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Ele disse, ela disse: Facinho, facinha.

| Desfavor | | 26 comentários em Ele disse, ela disse: Facinho, facinha.

Começa hoje a semana de comemoração de um ano de blog, e como bons narcisistas que somos, vamos nos concentrar totalmente no desfavor e seus autores. Hoje o “Ele disse, ela disse” vai ganhar um quê de “Siago Tomir” e “Sammy Solir” com uma história que a cada dia que passa gera mais controvérsia entre os donos do desfavor. A história de quem seduziu quem.

Somir afirma que Sally foi seduzida primeiro, Sally afirma que Somir estava no papo desde o começo. Ambos evadem sua privacidade para saciar a curiosidade das pessoas que tanto perguntaram sobre o começo de seu relacionamento.

Tema de hoje: Quem estava “no papo” desde o começo?

Eu ainda acho que estamos falando demais, mas agora o pior que acontece é encheção de saco. Antes falar sobre isso poderia me causar problemas no bolso, o meu órgão mais sensível. Pois bem:

Sally não teve a menor chance. E tenham em mente que eu não estou tendo uma espécie de “ego trip” achando que sou irresistível. Para ser honesto, qualquer pessoa que nos visse juntos na época em que estávamos juntos ficaria pensando no que aquela mulher tinha visto em mim. E isso diz mais sobre a beleza dela do que sobre a minha. (Não sou de se jogar fora não…)

Vou contar as coisas do jeito que aconteceram, já que eu não ligo muito para aprovação popular. Imagino que a versão da Sally vá ser convenientemente mais agradável para as mulheres. Mas, quem não percebeu isso até hoje não percebe mais… Continuemos.

O mais óbvio seria eu correndo atrás dela até conseguir uma chance. Mas como vocês vão perceber, o mais óbvio dificilmente faz parte de qualquer história que nos envolva…

Talvez por já me achar muito nerd, mantenho algumas travas de segurança para não me afundar completamente. Uma delas é não levar a internet a sério. Essa história de procurar e seduzir mulheres pelo meio virtual nunca foi do meu feitio, pelo menos não com uma expectativa real de ser algo além de uma diversão descartável. Na maior parte do tempo, a rede mundial de computadores era apenas uma plataforma de trabalho e trollagem para mim.

Como eu já havia dito na postagem sobre o Orkut, eu demorei para me interessar pela rede social da Enveja. Criei um perfil falso e descobri algumas oportunidades de tirar sarro e provocar algumas pessoas que levam tudo a sério. Era divertido, mas solitário. Após conhecer um outro troll (que está lendo este texto), fui apresentado a uma divertida comunidade que reunia perfis fakes e pessoas azedas. Pronto, estava em casa! Após um ataque coordenado contra um ser patético que se fazia de vítima de duas completas desconhecidas para mim (uma era a Sally), percebi a oportunidade de trollar todo mundo ao mesmo tempo atacando nos dois frontes da discussão ao mesmo tempo. O meu personagem principal defendia Sally, o meu outro fake (KKKKK DIBOA?) a atacava. Sally caiu feito uma patinha nessa jogada. Naquele momento, ela era apenas mais uma vítima das minhas piadas de Orkut, mas eu já estava achando interessante a forma como ela era suscetível a jogadas assim. Tinha achado uma mina de ouro de trollagem.

O tempo passa, a pancadaria continua comendo solta, mas eu começo a perceber que aquela tal de Sally (tinha outro nome no Orkut) fazia questão de rebater qualquer piadinha minha, assim como se fazer presente em qualquer discussão onde eu estivesse presente. Estava claro que tinha encontrado uma fã. Sabem criança quando começa a implicar para chamar a atenção?

Percebi inclusive que ela teve o trabalho de montar uma trollada para me pegar, uma que ela jura até hoje que funcionou, mas da qual eu já sabia desde antes dela começar. Como ela já havia me proporcionado uma boa dose de diversão, não discuti mais sobre o assunto. Ela guarda com carinho a memória do dia em que me enganou, eu não vou ser escroto de tirar isso dela, certo? Opa…

A relação de implicância rendeu várias provocações e desafios, até o momento onde eu atirei no que vi e acertei no que não vi. Pouco tempo após começar a brincar que queria a conhecer melhor, (muito em parte pela forma como ela se descrevia: uma mulher obesa e deformada) Sally foi perdendo sua pose e cedendo aos meus pedidos. Fácil, fácil. A forma agressiva como ela se expressava eu tirava (e ainda tiro) de letra.

Sally se escondia atrás da presunção de que eu não sabia se ela era homem ou mulher para justificar uma trollada reversa. Sally fala e reage como mulher, pessoas falam… Eu sabia desde o começo.

Um belo dia, ela se entregou de vez. Após ser levemente provocada, tentou reverter me “chamando na chincha” e pedindo meu MSN. Cinco minutos depois, havia criado uma conta fake e passado para ela. Adivinha só se eu não fui adicionado 30 segundos depois? Obviamente ela teve a cara de pau de me tratar muito mal na primeira conversa para esconder a bandeira que tinha dado anteriormente. Anta digital (minha querida anta digital) como era, manteve sua foto real como exibição e contou uma história ridícula sobre como aquela ali era na verdade sua prima. Trocou por outra genérica.

Sally, a furiosa feminista inabalável do Orkut, justamente ela… Perdidinha e nervosa numa simples conversa de MSN com um ser que usava a foto de um cu como exibição. Ah, aquilo era uma vitória!

Não vou mentir, Sally era muito mais inteligente, ácida e “errada” do que a média. Apesar do grau PESADO de rejeição que ela tentava impor na conversa, era algo muito divertido. E, para ser honesto, eu não tinha planos de passar daquele grau de intimidade.

Na minha vida real, eu era um homem casado. Sally não sabia nada sobre mim, e eu não dava espaço para ela “entrar” na minha vida. Mas, vítima do meu próprio interesse naquela mulher da internet, além de problemas no meu relacionamento real, mantive aberto o canal de comunicação perigosamente aberto. (Flertando com o desastre!)

Como eu a mantinha confusa propositalmente, Sally foi perdendo seu “rebolado” e começando a jogar cada vez mais pesado para me conquistar. (Nota: Ela nunca tinha visto uma foto minha.) A pose de quem não estava nem aí para mim caiu, e caiu numa pancada só. Veio a primeira proposta indecente.

Eu ainda não imaginava como ela estava caidinha, vejam só… Aceitei como uma forma de “entrar na piada”. Na vida real, o relacionamento ia mal. Não que uma pessoa como eu demonstre, mas eu já sabia que aquela atenção dispensada à “concubina de MSN” era um sinal de que algo estava acontecendo.

Numa bela noite, me cai a ficha! Pelo histórico, havia uma grande chance da proposta indecente ser verdade. Tomado por uma teimosia que me é peculiar, decidi insistir na vida real e fechar aquela porta virtual de uma vez por todas. Sally até hoje acha que eu amarelei, mas a verdade é que eu a subestimei. Era verdade MESMO o que ela tinha me proposto.

Teimoso. Um dos termos que melhor me descreve. Eu havia percebido claramente que algo estava errado no meu casamento e mesmo assim resolvi tentar mais um vez. Sally e eu nos afastamos por um curto período de tempo, talvez o necessário para que eu percebesse que a situação real era insustentável.

Sally sentiu o cheiro de sangue. Veio a segunda proposta. Eu aceitei. Mas o que definiu o fim de um casamento nesse caso foi o tempo que eu demorei para decidir, já que dessa vez sabia que era verdade. Eu não admitiria que uma mulher que está numa relação comigo sequer vacilasse ao negar um encontro desse tipo com outro homem. É traição. E traição termina qualquer relação para mim, na hora. (O que não me impede de ser um escroto no caso, mas… é a vida. Vive-se com os erros para não repeti-los.)

Quando me encontrei com Sally, já estava separado extra-judicialmente. Não estou tirando o valor dela, mas é muita presunção da minha CARA achar que eu sou um João-Bobo que se move na direção que uma mulher empurrar. Eu poderia ter negado novamente, mas escolhi aceitar.

Eu tinha parado de me enganar e de enganar outra pessoa, Sally tinha conseguido o que queria. Quem pode a culpar? Estava perdidinha…

Tentando camuflar mais uma vez como estava na minha mão (mal e porcamente, já que insistiu até não poder mais, tudomaluca), Sally armou todo um esquema para tornar nosso encontro o mais complicado possível. Numa cidade distante com a presença de amigos dela para que se sentisse mais segura. Ela diz que era medo de perder um rim, eu sei que era medo de perder a pose rápido demais. Depois de uma longa e sofrida viagem, onde ela fez o desfavor de não me encontrar no local combinado, tive que encontrá-la numa praça distante do local onde havia desembarcado. Já estava lá mesmo, não valeria a pena voltar só porque ela fazia questão de me enfraquecer psicologicamente antes do encontro. Um teimoso cheira o outro.

Eu tenho a teoria de que ela queria ver até onde eu iria para encontrá-la para se sentir mais confiante de que eu realmente corresponderia o que ela já sentia por mim. Chegando na praça deparo-me com uma convenção de furries. Ela já estava abusando.

Após poucos passos dentro da praça, a reconheço imediatamente. Sally é argentina, eu sou um troll. Sim, eu estava usando uma camiseta da seleção inglesa. Ela havia visto apenas uma foto minúscula e borrada minha até aquele momento (tesão intelectual não existe, certo?). Creio que tenha sido essa pequena piada que a tenha convencido que o rapaz que a cumprimentara ali era realmente o Somir (ou cu do MSN).

Depois de algumas trocas de gentilezas, estávamos confiantes que encontráramos as pessoas certas.

Com o passar do tempo, conversamos um pouco e eu fui notando que a expansiva e debochada Sally estava se tornando um coelhinho assustado de acordo com o quanto nos aproximávamos. Ela credita isso ao frio, que usou descaradamente para me deixar cada vez mais próximo. Sally foi se camuflando de mulher indefesa para deixar o caminho livre para mim. Eu já disse que eu sou uma pessoa mesquinha? Pois é, eu não ia deixar barato toda aquela epopéia que ela me fez passar para encontrá-la. Percebendo que ela já estava entregue demais para voltar atrás, torturei-a por alguns longos minutos mudando de assunto, enquanto a mantinha bem próxima e aquecida naquela praça fria. Ela teria de se entregar e perder a pose primeiro.

Aposto que ela ficou imaginando o que diabos estava fazendo de errado. Bem feito! Eu viajei centenas de quilômetros num ônibus (não me julguem!) para descobrir que ela não estava me esperando! Tomara que tenha sido desesperador!

E aí, a minha vitória final/inicial. Sally tomou a iniciativa e me beijou. Aposto que ela vai dizer o contrário, já que acha isso um demérito. (Bom que ache! Hahahaha!) Só que a partir desse momento a nossa guerrinha de nervos particular perdeu o sentido. Eu sou anti-romântico até não poder mais, mas realmente era um momento de merecida trégua. Compensou cada minuto de tensão e problemas anteriores, com sobras. Quase não nos ofendemos ou sacaneamos mais naquele dia. Quase. O que pra gente já é um feito.

Mas como eu bem disse, o “mais óbvio” não é algo que costume entrar nas nossas histórias. Eu estava fazendo algo errado, mesmo tendo terminado a relação “real”, a “legal” ainda estava valendo.

Mesmo com a força que a parceira entre eu e Sally nos deu nesses últimos anos, a nossa união também significou a possível união de nossos inimigos pessoais. Como a infeliz idéia de Sally para fingir para mim que estava “me fazendo um favor” ao me encontrar incluía uma série de testemunhas, tivemos que bolar uma escapatória para não deixar vestígios que pudessem ser utilizados contra mim num processo de divórcio, ou mesmo contra ela numa “vingancinha” futura.

O plano brilhante, cujo principal arquiteto fui eu, consistia em dizer que eu havia amarelado e não ficado com Sally. As pessoas que nos viram juntos conheciam Sally, mas não me conheciam. Pulei na granada. (Que na verdade eu nunca achei tão grandes coisas assim, Sally fica mais ofendida quando mencionam isso… Coisas de um ego argentino…)

Eu tive que agir como se estivesse com medo de Sally. (Essa parte me incomoda.) Sally ficou com a tarefa de fazer um drama em frente à amiga que presenciou a minha inércia. Após uma exibição de gala troll de nossa parte, eu fui embora e deixei Sally para trás mantendo a personagem. Eu sei que ela ficou meio chateada de mentir, mas era por mim. Motivo mais nobre não há! A confusão funcionou tão bem que inimigos nossos passaram muito tempo batendo “em nada” até cansarem.

A pior parte é que sobrou pouco tempo “livre” para nós dois. Mas as dúvidas que precisávamos sanar já estavam no passado. Valeu a pena no dia, valeu a pena depois.

Após isso, começa a história dos nossos namoros. Sim, havia dois namoros. Um virtual e um real, onde o real foi mantido em segredo com a presunção de mentira do virtual. Mas essa história fica para outra vez. Estou achando essa coisa de “contar o plano” feito vilão de filme mais divertida do que esperava. Um perigo…

Para dizer que isso aqui está virando blog pessoal, para dizer que eu sou mesmo um escroto infiel, ou mesmo para dizer que sempre percebeu que a Sally não resiste a mim: somir@desfavor.com


Não sei o que o imbecilóide do Somir vai falar, mas qualquer um que tenha acompanhado o início da nossa história sabe (e tem gente aqui que acompanhou) que ele sempre foi facinho facinho.

Tudo começou em uma comunidade que era como uma casa para mim. Cheia de gente azeda sem escrúpulos e com um moderador que é um dos maiores e melhores trolls que eu já vi. Lá era a minha Disneylândia. E foi lá que conheci o Somir.

Lógico que o senso de humor politicamente incorreto dele me chamou a atenção. Adoro pessoas incorretas, debochadas e polêmicas. Mas quem estava todo se querendo era ELE. Acho que ele começou a me ver com outros olhos depois de uma trollada que eu meti nele.

Usando meu perfil eu o ataquei e usando um perfil fake eu o defendi. Ele caiu direitinho, se unindo ao meu fake contra mim. Quando soube que tinha sido tapeado, não demonstrou, mas ficou em estado de choque. O caçador tinha virado caça. Pior: tinha tomado uma trollada de uma mulher. Deve ter doído, ele não estava acostumado a que façam isso com ele! Lógico que depois ele, com seu comportamento padrão de Siago Tomir, ficou numa de “eu sabia o tempo todo”. Sabia porra nenhuma, se soubesse, a reação dele teria sido diferente: trollar de volta. Ele recuou.

Desde então, ele sempre vinha provocar e se meter onde eu estava postando. Acho que ficou uma raivinha por ter sido enganado por uma menina na frente de todo mundo. Chegou a um ponto que ele me provocava tanto, o tempo todo, que eu criei até uma resposta padrão para ele. Sempre respondia qualquer merda que ele falava com “Rebola para mim, Tiago”, porque não agüentava mais a pentelhação.

E olha que eu ainda dizia que era obesa (costumava dizer que pesava 123kg) e que tinha algumas deformidades – isso é coisa que mulher que está flertando diga? Eu jurava que era obesa. E mesmo assim, ele achou que iria me seduzir virtualmente por esporte, como já fez com milhões de zebras carentes. Vivia pedindo para que eu converse com ele no MSN, na própria comunidade, para todo mundo ver. E eu lá, na minha resposta clássica: “Rebola para mim, Tiago”.

Um dia, Somir estava me enchendo tanto o saco, mas tanto, que eu disse que não falaria mais com ele até ele rebolar para mim. Daí ele respondeu “me adiciona no MSN que eu rebolo”. Uma curiosidade mórbida tomou conta de mim. Para quem tinha 300 contatos no MSN, ter 301 não fazia diferença. Lá fui eu, com meu MSN normal mesmo. Vê lá se eu ia me dar ao trabalho de criar um MSN especial só para falar com ele? HÁ! FAZ-ME RIR!

Eu realmente não estava nem aí, tanto que nem me dei ao trabalho de trocar minha foto real. Estava cagando. Quando ele me perguntou de quem era essa foto, já que eu dizia ser obesa, eu ainda debochei e falei que colocava a foto de uma prima bonita para atrair homem. Ele, por sua vez, usava uma bela foto de um CU (sim, um CU) com olhos. Típico do Somir: vim aqui para te chocar way of life ou ainda faço questão de que não gostem de mim way of life. Conheço o tipo, e sei lidar.

A conversa transcorreu em um nível de agressão normal. Levei umas patadas e dei outras. Somir parecia surpreso em ver uma mulher que não se chocava com as coisas que ele falava e ainda rebatia de igual para igual. Ele batia e eu não me ofendia. Ele ficou sem chão.

Agora vejam vocês, Somir, com uma foto de um cu com olhos, eu, com uma foto minha que foi capa de uma revista… QUEM vocês acham que estava flertando com quem? Eu com o cu, ou Somir com a modelo capa da revista? Bom senso, minha gente, bom senso.

Como tínhamos muitas coisas em comum, começamos a conversar sempre. Tinha algumas coisas que, de tão polêmicas e incorretas eu realmente só podia conversar com ele. Era bom ver que existia outro ser “todo errado” como eu. E esse foi meu erro. Fazer das nossas conversas uma rotina.

Somir tirava uma onda do caralho. Minha vontade de fazer ele cair do cavalo era enorme. Dá para ver pela postura dele aqui e pelos Siago Tomir, que ele vira e mexe merece umas lições de humildade. Ele ficava dizendo que ia fazer, que ia acontecer, até que um dia eu cansei e paguei o blefe. Será que ele acha mesmo que eu estava dando em cima dele sem nem ao menos ter visto uma foto dele? (espero de coração que a foto daquele cu não seja dele) Ele se acha tão fuderosamente irresistível?

Quando eu chamei para a hora da verdade, cansada de ver ele blefando, Somir peidou colossalmente. Foi muito bacana. Dizia que ia fazer, que ia acontecer e quando eu cruzei os braços e disse “Então vem, Querido, só se for agora”, ele amarelou. NÃO TEM PREÇO, minha gente! Se cagou nas calças só de pensar que aquilo poderia ser verdade. Uma coisa tão banal… faço isso até com peão de obra na rua! Às vezes os peões de obra vem de graça dizendo que vão fazer e acontecer e eu coloco a mão cintura e grito “Então vem, Palhaço!” e eles se retiram de cabeça baixa. Pelo visto dá certo com nerds também.

Depois disso o pavor dele foi tanto que até nos afastamos um pouco. Recebi um e-mail dele memorável, sobre o qual, infelizmente, não fui autorizada a falar. Uma lástima. O fato é que ele sempre defendeu que era brincadeira e que era muito fiel à esposa. Tá bom. Homem que não trai voa. Aquela coisas “se colar colou”, sabe? Ele flerta e depois é brincadeira se não dá certo.

Como homem é bicho facinho facinho, Somir voltou. Voltou a falar comigo com freqüência e voltou a repetir o mesmo comportamento de ficar flertando com o desastre. Dava umas flertadinhas como sempre fez com as zebrinhas dele. Só que eu não sou zebrinha. Eu enfio o dedo na ferida e rasgo. Na primeira graça que ele fez, repeti o que já tinha dito antes: “Ah, você quer? Então pode vir, to aqui, vamos resolver isso logo, que tal?”. Já comecei a desmoralizá-lo a partir daí: “Muito fiel você, hein?”. Vai ver que ele dizia que era fiel porque torce para o Timão, né gente? Vai ver que eu entendi errado.

O fato é que todos os flertes partiram dele. A única coisa que eu fiz foi aceitar, porque tinha certeza que ele ia peidar. Chegou uma hora que não peidou mais. O que foi que eu fiz? Fui correndo encontrá-lo? Nãããão. É o que uma mulher muito caidinha por ele faria. Eu não. Eu me recusei a ir até a cidade dele. Eu disse a ele que estava viajando para tal lugar em tal data visitar uma amiga e que SE ELE QUISESSE ME VER, ELE QUE FOSSE PARA LÁ. Tipo, “se mexe aí, porque eu não vou atrás de você”.

E nem adianta dizer que ele não traiu. Porque quando ele veio se encontrar comigo ninguém podia saber e outra historinha foi contada para a esposa. Na cabeça dele, ele podia estar separado, mas na dela eles estavam apenas em uma crise.

Olha, eu não tinha namorado, eu não tinha nada a perder. Eu estava brincando com ele. Eu já ia para aquele estado de qualquer jeito ver uma amiga. E ele, que tinha um casamento? Não se joga um casamento pro alto por causa de uma brincadeira, certo? Evidente que ele estava apaixonadinho! Minha gente, ele tinha MENOS DE SEIS MESES DE CASADO! Estava quase que em lua de mel, onde tudo são rosas. Quão apaixonado um homem tem que estar para jogar tudo pro alto por alguém com quem bateu papo pelo MSN?

E quando nos encontramos eu já ia fazer aquela viagem mesmo, para visitar uma amiga. Ele é que se deslocou exclusivamente para me ver, deixando uma esposa recém casada em casa e contando uma mentira escabrosa para ela. Quem parece apaixonado? Mais: nem me dei ao trabalho de ir encontrá-lo na rodoviária, porque era longe e fiquei com preguiça. Avisei que se ele quisesse, ele que viesse até mim. Quem parece não estar se importando tanto?

O mais legal é que ele queria se encontrar comigo longe de tudo, por medo de ser pego no erro. Ninguém podia saber que estávamos nos encontrando. Só de sacanagem marquei em uma praça que ficava na esquina de onde eu estava hospedada – e do outro lado da cidade para ele. Eu é que não ia me deslocar mais de um quarteirão! Os apaixonados que se desloquem. E ainda estava tendo um evento de furries. Re-a-li-za: Somir e Eu em uma praça cheia de adultos vestidos como animais! Hahahaha Sem sacanagem, devia ter pelo menos uns 200 deles.

O babaquinha ainda foi com uma camisa da Seleção da Inglaterra. Muito engraçado. Eu fiz algumas perguntas de improviso que só ele saberia responder para me certificar de que era ele. Até então óóóóó! NEM AÍ! Só curiosidade. Não movi um dedo, ele veio até mim. Achava ele um bom papo e só. Paguei para ver se era mais, afinal, eu não tinha nada a perder, já tava ali mesmo…

O lerdão do Somir ficou de bate papo por horas. E a noite caindo. Alooou? Uma carioca no Sul do país – no inverno! FUCKIN INVERNO, PORRA! O inverno aqui do Rio é 20º! Achei que ia congelar naquela praça cheia de furries! Porque no Sul acontece um fenômeno que aqui no Rio não acontece: no final do dia a temperatura cai escrotamente! Aqui no Rio quase não varia! Eu tinha saído com uma roupa apropriada, que já não era mais apropriada quando começou a anoitecer. Olhei as minhas unhas. Elas estavam ficando roxas.

“Tá frio”, foi tudo que eu disse. O grosso estúpido nem para me oferecer o casaco dele. Safado canalha. Só me mandou chegar mais perto dele: “Vem mais pra cá” ele disse. Cheguei mais perto, era isso ou o congelamento. Daí em um dos raros gestos de gentileza, Somir me abraçou. Logo depois, voltou ao habitual “Nossa, você está gelada, morreu e não sabe! Hahaha”. Panaca. Sabe gente que usa humor como defesa?

Eu realmente estava tremendo. Ele comentou que eu estava tremendo. Daí ele me abraçou. Daí ficou fácil para ele, no meio do abraço já saiu me beijando. Demorou, hein Madame? Vai ser lerdo assim na casa do caralho, quando uma mulher disser que está com frio, já ganhou, mermão. Não precisa ficar de abraça-abraça não, valeu?

E não é que o Somir era bom nisso? Me surpreendeu. Até então eu tava mais de sacanagem, brincando que aquilo era uma experiência antropológica e coisas assim, mas depois comecei a levar ele mais a sério. As briguinhas pararam (ou quase) e a gente começou a construir alguma coisa a partir daquele dia.

Tanto ele não estava separado da mulher (mentiroso do caralho diz que estava para parecer menos canalha, mas não estava) que ele me pediu para mentir e não contar que ficamos. Eu não queria mentir para minha amiga que estava sendo tão bacana comigo e me hospedando, mas ele disse que mentira tinha que ser uma só para todo mundo.

Primeiro ele queria que eu diga que não fiquei com ele porque era nosso primeiro encontro e porque ele era casado. Eu disse a ele que quem me conhecia nunca ia acreditar numa porra dessas, eu não sou assim moralista (nada contra quem é, muito pelo contrário, são pessoas melhores do que eu). Daí ele veio com a maravilhosa idéia de dizer que ELE não tinha chegado em mim. Fiquei meio puta da minha vida, como assim não chegar em mim? Tá pensando que é quem na noite para não chegar em mim? “Vai ficar com fama de viado” – eu disse. Ele não se importou. Ele sabia que estava no erro. E homem no erro topa tudo para não ser flagrado. Tanto é que até fotos ele se recusou a tirar no jantar que fomos entre amigos.

Olhando para trás, hoje, vejo que mentimos mal pra caralho. Primeiro eu me fiz de blasé quando me perguntaram se não estava puta por ele ter chegado em mim “Não, direito dele. Eu sei que eu sou atraente, isso não me abala. Ele que é um imbecil”. MAAAAAAS NUUUUNCA nessa vida que eu teria dito uma porra dessas! Eu teria chorado, gritado, e nunca mais teria falado com ele! E depois, quando saímos para jantar, mal nos falamos. Ficou um em cada canto da mesa, olhando pros lados. Sabe quando você tenta esconder demais alguma coisa, que de tanto fazer o contrário chega a ficar grotesco?

Confesso que me doeu mentir para a minha amiga, porque tive que fazer uma encenação completa, com direito a e-mail DRAMA e tudo. Mas, o mundo deu voltas e acabamos nos afastando, então, a mentira não dói mais. Na época eu achei um exagero e fiquei triste por ele me pedir para mentir, mas depois dos dois anos infernais de divórcio, vejo que a coisa teria sido mil vezes pior se a gente não tivesse mentido. A merda foi quase não poder ficar com ele. Quando queria dar uns beijos nele tinha que ir devolver filme na locadora. Enfim, quem mandou me meter com homem casado…

Agora eu pergunto: quem dá uma bolada nas costas de uma esposa estando recém casado, se desloca até outro estado e mesmo tomando um bolo da mulher no ponto de encontro, atravessa a cidade para vê-la: um cara que não está nem aí, ou um cara que está apaixonado?

Somir, pega esse teu orgulho, dobra, e enfia no meio do seu cu, porque você estava de quatro por mim. Palavras não valem nada, veja seus ATOS e me diga se não moveu mundos e fundos por mim!

Para dizer que eu sou uma piranha por ter acabado com o casamento alheio, para me dizer que acha mais legal a história onde o Somir é viado e para dizer que isso não é problema seu, que contanto que a gente escreva bons textos, foda-se quem deu em cima de quem: sally@desfavor.com

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