Chave do cinto de castidade.

Ou: Maldita estabilidade social!

Não deu na mídia: A Islândia baniu todos os clubes de strip-tease em seu território. E está de olho na proibição da prostituição. Eu gostava tanto da Islândia… (Ok, eu gostava da Björk. Acho que ainda gosto, não sei a opinião dela sobre o assunto, então vou deixar essa opinião na espera.)

Será que a Islândia estava preocupada com o consumo de drogas e álcool, com doenças venéreas ou mesmo querendo combater alguns crimes paralelos ligados aos clubes? Os três criminosos do país (dois por vadiagem e um por tentar fazer sexo com uma maçaneta em público) devem estar desesperados…

Será que um país com um dos melhores índices de desenvolvimento humano do planeta, um dos países com a menor desigualdade social do mundo… Será que esse país estava preocupado com melhores oportunidades de carreiras para suas meninas?

Alguém poderia explicar por que diabos um país “rico” (pelo tamanho) e igualitário resolveu enfiar a mão no direito de adultos verem outros adultos nus em locais reservados?

Johanna Sigurdardottir pode. A mulher do sobrenome interminável é a primeira-ministra de um dos países mais igualitários NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE em relação aos gêneros. A divisão de cargos de poder no país é basicamente idêntica entre homens e mulheres, há tempos.

Tirando o frio da porra, a Islândia é um dos melhores lugares do mundo para se nascer mulher.

Avançado, né? Eu também achava. Achava o máximo um país moderno, igualitário e pouco religioso. Mas muito tempo de estabilidade social parece influenciar negativamente a mente dos líderes políticos.

Johanna é a porta-voz da primeira tentativa de um país (civilizado) para fechar de vez sua indústria do sexo. Sim, porque a lei que proíbe os clubes de strip-tease também proíbe que QUALQUER PESSOA lucre com a nudez de seus funcionários.

Será que a Islândia foi tomada por uma ditadura muçulmana xiita? Que nada. A motivação da lei é feminista. A idéia é que os homens deixem de ver as mulheres como objetos à venda. Mais ou menos como se lutar contra a atração sexual fosse uma forma de aumentar o respeito entre as pessoas.

Como eu já bem disse, a Islândia já é um país igualitário. As mulheres já tem poder por lá. E aparentemente a igualdade é tanta que até elas tem merda na cabeça. Se você é do tipo de pessoa que acha bacana uma lei feminista, ainda mais depois de milênios de opressão masculina, eu vou te chamar de desperdício de oxigênio, mas vou tentar mostrar os motivos do meu desprezo pelas suas idéias.

Algumas pessoas, como eu, acreditam no conceito de justiça. E uma das melhores formas de saber se você é uma pessoa que acredita e valoriza a justiça é responder a seguinte pergunta:

Um crime justifica o outro?

Se você está tentando, por qualquer caminho, justificar alguma resposta positiva para essa questão, sinto informar que você não reconheceria justiça nem se ela fosse assassinada na sua frente.

Não, um crime jamais justifica o outro. Vingança não tem NADA a ver com justiça. Vingança é o que é. Vingança nem mesmo precisa de um crime. Assuma que quer e gosta de ver outras pessoas sofrendo por te fazerem sofrer e aceite suas responsabilidades decorrentes disso. (Eu me vingaria em N casos, mas não quero fingir que é justiça. É satisfação pessoal.)

O machismo não tornou o mundo mais justo. Porque o feminismo o faria? Medidas políticas feministas são uma forma de vingança institucionalizada. E o conceito de Estado vingador me dá asco, na melhor das hipóteses.

Mas nem precisamos ficar no campo do idealismo. A prática mostra que o machismo nem mesmo foi muito útil. Oprima metade da população mundial e ganhe de brinde uma evolução social meia-boca. Embora eu ainda mantenha que a capacidade masculina de enxergar e resolver problemas não tenha paralelo na porção feminina da nossa espécie, imagine só quantas mentes brilhantes e ÚTEIS ficaram caladas até hoje?

Sem contar que a maior habilidade feminina no campo social e emocional (e eu excluo vocês dessa, histéricas) poderia ter nos evitado muitos problemas e acelerado a evolução intelectual média da espécie nesses milênios.

Quando a agressividade natural masculina moldou a sociedade, ficamos “mancos” em vários aspectos. Resolveu alguns problemas, criou outros. Agir de forma tendenciosa em relação a um gênero passa longe de ser a solução ideal. NÃO APRENDEMOS ISSO?

Não. Claro que não. A culpa de tudo é dos outros.
Se muitas mulheres são tratadas feito objetos, a culpa é dos homens. E os homens tem que deixar de ver seios à mostra para compensar isso. Brilhante! Vai resolver muita coisa. As mulheres vão saber que outras mulheres não podem mais dançar peladas em clubes fechados e vão desenvolver a cura para o câncer! É assim que funciona, não? Foi isso que fez os homens terem vantagem na sociedade… Certo?

Mas nenhum governante é burro o suficiente para entregar o ouro assim. Claro que tem uma desculpinha para não dizer que é só uma medida feminista. Dizem que a maior parte das strippers islandesas são imigrantes pobres. Não duvido disso, já que a mulherada de país pobre sai mesmo para tentar a vida, seja como for, em países ricos. E justamente por essa imigração “indesejada”, houve um aumento no consumo de drogas e criminalidade ao redor desses locais.

Então, é só proibir que mulheres ganhem dinheiro com sua nudez e o problema diminui? Alguém avisa isso aqui no Brasil. Se são os homens que gostam de ver mulher pelada que criam todos os problemas sociais, está explicada a nossa situação social absurda. O que não falta aqui é peito e bunda de fora pra tudo quanto é lado.

Pena que outros países onde os problemas sociais são mínimos também adoram peitos e bundas de fora pra tudo quanto é lado. Não precisa nem sair do frio, é só andar um pouco e chegar na Escandinávia. Suécia e Noruega não são conhecidas pelo seu recato.

Pena que países que também proíbem a nudez feminina tendem a ser teocracias miseráveis que tratam mulheres feito incapazes. Seres que não podem escolher se querem ou não ganhar a vida utilizando seus corpos.

Da mesma forma que eu disse naquele “Ele disse, ela disse” sobre a prostituição… Certeza que as imigrantes pobres vão seguir a carreira de Pesquisadoras e Gerentes de Multinacionais assim que não puderem mais balançar os seios num palco. É só isso que as impede. Tenha em vista que homens dificilmente podem ganhar a vida com sua nudez e são TODOS ricos e vivem vidas maravilhosas e dignas.

Viva as respostas mágicas! Elas nos ajudaram muito até hoje, não?

Ok, podemos tirar do caminho que a medida é estúpida e mal intencionada? O quê? Não acha que é mal intencionada?

Então você deve ter se esquecido que políticos tomam decisões para continuar no poder. Seja no Brasil, seja na Islândia. O costumeiro para quem vive num país patriarcal como o nosso é ver medidas que apóiem direitos femininos como esforços para tornar a sociedade mais igualitária. Mas imagine que você vive num país onde metade dos políticos tem que honrar os ovários… Um país onde conseguir o voto das mulheres não é apenas questão de fazer um discursinho piegas no dia 8 de Março.

(E não tenham a ilusão que políticos de países com eleições indiretas podem se dar ao luxo de não ter apelo popular…)

O poder das mulheres islandesas só permite que políticas ganhem a simpatia de eleitoras na base dos resultados concretos. E com uma base tão agressivamente feminista como a de lá, é de se imaginar que a medida seja para “eleitora ver”. É a boa e velha disputa agressiva para ver quem leva mais vantagens. Política profissional. (E em país europeu rico, políticos anti-imigração sempre ganham alguns votos extras… *piscando*)

Trocando seis por meia dúzia? GRANDE EVOLUÇÃO, HEIN? Para ficar claro: Machistas e feministas são pessoas burras, limitadas e que só agem em benefício próprio. Um ser humano que tenta limar a qualidade de vida de pessoas cuja diferença essencial se baseia em características inatas é o tipo de pessoa que deveria estar puxando uma carroça para ter alguma utilidade na vida.

Machistas, feministas, racistas, xenófobos… Todos no mesmo saco. Eu tenho horror a essa gente. Grandes merdas que você tem um pinto ou uma buceta, isso não faz ninguém ser especial. Tem que MERECER. Tem que fazer por onde. Se vira, ninguém nasce merecendo mais respeito.

Vingança não é justiça. E impedir que homens possam gastar seu suado dinheirinho com uma stripper em seu colo soa como vingança. Daqui a pouco proíbem as ereções, já que elas são a verdadeira raiz do problema…

Pegar atração sexual para vilã da história e culpar um dos gêneros por isso foi justamente o que as religiões mais famosas do mundo fizeram para atrasar o desenvolvimento da humanidade e continuar no poder. Quando parece que finalmente o mundo começa a perceber isso, arranjam uma nova desculpa para foder com a população, e pior, não deixá-la gozar.

O mundo tende a um poder feminino cada vez mais presente. E é uma pena que as cagadas masculinas não tenham ensinado NADA para elas. O problema nunca foi o conjunto de órgãos genitais de uma pessoa, e sim o pouco uso do órgão que preenche o crânio. Táqueu.

P.S.: Sim, claro, eu sou machista e odeio as mulheres. Agora se mexe que essa carroça não vai se puxar sozinha!

Para dizer que estava com saudades dos meus textos raivosos e ofensivos, para dizer que não acredita que a Björk permitiu isso, ou mesmo para dizer que é só pobre mesmo que se fode em qualquer lugar do mundo: somir@desfavor.com

Boa, campeã!

Transexual, em um resumo bem simplificado, é aquela pessoa que possuí uma identidade de gênero diferente daquela que lhe foi atribuída no seu nascimento, apresentando sensação de desconforto, impropriedade ou inadequação em relação a seu sexo anatômico. É aquele discurso de ser “uma mulher presa no corpo de um homem” (ou vice versa). Não confundir com os homossexuais, que estão muito contentes com seus corpos, apenas sentem atração por pessoas do mesmo sexo (mil perdões pelas simplificações banalizantes, é que tenho um limite pequeno de páginas para escrever).

Transexualidade ainda é classificado como um “transtorno mental”, porém alguns países como a França já não encaram mais a transexualidade como “doença”, o que a meu ver, é um enorme avanço. Quem foi que disse que uma pessoa de fato não pode ter nascido com o sexo mental diferente do físico? Só porque não aconteceu comigo ou porque eu não entendo, não quer dizer que não exista ou que seja doença. Transexuais existem. Não adianta ficar discutindo aqui o que a gente acha ou deixa de achar da pessoa ser transexual. É uma realidade e é preciso lidar com ela. O foco da discussão não é o que nós pensamos dos transexuais e sim como lidar com a questão na prática.

E não é uma “novidade” dessa vida moderna, de uma geração “perdida” e “sem valores”. Eles existem desde sempre. Um imperador romano (salvo engano, seu nome era Heliogábalo) casou com um escravo e ofereceu metade do seu império para o médico que conseguisse modificar seu sexo cirurgicamente. Há fortes evidências de que o Papa João VIII era na verdade uma mulher travestida de homem. O rei Henrique III, da França, se vestia que nem mulher. Como este, tenho dezenas de exemplos para dar. Então, para aqueles que acreditam que se trata de uma “desgraça dessa nova geração”, pensem duas vezes.

Até mesmo em tribos isoladas da vida “civilizada” há relatos de transexualidade e até mesmo rituais de mudança de sexo. É inerente a alguns seres humanos, em qualquer época, em qualquer contexto social e antropológico. Só porque você não compreende, não quer dizer que não aconteça e que não seja real. Não é loucura da cabeça das pessoas, não é sintoma de doença, não é trauma de infância. É realidade. Pessoas nascem com uma personalidade de um sexo e corpo de outro.

Quando devidamente comprovada a condição de transexual, e por devidamente comprovada, estamos falando de um laudo médico, a lei brasileira autoriza que seja realizada uma cirurgia de Reatribuição Sexual (ou Redesignação Sexual). Entretanto, esta cirurgia só está disponível de forma satisfatória para os homens (sim, isso mesmo, corta fora). Não gosto do termo cirurgia de “mudança de sexo”, pois para os transexuais, eles não estão mudando de sexo, estão apenas corrigindo seus corpos, que não correspondem a suas mentes, suas almas ou qualquer outro nome que se queira dar. Para as mulheres, salvo engano, ainda não é possível realizar cirurgicamente a redesignação sexual.

Eu costumo brincar dizendo que os avanços da medicina são ótimos para a minha vida, mas para a minha profissão são um caos. Porque avanços médicos fodem com o direito. Criam uma lambança nas normas pensadas para situações onde estes avanços não existiam. Fico feliz que exista a cirurgia de redesignação sexual, mas ela criou uma série de dificuldades formais que passo a expor, e peço a opinião de vocês. Não vou entrar em termos técnicos nem aprofundar o assunto, porque isso aqui não é um blog jurídico. Vocês sabem o esquema do Desfavor: conversa como se fosse em uma mesa de bar.

O primeiro problema diz respeito à documentação da pessoa que fez a cirurgia de redesignação sexual. Um transexual chamado Wanderlei que faz a cirurgia e “muda” de sexo, evidentemente não pode continuar com um documento de identidade onde se lê o nome “Wanderlei”, porque puta merda, isso seria vexatório. Imagine o constrangimento que essa pessoa passaria. Imagine uma bela mulher de cabelos longos e seios fartos esperando em uma fila de um repartição pública qualquer, quando um funcionário chama “WANDERLEI DA SILVA!” – e ela tem que se levantar sob os olhares curiosos dos demais presentes. Não pode. Desumano, a meu ver. Acho que deve ser permitida a troca de nome nos documentos. E vocês?

Também me parece extremamente preconceituoso mudar o nome de Wanderlei para Wanderléia e dizer no documento que se trata de uma pessoa do sexo masculino. Daí sempre vem um espírito sem luz dizer que transexual não é mulher, porque não tem útero nem ovário. Ora, se for assim, uma mulher que fez uma histerectomia total deixa de ser mulher? Mudar apenas o nome e deixar o sexo como “masculino” fere igualmente a dignidade da pessoa, concordam?

Tem aqueles que dizem que pode mudar nome, pode constar como “sexo feminino” mas deve constar algum registro na documentação de Wanderlei dizendo que um dia ele foi homem. Porra, que constrangimento! Porque a pessoa se submete a uma cirurgia complicadíssima para se sentir mais adequada, se vai continuar marcada em seu documento de identidade? Acho um absurdo sujeitar uma pessoa a isso. Mas tem quem defenda que isso preservaria o resto da sociedade, numa vibe meio “não levar gato por lebre”. Geralmente são os homens que usam este argumento. Eles tem medo de um dia sair com a bela Wanderléia e depois de um tempo de namoro descobrir que ela já foi Wanderlei. Gente, vamos abrir a cabecinha? Nos apaixonamos por SERES HUMANOS. Faz tanta diferença se Wanderléia já foi Wanderlei?

Mais uma polêmica: o Estado deve disponibilizar esta cirurgia de forma gratuita? Na minha opinião, nem tem o que pensar. Se o Estado gasta rios de dinheiro tratando imbecilóides que VOLUNTARIAMENTE fumaram a vida toda detonando seus pulmões, POR PURA IMBECILIDADE E FALTA DE FORÇA DE VONTADE, porque não tratar alguém que não concorreu em nada para seu problema? O Estado gasta fortunas com gordinhos que enchem o cu de doce e acabam com artérias entupidas e diabéticos, por pura preguiça, mas não pode amenizar o sofrimento de alguém que não tem culpa de seu sofrimento? O Estado faz redução de estômago em pessoas que estão do tamanho do Balão Mágico porque não tem a força de vontade de parar de comer feito porcos e não quer gastar dinheiro com pessoas que estão batalhando para se adequarem à sociedade?

E tem mais um questionamento. Como eu disse, ainda não se inventou uma cirurgia de reatribuição sexual efetiva para mulheres que se sentem homens. Então, todas as mulheres transexuais estão condenadas a ter em sua identidade o nome de mulher, mesmo se vestindo e se sentindo como um homem? Mesmo fazendo tratamentos hormonais que as deixa com aparência de homem? Seria a cirurgia condição absoluta para a troca de nome na certidão de nascimento e na identidade? Isso criaria uma injustiça, porque todos os homens transexuais poderiam ter a chance de mudar de nome e sexo e as mulheres não, por culpa da medicina que não é capaz de lhes dar esta cirurgia.

Ao mesmo tempo, se a gente admitir a possibilidade de mudança de nome e sexo da pessoa sem a cirurgia, poderíamos criar a seguinte situação: Wanderléia, certidão de nascimento e carteira de identidade constando sexo feminino, tem pênis. Estranho. Ser injusto ou ser incoerente? Escolha difícil.

E vem mais um problema: Wanderlei tentou abafar sua condição de transexual por medo da reprovação social. Casou e teve filhos. Um dia, não agüentou mais sufocar sua verdadeira identidade e decidiu fazer a cirurgia de redesignação sexual. Depois de operado, mudou seus documentos. Como fica a certidão de nascimento do filho de Wanderléia? Seria correto mudar o nome do pai para um nome feminino? Isso é nocivo para a criança? Deixa como Wanderlei na documentação da criança e como Wanderléia na documentação do transexual? Não pode. Ou muda tudo ou não muda nada. Que porra é essa de uma pessoa ser mulher em um documento e homem no outro? O que fazer?

O Judiciária brasileiro vem aceitando adoção de crianças por casais em união homoafetiva. Então, se um casal de homossexuais pode adotar uma criança, constando na documentação da criança dois pais ou duas mães, porque não mudar o nome se o pai se mostrar transexual? Tem quem diga que isso iria expor a criança. Olha, quando seu pai usa salto 12, coloca silicone no peito, usa batom e corta fora o bilau, não tem muito como esconder essa transformação da criança, portanto, não sei bem se isso é algo do qual a criança possa ser “poupada”. É uma realidade, quanto mais naturalmente ela for aceita, melhor.

A lei brasileira ainda não tem respostas seguras para todas essas questões que eu coloquei. Os entendimentos variam. O certo é que se busca sempre preservar a dignidade da pessoa humana.

Eu sei que muitos de vocês estão torcendo o nariz para mim agora. Mas vamos ter um pingo de humanidade? Nada como se colocar no lugar dos outros para emitir uma opinião. Já pensou como deve ser DIFÍCIL PRA CARALHO você se sentir de um sexo e seu corpo ser de outro? Já pensou? Se muitos acham um tormento conviver com detalhes do corpo com os quais não se sentem bem, como um nariz feio ou seis pequenos, imagina a merda que é você não gostar do seu corpo como gênero?

Porque se uma patricinha não gosta do seu nariz de batatinha ela pode ir ao cirurgião corrigir seu nariz de porquinha (a ainda ostentar isso), enquanto que uma pessoa que sofre uma sensação de inadequação mil vezes maior não pode ter um conforto para amenizar seu sofrimento? E muitas vezes nem mesmo a cirurgia ameniza o sofrimento, é necessário mais para uma vida minimamente digna: cirurgia + mudança de toda a documentação, sem que conste em nenhum lugar nenhum registro de que um dia a pessoa foi do sexo oposto.

Daí vem sempre alguém dizer que não podemos brincar de Deus e que se começarmos a mudar o sexo assim vamos acabar criando situações aberrantes. Primeiro que a gente brinca de Deus o tempo todo. Se a medicina não brincasse de Deus, eu mesma não estava aqui, teria morrido aos 25 anos. Mantemos vivas pessoas que, pelos ditames da mãe natureza, deveriam estar mortas. Modificamos corpos até que percam sua aparência humana (Michael Jackson? Oi?). Escolhemos características de bebês geneticamente, criando um supermercado de gente… etc, etc. Mas, na hora de conferir condições dignas a um ser humano em sofrimento por não se sentir adequado a seu gênero, as pessoas pedem moderação? Não, por favor não. Não posso com esse discurso.

“Mas Sally você gostaria que mudassem o sexo ou o nome do seu pai na sua certidão de nascimento?”. Se meu pai se vestisse como uma mulher, falasse como uma mulher, e se sentisse como uma mulher, SIM, POR FAVOR! Ou por acaso eu quero estar com meu pai, uma loira gostosa, no aeroporto na fila do embarque e ouvir alguém chamando ele de Wanderlei?

Já vi gente propondo criar um terceiro gênero de banheiro público além do Feminino e do Masculino: Transexual. Gente, se o homem CORTOU FORA O PRÓPRIO PAU, vocês acham mesmo que ele vai ficar manjando mulher no banheiro feminino? Tem dó de mim! A coisa tem que caminhar para a inclusão, para a compreensão e para a aceitação, e não reforçar a discriminação com um banheiro que mostra à sociedade que a pessoa é transexual!

Para aqueles que estão se contorcendo na cadeira e pensando que isso não é uma coisa “natural”, lamento. A cirurgia de redesignação sexual é uma realidade e vem sendo realizada no Brasil. Aceitem. Aceitem a escolha alheia. Pensem, sem dar nomes, classificar como “doença”, “aberração” ou qualquer outra definição preconceituosa. Apenas PENSEM NA SITUAÇÃO: você, se sentindo de um sexo, em um corpo de outro sexo. Pensem como deve ser difícil viver assim. O peso que essas pessoas carregam é por si só suficiente, não precisam de julgamentos, preconceitos e discriminação. E muitas vezes, mesmo com este complicador enorme, elas são melhores pessoas do que nós, aqueles ditos como “socialmente adequados”.

Façam um exercício de imaginação comigo. Supondo que todos pudessem modificar seus sexos e documentos de identidade. Supondo que você descobrisse hoje que a pessoa que você AMA já foi do sexo oposto. Você largaria essa pessoa? Se alguém respondeu “sim”, vou ficar muito desapontada.

O ser humano é complexo, é diverso, é inclassificável nesses rótulos fixos ultrapassados. Somos todos SERES HUMANOS, foda-se o que cada um faz com seu corpo ou com a sua sexualidade. Muito fácil julgar a sexualidade DOS OUTROS, quando esta se torna pública e a nossa continua privada. Se a sexualidade de TODOS fosse pública, garanto que descobriríamos que os heterossexuais também fazem coisas que podem ser objeto de preconceito e discriminação. Se a sua sexualidade, suas preferências, suas práticas, se tornassem públicas… será que parte da sociedade não te discriminaria? Pense nisso. E pare de jogar pedras naquelas pessoas cuja sexualidade se tornou pública por total falta de opção.

Para dizer que nunca mais volta no Desfavor e depois voltar e ficar metendo o malho na gente, para dizer que transexual é quando se trata de uma pessoa da sua família, porque se for o vizinho é um viadinho e para perguntar ao Somir se ele anda feliz com os temas que eu venho escolhendo: sally@desfavor.com

sacou? sacou?

Fiz questão de me esconder neste carnaval, o que por um lado me ajudou a ficar longe da humanidade em um dos seus momentos mais baixos, mas por outro acabou me reapresentando a um desfavor que não tinha o “prazer” de encontrar há tempos: A TV aberta.

A Globo transmitia os desfiles… Uma das coisas mais enfadonhas e inúteis já mostradas numa tela. Aqueles carros alegóricos parecendo projetos escolares gigantes, apinhados de pessoas vestindo fantasias ridículas, sendo arrastados pela avenida ao som daqueles abortos sonoros conhecidos como sambas enredo deveriam ser criminalizados num país sério. Aliás, eu tenho a proposta ideal para o carnaval: Fazer tudo em computação gráfica e colocar vários telões por todo o país. Chama a Pixar que vai ficar bem feito! E mais barato.

Talvez valesse a pena pelas gostosas desfilando. Mas não focam o suficiente nelas para valer o sofrimento de ver toda a escola passando.

Lembrei da Bandeirantes e suas históricas coberturas dos bailes-suruba tradicionais nessa época (Fecha na Prochaska!). Infelizmente algum babaca na direção da emissora decidiu que era melhor filmar em detalhes o carnaval nordestino. Não que seja mais desfavor que o do sudeste, mas nem desculpa para filmar aquilo tem… É um bando de gente amontoada na rua, pulando de um lado para outro. Vai ver não queriam filmar nada muito pornográfico para não deixar um público ruim para a crentalhada que comprou os horários posteriores.

Que seja. No Brasil temos uma emissora tão chulé que faz até o SBT parecer refinado: A Rede TV! Certeza que lá estariam fazendo uma cobertura ridícula e recheada de “analângulos” de câmera das mulheres seminuas.

É safadeza, mas também é muito por gostar de programação televisiva assumidamente estúpida e apelativa. E meus caros leitores, foi exatamente o que eu recebi ao colocar no canal (no bom sentido…).

Agora era só relaxar e ver aquelas pautas ridículas permeadas de bundas. E para a minha surpresa, as bundas se tornaram justamente a parte ruim daquela experiência. Quase todas as “musas” eram exatamente iguais, e igualmente exageradas feito uma caricatura do gosto sexual masculino.

Numa sequência impressionante de entrevistas e takes IDÊNTICOS de metade da população “mulher-fruta” do país, a sessão de safadeza parecia mais uma sessão de circo dos horrores. Corpos disformes permeados por implantes que mais pareciam tumores fora de controle eram exibidos com orgulho pelas donas, e eram elogiados por repórteres falsos (duplo-sentido intencional) como se fossem o ápice da evolução estética feminina.

Uma das “musas”, radiante com seus implantes exagerados e artificiais, pedia para o povo valorizar os sei lá quantos metros cúbicos de silicone que algum açougueiro enfiou debaixo de sua pele… Ninguém teve coragem de dizer para ela que os peitos dela estavam quase quadrados e tão disformes que nem a pele parecia estar agüentando o peso exagerado? Será que ninguém avisa para essas antas que elas estão ficando cada vez piores?

Sim, homens gostam de seios fartos. Mas… tem essa frescura nossa de querer que PAREÇA um par de seios… Eu sei, eu sei, somos cruéis. Ficou relativamente barato, chegou a hora de tudo quanto é mulher sair aumentando os peitos para ficar mais “satisfeita” com o próprio corpo. Grande parte dos implantes ficam feios, sem harmonia com o corpo e deixam a mulher com um layout meio atriz pornô. Antes um peitinho bonito do que um peitão feio…

Mas caso isso ainda soe como meu gosto pessoal generalizado por pura arrogância, vamos trabalhar com uma idéia parecida no lado masculino da coisa. Homens são obcecados com o tamanho do próprio pinto. Não adianta as mulheres ficarem dizendo que não precisa ter uma sucuri dentro das calças, que pau muito grande é problemático, que um de tamanho médio bem utilizado é até melhor… Os homens são malucos e continuam achando que o importante na vida é ter um pau gigante.

(Como sempre, boa parte das preocupações estéticas dos gêneros não visa exatamente agradar o sexo oposto…)

A sorte de vocês, acomodadoras desses paus, é que não existe cirurgia simples (ou mesmo útil) para aumentar o tamanho da genitália masculina. Se fosse algo tão fácil quanto aumentar o peito com silicone, a mulherada já estaria reclamando da dificuldade de sentar.

Quando um homem começa a dizer que não é para ficar aumentando o peito na primeira chance que tiver, imaginem-se falando para um deles que ele não precisa aumentar o tamanho do pinto, e que na verdade isso tende até a ser pior para você.

Nós somos malucos, vocês também. A diferença é que ficou fácil para vocês exercer a loucura.

Voltando as garotas do programa…

A câmera obviamente abaixava e pegava o “fazedor de dinheiro” das mulheres-sei-lá-que-fruta entrevistadas. Enquanto elas rebolavam e o câmera tentava focar o sistema reprodutor interno das dançarinas, eu acabei percebendo que aquelas bundas eram feias. No contexto do corpo, não costuma ser algo incômodo, mas a bunda isolada ali… Eu imaginei uma mulher muito gorda com a mesma bunda. Não cabia ali.

A guerra pela maior bunda já passou, FAZ TEMPO, o que os homens tendem a preferir numa mulher. Virou uma disputa interna entre as novas candidatas a “sex-symbol de pobre”, sendo que as que nasceram com bundas desproporcionais ao corpo estão tentando preencher o resto do corpo para compensar.

Sério, era bunda DEMAIS ali. Quando cai a noção de “mulher gostosa”, surge uma bunda gorda no lugar. E na verdade é justamente isso: Os homens queriam bundas, o mercado percebeu uma oportunidade e começou a enfiar bundas goela abaixo de nós. Só que já deu (há!), saiu de controle.

São idéias totalmente mercadológicas. O cliente X gosta do produto Y. Se nós começarmos a vender mais Y, o cliente X vai gastar mais. O cidadão vai comprar sua batata frita média no fast-food e tentam empurrar para cima dele a super-jumbo-extra-grande. Não pode mais gostar de uma coisa, tem que gostar da versão exagerada.

E vejam só, o problema não é nem que a bunda seja grande demais para a mulher, afinal, isso fica muito bem se for uma CARACTERÍSTICA dela. O problema é justamente esse bando de maluca querendo crescer AO REDOR da bunda.

E isso nos leva a próxima parte… Para “preencher” o resto do corpo exagerado, tem que malhar, porque uma mulher assim só aumenta a bunda comendo mais. Uma mulher que malha e fica com o corpo bem definido com certeza tem seus (muitos) atrativos, desde, é claro, que continue parecendo uma mulher. A cintura ficou obsoleta! A cintura desse tipo de mulher é uma mentira, porque nada mais é do que o ponto onde a bunda gigante escapa do tronco.

Só que é um malhar meio… Meio artificial. (Sally que conhece direito os podres da indústria da maromba… Pode até dar nome aos bois.) Cresce tanto, tão rápido, e tão sem noção que acabam parecendo travestis. Aliás, uma das piores coisas que eu percebi naquela transmissão cretina de carnaval é que até os travecos entrevistados pareciam mais naturais! Se esse não é o fundo do poço, não sei mais o que vai ser. (Mulher-banana?)

Eu imaginei a evolução natural dessas mulheres…

wat

Com isso virando padrão de beleza, eu fico cada vez mais feliz de ser barangueiro! E eu falo de padrão porque todas eram mais ou menos parecidas.

Indo mais longe, e chegando na minha mania de perseguição da inversão de papéis sexuais (vou virar o Júlio Severo dos metrossexuais nesse ritmo), não deixo de acreditar que essas novas formas femininas são uma vacilada da macharada, que queria uma figura feminina mais forte para complementar a tremenda enfraquecida do homem tradicional na sociedade recente. Essa idéia de “cavala” atual é basicamente a idéia da amazona adaptada aos gostos masculinos.

Podem ser os malditos hormônios femininos na água, como teoriza Sally. Estou cada vez mais inclinado a acreditar.

Pra quê esse exagero todo? Eu sou da opinião (nem sempre popular) que mulher precisa ter O seu ponto forte de beleza. Tudo ao mesmo tempo é até meio chato. Num mundo onde todas as mulheres tem o mesmo cabelo, a mesma boca, o mesmo bronzeado, o mesmo peito e a mesma bunda, nenhuma delas mais é especialmente atraente. Eu nem estou falando muito de personalidade como ponto de diferenciação porque isso não é lá muito freqüente. (Nem entre os homens…)

E mesmo que todo mundo me ache um chato exagerado, eu já começo a campanha pela volta da CINTURA REAL no padrão de beleza feminino. É um absurdo que frouxidão masculina e lucros de um mercado “bundal” estejam fazendo esse estrago na beleza feminina. Já era um saco quando eram só os estilistas enfiando na cabeça da mulherada que ser anoréxica era algo bom.

Para me chamar de “viaaadooo” por não achar qualquer coisa com peitão e bundão bonita, para me dizer que eu mereço sofrer por ter visto Rede TV! Ou mesmo para falar que comia do mesmo jeito (dã): somir@desfavor.com

Não tenho a menor pretensão de acertar aqui. Caso eu tivesse alguma possibilidade, ainda que mínima, de adivinhar o futuro, com certeza focaria meus poderes nos números da mega-sena e não no final de Lost (materialista pride). São apenas algumas teorias, das quais espero retorno de vocês, para criar teorias com base em teorias e quem sabe tentar chegar perto do que seja o final de Lost. Teria prazer em fazer uma postagem após o final dizendo “VOCÊ VIU PRIMEIRO AQUI NO DESFAVOR”.

Você deve estar se perguntando porque isto é um Flertando com o Desaste. Uma dançarina de axé chutando o final de uma série permeada por física, mitologia e cultura geral é flertar com o desastre. Vou acabar ofendendo metade dos lostmaníacos e despertando pena na outra metade. Observem eu não me importar. Já já Madame vai aparecer urrando nos comentários.

Todo mundo sabe que para entender Lost não basta acompanhar os episódios. Roteiristas e diretores adoram inserir Easter Eggs (informações escondidas) nos locais mais improváveis. Quem viu o filme Cloverfield com atenção, identificou um símbolo da Dharma, nos primeiros minutos de filme. Sem contar que uma das protagonistas do filme tem o mesmo sobrenome de um diretor da Hanso Foundation. Mais alguém achou que o barulho que o Monstro do filme faz é muito parecido com o do Lostzila? E o roteiro de ambos? Pessoas tentando sair de uma ilha, onde correm perigo! Alias, desde “Caverna do Dragão” que eles batem na mesma tecla: um grupo, composto por pessoas das mais diversas personalidades, tentando voltar para casa!

O grande problema é que além de tudo, existe a trollagem. Sobretudo por parte de J.J. Abrams, que adora enfiar um Easter Egg que não significa nada, apenas para desviar a atenção e ver babacas como eu mordendo sua isca e especulando pelo lado errado. Não sei diferenciar o que é isca do que realmente é Easter Egg. Vou tentar.

No último episódio da quinta temporada, tudo leva a crer que a bomba explodiu. Em tese, isso poderia alterar o futuro, e consequentemente, tudo que se passou até agora com os personagens. Acredito que veremos em Lost uma nova narrativa de tudo que já aconteceu, alterado pela explosão que supostamente deveria “corrigir” o curso normal

Eu espero sinceramente que não me venham com um final imbecilóide. Vou ficar muito desapontada se vier um final imbecilóide. Final imbecilóide = era tudo um sonho, era tudo conspiração do governo, era tudo realidade virtual (manucu matrix), era tudo imaginação de um maluco, era tudo obra de etc etc.

Locke tá muito macho para ser verdade. Acho que Locke não é Locke. Isso vem sendo cogitado por todo mundo, até aí, não é novidade. Lembra do papo do Jacob com seu desafeto, onde o desafeto diz que assim que tiver oportunidade vai matá-lo? Pois bem, provavelmente o corpo de Locke está tomado pelo desafeto de Jacob. Cheguei a pensar que este desafeto e o Lostzilla fossem a mesma coisa, mas acho que é excesso de café. Eu fico estranha quando tomo muito café.

Alguém já viu o cartaz que promove a sexta temporada? É uma referência clara à Última Ceia. E Locke está na posição de Jesus. Quem está na de judas? KATE! Vamos viajar na maionese? O nome que os cientistas dão à catástrofe que matou os dinossauros é “K-T”

Aquela ruína de estátua que apareceu durante todas as temporadas, onde se via apenas um pé com quatro dedos, é na verdade a estátua de uma deusa egípcia da fertilidade, Taweret. Curioso que depois que a estátua foi destruída as mulheres da ilha não possam mais procriar. Simbolismo ou trollagem? Jacob estaria ligado a esta deusa da fertilidade, enquanto que seu desafeto está ligado a simbolismos de outro deus egípcio, o deus dos mortos e da cura (Anúbis). Jacob acha bacana a ilha com pessoas, seu desafeto não acha bacana (“eles vem para matar, destruir blá blá blá”). Fica uma coisa meio “o bem contra o mal”. Essa relação entre Deusa da Fertilidade e Deus da Cura explicam estranhos fenômenos que acontecem na ilha: não nascem bebês e pessoas doentes se curam.

Algo me diz que Ben, ser humano que eu sempre detestei, foi quem soltou o Lostzilla e quem fez as maiores cagadas da ilha. Tem toda a cara de quem traiu Jacob. Acho que ele trabalhava para o desafeto/anubis, só não sei se foi enganado achando que trabalhava para Jacob ou se fez de sacanagem mesmo. Aliás, Ben matou Jacob. Imagino que Jacob tenha arquitetado a volta dos Oceanics à ilha para reverter toda a merda criada por Ben. Na conversa entre Jacob e seu desafeto, Jacob está de branco e seu desafeto de preto, o que indica que Jacob é bacana e o outro é o lado negro da força. O que torna Locke o lado negro e, provavelmente, Jack (Shephard=Pastor) o lado bacana. Que merda. Bacana mesmo é Sayid, o lado vermelho da força: onde passa tira sangue.

Já repararam na semelhança do biotipo de Aaron e Jacob? Seria Aaron Jacob, depois de um revertério temporal desses que acontecem na ilha? Ou seria uma reencarnação de Jacob? O tempo todo vemos evidência da importância em que Aaron fosse parar na ilha. Além disso, ele é um dos poucos bebês que nasceu ali. Sabemos que a ilha causa um certo problema de fertilidade e procriação, Aaron deve ser especial.

Também sabemos que diversos personagens que morreram na série foram vistos filmando novamente, que não existirão mais viagens no tempo, o que leva a crer que depois do acidente a história dos Oceanics será revivida, talvez de outra forma. Provavelmente o resultado final será sempre o mesmo, porque como disse Faraday e outros personagens em diversos momentos da narrativa, o que tem que acontecer, acontece. Então, provavelmente, quem tem que se foder, vai se foder mesmo, só que talvez de uma forma diferente, o que explica a teoria “The Variable” de Faraday. Por exemplo, eu acho que o casal de Los Angeles que o vidente disse que deveriam adotar Aaron são Jack e Kate. O mundo vai dar voltas e tudo vai chegar ao mesmo destino, ainda que por caminhos diferentes. A variável é o caminho.

Os números não são mais um grande mistério. Pipocou na net um vídeo da Dharma que dá uma pista sobre eles: aparentemente tem relação com a equação de Valenzetti, que consiste, simplificando escrotamente, em uma equação matemática que tem por objetivo prever o tempo que falta para a extinção da humanidade (fatores ambientais, de ordem humana etc). Tem um vídeo sobre isso amplamente divulgado, como sendo de Alvar Hanso, criador da Dharma, então, nem vou me aprofundar. Mas existe uma lista que liga alguns personagens a cada um dos números, coisa sobre a qual não vou poder falar porque demandaria muitas páginas e já estou sem espaço!

Com a destruição da estação Cisne pela bomba de hidrogênio é provável que o vôo 815 da Oceanic chegue a salvo a seu destino. Nesse caso, toda a série até hoje seria um “o que podia ter acontecido, mas não aconteceu”. A explosão seria um “reset” na história toda, numa vibe meio “efeito borboleta”, onde um bater de asas vira um tufão e afeta todo o desdobramento da trama. Não descarto a possibilidade de que algum ou alguns dos personagens escapem desse “reset”, como por exemplo Locke, que sempre quis continuar na ilha porque sua vida no mundo real era uma verdadeira bosta. E neguinho fala o tempo todo da importância de Locke na ilha. Talvez Locke seja o único a escutar Jacob porque de alguma forma Locke seja Jacob (e consequentemente Aaron).

Na verdade, eu queria mesmo que Jacob fosse Vincent, até porque tinha uma foto de um cachorro naquela cabaninha sinistra onde Jacob supostamente morava. Mas é pedir demais, só se o Somir fosse o roteirista uma porra dessas aconteceria. Visualiza: Jacob = um cão Labrador!

Tem quem diga que Jacob seria Papai-Jack ou o próprio Jack, porque na bíblia Jacob é o primeiro a ser chamado de “Pastor” (Shepherd). Não gosto dessa teoria e espero que não seja verdade.

O Lostzilla. Ele foi chamado por habitantes da ilha de um “sistema de segurança” já foi explicado por curiosos como sendo diversos micro-robôs oriundos de experimentos com nanotecnologia. Não gosto dessa teoria. Eu acho que o Lostzilla é uma manifestação daquele desafeto de Jacob, o deus egípcio da morte, Anubis. Por isso pessoas mortas voltariam a aparecer vivas na ilha. Ele só entra em gente morta. Estariam sob o domínio da fumaça preta. Isso explicaria como o Locke pós-morte sabia chegar ao templo do Lostzilla, vai ver o falso-Locke estava tomado pela fumacinha preta. E a fumacinha preta rules, faz o que quer na ilha. Logo, parece que o desafeto de Jacob tá vencendo a parada. Enquanto Jacob/Taweret/Fertilidade está recolhido naquele buraco quente (o que se expressa pela impossibilidade das mulheres terem filhos na ilha), seu desafeto reina supremo: Anubis está solto, matando e curando quem ele bem entende. Desequilíbrio que será corrigido com a explosão do Cisne.

Evidente que o Lostzilla representa alguma força superior simbólica. Me surpreenderia positivamente caso seja algo mais concreto e menos cretino.

Porque Locke se curou, voltou a andar e Ben se fodeu todo com um câncer? Talvez para que Ben fique mega-revoltado com ciuminho da porra e acabe por matar Jacob, já que Ben culpava Jacob por ter virado as costas para sua condição enquanto enchia Locke de regalias. Acontece que Ben nunca tinha visto Jacob, por isso pode ser que nem sequer estivesse trabalhando para ele. Quem garante? Ele não o via nem o escutava! Podia estar sendo manipulado, achando que trabalhava para ele. Além disso a fumacinha-anubis encarnou na filha morta de Ben e o mandou fazer tudo que Locke mandar, já sabendo que era um Locke falso e que o mandaria matar Jacob. Sinto cheiro de uma grande conspiração contra Jacob.

O acidente foi causado? Sim, por Jacob. Jacob sabia que ia morrer então fez com que as coisas acabassem como acabaram (“o grande reset” com a explosão da bomba), porque assim tudo seria reescrito e ele não morreria. Vai ver é por isso que ele morreu tão conformado. Sabia que os Oceanics reescreveriam a história. Mas será que ele não vai morrer uma segunda vez? Porque aquilo que aconteceu, aconteceu. Tem até nome científico: teoria Novikov que diz que, mesmo ocorrendo deslocamento temporal, a linha de tempo é imutável. Não vou me aprofundar, porque eu não sou nerd. Com licença.

Em tudo quanto é entrevista Damon Lindelof e Carlton Cuse insitem em dizer que o tempo é a chave para todas as respostas de Lost e que os esqueletos de “Adão e Eva” encontrados na primeira temporada por Jack e Kate são a principal prova de que eles já tinham um final determinado para Lost desde o começo. Então, vamos especular sobre os esqueletos. Tudo quanto é site diz que eles seriam, na verdade os próprios Jack e Kate. Mas Desfavor é a favor do contra. Só de raiva, tenho uma teoria diferente. Lembra quando neguinho fazia coelho viajar no tempo? Pois bem, eles diziam que o coelho não poderia chegar perto dele próprio no futuro, se não dava merda.

E não é que Jack chega perto de Adão? Não só chega perto como ainda enfia o dedão. Logo, não pode ser Jack. Adão e Eva carregavam uma pedra preta e uma pedra branca. O preto e o branco aparece em trocentas referências durante toda a série. Podem simbolizar o bem e o mal, o feminino e o masculino, o yin e o yang e mais uma cacetada de coisas. Tem quem ache que são Aaron e a filha de Sun e Jin, porque são as duas únicas crianças concebidas de alguma forma na ilha (uma foi feita fora e nasceu dentro e a outro foi feita dentro e nasceu fora). Tem quem ache que são Rose e Bernard, que teriam morrido da mesma ziquizira que Charlotte (sangramento nasal de tanto viajar no tempo) ou ainda Desmond e Penny. Eu acho que Adão e Eva são os pais de Jacob e de seu desafeto-anubis, o que os tornaria irmãos.

Em uma visão mais científica e menos anubis, a ilha seria uma área de forte atividade eletromagnética, por isso estariam sendo realizadas experiências com grupos de pessoas em determinadas partes-chave da ilha. O Lostzilla seria o sistema de segurança que mantem as cobaias no lugar certo, criado com base em nanotecnologia ou em alguma nerdice do tipo Terra/Gaia Final Fantasy (força vital é o caralho). Em algum ponto deu merda e um grupo de dissidentes se atracou com os Dharma, esculhambando com tudo. O que sobrou hoje na ilha seria um sistema de segurança surtado e coisas estranhas acontecendo em função de explicações científicas como a Teoria da Relatividade, Efeito Casimir, Equação de Valenzetti e outras nerdices, o que serviria para explicar que eles estão em um universo paralelo. Boooooring.

Senhoras e Senhores, estou no meio da quinta página e devo parar por aqui. Últimos chutes Express, rezando para não ser cortada pelo Somir: Kate fica com Jack. Complementariedade.

Para me avisar que Sayid é viado eu esqueci de escrever o fechamento e o Somir que acabou fazendo, e que no final das contas eu dei sorte dele não sacanear: sally@desfavor.com

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“A primeira escola brasileira voltada para o público gay deve começar a funcionar no próximo ano, em Campinas (93 km de São Paulo). A Escola Jovem LGTB (Lésbicas, Gays, Transexuais e Bissexuais) vai oferecer, entre outras matérias, a de formação de drag queens.”

Quando li esta notícia no jornal de domingo minha primeira reação foi de revolta. Minto, minha primeira reação foi ligar para o Somir e sacanear Campinas. Mas a segunda reação foi de revolta. Sabe aquele discurso fácil de dizer que isso é uma forma de discriminação? Pois é. Achei meio segregacionista.

Depois, conversando com amigos gays e refletindo um pouco mais, me passou pela cabeça que este tipo de iniciativa pode parecer incorreta em tese, mas na prática pode se mostrar muito útil. Segregacionista seria se todos os gays fossem obrigados a freqüentar escolas voltadas apenas para homossexuais. Não é isso que está acontecendo. Abriu-se uma possibilidade para QUEM QUISER freqüentar uma escola voltada para o público gay.

“Mas Sally, se eles são iguais aos heteros, porque uma escola só para eles?”. Porque infelizmente a maior parte dos heteros tem um preconceito galopante, ainda que velado, que faz com que muitos homossexuais se sintam desconfortáveis e passem por alguns constrangimentos que nós nem sonhamos nas pequenas atividades do dia a dia.

Ninguém está proibindo homossexuais de freqüentar qualquer lugar. Apenas se está facultando que freqüentem, se quiserem, um local onde sabem que existirão outras pessoas com uma característica em comum: a predileção por pessoas do mesmo sexo. Na minha cabecinha tosca, não tem muita diferença entre isso e uma escola para descendentes de japoneses ou italianos. São pessoas com características em comum reunidas.

Talvez seja meio rude ou meio grosseiro reunir pessoas em função de sua sexualidade. Mas, conversando com um grande amigo meu assumidamente gay, fui apresentada a argumentos de ordem prática sobre os quais nunca havia pensado. Ele me disse, por exemplo, o quanto é difícil para homossexuais flertar e conhecer pretendentes, porque como se não bastasse a situação estar complicada para todo mundo, eles ainda tem que lidar com a barreira extra de tentar depreender quem é gay e quem não é, correndo o risco de levar um murro se errar no julgamento.

Segundo este meu amigo, teria sido um alívio para ele poder freqüentar no dia a dia um local onde sabe que todos tem a mesma opção sexual que ele, onde poderia conhecer e flertar casualmente, sem aquele clima de “vou para a buatchiii gay tentar me arrumar”. Teria sido, nas palavras dele, um “facilitador” e tanto.

Eu gosto de estar no meio “dos meus”. Tenho prazer em me reunir com pessoas com as quais tenho alguma afinidade específica e formar grupos. Me faz sentir melhor saber que existem pessoas com as mesmas predileções e escolhas de vida. Eu também vejo esse sentimento aqui no blog. Quando tratamos de assuntos polêmicos, sempre recebo uma penca de e-mails ou comentários dizendo “Que bom saber que tem mais gente que pensa como eu, me sinto melhor”. Andar entre semelhantes mitiga uma sensação de desamparo e inadequação que todos nós temos de tempos em tempos. Os críticos desta escola voltada para o público homossexual deveriam pensar um pouco nisso antes de sair dando as pedradas violentas no projeto. É muito fácil criticar em tese.

E nem vou rebater as críticas sobre a verba gasta para esse projeto, cerca de R$ 180 mil reais, porque depois da quantia que foi destinada a publicidade do atual governo, vide a postagem de sábado, acho que esse valor é irrisório.

Existem pesquisas comprovando que muitos jovens abandonam seus estudos em função do preconceito que sofrem no que diz respeito a sua sexualidade. Para quem acha ruim uma escola voltada para o público gay, eu pergunto qual seria a sugestão para que estes jovens continuem estudando. Porque todo mundo critica, mas ninguém oferece uma solução melhor.

Talvez muitos aqui pensem como eu pensava ao ler a notícia pela primeira vez: como um projeto preconceituoso e desnecessário. Conversando com os maiores interessados, revi meus conceitos. Porque esse papo de igualdade formal é balela, a igualdade tem que ser substancial. Tratar os iguais como iguais e tratar os desiguais como desiguais, na medida de sua desigualdade, buscando a inclusão social.

Confesso que não gosto do termo “Escola Gay”. O termo “Escola Gay” pode passar uma imagem errada. A escola não é apenas para gays. Heteros podem se matricular caso queiram, entretanto, o público alvo são os homossexuais. Seria interessante colocar um hetero no meio de muitos gays para que ele se sinta como minoria uma vez na vida. Pequenas coisas, que nós nem sonhamos, como o constrangimento ao utilizar o banheiro masculino, podem tornar a vida de estudantes um inferno e nada como se colocar no lugar do outro para aprender a ser mais tolerante.

A maior dificuldade dos gays é se expressar livremente, justamente aquilo a que a escola se propõe. Um local onde todos possam se expressar livremente. “Mas Sally, ninguém nunca proibiu um gay de falar em lugar nenhum!”. Talvez não com palavras, mas quando se é minoria e parte da sociedade tem preconceito contra você, é bem provável que você não se sinta muito confortável para se expressar.

O curioso é que a imprensa fez questão de noticiar que esta escola gay ministrará “cursos para formação de drag queens”. Foda. Fica parecendo que os alunos entrarão de calça jeans e sairão cheios de plumas, paetês e cílios postiços. Fica parecendo que não é um projeto sério. Deveriam divulgar que se estudará literatura, artes cênicas, artes plásticas, até mesmo a criação de uma revista (coloca este Flertando com o Desastre na revistinha purpurinada, gentemmm!) e história relacionada com a cultura gay. Porque sim, e bacana conhecer toda a história da luta gay ao longo dos séculos e as personalidades famosas que davam ré no quibe. (me permito brincar, porque não tenho preconceitos. vou tratar gays como iguais, sacanenado quando quiser, da mesma forma como faço com argentinos, com vascaínos e com o Somir, nem venham com discurso)

Este tipo de iniciativa já vem sendo colocada em prática em outras partes do mundo. Nos EUA, por exemplo, existem escolas destinadas a homossexuais desde 2003. E nem de longe foi essa polêmica toda que estão criando aqui. Dá vergonha de ler alguns dos comentários em sites e blogs que tratam sobre o assunto.

Mesmo que tudo mais dê errado e na prática o projeto se mostre um fracasso por uma série de motivos, já teve uma repercussão positiva: fez a sociedade discutir. Cutucou os homofóbicos: “Ei! Gays existem, e cada vez temos mais gays se assumindo, eles são uma realidade, a ponto de justificar criar uma escola só para eles. Eles vieram para ficar, é melhor você se acostumar. NÃO é doença, tanto é que o governo está financiando estudo voltado para este público. Sim, eles são socialmente aceitos, só você que não aceita, melhor se acostumar com a diversidade”

E nem pensem em começar a me dizer que o Brasil não tem mais preconceito contra homossexuais. Quantos beijos gays não foram censurados em novelas? Toda novela neguinho ameaça colocar um beijo gay no ar e nunca sai! Os casais gays de novela são IRREAIS, trocam apenas olhares tenros, enquanto o José Mayer (que ódio deste cidadão onipresente…) passa a vara em geral, na cama, na escada ou na praia deserta. Alou, Rede Globooo! Choca muito mais José Mayer de sunga mostrando suas pelanquinhas com sua carinha de Pug montado em cima de uma menina com idade para ser sua filha, trocando chupões do que dois atores lindinhos metendo a língua um na boca do outro!

Meus queridos, os Gays vão dominar o mundo – e eu acho isso ótimo. Eles tem a força de um homem e a sensibilidade de uma mulher, o que os torna mais completos do que nós, heteros. Tem menos filhos, o que os torna um sucesso na carreira e com muito dinheiro no bolso por não ter que pagar creche, fralda e cia. São divertidos. São amigos da mulherada. Te levam para o shopping e não querem te comer! Te levam para jantar, tem um ótimo papo e não querem te comer! Anota aí: VAI CHEGAR UMA HORA QUE GAYS SERÃO A MAIORIA E NÓS, HETEROS, MINORIA – e o mundo vai ser bem melhor.

Um recadinho aos homofóbicos que criticam o projeto: Cuidado com o tratamento que você dá às pessoas quando está subindo, pois são estas mesmas pessoas que você vai encontrar quando estiver descendo. O mundo é gay, acostumem-se. Da mesma forma que existem escolas para público predominantemente judeu, para público predominantemente italiano, e para outros públicos, as escolas para público predominantemente gay vieram para ficar e são tão legítimas quanto.

Incomoda tanto assim como a pessoa escolhe ter prazer quando faz sexo? Já pensou se as SUAS formas de ter prazer durante o sexo fossem detalhadas em público? Será que você seria considerado tão normal assim?

Aguardo ansiosamente pela primeira escola para ateus.

Para aqueles que se interessarem pelo projeto e quiserem participar: escola@e-jovem.com

Para pedir que eu coloque ordem no galinheiro, já que o Somir vem atrasando seus textos, para dizer que Escola Gay só podia ser em Campinas mesmo e para dizer que vai mandar um e-mail mas é para matricular “um amigo” seu: sally@desfavor.com