SIM SENHORA | Processa Eu!: Alicate

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No meio da confusão de adiar a Semana Sim Senhora, Sally acabou esquecendo de deixar um roteiro. Estou livre! Mas não se preocupem, não vou colocar uma receita de bolo no lugar. Vou fazer pior: Chamei o Alicate em pessoa para me ajudar a escrever o texto. O foco dele não é lá dos mais primorosos, então comprei uma garrafa de vodka e alguns energéticos para fazê-lo aguentar todo esse processo. Alicate vai fazer comentários pontuais, os quais vou transcrever da melhor forma possível (ou seja: traduzido do paulistês e do manês para língua culta).

ALICATE: Por que você está escrevendo isso mesmo?

Ele ainda não entendeu bem a ideia das intervenções. Mas sabe que eu vou escrever um texto falando mal dele e concordou porque está “cagando para esses nerds virgens”. Então, eu cumpro minha punição e mantenho o amigo. Obrigado pela escorregada, Sally. Bom, comecemos então:

Alicate é um acidente da natureza, e isso já vem de berço. Fruto de uma gravidez acidental, passou boa parte da infância sendo chamado de “pirulino”. Ainda durante a gestação, o obstetra afirmou categoricamente que era uma menina, fazendo seus pais montarem um belo e rosa quarto de menina para esperá-lo. Foi tratado carinhosamente como Priscila durante toda a gravidez. Ele ainda é a “Rainha do Deserto” para todos os amigos mais chegados depois que essa informação vazou.

Depois da surpresa, a adaptação: As lembranças distribuídas no hospital eram bonequinhas rodas etiquetadas como “Lembrança do nascimento de Priscila”, que acabaram rabiscadas toscamente para dar lugar ao nome real de Alicate. A mãe dele ainda tem isso. Talvez como uma lembrança de como sua vida teria sido bem mais simples caso tivesse sido mesmo uma menina.

ALICATE: Se eu fosse mulher, ia ser muito puta. Não precisa trabalhar, não precisa fazer porra nenhuma, só dar… Ia ser uma vida mansa. Mulher faz doce porque gosta de se foder do jeito errado. Alicate knows.

Ok, Priscila. Vamos à infância: Muito sobre a vida de Alicate pode ser explicado por um acidente ainda no berço. Queria tanto sair de lá (provavelmente para encher a cara de leite) que não esperou a mãe. Acabou caindo de cabeça no chão, o que gerou um traumatismo craniano e uma cicatriz que tem até hoje, mas gosta de contar aos amigos que foi fruto de uma agressão quando reagiu a um sequestro. Nós sabemos que esse suposto sequestro é cobertura para outra história.

Foi uma criança gorda. Muito gorda. Sério, foi nessa época que eu o conheci, e mesmo não sendo leve, eu ainda tinha muita moral para dar apelidos como “baleia” e “gordão” (ei, eu tinha sete anos de idade!). Era praticamente uma versão minicraque do Nhonho. Reza a lenda que aos oito anos de idade matou o cachorro da família sentando em cima do pobre coitado. Os pais dele não negam nem confirmam a história, desconversando toda vez que perguntamos. Esperemos apenas que tenha sido apenas uma tentativa de sentar em cima mesmo.

Como era de se esperar, comia tudo o que aparecia pela frente (naquela época falávamos de comida mesmo), uma vez até comeu lixo hospitalar incitado por um amigo que não vou revelar quem sou. Nessa época desenvolveu também uma de suas inúmeras habilidades inúteis: Aspirar comida pelo nariz. Não era uma coisa bonita, como ainda não é.

ALICATE: Um dia a gente tem que gravar o vídeo do chiclete pelo nariz… vai dar uma grana das boas no Youtube! Sabe o que ia ser esquema? Botar uma gostosa junto!

Esquemão! Ele ainda faz o truque do chiclete, mas naquela época era mais ambicioso: Chegou a se engasgar ao “cheirar” uma banana, precisando de ajuda médica logo depois (logo depois de rirmos bastante e desconfiarmos que a cara azulada não era um bom sinal). Nem mesmo levando surras e mais surras dos pais a cada vez que quase se matava aspirando comida deixou de treinar essa nobre arte.

Ainda criança, deu seu primeiro beijo numa colônia de férias. Quer dizer, se primeiro beijo vale em animais que não humanos: A garota que supostamente se deixaria beijar por ele esperou-o fechar os olhos e colocou um coelho no lugar. O coelho, mascote local, não pareceu contente com essa intimidade e tascou-lhe uma mordida no lábio. Quando o vimos de novo, o apelido “boca de negão” pegou na hora. Eram tempos menos politicamente corretos, tenham em mente.

ALICATE: Mas eu me vinguei!

Do coelho. Por isso foi expulso de lá. Porque a menina era ainda mais gorda e mais macho que ele, o que revelou num porre alguns anos depois. Mas vamos avançar mais alguns anos, rumo a adolescência. Alicate começou sua vida sexual (ou algo muito parecido com isso) cedo, levado pelo pai em um bairro-puteiro famoso na região. Ainda com onze anos de idade, foi apresentado a várias mulheres da vida, começando o processo de só ter muita escolha quando tem dinheiro envolvido.

ALICATE: Vai se foder, fui o primeiro da turma e você foi o último, cabação!

A palavra-chave aqui é escolha. Alicate escolheu uma das mulheres mais bonitas, mas o pai dele ficou puto porque queria a mesma, parecia que era uma habitual do Alicate Pai. Mas nesse braço de ferro quem pode mais chora menos, o pai ficou com a bonitinha e o filho ficou com um jaburu tão jaburu que a virgindade foi perdida meio que na marra. Isso sabemos agora, depois de VÁRIAS confissões fracionadas ao longo dos porres. No começo era linda, loira e peituda. A última versão tinha até bigode!

Aos 12 anos de idade teve o seu primeiro porre. E lembram que eu falei de encher a cara de leite naquela história da infância? Alicate foi pego tomando leite com conhaque numa MAMADEIRA aos DOZE anos de idade. Ele diz que estava só brincando, mas não tinha mais nenhuma criança pequena na casa. Fontes fidedignas sugerem que o hábito da mamadeira durou até os 13 e o da chupeta até os 15. Aos 14, ganhou seu primeiro carro, um obsceno Chevette caramelo 1980 que passava mais tempo soltando fumaça do que propriamente andando, fruto de um pai excessivamente permissivo e cego em relação ao talento natural do filho para fazer merda. Segundo Alicate pai: Macho sem carro não é macho. Com o carro, ficou extremamente popular com as meninas da região, mais precisamente aquelas pobrinhas deslumbradas.

E Alicate quase foi pai nessa mesma época. Uma das vadias que andava com ele em seu carro apareceu grávida. Levou uma surra do pai, viu a mãe chorar desconsolada por meses. A sorte sorriu para ele, no entanto, a criança nasceu muito mais “bem passada” do que seria possível para ele como pai. Logo foi descoberto que o verdadeiro pai era um outro moleque novo demais para ter carteira de motorista, dono de uma Brasília que também carregava muitas mulheres da região. Também nessa época teve sua primeira crise de chatos.

ALICATE: Escapei de uma boa, o pai da menina era traficante. E esse lance dos chatos foi primeira e única vez, beleza?

Na escola, Alicate também foi precoce. Foi expulso do primeiro colégio aos 13 depois de ter soltado um pequeno macaco dentro de uma sala de aula. Não, sério… um macaco prego maluco chamado por nós de “filho do Alicate”. Ele apareceu com o bicho do nada, dizendo que havia comprado de um primo que traficava animais silvestres. O “filho do Alicate” não sobreviveu ao seu primeiro dia de escola: Após partir para cima de alunos e professores (muitos precisaram ser vacinados depois), acabou acuado no alto de uma estante e achou que seria uma boa ideia pular no ventilador. Tal pai… A sala de aula ficou parecendo uma cena de guerra.

Já no segundo colégio, menos sangue. Foi expulso por cagar em cima da mesa de uma professora enquanto ela fazia uma pausa para o banheiro. Até hoje ele não sabe explicar por que fez isso.

ALICATE: Porque foi engraçado pra caralho! Ela disse uma vez na aula que tinha o hobbie de pintar porcelana! Foi mais forte que eu cagar na caneca colorida que ela tinha.

Quer dizer, além dessa explicação. Já na terceira escola… Expulso de novo. Motivo: Soltou uma mochila cheia de livros do alto do terceiro andar do colégio diretamente sobre a cabeça de um colega. Mais um traumatismo craniano em sua vida. A partir dali, foi colocado num colégio público por um ano no período noturno. Curiosamente depois dessa experiência, implorou para ser matriculado num colégio particular caríssimo, onde se comportou suficientemente bem para a mensalidade abusiva valer sua permanência.

ALICATE: Cara, o mais light daquela escola pública vendia maconha. Tinha um cara na minha turma que eu jurava que tinha tatuagem de cadeia… Nunca mais.

Agora vamos à vida adulta! Sua vida profissional oscila entre um cargo de chefia para o qual não dá a mínima na empresa da família. Isso é, ninguém sabe muito bem o que a empresa de sua família faz, muito menos Alicate, que só aparece lá para poder sair para o almoço. Dizem que faz importação e exportação. Do quê ninguém sabe.

Sua vida acadêmica também é obscura, além de ter pago por uma vaga em uma nada conceituada universidade, não a concluiu, abandonando os estudos no quinto período, porém tem um diploma desta mesma universidade com seu nome exposto na sala de casa. Ele diz que completou pela internet, mas ninguém aqui acredita.

ALICATE: Sou formado! Tenho DIPLOMA!
SOMIR: Do quê?
ALICATE: Administração de Marketing de Turismo.

Não adicionei as pausas que ele fez entre as palavras porque faltariam “pontinhos”. O mesmo vale para sua carteira de motorista, obtida como que por passe de mágica, sem nunca ter feito uma aula de autoescola na vida. Talvez por isso tenha o recorde de perda total em cinco carros diferentes. Inclusive no Chevette caramelo, que, curiosamente, foi o seu carro que mais durou até hoje.

ALICATE: Quem dirige é mulher, eu piloto, mano!

Alicate é também muito caridoso, distribui abnegadamente a maioria dos pontos que acumula do programa de milhagem do Detran. Só na carteira de habilitação da mãe já foram uns 40!

Nota do escritor: O Alicate já está bêbado.

Vamos logo para a parte que o povo quer saber: Por mais de uma ocasião se enganou a respeito do sexo da pessoa com a qual estava ficando, algumas vezes sendo resgatado pelos amigos, outras não. Nestas, sempre alega não se lembrar do que aconteceu em função da quantidade de bebida alcoólica que havia ingerido. Os amigos fingem que acreditam. Afinal, quem nasceu para Priscila…

Nota do escritor: Alicate riu junto. Acho que não entendeu.

Não se sabe ao certo como, conseguiu manter um relacionamento por curto período de tempo com famosa cantora que conheceu no colégio caríssimo no qual terminou seus estudos, cantora que devido ao trauma, nega até hoje conhecê-lo. O relacionamento terminou quando ele levou uma cantada do irmão da cantora e lhe contou do ocorrido, chamando seu irmão de “Queima Rosca”. A famosa ficou irritada e rompeu o relacionamento, o que em parte foi melhor, pois esse irmão parou de frequentar nossas festas.

Tem medo irracional de aranhas, certa vez chegou inclusive a bater com o carro porque apareceu uma aranha no painel. Tenta esconder o medo de aranhas de todo mundo, mas nem sempre consegue se controlar na presença de uma delas. Seu pior trauma a esse respeito foi infligido pela Sally, em um evento que o deixou três dias a base de calmantes com vodka… ênfase na vodka. E por falar no assunto, o ódio mútuo entre ele e Sally é legendário como ela relata mesmo. Persiste até os dias de hoje, quando ambos me perguntam se o outro já morreu e se mostram chateados diante da minha resposta negativa.

ALICATE: Se é pra falar dela eu nem quero… O que vem debaixo não me atinge… HAHAHAHAHAHA!

Gostaria de salientar que Alicate chorando de rir agora. Continuando: Era católico de criação, mas desde que se cagou nas calças dentro da igreja, no meio de uma missa, não teve mais coragem de voltar lá. Encheu a cara na véspera e acabou indo à igreja por insistência de sua mãe, que só por ser mãe ainda nutre alguma esperança pela alma dele. No meio da missa, por um erro de cálculos, tentou peidar e se cagou nas calças. Nem mesmo se o capeta em pessoa tivesse aparecido por lá o povo teria saído tão rápido. Quem presenciou disse que jogaram fora o banco porque impregnou na madeira. Depois disso passou a usar a frase “Eu cago para a igreja”, seguida por uma gargalhada. O que, devo admitir, também sempre me contagia.

Este não seria o primeiro nem o último problema que a bebida causaria. No enterro de sua avó chegou tão bêbado após uma noite de farra que quando recrutado para carregar uma das alças do caixão acabou por se desequilibrar e cair, fazendo com que o corpo de sua falecida avó role pelo chão de cara na terra. Como eu estava nessa, posso afirmar que ele soltou um “Porra, vó!” em voz alta ao ver o corpo estendido no chão. Confesso que precisei sair de perto para não rir.

Em outra ocasião ele bebeu até entrar em coma alcoólico e foi levado aos hospital por nós, abraçado a uma garrafa de vodka da qual não soltava nem por decreto. Foi colocado no soro e nos trinta segundos em que foi deixado sozinho achou que seria hilário enfiar vodka no soro, conseguindo a proeza de ser expulso do hospital. Em outra ocasião enxugou a noite toda e chegou em casa com uma tatuagem de coelho nas costas que não sabe explicar até hoje. Nós (os amigos) dizemos que é lembrança do primeiro amor.

Em seus períodos de fartura econômica, ostenta dinheiro de todas as formas que pode. Em certa ocasião disse aos amigos (eu incluído) que iria ensinar como se “pega mulher”. Ele amarrou uma nota de cem reais no próprio pinto e entrou em uma boate popular com tudo à mostra, sacudindo e gritando “Vara de pescar mulher! Vara de pescar mulher!”. Vara de pescar segurança, isso sim: além de ter a braguilha fechado à força por um negão que mais parecia um armário, ainda ficou com a isca presa no zíper. Dessa vez só deixamos ele na porta do hospital…

Em outra ocasião decidiu que naquela semana só limparia a bunda após cagar com a maior nota do dinheiro vigente e ao duvidarem da sua afirmativa não apenas cagava de porta aberta para quem quisesse ver, como ainda se dirigia até a sala da sua casa e mostrava a nota toda cagada que havia usado para se limpar. Isso aconteceu umas cinco ou seis vezes… O Jão perdeu uma namorada por causa disso.

ALICATE: Você que duvidou que ele lambesse a nota. Lembra?

De qualquer forma… Alicate também é o autor do jogo “adivinha o que eu comi”, que consiste no seguinte: montar uma barraca de camping no meio da sala e quando alguém sente vontade de peidar, todos devem entrar juntos na barraca, cheirar o peido e tentar adivinhar o que quem peidou comeu na refeição anterior. Para incentivar este jogo saudável distribuía elevados prêmios em dinheiro para quem adivinhasse a origem do peido. Graças a esse incentivo, o jogo “adivinha o que eu comi” durou por muitos anos. Não, eu nunca participei. Sim, tinha muita gente que fazia por causa do dinheiro.

Bom, já são seis páginas e eu com certeza pulei algumas partes, principalmente as previamente proibidas por ele em nosso acordo. Sem contar que a vodka já acabou.

Espero que tenha sido proveitoso essa inútil sessão de fofocas sobre alguém que vocês não conhecem. Uma última mensagem, Alicate?

ALICATE: Falar mal é fácil, difícil é ser eu. Morre de inveja aí, bando de nerds! Alicate tem, né?

Para dizer o que o Alicate tem mais, para dizer que se isso foi a versão autorizada não quer nem saber a completa, ou mesmo para dizer que está decepcionado(a) com a não confirmação da origem do apelido: somir@desfavor.com

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