e ser mais uma daquelas mulheres nas quais eu meto o pau porque abaixa as calcinhas e mija nos cantinhos locais públicos (nocivo à sua dignidade). Não, usar o banheiro químico não é uma opção. [momento Sally Surtada] Se você, Amiga calcinha, optar por mijar em um cantinho, não se esqueça de pedir para seu par lhe fazer sexo oral na saída, no carro, toda suada e mijada. E se ele se recusar chame-o de FRESCO e viado para meio mundo, como ele faria se fosse o inverso. [/momento Sally Surtada].

Em resumo, micareta é caro, desconfortável, com música ruim, onde não dá para dançar, não dá para conversar, não dá para usar o banheiro, onde se sua feito um porco e onde a maior parte das pessoas é feia, brega e burra. PORQUE, GEZUIZ, PORQUE MERDA AS PESSOAS FREQUENTAM MICARETAS?

Tira o álcool e vê quantos vão. Tira o lança perfume. Porque a BABACA aqui não bebe, não fuma e não usa nenhum tipo de drogas (tirando a camisa da Seleção Argentina). Quero ver encarar uma micareta de cara limpa. Não fica nem meia dúzia. Neguinho vai pela putaria, e como neguinho é FROUXO TODA VIDA (W.O. LAND = Rio de Janeiro), neguinho só consegue equacionar uma putaria se beber todas e/ou usar drogas. TIRA, TIRA A SKOL PRA VOCÊ VER QUANTOS CONTINUAM INDO. TIRA TODA A BEBIDA E TODO E QUALQUER ENTORPECENTE e me conta se lota essa porra.

EU O-D-E-I-O micaretas, do fundo da minha alma, do âmago do meu ser, da profundeza das minhas entranhas. EU ODEIO MICARETA tanto quanto eu odeio os programas de humor de Globo, tanto quanto eu odeio o Palermo e tanto quanto eu odeio o casal escrotinho Huck (Lucianohuckização das relações sociais? Lobão, um beijo na sua alma, tu é um escroto drogado ultrapassado, mas não tem como não te amar por um segundo depois dessa declaração que você deu).

Em outros estado micareta é essa mesma porra escrota? Comentem ou escrevam um Desfavor Convidado sobre o assunto. Se forem preguiçosos, ao menos façam alguma coisa de útil e coloquem um link para esta postagem em alguma comunidade do Orkut de micareteiros fanáticos do Rio de Janeiro – vamos apostar se eles ofendem com mais ou menos eloqüência que os fãs de Justin Bieber?

Para tentar me tirar do sério dizendo que acha que as músicas do É o Tchan são iguais às do Chiclete com Banana, para dizer que você não foi e não pretende ir a uma micareta e não entende porque merda EU fui e para perguntar se tem Siago Tomir na micareta: sally@desfavor.com

fotoPoderia ser um Desfavor Explica. Pensei em fazer um Desfavor Explica, com caráter didático, citando as diversas formas de aquisição da propriedade no direito brasileiro e explicando o porque de cada norma, explicando as regras de ocupação do solo urbano e também os mecanismos de regularização fundiária. Mas não vou, porque o que existe a respeito vem se mostrando INSUFICIENTE, então, não quero passar informação, quero TROCAR IDÉIAS para tentar ajudar a melhorar a situação urbana do meu Estado. É um assunto muito complexo para jogar juridiquês, além disso a opinião de vocês sobre os fatos concretos me interessa muito mais do que a opinião de vocês sobre a lei.

A regularização fundiária vem sendo muito discutida atualmente. O que fazer com pessoas que ocupam desordenadamente o solo urbano? Pessoa que constroem onde não pode, porque onde pode não cabe mais gente… o que fazer com eles? O primeiro impulso é o da remoção: “passa o trator por cima desses caras, eles não pagaram, não são proprietários”, dizem os leigos. Porque tem dessa. Já comentei isso aqui outras vezes. Direito é a única carreira onde leigos opinam com toda a certeza. Vê se alguém leigo em medicina chega e diz “não seria o caso de cateterismo e sim de uma safena, tenho certeza” para um cardíaco. Não diz. Mas quando se trata de lei, as pessoas tem a arrogância de achar que estas devem casar com SEU ideal de bom sendo. E não é assim, quando surge uma lei é porque existiu uma demanda social de interesse coletivo antes que compeliu o legislador (Florentina, Florentina, Florentina de Jesus…) a criá-la.

Então, antes de sair fazendo esse discurso anos 80 de “se não pagou não é proprietário”, ESTUDE. Não é isso que diz a lei. Antes da Constituição de 1988 era assim. Depois surgiu uma vírgula, uma ponderação, chamada FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE. Em um resumo muito Bonner Simpson, isso significa dizer que, não basta pagar pelo imóvel, não basta ter comprado o imóvel, para que se tenha assegurado seu direito de propriedade. Além disso, é necessário dar uma destinação a este imóvel, ele deve cumprir sua FUNÇÃO SOCIAL, que seria, primordialmente moradia nas cidades e plantio no campo. Então, se você comprar um imóvel mas não der destinação a ele, o deixar abandonado por bastante tempo, está arriscado a perdê-lo para alguém que lhe dê destinação.

Antes que você comece a me chamar de comunista e feche o blog e vá ler a Veja, me escute até o final e me diga se não faz sentido. É fato que vivemos um excesso populacional no mundo. É fato que muitas cidades estão abarrotadas e não existem moradias suficientes para todos os seus habitantes. É fato que muito em breve pode ocorrer escassez de alimentos porque somos muitas boquinhas famintas para alimentar. Como pode um Estado nestas condições se dar ao luxo de manter áreas abandonadas? Acabou o pensamento individualista de “Foda-se, eu paguei, é meu, se eu quiser eu deixo abandonado, eu taco fogo ou eu faço um show do Fábio Jr. no imóvel”. Não, o Estado interveio e decidiu que existem limites em nome do BEM ESTAR DA COLETIVIDADE.

Tudo bem, agora você não me acha mais comunista, me acha uma cruza de Pollyana com um Teletubbie retardado. Mas acredite, há real necessidade de começar a se preocupar com isso. Uma pessoa sem moradia é uma pessoa que pode colocar uma arma na sua cabeça, na cabeça do seus filhos ou dos seus pais no meio da rua. Uma pessoa sem moradia não tem os direitos mais básicos, nem mesmo direito a crédito. Além disso, moradia é um direito fundamental assegurado pela Constituição. Se a pessoa não tem, o Estado deve assegurar este direito. EVIDENTE que isso não acontece, sabe como é, aqui é Brasil. Até entendo o Estado não dar moradia a todos os que precisam. O que eu não entendo é ver o povo batendo palmas para quando o Estado não apenas não dá como ainda tira. Cabecinha anos 80, só é seu se você comprou e pagou por ele.

Pois eu tenho uma novidade para vocês: a compra é apenas UMA das muitas modalidades de aquisição de bens imóveis (se estiver curioso e quiser aprofundar, art. 1.238 e seguintes do Código Civil). Existem outras formas. Uma delas trata de um instituto chamado usucapião. Por favor, jamais digam usucaMpião, esse M não existe e eu quase tenho um AVC quando escuto usucaMpião. Antes que você comece com seu discurso que a lei brasileira só serve para recompensar vagabundo, me deixe explicar até o final. Apague da sua mente aquela imagem de um grupo do MST entrando em uma fazendo com foices e expulsando o proprietário. Não é nada disso.

O que diz a lei, em uma simplificação muito grosseira, porque é um assunto cheio de regrinhas e detalhes, é que se um imóvel estiver abandonado por muitos anos (na melhor das hipóteses, pelo menos cinco anos e na pior por quinze anos) e se ele for ocupado atendendo a uma série de regras (por exemplo, o proprietário não pode ter reivindicado o imóvel em momento algum de volta) que só beneficiam quem realmente tem uma necessidade (por exemplo, não tem direito quem já for proprietário de outro imóvel) real e boa-fé (por exemplo, a ocupação não pode ser fruto de violência, não pode ser escondida ou disfarçada nem pode ser enganando ou coagindo o proprietário).

Eu lhes asseguro que é praticamente impossível que um “vagabundo” se beneficie com isto. A pessoa tem que estar residindo no imóvel por, pelo menos cinco anos (entre cinco e quinze, dependendo do caso) e deve comprovar isso. A pessoa tem que estar cuidando do imóvel. A pessoa tem que cumprir uma série de requisitos formais e pessoais que impedem qualquer armação. Caso o proprietário queira impedir isto, existe um processo judicial rigoroso onde o proprietário é ouvido e pode se defender, apresentar provas. Não é A La Fidel Castro, “Perdeu Preibói” e toma tomando o imóvel do cidadão.

Pense comigo, se uma pessoa é dona de um imóvel e o mantem abandonado (e abandonado é nem sequer pisar nele, por exemplo, um imóvel com um caseiro não está abandonado!), a ponto de uma família se instalar e ali permanecer por FUCKIN´ CINCO ANOS e o proprietário não mover uma palha para tirar eles de lá, é sinal que ele está cagando solenemente para este imóvel. O mundo está abarrotado demais de gente para que um ser humanos possa se dar ao luxo de adquirir um imóvel e deixá-lo trancado, abandonado por anos e anos a fio. ERA um direito fazer esse tipo de coisa, hoje não é mais. Da mesma forma que era um direito do Estado prender, bater e torturar e hoje não é mais. Então, se uma pessoa tolerou outra família morando no seu imóvel por tanto tempo, sendo que isto poderia ser facilmente constatado com uma mera visita ao imóvel, sinal que, tacitamente, está abrindo mão do seu direito de propriedade. Não quer perder seu imóvel? Cuide dele. Se você flagrar uma família morando no seu imóvel antes que eles completem pelo menos cinco anos no local, pode retira-los imediatamente com uma ação judicial.

Quer se divertir mais um pouco? Primeiro que a palavra usucapião é FEMININA, sim, é A usucapião (a prescrição aquisitiva). Segundo, ela se da pelo mero decurso do prazo, a sentença judicial apenas declara uma coisa que já está consolidada. Ou seja, se você preencher os requisitos e passar cinco aninhos sem ser importunado pelo dono em um imóvel abandonado, JÁ É DONO, mesmo sem ação judicial. Realiza quanto dono de terreno tem por aí. Agora quer rir mais ainda? As terras públicas não são passíveis de usucapião. Só as particulares.

Eu queria falar de outras formas de aquisição da propriedade para que vocês entendam todas as modalidades, mas sabe como é, quatro páginas. Isto foi só para ver se ao menos alguns param de repetir que lei brasileira beneficia vagabundo e dá terra de graça para qualquer um que entra na casa dos outros. Não é assim que a banda toca, não repita isso ou fará papel de ignorante.

Em área particular não tem conversa: acaba virando proprietário. O grande problema surge quando as pessoas ocupam áreas públicas, que não podem ser usucapiadas. Daí surge o dilema do Poder Público: regularizar ou remover? Hoje em dia, nem um nem outro: tocam a pessoa para fora e pagam o chamado “aluguel social”, que na verdade tem previsão legal para situações transitórias de caráter emergencial e vem sendo usado como solução definitiva, gerando uma massa que ganha mesada, tipo bolsa-moradia, INSUFICIENTE (cerca de R$ 300), ou seja, onera os cofres públicos e as pessoas continuam sem teto para morar. Isso tem que mudar. Mas como? O que fazer? E tenho um sonho… mas ele não cabe aqui porque o Somir é um tirano fdp que me obriga a escrever só quatro páginas. Fica pra próxima.

Vamos para outra polêmica: área de risco. Todo ano desaba casa com gente dentro no Rio de Janeiro. Todo ano as autoridades culpam os moradores que construíram barracos ali. O que o Município esquece é que tem competência para vigiar e gerir o solo urbano, portanto, é seu DEVER impedir estas construções. Em vez disso, o Município faz vista grossa e ainda cobra IPTU, como fez com os moradores do Morro do Bumba, que desabou todo no ano passado (lembram?). E por força de lei (vale para o Rio de Janeiro, desconheço como é no resto do país), em caso de remoção de comunidades já consolidadas (aquelas que estão no local por anos), é preciso que se providencie o reassentamento em local próximo, ou seja, no mesmo bairro. Já que o Município não cumpriu sua função de fiscalizar e impedir estas construções, não pode punir as famílias jogando-as em locais distantes, o que afastaria as crianças das escolas nas quais estão matriculadas, os pais de seus trabalhos, etc, etc. Daí eu te pergunto: como reassentar os mais de cem mil moradores da Rocinha no bairro de São Conrado? VOCÊ ACHA que um dia o Município vai dar casa para cem mil pessoas em São Conrado?

Claro que estão tentando mudar essa lei. Imagina se isso vai ser colocado em prática no Rio de Janeiro, onde todo bairro, por mais rico que seja, tem ao menos um morro com uma favela por perto. Negativo. Ninguém quer favelado morando ao seu lado no asfalto. Então, o que fazer? A Constituição diz que é obrigação do Estado assegurar o direito de moradia a todos, a lei diz que o Município deve fiscalizar e coibir imediatamente qualquer ocupação em áreas de risco e na prática o Município vai lá e em vez de remover cobra IPTU deles. O que fazer? Passar o trator e jogar 10 mil, 30 mil famílias na rua? Isso vai ser bom para a sociedade? Será que isso não vai aumentar a violência urbana, o número de crimes? Anota aí: não dá para viver BEM em um MUNDO QUE NÃO ESTÁ BEM. Não vai achando que porque você fez o seu tudo vai ser lindo. Quando o mundo está uma merda, a merda chega na gente. O que fazer? As autoridades não sabem. Eu tenho sugestões, mas quero ouvir as de vocês.

Tem também outra polêmica: gente x meio ambiente. Complicado. Tirar uma pessoa para o passarinho poder morar é dose. Mas ao mesmo tempo, tem o outro lado: se a gente foder muito com a natureza, ela vem e se vinga, e quando a fúria da natureza dá um “oi”, não escolhe classe social. Por mais que eu odeie a natureza, sei que precisamos dela para nos manter vivos. O que fazer com pessoas que ocupam áreas que são consideradas de proteção ambiental? E gente que ocupa aquela área há décadas? E se forem índios, que ocupam a séculos e só sabem viver ali? (para quem não sabe, índio desmata e extingue espécies pra cacete, tá? leiam “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” – Leandro Narloch, ajoelhados no milho!). E se o Estado autorizou a pessoa a morar ali em uma época que não havia essa noção de ecologia mas agora descobriu que pode ser prejudicial, o que faz? Remove? Tem que dar outra casa? Eu sei que tem muitos amantes da natureza aqui, mas não me desce tirar gente para bicho poder morar e planta poder crescer. Foi mal. Não que eu ache que tenhamos que destruir o planeta, sei lá, faz uma compensação ambiental e planta um zilhão de mudas de árvores em outro local para tentar reequilibrar a situação, mas gente vale mais do que bicho. Bem, quase sempre…

Temos ainda outra grande polêmica quando se trata de ocupação desordenada dos grandes centros urbanos: como convencer as pessoas de que cidades como Rio e São Paulo são lugares abarrotados, escrotos, violentos, sem emprego e com custo de vida impossível quando a porra da TV mostra novelas ambientadas no Leblon ou nos Jardins onde tudo é belo? Alguém precisa incentivar a migração para o campo, tornar aquilo de alguma forma atraente para o trabalhador, tanto econômica como esteticamente. Tô falando sério, mais ninguém quer plantar. Se continuar assim nossos bisnetos só saberão o que é uma alface através de fotos. Vai prejudicar todo mundo, os meios de comunicação bem que poderiam se tocar disso antes que seja tarde e promover uma “glamourização” do campo, remunerando decentemente o trabalhador rural para que ele não passe fome e largue tudo para correr atrás da ilusão da cidade grande.

Acabou o espaço e eu não falei nem 10% do que queria. Ainda volto nesse assunto em outra postagem. Opinem, por favor. A troca de idéias da postagem de hoje é muito importante para mim.

Para dizer que eu sou comunista e Teletubbie ao mesmo tempo, para dizer que já que eu falei em usucapião deveria ter falado também em desforço pessoal ou ainda para perguntar se Somir volta mesmo no mês de fevereiro: sally@desfavor.com

ôrra mêo, tá me tirano?

Olá, meu nome é Sally e eu serei o seu Somir pelos próximos 30 dias. Isso aí, Somir vai tirar férias e como este é um blog de duas pessoas, eu irei substituí-lo (lerê… lerê… lerêlerêlerê). Não se desesperem, eventualmente postarei um texto nerd para que vocês não sintam tanta falta assim do chatonildo. E não se preocupem, não se trata de nenhuma crise. Ele volta.

Lendo a notícia de que medalhas de Campeão Brasileiro do Fluminense estavam sendo vendidas no mercado negro na maior tranquilidade, me ocorreu escrever sobre o assunto. Sim, Leonardo tinha razão: a verdade provoca nojo (ele disse isso sobre a final da Copa do Mundo de 1998, mas vale para os últimos episódios do futebol nacional também).

Para quem é completamente alienado em matéria de futebol, um pequeno parágrafo explicativo. O campeonato mais importante em matéria de futebol no Brasil é o Campeonato Brasileiro. O último campeão foi o Fluminense. O campeão recebe uma taça e cada jogador e o técnico recebem uma medalha. Ocorre que na cerimônia de entrega, o técnico Muricy Ramalho e mais sete jogadores acabaram ficando sem suas medalhas por motivos até então não explicado… até ontem.

Uma das medalhas, que deveria ter sido entregue a Muricy, foi encontrada em uma lojinha de artigos esportivos na Penha e estava sendo colocada a venda através de sites da internet. Só de sacanagem, um jornal comprou a medalha e a comparou com uma original, à qual teve acesso. Aparentemente a medalha é verdadeira. O vendedor informou que tem amigos na CBF que conseguem “coisas” para ele e que esta não seria a primeira vez que tem acesso a esse tipo de “material”.

Este não é o primeiro e com certeza não será o último caso onde esse tipo de fraude e desvio acontece. Eu tenho memória, se é para falar em desvio de prêmios, eu lembro que estamos em um país onde até a Copa do Mundo, a famosa Jules Rimet “desapareceu” e se encontra hoje em local incerto (enfeitando a biblioteca de uma pessoa muito influente). Eu tenho memória, se é para falar em fraude, eu lembro de 1998 quando o Brasil entregou a final da Copa do Mundo, capitaneado por Ricardo Teixeira e representante da Nike, em troca de promessas como favorecimento para uma vitória em 2002, sediar uma Copa do Mundo ainda na era Ricardo Teixeira, uma quantia em dólares para cada um dos envolvidos, e quem não topasse teria cortado seu patrocínio. E mesmo aqueles que insistiram em peitar foram calados com promessa de garantia de participar da Copa de 2002, onde o Brasil sairia vitorioso (principalmente uma duplinha que hoje joga no Timão) e até mesmo a promessa de que um certo goleiro e um certo anão trabalhariam na CBF se ficassem calados (e você não entendia porque mantiveram aquele técnico por tanto tempo, né? tava tudo combinado).

O fato é que o desaparecimento destas medalhas e seu reaparecimento no mercado negro são só mais uma amostra da corrupção no futebol brasileiro. Sensacional para quem pretende sediar uma Copa do Mundo e uma Olimpíada. Vai ter venda de medalhas aos montes nos próximos anos! Claro que o Assessor da CBF disse desconhecer qualquer desvio. Vai dizer o que? “O que é um peido para quem está todo cagado, neguinho vende a Taça da Copa do Mundo e você vem me paunocuzar por causa de uma medalha de Campeonato Brasileiro, seu Zé Ruela!”. Deve ter pensado, mas não disse. Ainda.

A falta de memória faz com que absurdos como esse se repitam todos os anos. Ninguém cobra, ninguém lembra. Mas a gente lembra e a gente vai tentar fazer com que todo mundo se lembre também. Por exemplo, eu me lembro que o técnico do meu time foi acusado de sonegação fiscal, evasão de divisas, falsificação de documentos, falso testemunho e formação de quadrilha. Se fossem as mesmas acusações contra um traficante (bola da vez na histeria punitiva da sociedade), estaria todo mundo em cima, cobrando punição. Vejam bem, não que eu ache que traficante não tenha que ser punido, é evidente que deve ser punido, mas também acho que todos os criminosos devem ser punidos. O técnico do meu time posa de bacana, mas eu lembro que foram encontradas trinta, FUCKIN´ TRINTA contas bancárias do rapaz, sendo que apenas uma era declarada à receita federal. Também lembro das quantias absurdas que circulavam por essas contas. No entanto, ele está aí. Apesar das acusações de gastar dinheiro do “Caixa 2” do Campeonato Brasileiro e de alguns clubes com prostitutas e cocaína, ele está aí, cheio de moral.

A CBF, aquela que “unificou” Taças de latão, equiparando o Robertão a um Campeonato Brasileiro por “pura bondade”, é presidida pelo ex-genro do Sr. João Havelange, ex-Presidente da Fifa, cargo que ocupou por muitos anos época em que exercia muita influência. Este Senhor é peça chave em um esquema imundo de corrupção, o qual nem ao menos desempenha com competência, pois apesar de receber cifras impublicáveis de patrocinadores e até mesmo de fontes menos aceitáveis, costuma fechar o balanço da CBF no negativo, mascarando dados e maquiando despesas. Além do prejuízo, ainda pegou dinheiro emprestado de fontes duvidosas pagando juros absurdamente mais altos, de mais de 40%.

Então, neste ponto do texto você se pergunta “Mas Sally, todo mundo diz que ele é um bandido, corrupto e blá blá blá, falar isso é fácil, todo mundo fala, me apresente algum dado concreto, porra!”. Ok, sem problemas.

Por exemplo, você sabia que alguns anos atrás a CBF adquiriu um veículo Volvo completinho por uma quantia X e que menos de um ano depois o Sr. Ricardo Teixeira comprou este veículo da CBF por metade do valor? Parece até que a CBF é sua empresa. Você sabia que durante muitos anos a CBF realizou jantares, festas e eventos em estabelecimentos de propriedade de Ricardo Teixeira e que a conta destas festas sempre saía absurdamente cara? Estabelecimentos como o extinto El Turf, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro, que sediou várias festas oficiais, como por exemplo o lançamento do Instituto de Assistência do Futebol Brasileiro – IAFB, onde NO ANO DE 1996, cobrou a bagatela de TRINTA E DOIS MIL REAIS à CBF. Ricardo Teixeira cobrando trinta e dois mil reais da empresa presidida por Ricardo Teixeira.

A função da CBF (e isso não é achismo meu, está em seu estatuto) é organizar o futebol brasileiro. Tudo, desde a Seleção Brasileira até formação de categorias de base. Entretanto, a CBF faz gastos astronômicos com uma despesa ambígua chamada “auxílios eventuais” (ou qualquer coisa parecida, já que eles mudam o nome conforme lhes convém). Vejamos, no ano de 2000 o valor destinado a estes “auxílios eventuais” foi de R$600 mil. Vocês sabiam que o tio de Ricardo Teixeira, Marco Antônio Teixeira, trabalha na CBF desde 1999, com salário mensal que ultrapassa os QUARENTA MIL REAIS? Ele e seu Tio recebem ainda recebem umas verbas adicionais duvidosas. No ano de 1999, por exemplo, receberam um adiantamento de seu décimo terceiro e décimo quarto salário, que por “esquecimento”, não foi descontado em sua folha, gerando uma duplicidade de pagamentos, ou seja, receberam um décimo quinto e um décimo sexto salário.

O próprio Pelé, que não é flor que se cheire, já denunciou que a CBF. Quando tentava comprar os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro de 1994 através de sua empresa, a Pelé Sports, teve uma cobrança adicional de um milhão que deveria ser pago a título de propina ao então Diretor Financeiro da CBF, José Carlos Salim (o mesmo que esqueceu de descontar o décimo terceiro e o décimo quarto adiantados) através de depósito em banco na Suíça. Pelé se recusou a pagar e ainda jogou a merda no ventilador, gerando processos e muito barraco.

Olha, eu teria muito mais coisa para falar aqui: das ilegalidades no contrato com a Nike, dos desafetos que a CBF insiste em prejudicar, das contas que não batem, dos depoimentos conflitantes dados por representantes da Nike a CPI. Só a Receita Federal autou a CBF A Receita em R$ 14.408.660,80 por dívidas fiscais. Dá para escrever um livro, mas meu limite de quatro páginas (que persiste, apesar das férias do Somir, conforme ele mesmo fez questão de me lembrar hoje por e-mail) não permite que eu me estenda mais no assunto.

Neste ponto, você pode estar se perguntando “Mas Sally, futebol não me interessa, francamente, eu entro aqui para ver você falando mal de homem e falando mal do Siago Tomir, eu não quero saber se eles são corruptos, isso não me afeta”. Afeta sim, afeta a todos nós. Por mais de uma vez a CBF foi acusada de financiar a campanha de diversos parlamentares eleitos. O dinheiro sujo do futebol coloca pessoas sujas no comando do nosso país. “O sistema é foda, parceiro” (NASCIMENTO, 2010). Foi e está sendo montada uma bancada no Congresso Nacional de Deputados e Senadores que não apenas favorecem esta corja como ainda impedem que eles sejam punidos, é a chamada “Bancada da Bola”. Vem dando certo, garantiu quatro reeleições a este Senhor. Aliás, foi graças a estes congressistas que sempre se livrou de todas as acusações e sempre saiu numa boa de todas as CPIs que teve que encarar.

Só para vocês terem uma idéia do poder desta Bancada da Bola, em 2007 o Senhor Ricardo Teixeira e mais 12 governadores que teriam recebido alguns “mimos” da CBF, como viagens à Europa para eventos envolvendo a escolha do país sede da Copa de 2014, impediram a instalação da CPMI do Corinthians/MSI, de forma vergonhosa, com a RETIRADA DE VOTOS a favor da CPMI na última hora. Setenta e um, eu disse FUCKIN´SETENTA E UM parlamentares mudaram de opinião e apenas três justificaram este rompante.

Meus Queridos, que a venda de uma medalha no mercado negro seja a gota d´agua para canalizar a revolta do povo brasileiro, desperdiçada contra traficantezinho e vilão do BBB. Chega de ver a ira do povo conduzida pela imprensa para falsos alvos, para bois de piranha que pouco ou nada interferem, na prática, no nosso dia a dia. Os grandes bandidos do Brasil estão aí, de terno e gravata, branquinhos, perfumados e bilíngues. Chega de gastar energia com peixes pequenos, vamos começar a focar em quem realmente nos prejudica.

Para dizer que desde o Plantão Desfavor do ano passado que eu estou pedindo para morrer e alguma hora eu vou acabar conseguindo, para dizer que vai doer admitir que você sente falta do Somir ou ainda para dizer que quer que eu aproveite a ausência dele e faça só Sally Surtada e Siago Tomir no mês de janeiro: sally@desfavor.com

Rebelde, você...Ser do contra é uma arte muito difundida, mas pouco praticada. Por mais que as pessoas reclamassem de praticamente qualquer coisa desde que o mundo é mundo, foi com o advento da internet que os ranzinzas finalmente alcançaram o estrelato.

E era de se esperar: Reclamar é uma excelente e arriscada forma de chamar a atenção. A internet forneceu o ambiente ideal para reduzir esses riscos, seja por anonimato ou distanciamento, e essa fórmula se tornou prática para milhões de pessoas ao redor do globo.

Sim, eu vou reclamar de quem reclama de tudo. Quero ver ganhar dessa, manés!

Puxei o assunto pela internet porque tenho mais “contato” com esses semelhantes pelo meio virtual do que pelo real. Em situações sociais reais, as pessoas estão mais inclinadas a deixar seu mau-humor de lado e fazer aquele esforço extra para agradar. Quando se encontra outro (ou num golpe de sorte ainda maior, outra) ranzinza “natural”, o momento se torna divertido o suficiente para sublimar várias das asneiras cotidianas que criticamos.

Mas na rede mundial de computadores, é pancada para tudo quanto é lado. É blog, twitter, vídeos no Youtube… é gente achando “virtualmente” qualquer coisa uma merda para quem quer que esteja acompanhando. Não vou tirar o meu (ou, o nosso) da reta: O desfavor se baseia em reclamações, sim. Mas a grande maioria delas tem uma profundidade que eu não consigo enxergar na “indústria do mau humor virtual”.

Crítica generalizada sem argumento é desabafo. Esse povaréu que cismou que adicionar “eu odeio” na frente de qualquer coisa significa um ato de rebeldia contra a sociedade esvazia a importância da discussão. Agora todo mundo “odeia” um monte de coisas no seu perfil de internet!

Eu odeio quando alguma coisa que eu faço/sou entra na moda (ha!). Primeiro com a nerdice (ÓCULOS SEM LENTE NÃO TE FAZ PARECER INTELIGENTE! PESSOAS INTELIGENTES NUNCA USARIAM UM ÓCULOS SEM LENTE! *momento por que eu sempre tenho crise de gastrite quando vou a algum show de banda que gosto*) e agora com os ranzinzas? Mas que merda!

Ahem… Estava criticando as pessoas que reclamam por bobagem, certo?

Talvez seja coisa da idade, mas eu finalmente parei de odiar os ídolos adolescentes. Acho até válido quando você está na idade onde as garotas esperam que você seja parecido com um deles, mas depois de uma certo momento da sua vida, fica claro que é uma bobagem esquentar a cabeça por causa de um moleque afeminado genérico. É com muito orgulho que do alto do meu elitismo musical e ojeriza por metrossexuais, posso dizer que não estou nem aí para o Justin Bieber, e pior: Que acho muito vergonhoso dizer que o odeia.

Digo isso porque o clássico dos “ácidos” da internet é bater em quem está na moda! Atualmente é o tal de Justin Biba (piada é sagrado, até mesmo as ruins e batidas) que todo mundo “odeia”. Neguinho faz site, comunidade e até vídeo xingando o garoto da voz de garota! Que papelão! E esse ódio é baseado em argumentos profundos como “ele é gay” e “tem música melhor no mundo”.

Sinto muito, mas vocês não descobriram a América. Quando eu era um pré-adolescente, eu dizia as mesmas coisas para as meninas que eram fãs de Hanson. É uma crítica vazia, tão repetitiva quanto a indústria que produz esses astros instantâneos ano após ano. Faz “parte do show” que muita gente reclame sem nenhum conteúdo para fazer as “princesinhas” se sentirem rebeldes pela primeira vez na vida.

Aliás… Meu momento de revelação troll foi relacionado ao Hanson. Estava pentelhando uma garota da escola por causa de seu fichário feito de colagens com a banda. O papo de sempre. As respostas dela, também (“eles não são bichas, eles são lindos!” *momento Sally ainda argumenta assim às vezes*). Estava levando um coro, afinal, se o provocador não provoca…

Foi quando veio a luz: “Bom, a menina até que é bonita…”. Ela fez cara de dúvida… “Ué, essa aqui…” *apontando para aquele moleque que parecia mesmo menina*.

Foi glorioso, caros desfavores. O rosto dela ficou vermelho, o olhar assassino, a voz saiu com uma potência ímpar: “ELE É MENIIIINOOOO!”. A sensação de achar a brecha na apatia alheia e arrancar aquela reação desmedida desencadeou um vício.

Vício que se aproveitou de outro desses moleques “cantores”. Na época que eu ainda usava o Orkut, aquele tal de Felipe Dylon estava no auge de seu pífio sucesso. Duas comunidades gigantescas se formaram: Uma que o amava, outra que o odiava. Testei as duas e descobri o impensável… O pessoal da comunidade que o odiava era muito mais trollável. O povo era cabeça-oca dos dois lados, mas quem queria fazer pose (vítimas ideais) estava só na que odiava.

O jovem Somir, aquele que pentelhava a pobre fã de Hanson, já tinha se tocado de algo que eles ainda não: A crítica vazia te faz parecer um otário.

E o que me incomoda nos reclamões genéricos é essa tendência de se fazer de otário dando importância para o que não tem importância.

É sempre hilário quando alguma pessoa que se sente sacaneada pelo desfavor aparece aqui para xingar e reclamar. É mesmo ridículo vir aqui e perder tempo falando mal de quem está rindo da sua cara. As críticas sem objeto soam como desabafos. E vir desabafar suas frustrações contra os textos de um blog montado por dois trolls é de uma inocência (para não dizer burrice) incrível.

A impressão que esse povo vem aqui pedir atenção não é equivocada. Essa leva de ranzinzas sem objetivo está buscando justamente isso. No desfavor, na internet e na vida real.

“Ei, olhem para mim. Eu tenho a CORAGEM de dizer que não gosto de uma coisa!”.

Mas cérebro para dizer o porquê são outros quinhentos, não? A pose “do contra” virou um acessório na roupa social de muita gente. Um diferencial postiço que vira “mas tenho um bom coração” assim que precisa angariar simpatia. Exemplo comum:

Quantas pessoas você já ouviu reclamar que não gostam de estranhos falando com elas nas ruas? Quando dizem isso, é quase como se fosse uma confissão de antissociabilidade crônica. Só que todo mundo concorda. Momento de catarse coletiva! Os narizes empinam e começa aquele papinho que só falta questionar o DIREITO de pessoas não-atraentes começaram uma conversa com eles (principalmente elas…). Imagine só, a impáfia!

Eu SEMPRE puxo esses momentos, eu SEMPRE me arrependo. Quando eu tento dizer que o que eu realmente abomino é o teor da conversa (não consigo me concentrar em “conversa fiada”, o cérebro desliga), o assunto já descambou para um festival de auto-importância nojento.

São nesses momentos onde se separa o chato comprometido com a chatice, como eu, dos que só querem usar a imagem de ranzinza para combinar com seus cabelos meticulosamente desarrumados. E tem tudo a ver com a auto-crítica.

Vejam bem, o problema de ser uma pessoa excessivamente crítica é que isso vai voltar para te morder a bunda uma hora ou outra. Duvide de quem não se sacaneie ao mesmo tempo que sacaneia os outros. Somos todos ridículos, e a maior piada de todas é que tem gente não percebe isso.

A maioria dos rebeldes virtuais cai nessa categoria.

E é essa gente que não se toca que reclamar de tudo É um problema acaba condicionando todo mundo a tratar o ranzinza do mesmo jeito: Como alguém que só aponta os defeitos alheios para esconder os próprios. E nesse mar de antas desesperadas por atenção que se dilui o objeto pertinente de uma reclamação.

A “cultura da enveja” surgiu muito por causa dos falsos ranzinzas. Os otários aqui (bem vinda ao barco, Sally) escrevem páginas e mais páginas de textos destrinchando a lógica por detrás de suas afirmações e acabam sendo tratados como meros donos de uma comunidade “eu odeio” em alguma rede social…

Eu não gosto desses revoltadinhos genéricos. Grandes merdas se milhares de pessoas dizem que funk carioca é um lixo se o máximo que eles vão chegar a fazer é recomendar sua banda de rock predileta como alternativa! Grandes merdas se algum panaca vai ficar famoso no Youtube falando mal da mídia de massa só para conseguir um programa na porra da MTV! Grandessíssimas merdas dizer que o povo é alienado e recomendar o socialismo como solução! A lista vai longe…

Ainda tem a porra do maldito do “humor ácido” que virou mania: Não é sutileza, não é deboche, não é escracho; é alfinetada viadinha de quem não tem bolas de fazer a piada. Eu odeio humor ácido… (ha!)

Crítica sem auto-crítica, crítica sem objeto. Obrigado por caricaturizar o “movimento”, cretinos!

E sim, eu me senti muito especial por escrever este texto. Aliás, antes que alguém tenha um nó no cérebro pelo tanto de reviravoltas sem sentido que eu entulho no que escrevo, uma explicação: O verdadeiro ranzinza nem acha tão bacana assim ser como é. É mais questão de escolher o caminho menos pior; ao invés de aceitar algumas convenções sociais cretinas, vira o cretino ele mesmo. Como tudo na vida, é divertido algumas vezes, outras não. Esse papinho de ter muito orgulho de ser do contra é balela.

P.S.: A minha auto-crítica é golpista.

Para dizer que eu tenho problema com críticas, para confessar só disse isso por não ter prestado atenção no texto, ou mesmo para dizer que depois disso resolveu ler com calma e mantém a primeira afirmação: somir@desfavor.com

Vocês estão me ouvindo? SIIIM! Mentira!Jesus e Hitler são duas figuras constantes na nossa cultura popular. Virtualmente todo mundo já usou uma das duas figuras em alguma argumentação. E como personagens “pop”, ambos expressam conceitos diametralmente opostos: Enquanto o hippie judeu representa o bem, o anti-judeu faz o papel de grande vilão universal.

(Muito embora um deles tenha sido apenas um ditador cretino com péssimo senso estratégico e o outro provavelmente nem tenha existido, trato aqui das personagens que ficaram para a história…)

Ambos são incrivelmente famosos, mas só um deles é realmente popular: JC. É socialmente aceitável dizer que segue os ensinamentos de Jesus, o mesmo não pode ser dito de Hitler. Popularidade, neste contexto, se mede pela aceitação de uma pessoa ou idéia. E não se pode negar que nesse aspecto o “filho do hômi” ganha de lavada em qualquer disputa com o déspota alemão.

Porém, e este não é um “Flertando com o Desastre” à toa, Hitler tem muito mais influencia como personagem no dia-a-dia. Popularidade é uma vala comum onde a relevância encontra o seu descanso final.

Mas, não nos percamos ainda; falava sobre a maior influência de Hitler na vida do cidadão comum. O impacto de se comparar alguém com o vilão é maior de que a exigência de equiparação com o herói. Ou, em termos mais simples: Chame alguém de nazista por estar fazendo alguma coisa e você VAI conseguir uma reação. Diga que alguém não está sendo cristão em determinada situação e fale com as paredes…

Pessoas e idéias populares se apóiam em visões tão variadas que é inevitável a relativização dos conceitos. Se quase todo mundo define algo como bom, pode ter certeza que dificilmente é pelo mesmo motivo. Se quase todo mundo julga algo como negativo, pode apostar que as explicações vão combinar.

Faz parte da “alma” humana: Gostamos de muitas coisas diferentes, não gostamos basicamente de sentir medo.

É muito mais direto apelar para a repulsa pelos conceitos representados por Hitler do que esperar algum padrão de compreensão dos representados por Cristo (“é bom esse tal de próximo ser parecido comigo!”). E não estou fazendo juízo de valor; não é uma coisa necessariamente boa ou ruim, é uma constatação sobre eficiência.

Constatação que já foi feita por incontáveis outros antes de mim, constatação que dirige nossa mídia ontem, hoje e sempre. Popularizar é sinônimo de descaracterizar. Quanto mais vazia uma mensagem, mais significados podem ser inventados por aqueles que a recebem. Podemos inventar mais desculpas para entender as coisas do jeito que nos é mais confortável assim.

Não é à toa que a mídia de massa se baseia em conteúdo pobre e limitado, não é à toa que estar na moda não significa absolutamente NADA. Relevância e popularidade são inimigas naturais. Se busca-se uma, jamais encontra-se a outra.

Mas ambas podem te levar à fama. Voltando aos exemplos do começo do texto, temos o fato mais curioso: Hitler buscava a popularidade, Jesus buscava a relevância. E foi justamente a fama que inverteu esses papéis… Ambos se tornaram versões unidimensionais do que representaram, caricaturas exploráveis. E como apenas uma dessas imagens venderia algum produto (no caso, sua salvação), apenas uma delas se tornou popular.

E temos vários outros exemplos da vida cotidiana que demonstram como a popularização é o holocausto do pensamento crítico.

Eu venho falando disso há tempos, mas não custa relembrar: A qualidade da televisão brasileira DESABOU assim que o público ganhou voz ativa no conteúdo. Qualquer traço de relevância se diluiu na praga da popularidade. Acabei de ver a notícia de que um Zé Ruela qualquer ganhou o prêmio final naquela merda de reality show rural da Record.

Não acompanhei quase nada sobre o show, mas só de ler quem estava participando também, tive certeza que aconteceu mais um daqueles casos onde o povão elimina qualquer participante com um traço de personalidade em favor de quem não ameaça em nada o “status quo” de que pensar dói.

Como é que num show onde participam um bando de figuras como Sergio Mallandro, Viola, Monique Evans e a porra da Nany People as pessoas PREFEREM premiar alguém tão bovino quanto os animais no curral?

Tudo bem que o mundo seria um lugar melhor se uma bomba caísse em cima da fazenda e matasse todo mundo, mas é terrível saber que o povo está empurrando a praga da popularidade na primeira oportunidade que tem.

(E o “Prêmio Enrolada para Falar de Assunto de Burro e Pobre” do ano de 2010 vai para… Tiaaaaaago Soooooomiiiirrrr! *palmas*)

Estamos vivendo numa era onde não gerar polêmica vale mais do que ter algo a dizer. E não é papo furado de quem ignora o passado: Isso SIM mudou muito nos últimos anos. Popularidade palpável com a “diminuição” do mundo parece uma droga que está nos viciando de forma irreversível.

E a internet serve também como termômetro. Luciano Huck tem dois milhões e meio de seguidores no seu twitter. Agora, me respondam: O QUE CARALHOS ESSE BOSTINHA TEM PARA DIZER? Que roubaram seu rolex? Lógica “bíblica”… Luciano Huck tem muitos seguidores porque Luciano Huck é popular e tem muitos seguidores. (Lógica bíblica original: A bíblia está certa porque está escrito na bíblia que a bíblia está certa…)

Resposta genérica: Sim, é tudo inveja. TUDO.

Sempre foi uma escolha ser popular ou ser relevante, não é esse o problema. O problema é que cada vez menos se lembra que relevância é uma opção. Relevância é buscar a discórdia. A boa discórdia.

Sally uma vez me disse que para fazer uma pessoa te achar inteligente bastava concordar com ela, concordei na hora. Brilhante! Gentinha que busca concordância só quer uma boa desculpa para continuar exatamente no mesmo lugar. Digamos que é a famosa busca humana pela “zona de conforto”. Promova a conformidade vazia e seja recompensado com popularidade.

Não se pode ser relevante dizendo apenas o que as pessoas querem ouvir, afinal, se está apenas repetindo algum discurso aceitável, poderia ser você ou um papagaio treinado. (Eu tenho minhas políticas com atividades repetíveis por animais treinados…)

Relevância não é sinônimo de racionalidade ou de idéias evoluídas, tenham em vista o exemplo citado neste texto. Mas até mesmo um mau-exemplo é uma informação aproveitável. Se te traz uma novidade em termos de idéias, é uma vantagem.

“Toda popularidade é irrelevante.” – Somir.

Se eu me tornar popular, a frase acima vai ser interpretada de uma forma completamente diferente. Provavelmente seria citada em algum discursinho sobre humildade (coisa que eu abomino…). Se eu me tornar relevante, alguém vai corrigir a anta que fizer essa associação. A popularidade não precisa de consistência, ela é uma amálgama de idéias pré-formatadas (e frequentemente estúpidas) na mente das pessoas.

Querem um exemplo? Vejam esse Deleta Eu! especial e confiram quem a anta evangélica em questão cita no final do seu texto. Vejam se nos comentários não caem matando em cima disso… Relevância! Ah, que inveja!

Não que a popularidade não tenha seus bônus, mas perder a voz e se rebaixar ao menor denominador comum é um ônus que nem todos estão dispostos a aceitar. Eu acho o fim da diversão. Nem a Sally, ególatra que é, aceita.

Eu andava precisando de uma injeção de motivação (“ha! injeção, né? viado, né? ha!”) e um comentário de ontem foi exatamente o que eu precisava! Ao ler que tem gente que preferia que eu não postasse mais aqui, eu me lembrei de como é bom ser impopular. Escrevi este texto todo com um sorriso no rosto. (“ha! sorriso, né? por causa da injeção, né? viado, né? ha!”)

Seja lá a histérica que escreveu aquele comentário: Obrigado. Foi muito relevante.

Para dizer que achou o texto irrelevante, para dizer que vai esperar a reação popular, ou mesmo para dizer que ser do contra é ser manipulável por vias inversas (ha! vias inversas, né? viaaa…): somir@desfavor.com