O assunto está na moda, graças à participação de um transexual naquele programa do qual nos recusamos a falar ou sequer citar o nome. Mas a gente não vai falar porque está na moda, muito menos por causa do programa. A gente vai falar porque o assunto é interessante. Já havíamos abordado o tema transexuais em um Flertando com o Desastre em 03 de março de 2010 e voltamos agora para um enfoque mais técnico.

O transexual não se confunde com o homossexual. O homossexual sente atração sexual por pessoas do mesmo sexo. O transexual sente uma sensação de inadequação com o próprio corpo, desconforto psicológico. É classificado como “doença” segundo a CID-10 (10ª Revisão da Classificação Internacional das Doenças), que corresponde ao item F64.0 e se define como: “um desejo de viver e ser aceito como um membro do sexo oposto, usualmente acompanhado por uma sensação de desconforto ou impropriedade de seu próprio sexo anatômico e um desejo de se submeter a tratamento hormonal e cirurgia para seu corpo tão congruente quanto possível com o seu sexo preferido.”

A angústia e infelicidade é tanta que muitos chegam mesmo a amputar seus pênis de forma caseira tamanho o sofrimento. Não se trata de mero capricho ou vaidade, é um sofrimento incalculável e real, a ponto da pessoa se sujeitar a uma cirurgia difícil, dolorosa e cheia de riscos. Estar preso a um corpo que não reflete sua identidade sexual é cruel. E não se trata de um erro de criação, de um desvio de caráter ou de uma fase.

Há relatos impressionantes, como um caso catalogado de um menino que já aos três anos de idade segurava o próprio pênis e chorava dizendo que aquilo não era dele, que ele não queria aquilo no seu corpo e que tinham mandado colocar aquilo nele quando ele estava dormindo. Possuir aquele pênis era um sofrimento absurdo para aquela criança. São almas de um sexo presas a um corpo de outro sexo. Não posso imaginar tortura maior do que viver assim.

E foi justamente para tentar acabar com essa agonia que se desenvolveu a cirurgia de redesignação de sexo, para tentar adequar a mente da pessoa a seu corpo. O que começou como um procedimento digno de um açougue, tosco e esteticamente insatisfatório, hoje evoluiu quase à perfeição. Muito se fala sobre cirurgia de mudança de sexo mas na prática pouco se sabe sobre o procedimento e suas implicações. Não é apenas cortar fora um pênis. Tem conseqüências para o resto da vida e demanda uma série de obrigações paralelas.

No Brasil, para realizar este tipo de cirurgia, é preciso que o paciente tenha mais de 21 anos e que tenha passado por um longo acompanhamento psicológico/médico (pelo menos dois anos). O nome técnico é Cirurgia de Redesignação Sexual mas é mais conhecida como cirurgia “de mudança de sexo”.

A cirurgia mais comum é aquela realizada em pacientes que nasceram biologicamente do sexo masculino e querem passar para o sexo feminino. É realizada com toma anestesia geral e sua duração pode ser relativamente longa (uma média de seis horas).

O médico começa fazendo um corte em forma circular que contorna a base do pênis e a parte onde os testículos se ligam ao corpo, para descolá-los do tronco. Primeiro o médico remove os testículos, o que é de grande ajuda, pois além da parte estética, nele são produzidos hormônios masculinos, que não serão mais bem vindos naquela quantidade. Não apenas porque masculinizam, mas também por causarem calvície, o que em uma mulher é um problema e tanto. Não quer ficar careca? Corte as bolinhas fora. Ficaadica.

Depois remove-se boa parte do chamado tecido cavernoso, que é a responsável pela ereção quando se enche de sangue. Sobram então a glande (vulgo cabecinha) e o nervo que liga a glande ao resto do corpo. Literalmente, o pênis fica por um fio. Daí eles pegam a pele que antes revestia o pênis e a usam para revestir o canal vaginal, de modo que a região tenha sensibilidade. Esta é uma parte especialmente difícil, pois muitos transexuais passam longos períodos de suas vidas prendendo seu pênis com adesivos (o lendário Emplastro Sabiá) para trás, de modo a que não fiquem visíveis, o que pode danificar a pele ou algumas terminações nervosas. Muitas vezes, dependendo do dano, nem mesmo é possível realizar a cirurgia ou então esta dependerá de enxerto, o que complica as coisas. Se o pênis for pequeno, também será necessário enxerto de pele. Se o bilau for pequenininho também gera dificuldades.

O próximo passo é manipular a glande, que é “empurrada para dentro”, criando uma espécie de clitóris um pouco maior que o normal. Como o nervo não foi cortado, se a glande for estimulada é possível atingir um orgasmo. Com o que resta de pele (prepúcio, saco e cia) modela-se um lábio vaginal. Eu não sabia que fazia tanta diferença, mas se a pessoa for circuncidada ou tiver feito cirurgia de fimose, pode haver uma escassez de pele que dificulta a cirurgia. Quem diria que dois dedinhos de pele poderiam fazer tanta falta!

Parece sofrido. E é. Mas isto, que parece o auge, é apenas o começo. É uma mutilação, portanto, o pós operatório é muito dolorido. Sangramentos, infecções, medicação pesada e muita paciência permeiam os dias que se seguem.

Mesmo a longo prazo cuidados são necessários. Considerando que foi aberto um buraco “não natural” (e por “natural” eu quero dizer que é algo que não veio de fábrica), a tendência é que o corpo esteja para sempre em uma luta constante para tentar cicatrizar este buraco, encarado pelo organismo como uma agressão. Para evitar que este buraco feche, existem duas opções: fazer sexo todo santo dia (pelo menos vinte minutos por dia) ou então usar uma espécie de “alargador” para manter o buraco aberto. Sim, da mesma forma que muitas pessoas usam aparelhos nos dentes para dormir com a intenção de evitar que eles saiam do lugar, as pessoas que fazem esta cirurgia tem que usar o alargador para evitar que seu buraco vaginal feche.

Inicialmente se começa com um molde menorzinho, e depois, à medida que a nova vagina for “cedendo”, se aumenta o tamanho do molde. O procedimento padrão é usar o molde por aproximadamente uma hora por dia, várias vezes ao dia. Eu conheço vocês. Depois de anos, eu conheço vocês. Eu sei que vocês querem fotos. Aqui está uma foto de um molde vaginal utilizado para manter o buraco aberto e fotos de uma vaginoplastia bem sucedida. Sinceridade, quantos de vocês diriam que foi feita em uma mesa de cirurgia?

Depois desta cirurgia, também chamada de vaginoplastia, pode ser realizada outra, chamada labioplastia, para dar um aspecto ainda mais real à parte externa da genitália. Alguns cirurgiões mais cuidadosos ainda colocam uma pequena prótese de silicone ou material similar para simular o acúmulo de gordura que existe em algumas partes vagina (vulgo capô de fusca).

Um resultado final bem sucedido criará uma vagina com profundidade que pode variar entre dez e quinze centímetros, o que não difere muito da profundidade de quem veio com uma vagina de fábrica. Dá para fazer sexo numa boa em todas as posições, a menos que seu parceiro seja um tripé. Porque tem esse problema: a vagina artificial não é tão elástica quanto a vagina de fábrica, não dá para forçar muito não. A vagina de fábrica foi pensada pela mãe natureza para esticar ao ponto de passar a cabeça de um bebê se necessário, já a vagina cirúrgica tem mais limitações. Portanto, é possível que ocorra a impossibilidade de fazer sexo com homens muito bem dotados.

O pós operatório requer muita atenção. Muita coisa pode dar errado. Desde infecções simples até total perda de sensibilidade na área. Eventualmente pode ser necessária até mesmo uma colostomia. Poucos médicos são realmente capacitados para realizar esta cirurgia, mas muitos se dizem aptos. É preciso cuidado. Muitos pacientes também sentem vergonha de procurar ajuda em caso de complicações cirúrgicas. Não é fácil chegar no pronto socorro e pedir esse tipo de ajuda. Isso pode causar danos irreparáveis e até mesmo a perda da vagina, sendo necessária nova cirurgia.

Este procedimento, que era considerado o ponto final em outras épocas, hoje é só o básico do básico, o ponto de partida. Quem quer sair 100% tunado tem opções adicionais, como por exemplo fazer uma cirurgia nas cordas vocais para ficar com voz feminina. Já vi uma pessoa com as cordas vocais operadas e lhes digo uma coisa: a voz é perfeita. Uma voz feminina sem qualquer sinal de ter sido masculina um dia. Apesar de que hoje em dia, nem precisa, porque quase todas as mulheres saradas falam com voz de traveco de tanto que tomam bomba, virou normal, os homens não estranham mais.

Podem ainda fazer uma cirurgia de retirada de pomo de adão. Sim, Amigo Cueca, se vocês achavam que seu porto-seguro para identificar um ex-homem era o pomo de adão, se fode ai porque além de retirar, a cicatriz é imperceptível. E a pessoa pode alterar toda sua documentação, inclusive a certidão de nascimento, aniquilando qualquer registro de que nasceu homem. Passa a ser mulher e se tudo correr bem, não tem quem diga que um dia já foi homem. Só fazendo exames de imagem como uma ultrassonografia.

Para arrematar, é feito um tratamento hormonal com intenção de feminilizar ainda mais a paciente. Eventualmente é preciso ministrar também um pouquinho de testosterona, para quem não sabe, grande responsável pela libido feminina. Como cortaram fora os testículos, sua produção pode cair drasticamente a ponto de comprometer a vida sexual da pessoa. Por fim, tratamentos estéticos dão o toque final para que ninguém diga que aquela pessoa foi homem um dia, como por exemplo a depilação definitiva da barba com laser.

Cerca de dois meses após a cirurgia, a área já está razoavelmente recuperada e já é possível sentir sensações prazerosas. Muitos médicos inclusive recomendam que as pacientes se masturbem com freqüência não apenas para aprender o funcionamento do novo corpo como também para estimular a regeneração neural e recuperar a sensibilidade.

FAQB – Perguntas Frequentes e Bizarras dos leitores

“Mas Sally, sem querer ser preconceituoso, a situação é desesperadora! Não tem mais como identificar um transexual de uma mulher! Eu não quero fazer sexo com um transexual!”. Primeiro, um esporrinho para você: se você ama alguém, não deveria se preocupar com isso, amam-se pessoas e não um gênero. E se você sai fazendo sexo com pessoas que mal conhece, bem, é um risco que você corre, se fode ai que eu vou é achar graça se você levar gato pro lebre. Faz tanta diferença assim o passado da pessoa? Mas Desfavor quebra seu galho e te ensina o pulo do gato: a única coisa que ainda não conseguiram fazer foi a lubrificação natural da mulher. Transexuais podem até ter alguma lubrificação, mas geralmente ela não é suficiente e eles tem que recorrer a lubrificantes artificiais. Fique de olho nisso.

“Sally, um transexual mija sentado?”. SentadA. Porque sim, passa a ser considerada legalmente do sexo feminino, goste você ou não. Sim, elas mijam sentadas, apesar de que é um processo de difícil adaptação, no começo há problemas técnicos que só são ultrapassados após muita prática. Os relatos são muito engraçados.

“Sally, para onde vai o esperma?”. Para lugar nenhum, porque o buraco não tem conexão com nenhuma parte interna. É uma rua sem saída. Justamente por isso a higiene depende de um procedimento especial, pois é preciso alcançar o final desta rua sem saída e limpar todos os resíduos que por ventura venham a se depositar ali.

“Faz diferença na sensação que o homem experimenta ao comparar sexo com uma mulher e sexo com uma transexual?”. Sim, e esta resposta vem com base no relato de um homem que teve ambas as experiências. Transexuais são mais “apertadas”, portanto, podem até ser consideradas melhores.

“O que é melhor para um transexual, um orgasmo como homem ou como mulher”. Relatam ser como mulher porque dizem que sem a ejaculação a brincadeira não acaba e pode durar mais tempo.

Pasmem. Já vem sendo feita cirurgia de mudança de sexo em mulheres que querem ser homens. É um procedimento novo, menos comum e mais difícil, mas já está disponível. Consiste no seguinte: a paciente começa a tomar doses massivas de testosterona, o que acaba gerando o crescimento de seu clitóris. Quando ele cresce razoavelmente (em torno de 5 ou 6 cm) ele é descolado do púbis e ganha autonomia de movimento. Nesta cirurgia, pegam um pedaço do tecido da antiga vagina e fazem uma gambiarra aumentando o tamanho da uretra para que a paciente possa mijar de pé.

Com a pele retirada dos grandes lábios são feitas bolsas escrotais que serão recheadas com duas bolinhas de silicone meramente decorativas. O grande problema é o tamanho final do pênis, porque por mais que você force a barra, dificilmente se consegue um tamanho razoável. É mais pela questão estética do que pela funcionalidade. Não entendo porque ainda não fizeram implante de pênis. Se fazem até implante de face, acredito que em breve isto seja possível. Ou então fazer um aumento peniano, como fazem nos homens mal dotados. Fica a sugestão de uma completa leiga.

A transexual mais famosa do Brasil é Roberta Close. Pioneira, fez a cirurgia de redesignação sexual em 1989, na Inglaterra. Para quem estiver curioso, já posou nua. Google it!

Sim, é uma cirurgia invasiva. Sim, é uma mutilação. Mas é a única forma destas pessoas levarem uma vida feliz e não é opção delas ser assim. Assim como aceitamos com tranqüilidade que uma mulher coloque silicone nos seios ou que faça uma lipo, a tendência é que, com o tempo, aceitemos com naturalidade a cirurgia de redesignação sexual.

Nada como se colocar no lugar do outro antes de falar. Você, Homem, imagine se acordasse no corpo de uma mulher e não tivesse pênis. Não faria de tudo para tentar obter um? E você, mulher, imagine se amanhã acordasse em um corpo peludo, barbado e com um pênis enorme, se sentiria feliz? Não faria o que estivesse ao seu alcance para que seu corpo corresponda à sua alma?

Olha, se houvesse outra forma, eu até seria contra uma cirurgia tão invasiva e mutiladora (vide meus argumentos no texto de segunda-feira), mas acreditem, não há. Ninguém deixa de ser o que é. Não me parece ser uma “doença”, tal qual é catalogada. É apenas uma pisada de bola da mãe natureza que colocou o conteúdo no recipiente errado. Quando a mãe natureza pisou na bola comigo e me programou para morrer aos 25 anos, eu fiquei muito feliz por um médico ter realizado um procedimento cirúrgico mutilador e invasivo que me salvou. Seria hipócrita negar este direito a outras pessoas, quando este é o único caminho para uma vida plena.

Para dizer que acha a redução de estômago da segunda-feira mais aceitável do que esta cirurgia, para dizer que está mesmo na hora do Somir voltar ou ainda para dizer que vai passar a pedir uma ultrassonografia das mulheres antes de ficar com elas: sally@desfavor.com

Essa gentalha? Quando morrer descansa.

Quer ter seu texto publicado aqui? Sério? É cada uma que me aparece… Mande seu texto para desfavor@desfavor.com e seja você também um desfavor convidado.

Manifesto pela redução da jornada de trabalho.

A jornada de trabalho no Brasil é de desgastantes e desumanas 45 horas semanais. Eu digo desgastante e desumana porque trabalho cronometradamente 45 horas semanais (maldito ponto biométrico!), sei do que estou falando. Esta é a lei. É justa? NÃO! 45 horas? 45 horas pro trabalhador assalariado comum. Como é de conhecimento geral, os honoráveis (bandidos) de Brasília trabalham (trabalham?) de terça a quinta-feira (geral nem se move).

Você trabalha pra viver ou vive pra trabalhar? Rotina do brasileiro hipotético (super real) qualquer: acorda entre 5 e 7 da manha, demora de meia a 2 horas pra chegar ao trabalho, trabalha de 8 a 9 horas por dia com mais uma hora de almoço, gasta de meia a 2 horas pra voltar pra casa. Por cima, já foram 13 preciosas horas do dia. Tem também as coisas corriqueiras imprescindíveis a qualquer pessoa: tomar café da manhã, tomar banho, jantar, se vestir e escovar os dentes, incluo na conta 2 horas para estas atividades, chegamos a 15 horas. Agora uma parte crucial e motivadora: o sono, sobraram 9 horas.

Gastar 8 horas com sono é luxo, não conheço nenhum trabalhador que o faça, se você não considera o sono importante é porque nunca esteve numa situação de cansaço e estafa física e mental, que bom pra você! Com certeza não é o caso do brasileiro médio. Suponhamos que sejam usadas 6 horas pra dormir. Sobraram 3 horas pra pessoa ter uma vida, míseras 3 horas. Este é o tempo que você tem pra conversar com sua família, arrumar a casa, lavar a roupa, cozinhar, ler, fazer academia, estudar ou qualquer outra coisa básica e corriqueira que as pessoas precisam fazer.

Vida social? HAHAHA se vira aí. Fique amigo do cobrador do ônibus e das pessoas que trabalham com você, é… aquela gentalha falsa dos amigos secretos, de má-vontade quando precisa te passar informações importantes, das fofocas e chás de fralda.

O que eu vejo (vivo) no dia a dia: a pessoa já chega cansada ao trabalho, trabalha que nem uma maria-mole, podem acontecer erros devido ao cansaço e stress, sem falar nos problemas de saúde. Uma medida diária de cansaço, stress e desconforto te levará a doenças como úlcera, gastrite e câncer, tudo isso antes dos 45.

“Ah, que exagero! não é bem assim.” É assim sim. A pessoa não tem tempo para ela, não consegue fazer as coisas que gostaria de fazer. Vai dizer que você acha digno fazer as unhas na hora do almoço, dormir no ônibus e andar pelos corredores da empresa parecendo um zumbi?

Se a jornada de trabalho diminuísse para 30 horas semanais as pessoas poderiam ter uma existência melhor. O empresariado quase enfarta diante de tamanha audácia! Lá do último andar do prédio, em sua sala espaçosa na qual ele chega as 10 da manhã e sai a hora que bem entende isto soa um verdadeiro absurdo: “Pra que eles precisam ter uma vida? com a migalha que recebem não sobra nem pra uma garrafa de Vauve Clicquot. Rá rá rá! Insolentes.”

O verdadeiro absurdo para o patronado é ter que pagar 13º, remunerar férias, contribuir para fundos de previdência e dar assistência em caso de acidente “Ah! Que audácia! Nunca pisaram num iate e querem férias!”. Eles juram que oferecem muito e a pessoa deve se sentir abençoada por se empregada deles. A realidade é que quando dão um benefício cortam outro. Se a empresa é rigorosa com o horário e paga horas extras não paga vale refeição, lá se vai mais um degrau na escala de dignidade humana: além de andar constantemente cansado, o cidadão tem que comer comida requentada na marmita.

Tive um professor que trabalhou anos em ministérios estratégicos e contava histórias de diretores de multi nacionais que, segundo ele, desistiam de vir para o Brasil por causa dos altos custos trabalhistas “Essa gentalha do terceiro mundo está pensando o quê?!”

Devemos nos contentar com as migalhas que temos e lamentar a perda de alguma indústria que ao invés de vir pra cá foi poluir e explorar na Ásia? De forma alguma. O país está mudando pra melhor (não porra, eu não sou fã de Vossa Majestadi Silva I), as empresas lucram absurdos, se expandem, o governo está abrindo as pernas, digo, as fronteiras para empresas estrangeiras adquirirem participação em fatias expressivas de setores estratégicos (pré-sal, transporte, telefonia oi?!) e o retorno para a população, cadê?! Temos terra em abundância, energia disponível e mão de obra (desde mão de obra barata para chão de fábrica até mão de obra altamente especializada). O valor dos custos trabalhistas compensa estas e outras vantagens (jeitinho brasileiro né!). Chega de pensar pequeno.

Quando ninguém tinha nada, lá nos 60 ou 70 era aceitável que a humildade tomasse conta e os trabalhadores se sentissem gratos por qualquer salário de fome em troca de ser explorado diariamente. Hoje não é mais.

Em época de crise internacional as vendas de carros de luxo, helicópteros e outros artigos cobiçados (vai abrir a primeira loja da Chanel por aqui!) não param de crescer. É pedir muito que o trabalhador possa desfrutar de mais horas de sono, que possa descansar e ter uma vida própria?! NÃO É.

“Mas as empresas não podem perder produção, mimimi” Que façam turnos, isso ajudaria inclusive a diminuir o desemprego. Eu e você, que trabalhamos em escritório e lemos o Desfavor diariamente sabemos que não se gastam as 8 (ou 9) horas de trabalho trabalhando ininterruptamente. Foi mal chefe, é verdade. Nós ficamos enrolando no café, banheiro ou xerox, ficamos de conversinha fiada com as pessoas em volta, lendo emails engraçados (ou sem graça) inúteis, saímos para comprar alguma bobagem no mercadinho da esquina, ficamos lendo tirinha na internet e os que tem acesso ficam até no youtube. Isso sim é um absurdo, desvirtuar o horário de trabalho porque este é o único horário que temos. “Isso é muito errado mocinha! Você tem o dever de fazer o que é paga pra fazer” Perdão, não serei uma bitolada que vive pra trabalhar. Preciso acompanhar o que acontece no mundo, preciso parar e pensar de forma crítica, preciso fazer algo além do modo automático, e olha só… não tenho tempo depois do expediente.

Falo por pelo menos 70% das pessoas quando digo que em 6 horas daria pra fazer todo o trabalho e ainda ler notícias e um ou outro blog, se você é parte dos outros 30% sinta-se escravizado e indignado. Obrigar a pessoa a trabalhar (permanecer no ambiente de trabalho) durante 8 (ou 9) horas diárias é uma exploração desnecessária. O empresário ainda diminuiria custos como energia elétrica, água e suprimentos de consumo.

“Mimimi não pode parar a empresa às 2 da tarde” Faz turno! O pessoal que não funciona bem acordando absurdamente cedo (oeeee!) ficaria muito feliz em assumir o segundo tempo.

“Em países da Ásia as pessoas trabalham 16 horas por dia e nos da África nem tem onde trabalhar. Você deveria parar de resmungar e ficar muito feliz por ter um emprego” Olha, vou te contar uma novidade que pode revolucionar sua forma de pensar: Aqui é a América! Para de ser Zé Povinho que se contenta em se nivelar por baixo. Nós merecemos mais, nós podemos ter mais.

A economia vai bem, obrigada. Agora só falta o trabalhador.

Para me dizer que é bem nascido e desconhece isso tudo, que jamais vai concordar com essa bobagem que te lembra a baboseira comunista, que essa apatia e canseira em excesso só pode ser lombriga ou que se descobrirem meu nome e cpf eu nunca mais arrumo emprego, deixe um comentário, rá!

ANÔNIMA

Imagem levemente modificada para grudar na sua retina para sempre.Hoje vamos colocar na balança, mais uma vez, opiniões divergentes sobre como se cuidar da própria forma física. Com a popularização das cirurgias de redução de estômago, não são mais apenas os “mortalmente” obesos que submetem à prática.

Tema de hoje: Redução de estômago por motivos estéticos é aceitável?

SOMIR

Sim. E olha que eu tenho lá meus estranhamentos com a vaidade habitual da humanidade. Fico puto quando percebo que muitas pessoas fazem esforços incríveis para ficar mais bonitas, mas não levantam um dedo para aprender a conversar sobre algo além de… outras pessoas. Vão até o limite do supérfluo de um lado, ignoram o básico do outro.

E não é discursinho hippie “todo mundo é lindo do jeito que é”, vaidade é uma coisa muito boa, mas deveria valer no campo intelectual também. Falar coisas estúpidas e demonstrar ignorância sobre diversos assuntos é até motivo de orgulho para muita gente!

Pois bem, se isolarmos o fato de que uma pessoa está fazendo uma intervenção cirúrgica com o objetivo de parecer mais atraente para outros seres humanos (e para si mesma, por que não?), a operação de redução de estômago não é tão diferente assim de colocar uma prótese de silicone ou fazer uma lipoaspiração.

É evidente que cada tipo de operação tem seus riscos e recompensas próprias, mas a idéia de modificar o corpo para se adequar a padrões de beleza que não alcançaria facilmente (ou nunca, no caso do silicone nos seios) está lá. Quando começaram as primeiras cirurgias plásticas, o alvoroço sobre “as implicações éticas” foi grande, mas bastaram algumas gerações de narizes mais finos e decotes mais preenchidos para o povo sossegar.

A cirurgia de redução de estômago para fins estéticos é um passo além das plásticas. Pode ser difícil de digerir agora (ha), mas não é nada tão chocante assim. A tendência é que uma sociedade com avanços tecnológicos significativos comece a achar soluções “preguiçosas” para problemas solucionáveis com esforço e dedicação.

Afinal, evoluímos para quê? Você não caça touros para fazer o churrascão de domingo, ou caça? Você não atravessa uma cidade grande andando todos os dias, atravessa? Tecnologia serve para diminuir a carga de esforço físico do ser humano (teoricamente para aumentar o mental, mas… pequenos passos…). O que nos leva a uma população cada vez mais sedentária e obesa. O caminho que pegamos, como espécie, não permite mais uma volta às raízes de muito esforço para pouco resultado.

Então chega de frescura! O que quer que inventem para “desembalofar” esse mundo de forma rápida e preguiçosa é ÚTIL. Porque a solução que a Sally prega NÃO tem mais lugar no mundo de hoje.

Força de vontade e disciplina não são características presentes em todos os seres humanos. Isso é papo de livro de auto-ajuda. É no mínimo de uma inocência incrível achar que dieta e exercícios são uma alternativa viável para todas as pessoas. Tem gente que simplesmente não tem saco para isso, tem gente que prefere morrer de infarto aos 40 do que fazer algo que não gosta até os 80. Ei, essa é a humanidade! Não deveria ser surpresa.

E se o poder interior não está em todas as pessoas, tem algo que está: O estômago. E existe uma cirurgia que o diminui e faz a pessoa perder peso! Pode não ser o mais saudável, mas é prático. Principalmente para quem nunca vai conseguir emagrecer de outro jeito (SPOILER: Quase todo mundo.).

E como em todo procedimento invasivo, existem riscos incluídos. Se vacilar dá até pra morrer no consultório do dentista. A questão é saber dosar o quanto você pode se arriscar com a necessidade da operação.

A vida não é feita só de sacrifícios, prezamos a conveniência (sabiamente) em vários aspectos da nossa vida. Só porque é uma decisão estética não precisa-se criar esse clima todo de reprovação. Fazer o mais fácil por um motivo fútil é algo tão alheio para você assim? (Pergunta retórica, eu sei que você que está lendo vai mentir quando responder…)

Mas nem tudo são flores. Um dos motivos pelos quais eu sou favorável à operação de redução de estômago para quem quiser é o simples fato de que essas pessoas podem parar de ENCHER O SACO dos outros com aquele nhé-nhé-nhé de gordo vítima. Sabe a pessoa que fica reclamando que não consegue emagrecer? Ou pior, que exige que outras pessoas a achem atraente? Ela é justamente quem não consegue seguir o caminho “natural”.

Mete a faca na pessoa e pronto! É a única chance dela conseguir. E se o mundo precisa de alguma coisa atualmente, é de menos gente gorda com mentalidade de minoria perseguida. Do jeito que a sociedade funciona atualmente, emagrecer traz felicidade e aceitação para esses chatos (pelo menos até eles descobrirem na prática que a personalidade repulsiva era o que afastava os outros…)

E se algum deles morrer no processo… O pool de genes fica mais limpo. Dá certo dos dois jeitos.

Enquanto não estiverem cortando o MEU estômago (Gezuiz me livre de não conseguir mandar um bife de meio-quilo goela abaixo ao meu bel-prazer), não vejo o menor problema.

Pessoas diferentes precisam de soluções diferentes. Menos idealismo romântico e mais tecnologia, por favor! Bem-vindos ao século XXI!

Para dizer que eu estou me defendendo neste texto, para dizer que prefere ser saudável do que ser feliz, ou mesmo para dizer que meu texto foi muito quadrado, bicho!: somir@desfavor.com

SALLY

É aceitável fazer cirurgia de redução de estômago para fins meramente estéticos? NÃO. Não é aceitável, é um absurdo, é bizarro mutilar um órgão em nome da estética. E olha que eu faço quase tudo em nome da estética, se EU estou dizendo que não é aceitável, melhor prestar atenção.

Uma cirurgia agressiva como essa só deve ser utilizada como último recurso para não morrer ou ficar seriamente doente. Isto, claro, se a pessoa tiver um mínimo de bom senso. E lhes fala de camarote quem fez uma colectomia em função de um tumor que também é realizada para emagrecer gordinhos (remove-se a parte do intestino que absorve a gordura, que calhou de ser o local onde eu tinha um tumor), então, não falo em tese aqui. Falo com o conhecimento de causa do que é e das consequências que uma cirurgia mutiladora desse porte deixa em uma pessoa para o resto de sua vida.

E não me venham com argumentos falsos do tipo “melhor isso do que ser gordo”, porque hoje em dia existem INFINITAS OPÇÕES. Você pode colocar um balão dentro do seu estômago e inflá-lo para ter sensação de saciedade sem cortar fora nenhum pedaço do seu sistema digestivo. Você pode tomar medicamentos que suprimam o apetite, como anfetaminas e cia. Você pode tomar medicamentos que impeçam a absorção de gordura como xenical e cia. Você pode recorrer a um milhão de coisas que não caberiam nas minhas duas páginas de hoje. Não há necessidade de se mutilar em nome da estética.

Vou contar um caso bizarro: a irmã de uma amiga minha viajou para outro país para fazer uma cirurgia de remoção dos dois últimos dedos de cada pé. Ela optou por amputar dois dedos de cada pé, o mindinho e o do lado. Sabem porque? Para poder usar seus sapatinhos Christian Louboutin, Manolo Blahnik e Jimmy Choo com conforto. Seus sapatos de bico finíssimo não cabiam em seu pé, que era largo. Ela mandou ver, cortou fora dois dedos de cada pé. Você está chocado? Você está indignado? EU TAMBÉM. ABSURDO! O mesmo absurdo que cortar fora um pedaço do estômago de alguém. Sendo que eu considero o estômago ainda mais importante que um dedo mindinho na hierarquia de funções corporais!

Até entendo aquela pessoa morbidamente obesa que está hipertensa, diabética, cardiopata, correndo mil riscos à sua saúde faça uma intervenção tão radical. Esta pessoa não pode esperar nem pode se dar ao luxo de tentar procedimentos menos invasivos e mais demorados. Mas atentem para o tema de hoje: PARA FINS MERAMENTE ESTÉTICOS. Quem mutila um órgão importante para fins meramente estéticos é débil mental. Nem eu que venero a estética faria uma porra dessas. Não é aceitável se mutilar com consequências e restrições para o resto da vida para fins meramente estéticos. Faz quem quer, mas não é aceitável. Existem outros meios de obter o mesmo resultado.

Porque tem dessa: as pessoas soltam um “faz quem quer” como se o fato da pessoa optar por aquilo fosse aceitável. Vomita após cada refeição quem quer e isso não é nem um pouco aceitável, se chama bulimia. Pessoas fazem coisas não aceitáveis o tempo todo.

Você sabe a que se resume a vida alimentar de alguém que faz essa cirurgia? Você sabe as complicações que a pessoa enfrenta para o resto da vida? Você sabe os riscos? Você sabe como é o pós operatório? É um absurdo que alguém ainda cogite isso como solução para problema de sobrepeso. Isso é último recurso para um obeso não morrer! Fico pau da vida quando vejo mulheres que tem filhos para criar se expondo a esse risco de morte por questões puramente estéticas. Egoístas é pouco!

Olha, não vou nem pedir para ter força de vontade, fechar a boca e malhar, porque as pessoas me metralham quando eu falo essas coisas. Parece que estou mandando os outros roubarem ou usar drogas. Sem contar que vem aqueles argumentos numa vibe auto-perdão do tipo “não tenho tempo para malhar”. Não tem tempo de malhar? NEM EU, FILHA. Daí eu abro mão de uma hora do meu sono e malho mesmo assim. Faça-me o favor… Bem, como ia dizendo, não vou mandar ninguém malhar porque isso parece que ofende, pedir força de vontade dos outros causa comentários irritados. Então ta, vamos pegar um atalho. Se quer pegar um atalho, toma remédio, faz até uma lipo ou quem sabe alguma providência mais “definitiva” só que sem mutilação! Porque fazer algo que é irreversível? Até eu, que sou EU, Estética Queen, fútil e obcecada com corpo, me recusaria a fazer algo irreversível por estética que implique em uma mutilação de um órgão!

Isso é tosco, é medieval. E muitas vezes, ineficaz! A compulsão por alimentos está na cabeça das pessoas. O estômago diminui mas a carência e a compulsão não. Muitas vezes os pacientes acabam comendo tanto por compulsão que simplesmente arrebentam o próprio estômago meses após a cirurgia! Pior: muitas das pessoas que fizeram redução acabaram virando alcoólatras, porque já que não pode comer, canaliza o vício e a compulsão para a comida. Vou repetir uma frase que eu sempre digo: GORDO SE É. Você não está gordo, você É gordo. O fato de mutilar seu estômago (seja cortando, seja grampeando), não te tira a forma doentia de lidar com comida. As pessoas se iludem achando que será uma solução mágica e não é. E ainda que fosse, repito: Não é aceitável mutilar um órgão para fins exclusivamente estéticos.

Que tal chegar até a raiz do problema em vez de sair se cortando? Que tal uma terapia, reeducação alimentar… Não? Malhar, quem sabe, e aprender a gastar mais do que se come, porque peso é matemática: gaste mais do que ingere e você vai emagrecer. Não? Ok, que tal procurar endocrinologistas, nutricionistas, nutrólogos e quantas outras especialidades forem necessárias e fazer dietas, tomar medicamentos… não? Que tal então algo cirúrgico mas que não te mutile?

E só para constar, não adianta merda nenhuma emagrecer vertiginosamente com redução de estômago e depois ter que se entupir de cirurgias nos braços, pernas e barriga porque tá parecendo um Sharpei pelancudo. Se estética era o objetivo… bem… FAIL!

Para dizer que esperava ver opiniões invertidas hoje, para dizer que nunca achou que fosse me dar razão em uma polêmica envolvendo estética ou ainda para ficar em cima do muro e dizer que cada um sabe o que é melhor para si: sally@desfavor.com

A performance do humorista Rick Gervais como apresentador do Globo de Ouro 2011 foi duramente criticada por causa de piadas ácidas vitimando estrelas da TV e do cinema americano. O assunto rendeu na mídia internacional, mas algo ficou confuso: Quem foi que se ofendeu mesmo?

Desfavor da semana.

SOMIR

Para quem não conhece, Rick Gervais é o criador do The Office original. Com o sucesso da versão americana (produzida por ele também), caiu nos gostos da mídia ianque e neste ano estava apresentando o Globo de Ouro pela segunda vez seguida.

Ano passado algumas de suas piadas “levantaram sobrancelhas”, mas no final das contas tudo acabou sem maiores problemas. E se o convidaram novamente, havia de se imaginar que seu estilo de humor fora aceito. Quem já viu seus stand-ups sabe que ele pega relativamente pesado e não tem muita frescura quando o assunto é sacanear assuntos polêmicos.

Pois bem… Aconteceu o óbvio. Sally vai dissecar melhor a performance, eu quero mesmo é me concentrar no pós-show. A polêmica foi noticiada pela imprensa mesmo antes da imprensa saber se tinha alguma polêmica ali. Eu vi a entrevista de Gervais na CNN e ele diz que ninguém veio reclamar diretamente com ele. Vários dos sacaneados deram declarações públicas que tinham achado hilária a apresentação.

Mas a mídia é uma criatura de hábitos: Se algum discurso ou comentário ultrapassa os limites da falsa polidez pública (o famoso politicamente correto), alguém TEM que ficar ofendido. Sem a idéia que uma pessoa em algum lugar ficou arrasada pelo assunto discutido, é difícil transformar a notícia em… notícia.

Mesmo durante a premiação, enquanto milhares de antas gastavam suas cotas de 140 caracteres inflando a importância das piadas do humorista britânico, ninguém sabia apontar exatamente quem estava ficando ofendido. Presumia-se que os atores e atrizes estavam achando horrível, mas era só isso mesmo: Presunção.

Talvez até tenham achado mesmo, mas paus nos cus deles: Nada é sagrado e piada só ofende DE VERDADE gente muito burra. Não sou conhecido pela minha simpatia pela desprivilegiados intelectuais.

A questão é que tantos os americanos como os brasileiros (tem relevância aqui) acham o máximo fazer drama quando alguém toca em assuntos “intocáveis”. Temos essa conexão direta em relação à hipocrisia e a auto-repressão social. Povo adora vitimização.

E relevância é para otários. Não importa se a piada ofendeu alguém de verdade ou não, importa botar banca de defensor da moral e dos bons costumes e capitalizar em cima do medo colossal das pessoas de se destacar por alguma opinião. O bando é seguro, nada de se desgarrar! É mais ou menos como se as regras do que é politicamente correto já estivessem organicamente agregadas ao comportamento humano.

A mídia (e incluo a internet como parte dela) alimenta essa babaquice para criar um crime sem vítimas que chame atenção suficiente. E onde tem atenção, tem gente querendo aparecer. Não demorou para a associação das estrelas de Hollywood (ou algo que “não” o valha) soltar um comunicado oficial repreendendo o comediante por ter feito… piadas! Mas o comunicado não foi assinado por nenhum dos atacados. Talvez estivessem muito bêbados ou não conseguissem achar a chave do armário…

No final das contas, um grupo de ninguéns decidiu tomar as dores dos famosos na esperança de aparecer também. A máquina funciona tão bem que atualmente é só questão de tempo até capitalizarem em cima da suposta ofensividade de algo dito por alguém com bolas de apontar para os intocáveis e tirar uma com a cara deles.

Bacana que TODOS os comentários de fãs que tentaram defender seus ídolos que li em fóruns e no Youtube demonstravam exatamente a mesma coisa que sabemos aqui no desfavor desde os primeiros Processa Eu!: Fãs são em sua grande maioria completos retardados que só enxergam a possibilidade da ENVEJA na sua frente. Gentinha besta e limitada querendo uma carona na visibilidade de seus idolatrados. Humanize alguém idealizado e muita gente vai ficar puta da vida.

Vivemos uma era de causas vazias, definitivamente. O povo criticando Gervais mal sabe do que está reclamando. Estão defendendo alguém ou estão se defendendo? Pouco importa: Espera-se que alguém reclame depois de uma apresentação daquelas, não faz sentido que a humanidade já esteja pronta para ter senso de humor.

E falando em gente incapaz de entender piadas, vários religiosos ficaram putos com o agradecimento de Gervais no final do evento: “Obrigado Deus… por ter me feito ateu!”. Soltar uma dessa na TV americana (e até na brasileira) é receita de problemas. Não deveria ser, claro… Se os ateus (pelo menos os que pensam um pouco) não dão a mínima para os famosos que professam sua fé de forma pública, os religiosos também deveriam aceitar uma declaração de falta de fé numa boa.

Mas, ei… mesmo que uma pessoa sozinha vá dizer que não se importa com um encerramento de discurso desses, o grupo tem a “obrigação moral” de achar errado. Impressionante como tem tanta gente nesse mundo que troca feliz da vida seu senso crítico pessoal pelo conforto (covarde) da revolta do bando.

Esse senso de importância que surge sem muita explicação contagia o povo e quem precisa dele para lucrar. E parece que ninguém percebe o quão fabricada é a idéia. O desfavor da semana não é só um bando de chatos que se ofendem com coisas que não entendem, é a incrível capacidade que adquirimos de criar polêmicas completamente vazias pela simples possibilidade de fazê-lo.

Quem mesmo que se ofendeu?

Para dizer que eu não tenho senso de humor para entender que até mesmo a repercussão foi uma piada, para reclamar que estamos falando de coisas que você não entende, ou mesmo para dizer que isso aqui vai estar chamando Histéricas Unidas! quando eu voltar: somir@desfavor.com

SALLY

Você chamaria o Somir ou a mim para apresentar algum tipo de evento? Bem, se você respondeu que “sim”, provavelmente você é do tipo de pessoa que teria a intenção de ver o circo pegar fogo nesse evento. Vocês, que nos conhecem, sabem o que esperar da gente. Passarinho que come pedra sabe o cu que tem.

Supondo que algum maluco nos contrate para apresentar algum evento e na hora H, Somir solte piadas ridicularizando religiosos e eu comece a falar mal de homem… você iria se chocar? Iria se revoltar? Pois é. Pela segunda vez: Passarinho que come pedra sabe o cu que tem.

Foi isso que aconteceu com Ricky Gervais, notoriamente conhecido por seu estilo polêmico de piadas que flertam com o politicamente incorreto e com o mau gosto. Você pode adorar ou pode abominar, a questão é que ele nunca escondeu seu estilo de ninguém. Ainda assim o chamaram para fazer algumas apresentações no Globo de Ouro.

Evidente que ele fez piadas dentro do seu estilo. Se você contrata o Somir para uma apresentação e ele reza um Pai Nosso, periga até pedirem o dinheiro de volta! Quem chamou sabia qual era o estilo de Ricky. E foi exatamente isso que ele apresentou. Sinceridade? Nem achei as piadas pesadas. Dizer que balada e bebedeira são café da manha para Charile Sheen ou sacanear o photoshop no cartaz do filme “Sex and the City” parecem até brincadeiras de criança. Mas celebridades são crianças mimadas, muito sensíveis, que não assumem responsabilidade por seus atos.

Evidente que Gervais foi colocado ali para polemizar. E deu certo, porque a audiência do troço aumentou. Só que não contavam com o mimimi das celebridades e quando elas fizeram beicinho e se ofenderam, todo mundo se voltou contra ele. A corda costuma mesmo arrebentar para o lado mais fraco, até em Hollywood. Gente, o que que tem brincar dizendo que Bruce Willis é o pai do Ashton Kutcher? (atual marido de Demi Moore, ex de Willis). Tem dó de mim, Titia Demi pega um moleque 200 anos mais jovem que ela e não espera uma piadinha sobre o assunto? Tá se achando blindada? Tá se achando melhor que os outros? Tá se achando acima do bem e do mal e de críticas e piadas? Pois não está. Eu hein…

Em um meio hipócrita, artificial e plastificado como aquele, eu acho é muito saudável que tenha alguém disposto a fazer esse tipo de humor e mexer com o “imexível”. Não é saudável divinizar aquelas pessoas, tão humanas quanto nós. Qualquer um que quebre com esse padrão é um FAVOR para a sociedade. E todos aqueles que joguem pedras são um tremendo desfavor. E esse foi o desfavor da semana: toda a histeria por causa de uns comentários ácidos. Atores querem o bônus da profissão (fama, dinheiro, reconhecimento) mas não querem os ônus dos holofotes. Vão tomar banho!

Agora mais do que nunca Desfavor ama Gervais. Quando falava do filme “O Golpista do Ano”, onde que Jim Carrey e Ewan McGregor interpretam um casal homossexual, ele brincou dizendo que era uma produção com “dois atores heterossexuais fingindo ser gays. Mais ou menos o oposto completo de alguns famosos cientologistas”. Percebam a genialidade da piada: além de ridicularizar a cientologia (para mais informações, Desfavor Explica de 19/02/2010), ainda meteu o pau no Tom Cruise e no John Travolta! Tem como não amar? Já estava na hora de alguém dizer que eles são dois viados, afinal, eles abrem a boca para julgar os outros e falar um monte de merda. Porque Tom Cruise pode meter o pau na Brooke Shields dizendo que ela não tinha que ter tomado remédios para depressão e deveria ter se tratado com exercícios físicos e vitaminas, mas não quer ouvir de volta nada sobre sua vida pessoal? Ninguém é santo ali. Não há vítimas.

Vamos combinar que as piadas de Ricky não foram “reveladoras” ou “invasivas”. Dizer que Cher está velha e ultrapassada não é segredo de estado, como também não é dizer que Mel Gibson é racista, que Robert Downey Jr. passou um tempo na prisão e muito menos dizer que Tom Cruise é gay. São coisas que já foram ditas e “reditas” um milhão de vezes. O grande problema é a hipocrisia americana, que infelizmente nós importamos para o Brasil, onde não se podem falar certas coisas em certos eventos. Ali, “entre eles”, tem que fingir que é tudo lindo e que não são um bando de drogados e/ou gays e/ou photoshopados plastificados e/ou promíscuos e/ou criminosos. Romper com essa ditadura do silêncio foi romper com a hipocrisia. E como sempre, quem rompe com a hipocrisia leva pedrada.

O curioso é que o próprio Ricky emitiu uma nota para a imprensa dizendo que sabiam muito bem o que ele ia fazer e que o clima nos bastidores depois da apresentação estava ótimo. Ou seja, neguinho não teve cu de se ofender na cara dele. Esperaram para ver se geral se ofendia e conspiraram no dia seguinte. Medonho. Porque não foram tirar satisfações com ele ou dizer que não tinham gostado de determinada piada?

Ouvir piadinha sobre erros seus que VOCÊ tornou públicos faz parte do pacote que vem quando se é uma celebridade (para quem não sabe, tem até vídeo do Tom Cruise fazendo sexo com ator pornô). O objeto das piadas não foram informações confidenciais obtidas através de confiança e amizade, o que seria uma tremenda baixaria, e sim coisas que as próprias celebridades deixaram vir a público. Não tem porque se ofender.

Muito bom que alguém rompa com esse padrão de conduta falso, com esse pacto perverso de tentar fazer o resto do mundo acreditar que celebridades são deuses, são infalíveis, não tem rugas e não tem celulite. Isso cria uma falsa imagem nas cabecinhas mais frágeis que acaba por gerar os desdobramentos mais bizarros: desde anorexia até essa fixação por fama Quero Ser Um BBB, por achar que se você for uma celebridade não vai ter problemas na vida.

Para quem acha que ele pegou pesado, bem, leiam os Processa Eu sobre algumas das celebridades que estiveram na premiação aqui no Desfavor e vejam como tudo poderia ser muito pior. Vocês acham que ele não filtrou –e muito- tudo que podia falar?

“Mas Sally, queria ver se fosse com você, se você gostaria”. NÃO, eu não gostaria. Mas não teria o direito de dar faniquito. Vejam bem, eu aceito que as pessoas tem o sagrado direito de desgostar de mim e apontar meus erros. Eu aceito comentários altamente ofensivos AQUI (piranha para baixo), de graça! Se tivesse que ser esculachada tendo em troca uma mansão com piscina e motorista ficaria ainda mais fácil. Eu não apenas estou dando meu ponto de vista, estou também mostrando que ele não é uma mera tese. Na prática eu aceito críticas.

Bando de celebridades mimadas. E bando de escrotos que caem no seu chororô e querem crucificar Ricky Gervais. Pensem antes de reclamar! VOCÊS que arreganharam suas vidas e deram margem a isso! Pela terceira e última vez: passarinho que come pedra sabe o cu que tem!

Para dizer que devemos escrever um Processa Eu sobre Gervais para ver se na hora da verdade ele tem mesmo senso de humor, para dizer que ainda não está falando comigo por causa do Processa Eu de quinta passada ou ainda para dizer que eu sou como doce de leite, no começo é bom mas depois enjoa e implorar pela volta do Somir: sally@desfavor.com

Não é o que você está pensando... eu acho...Já repararam como eles adoram meter o pau nas amizades femininas e exaltar a amizade masculina? Sabe, tô meio que de saco cheio deles se acharem os grandes amigões fodões e acharem a gente um bando de rival invejosa. Sinceramente? Até tem umas furadas de olho entre mulheres (e nesses casos, eu nem considero que tenha sido amiga um dia), mas também tem muita babaquice e traição nas grandesbosta de amizade deles! Gente ingrata, medíocre e baixa desconhece gênero. Além disso eles não são tão bons amigos como pensam que são. Leiam até o fim e me digam se eu não estou certa!

Eles nos criticam dizendo que nós falamos mal por trás das nossas amigas, que não dizemos o que pensamos na cara e que fazemos fofoca. Talvez seja essa facilidade com a qual eles usam o termo “amigo”. Porque nós não fazemos isso com AMIGAS. Claro, AMIGAS a gente tem três ou quatro nesta vida. Eles não, eles sentam três noites seguidas para tomar um chopp com outro cueca e já vira o amigão: “Fulano é meu irmão, meu camarada”. Pois é, nós somos mais seletivas. Podemos até falar mal de colegas, conhecidas e outras pessoas menos importantes que ELES chamariam de amigos (porque eles chamam todo mundo de amigo), mas quando temos um problema com uma amiga de verdade, sentamos e conversamos. E eles? Conversam? Eles acham que quando tem um problema chamam e falam na cara e resolvem tudo. Será? SERÁ?

HÁ! É RUIM! Eles não resolvem os problemas no diálogo não! Eles adoram dizer que homem não tem dessa de guardar raivinha, que chega logo perguntando “Qual foi?” e esclarecendo tudo. Tá bom! Tolinhos, vocês fazem esse tipo de discurso e se traem o tempo todo graças a esse coraçãozinho bravateiro que vocês tem! Não, eles não resolvem as coisas as claras. Eles tem recursos muito piores do que falar mal de alguém, como por exemplo dar porrada na pessoa com a qual tem alguma pendência durante o jogo de futebol. Maduro. Daí criticam dizendo que mulher é vingativa, não fala na cara e guarda raiva enquanto eles, os fodões bem resolvidos, resolvem tudo na hora e ao mesmo tempo começam a bravatear: “Lembra do Fulano que fez isso, isso e aquilo comigo? QUEBREI ELE NO FUTEBOL! Dei um carrinho que deixou ele manco!”. Muito mais bem resolvidos que a gente (NOT!)

Engraçado que eles se vangloriam tanto da amizade masculina, mas na hora de desabafar e conversar, é no ouvido de MULHER que eles vão! Cadê seu Amigão? Só serve para tomar um chopinho e falar besteira, né? Na hora em que precisam de uma conversa real os marmanjos vem paunocuzar NÓS, pobres mulheres, que temos que aturar suas dúvidas, crises e chororô. E para que? Para no final eles ficarem exaltando como a amizade masculina é muito mais verdadeira que a nossa! Não, queridos. A amizade masculina é muito mais SUPERFICIAL do que a nossa e justamente por isso não acontecem tantos atritos. Se manquem que vocês estão tirando onda com um defeito da amizade masculina e não com uma qualidade, seus idiotas! Salvo honrosas exceções, homem tem COLEGA e não amigo. Assim é fácil não ter atrito e estresse.

E quando o Amigão, aquele que é seu Brother, seu Mano, seu Camarada, precisa de algum tipo de cuidado? O amigo vai ao hospital ajudar a cortar o bife do seu Brother que tá com o braço quebrado? Ou será que ele joga na privada aquele xixi que o seu Mano com as duas pernas quebradas fez no compadre? Ou ainda, será que ele vai correr atrás de um enfermeiro para pedir mais um cobertor para seu Camarada que está com frio no meio da noite? NÃO. FUCKIN´ NÃO. Sabem porque? Porque ele não vai dormir no quarto com o amigo no quarto do hospital, não vai estar presente quando o amigo mijar ou comer. Eles simplesmente não vai, porque homem NÃO SABE cuidar nem de si mesmo quem dirá cuidar dos outros, olhar para os outros e ver quais são suas necessidades. Vai no hospital dar um alô, fica duas horinhas e VAZA. Se bobear ainda solta aquela frase medonha que não vai nem visitar porque “Não gosto de hospital”. Ahãn. Eu adoro… inclusive nas minhas horas livres eu vou dar um passeio no pronto socorro! EGOÍSTAS! Sobra pra quem? Para as amigas mulheres! Grandesbosta essa amizade. O grau de envolvimento é mínimo!

E quando acontece algum evento na vida do cidadão que o deixa muito triste e monotemático (porque sim, isso acontece com eles também). Digamos, por exemplo, que ele tenha terminado de forma sofrida um relacionamento no qual ele ainda ame a mulher. Vocês ACHAM que os amigos Cuecas, aqueles Amigões do Peito, vão ficar escutando o Zé Ruela falar do assunto por dias e dias? NEGATIVO. Escutam meia hora e já enchem o saco. Daí ou embebedam o infeliz e vão para a farra ou simplesmente não escutam mais. Novamente, QUEM eles vem paunocuzar? Nós, as Mulheres, que acusam de não saber ter uma amizade de verdade. TÁ BOM. A gente escuta nossas amigas por dias, meses se for preciso, repetindo sempre os mesmos conselhos. Deixar o outro falar quando ele precisa falar é amizade. Dá trabalho, é chato, é cansativo, mas é amizade.

E na hora de cair no choro? Quantos homens se sentem confortáveis para chorar feito criança na frente dos amigos? POUCOS, eles fazem pose. Que amizade é essa que você faz pose? Mulher chora sem problemas na frente das amigas e ainda tem que ouvir que amizade de verdade é a de homem, que é muito mais sincera. Mais sincera? Fazendo tipo? fazendo pose?

Que porra de amizade estranha é essa onde eles não querem se comprometer a ponto de criar briga com o amigo e preferem deixar o amigo se foder? Se o sujeito acha que a namorada do amigo é uma piranha que tá dando pra todo mundo e vai passar HIV para ele e ainda vai dar um golpe da barriga no final das contas, será que ele senta para conversar e o alerta? 99% dos homens responderão “só se ele me perguntar”. Ô SEU ANIMAL, SE ELE PUDESSE VER essa triste realidade, ele não teria necessidade de te perguntar nada! Justamente porque seu amigo não pode ver a verdade é que você tem que alertá-lo sem que ele pergunte! Mas não, eles não querem correr o risco do amigo ficar chateado ou de ter qualquer estresse. Eles não querem parece intrometidos. Eles não querem se meter. Preferem ver o amigo se foder todo. Depois mulher é que não é amiga de verdade, né? BABACAS.

E os assuntos “proibidos” entre homens? Que amizade tosca é essa que tem assuntos que não podem ser falados? Parece um código de ética bizarro implícito do mundo masculino. Não se fala sobre algumas coisas de cunho sexual, não se fala sobre a mãe dos outros, não se fala sobre salário, não se fala sobre um monte de coisas! Eu sei que o fato de ser amigo não é sinônimo de ter que contar tudo, mas puta merda, assunto proibido é foda. Isso soa como falta de confiança. Depois dizem que mulher não é confiável. Tenho uma novidade para vocês: o ser humano não é confiável, só que vocês, apesar de se dizerem grandes amigos, não costumam desabafar nada muito pessoal, por isso, e só por isso, amigos homens não “traem a confiança” uns dos outros. POR FALTA DE SUBSÍDIOS PARA TAL, não porque sejam mais éticos.

Eles gostam de dizer que mulher é histérica, que brigam umas com as outras e depois voltam a ser amigas como se nada. Acham um absurdo a gente xingar, bater boca e depois voltar a ser amiga. E eles que são capazes de TROCAR SOCOS, SAIR NA PORRADA e voltar aos bons tempos de amizade como se nada? Quer mais baixaria do que dar na cara do outro e depois continuar saindo com essa pessoa?

Nem vou falar muito no quesito “furar o olho”, porque no último Sally Surtada desenvolvi bastante o assunto. Resumo: homem fura olho de amigo MAIS do que mulher fura olho de amiga. Homem com tesão é uma praga, uma peste sem controle. Homem é PIOR do que mulher. Homem chega a COMER A MÃE DO AMIGO. Quem aqui não conhece um homem que comeu a mãe de um amigo? Eu conheço várias histórias, desde adolescentes até adultos. Tem pior do que comer a mãe do amigo? Bom, eu conheço um caso de comer a avó do amigo, mas não vem ao caso. Homem além de pegar a própria mulher do amigo ainda cata A MÃE! E tem coragem de chamar mulher de fura-olho! SE MANQUEM! Quem aqui não conhece uma história de um homem que pegou uma ex do amigo? Ou quem aqui não conhece uma história de um homem que pegou a namorada do amigo? ELES NÃO SÃO ESSES AMIGUINHOS SANTOS tão melhores que a gente.

Vamos falar de senso de sacrifício? Pense na seguinte situação imaginária: um ser humano está sofrendo por algum motivo emocional qualquer. Ele liga para outro ser humano com o qual acredita ter uma amizade, sendo que este outro ser humano tem um encontro com um terceiro ser humano muito sexy com grandes chances de sexo. Quais são as chances do ser humano desistir do encontro se for do sexo masculino? QUASE ZERO. Se um homem estiver em vias de comer uma mulher muito gostosa e um amigo precisar dele para desabafar, SO SO SORRY. Já uma amiga dificilmente deixaria a outra na mão! Depois dizem que a gente é que troca amizade por homem, né?

E vamos falar naqueles momentos saia justa de amizade? Emprestar dinheiro, deixar a pessoa morar na sua casa, aceitar ser testemunha em um processo judicial complicado, mentir para ajudar e tantas outras situações delicadas que podem se apresentar ao longo de anos de amizade. Homem FOGE disso. Dificilmente um homem coloca o seu na reta em uma ocasião assim. Amizade para eles é sinônimo de passar um tempo junto com a pessoa curtindo, quando começa a trazer problemas e dor de cabeça os tão citados lealdade e corporativismo masculino DESMORONAM. Já vi homem não atender amigo porque sabia que iria pedir dinheiro emprestado. Já vi homem fingir doença para não ter que testemunhar em um processo. HORRÍVEL, ao menos tenham a decência de ser sinceros! Mas não, parece que tudo na vida de homem é pensado para “evitar problemas”. Porque essa compulsão por evitar problemas e aborrecimento? Simples, porque eles são uns incompetentes que não sabem resolver e em muitos casos acabam até piorando sua situação. Sim, eles tem uma vocação do caralho para dar tiro no pé.

Eu arrisco dizer que homem sequer conhece direito seus amigos. Nem mesmo seu melhor amigo. Não conhece suas preferências, não conhece seus gostos e nem mesmo alguns de seus valores. Alguns nem sabem bem com o que o amigo trabalha. Ou seja, não se preocupam em conhecer e investir no amigo, só querem saber de contar piadas, jogar futebol (ou RPG, que coisa triiiisteeeee). Não me admira que amigos homens briguem menos, eles são MONOSSILÁBICOS uns com os outros! Pergunte a um homem qual é o maior medo do seu amigo. Pergunte qual foi a maior tristeza da vida do seu amigo. Pergunte qual é o maior sonho do seu amigo. Será que ele vai saber responder? Acho que não. Eles, que se dizem melhores amigos do que a gente, não prestam atenção nos outros.

E no final das contas, mesmo eles sendo essas BOSTAS de amigos superficiais, descuidados e indisponíveis, ficam tirando onda dizendo que amizade entre homem é muito mais sincera do que entre mulheres. MAS NUNCA, Meus Queridos, NUNCA! Amizade entre homem é mais SUPERFICIAL. Vocês não brigam não porque sejam super bem resolvidos e sim porque querem “evitar a fadiga”.

Mulher é melhor amiga do que homem sim. Ainda que em algum ponto eventualmente brigue e deixe de ser amiga. Não interessa, enquanto é amiga a mulher é muito mais disponível, atenciosa, cuidadosa, carinhosa etc. Mulher investe na amizade. Mulher cultiva a amizade. Uma amiga mulher é uma amiga presente, ouvinte e atenta. Amizade entre mulheres é sim mais profunda e verdadeira. E justamente por isso pode vir a ter mais atritos. Porém não se mede o grau de amizade pela ausência de brigas, como muitos homens costumam fazer.

Querem continuar alimentando essa merda de que amizade entre homens é melhor/mais sincera/mais verdadeira do que amizade entre mulheres? Azar o de vocês e sinal de que tem algo de errado com essa tão badalada amizade masculina, pois é muito suspeito que vocês precisem ficar desmerecendo a nossa amizade por aí!

Para dizer que não demorou nada para eu voltar a falar merda, para dizer que bom mesmo é ser amigo de transsex que reúne todas as qualidades de ambos os gêneros ou ainda para dizer que um Sally Surtada por semana é demais para você: sally@desfavor.com