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Ele disse, ela disse: Amigos, amigos, namoros à parte?

| Somir | | 10 comentários em Ele disse, ela disse: Amigos, amigos, namoros à parte?

Alguns casais se formam dentro de um mesmo grupo de amizades. Mas em muitos casos ambos tem de começar todo um processo de reconhecimento e adaptação às amizades um do outro.

Assim como acontece com o encontro das famílias, o encontro dos grupos de amigos pode gerar boas e más surpresas. A questão é até onde essa interação deve ir para um relacionamento saudável. Sally e Somir discordam, alguma dúvida?

Tema de hoje: Até que ponto os amigos do(a) seu(sua) namorado(a) devem ser SEUS amigos?

Eu sou um ser humano egoísta, ciumento e controlador. Não vou ficar fazendo rodeios para admitir este fato, o meu texto hoje não se trata de auto-afirmação ou algo que o valha… Os meus sinceros parabéns para quem pensa de forma contrária, devem ser ótimas pessoas.

Mas, por sorte (PURA sorte), eu não chego a ser tão desagradável a ponto de não ter relacionamentos com outros seres humanos. E, pasmem, consigo até manter amizades. Na minha jamais humilde opinião, amizades são a epítome da evolução social humana. Quer algo mais incrível do que apreciar a companhia e interação com outra pessoa sem incentivos extras dos seus instintos? (SPOILER: Se é medo de ficar sozinho(a), não é amizade.)

Uma pessoa minimamente sociável (e eu ponho ênfase em “minimamente” no meu caso) tem lá seu grupo de amigos. Pessoas que por diversos motivos fazem parte da sua vida, pessoas que você escolheu para ficarem por perto. Não necessariamente proximidade física, (antes da internet as pessoas também tinham amigos por correspondência) proximidade de outro ser humano. Duas cabeças funcionam melhor que uma, certo? É vantajoso ter amizades, em todos os aspectos da vida.

Quando se começa um namoro, você coloca uma nova pessoa na sua vida. Também por escolha, mas é um relacionamento diferente. Hormônios, instintos, passionalidade e muita burrice tomam conta da cabeça. Um relacionamento amoroso pode não ser vantajoso em todos os aspectos da vida, mas com certeza é o que mais apela. E estou usando a palavra “apelo” no sentido tradicional e coloquial. Sexo vende e (nos) compra.

Onde eu quero chegar com isso? Pois bem: Amizades e namoros são “universos paralelos”.

Ao invés de explicar da forma que eu gosto de explicar, vou ser prático:

(Considere que eu vou usar um exemplo masculino, mas é só para evitar uma enxurrada de adaptações por frase. Vale para ambos os sexos.)

Você não age da mesma forma num namoro e numa amizade, certo? Tem coisas que se diz para um amigo que não se diz para uma namorada, e vice-versa. Existem problemas que se resolve com um amigo, existem problemas que se resolve com a sua namorada. Por mais que sejam relacionamentos da sua vida que andam juntos (os que você escolhe), tem suas diferenças óbvias. Por isso “universos paralelos”.

E agora, a parte mais controversa: Você não é a mesma pessoa nesses universos tão diferentes e semelhantes ao mesmo tempo. Não estou conjecturando, estou afirmando. VOCÊ é uma pessoa diferente em cada uma de suas interações com grupos diversos e separados entre si.

(Eu disse que seria prático. Mas eu menti.)

Entendam que não é uma questão de mentir ou fingir ser outra pessoa, é uma questão de adaptação. Por exemplo: Se você gosta de jogar futebol e astronomia, deve ter grupos de amizades diferentes para cada um desses interesses. O que te une com cada um dos grupos é justamente o interesse em comum. Você é uma pessoa única e cada um desses amigos e conhecidos também. Bobagem chamar o Astolfo, que sabe tudo sobre o Telescópio Hubble, para jogar uma peladinha; tão bobagem quanto explicar para o Toninho, driblador nato, as diferentes idéias sobre expansão do universo que teve antes de dormir no dia anterior.

Uma pessoa aprende a se adaptar e tirar o máximo de cada situação. E não pensem que é diferente quando se tem uma namorada e um grupo de amigos bem afastado dela. Algumas facetas da sua personalidade nem fazem sentido se demonstradas para uma pessoa que não tenha identificação com elas.

Seus amigos conhecem uma pessoa. Sua namorada conhece outra. Mas o mais interessante é que ambas são você. Um ser humano é um poço sem fundo de possibilidades, e exploramos MUITAS no dia-a-dia. Ninguém vai te ver por inteiro, ninguém mais é você. Tentando ser prático: Sua namorada te enxerga pela esquerda, seus amigos pela direita. O que não quer dizer que estejam vendo duas pessoas diferentes. Questão de ponto-de-vista.

E por incrível que pareça, essa enrolação toda tem um propósito no tema do “Ele disse, ela disse” de hoje. Quando esses dois universos paralelos se encontram, o pivô da questão fica com uma crise de identidade, e pior, não consegue mais aproveitar o melhor dos dois mundos.

Estraga a graça e o esforço da adaptação. Cria um terceiro ponto-de-vista que não é mais o que você quer. Seus amigos descobrem que seu apelido é “fofinho” e sua namorada descobre que a aquela sua amiga do trabalho sabe por experiência própria da sua tara por “professorinhas safadas”. Coisas que não dizem respeito aos grupos que eles pertencem. Imagens da SUA pessoa que não deveriam fazer parte da visão deles. Pronto: Você virou alvo de uma piada eterna entre seus amigos e sua namorada vai passar um mês de cara feia para você. Alguém ganhou alguma coisa com isso?

Eu espero de uma namorada que conviva pacificamente com meus amigos. E espero dos meus amigos que entendam que não dá para ir com eles ao bar no sábado. Se a namorada quer fazer grandes amizades e conhecer outras pessoas a fundo, que procure a turma dela! Eu vi primeiro! E deu um trabalho enorme para deixar as coisas do jeito que eu gosto. Não quero misturar e tenho esse direito. Meus amigos vão me ver pela direita e ponto final. Se eu quisesse mostrar para eles partes da minha personalidade que costumo mostrar para uma namorada, já teria feito. Escolhi não. Não é óbvio?

Sim, o fato de ser egoísta, ciumento e controlador tem muito a ver com isso. Mas tem fundamentação. Nós somos muito mais complexos do que uma relação ou outra.

E por minha própria culpa, não vou ter espaço para falar sobre o horror dos “amigos do casal”. Eca! Fica para uma próxima.

Para dizer que eu sou um vigarista emocional, para dizer que eu sou um inseguro ou mesmo para contar histórias de como um namorado ou namorada terminou com você e criou um clima horrível de “quem apóia quem”: somir@desfavor.com


Não vejo o menor problema em me tornar amiga dos amigos do meu namorado, sejam eles homens ou mulheres. Em alguns casos o namoro acabou e minha amizade com os amigos continuou. Gosto de fazer amigos, sou uma pessoa solícita, extrovertida e crio vínculo fácil, quem já me mandou um e-mail sabe que é verdade. Me dá prazer fazer amigos novos, sem amigos eu não sou ninguém, posso ter o homem mais perfeito do mundo, que sem amigos eu vivo triste.

Claro que essa amizade com os amigos dele tem que ser fundada em respeito e ética. Existem limites que não devem ser cruzados. Sabendo respeitar algumas normas básicas (bom senso puro), ser amiga dos amigos do namorado só beneficia e enriquece a todos os envolvidos.

Não vejo como possa causar problemas ter amizade com amigos do meu namorado. Eu não conto detalhes da minha relação para ninguém, não levo brigas com um namorado a conhecimento público. Se ainda estivesse com a Madame aqui de cima, jamais postaria um Siago Tomir, por exemplo. Logo, sendo uma pessoa discreta, posso conviver sem problemas com os amigos do namorado. Não poderia se fosse descontrolada e jogasse na mesa os problemas do casal: “Seu amigo, hein? Viu a merda que ele fez comigo?”. Sabendo separar as coisas não há constrangimentos.

Já ouvi gente falando em “roubar” amigos do namorado. Minha gente, o que é isso? Roubar? Amizade é infinita, podemos ter um milhão de amigos. Não se rouba nada de ninguém! Os amigos dele não vão deixar de ser amigos dele para serem meus amigos, eles serão meus amigos TAMBÉM! E não tenho a menor pretensão de querer ser “mais” amiga do que ele, amizade não se mede, não se qualifica. Quero ser amiga e ponto, a amizade que puderem/quiserem me dar, sem escala quantitativa e qualitativa.

Só encontrei benefícios em ser amiga dos amigos dos meus namorados. É gente que torce pelo casal. É bom conviver com gente que te quer bem. E não tem uma pessoa que me conheça de verdade, que CONVIVA COMIGO, AO VIVO E A CORES, que não me queira bem. Acreditem ou não, uma vez uma mulher estava dando em cima de um namorado meu e o melhor amigo dele se meteu no meio para dizer a ele que se ele ficasse com a mulher estaria fazendo uma grande merda porque ia me perder. Se eu fosse uma namorada antipática ou apenas de “oi” e “tchau” ele jamais me defenderia assim.

Só gosto de freqüentar grupos onde sou querida. Estou errada? Acho importante ser querida pelos amigos dele. Não como mecanismo de defesa para tentar controlar ninguém, muito menos para “se aproximar do inimigo”, mas para permitir uma convivência mais agradável. Os amigos dele são pessoas com as quais eu vou ter que conviver por muito tempo, então, é bom que nos demos bem e é legal que tenhamos um mínimo de intimidade. Quanto mais amiga eu for, mais agradável será essa convivência. Mais nos conheceremos e melhor nos adaptaremos uns aos outros. Não gosto de coisas superficiais, coisas superficiais são chatas.

Presumo que um amigo do meu namorado jamais vai dar em cima de mim nem confundir as coisas. Já aconteceu, mas nesse caso o erro não é meu em querer ser amiga, e sim dele em ser um grande filho da puta desonesto. Via de regra todos ganham com essa amizade. Nada pior do que namorada que fica de picuinha com os amigos do namorado, certo? Se vamos todos ter que conviver, que seja da melhor forma possível. Que seja uma convivência sincera, aberta e sem cerimônia.

Ser amiga dos amigos do namorado também ajuda a perdoá-los (a eles, os amigos) quando eles pisam na bola. Em qualquer relação de convivência a longo prazo as pessoas pisam na bola, somos seres humanos. Nosso perdão funciona muito melhor com amigos e pessoas queridas. Conhecendo a pessoa fica mais fácil entender seus motivos e relevar seus erros. Melhor isso do que ficar com aquela raivinha eterna falando mal do infeliz.

Amigos do namorado são como uma segunda família. É bom você dar um jeito de aprender a conviver pacificamente com eles, porque de tempos em tempos você vai ter que vê-los. E ser querida é tão gostoso… alguém tem coragem de negar? Ser acolhida por um grupo é uma sensação tão boa, não vejo porque fugir disso.

Manter distância é um artifício que eu uso quando tenho que me proteger. Não vejo porque me proteger dos amigos do meu namorado. Muito pelo contrário, faço questão que me conheçam bem de perto, que vejam bem o que eu sou. Eu tenho orgulho do que eu sou, mostro para quem quiser ver, sem essa de não permitir que se aproximem ou de manter um mistério para “me preservar”. Me preservar de que? Foi muito tempo, esforço, dinheiro e sofrimento para ser quem eu sou hoje e estou muito feliz com o resultado, então, não vou andar por aí usando máscaras nem impedindo outras pessoas de se aproximarem de mim.

Pessoas não são propriedade de ninguém. Não tem essa dos amigos DELE. Eles serão amigos de quem quiserem, no grau que quiserem. Não vou ficar bajulando em troca de atenção nem competindo para ver quem é mais amigo de quem. Mas também não vou manter uma distância proposital de pessoas com as quais terei que conviver por muitos anos. Não sei ser assim, não sei ser distante e não sei ser pela metade. Se vou conviver, quero me tornar amiga, mesmo que não vire confidente ou melhor amiga, quero ter uma relação mais profunda que um sorriso falso e um tchauzinho.

Eu gosto de gente. Eu sou fã do ser humano. O ser humano me fascina. Não sei sentar em uma mesa e jogar conversa fora sem me interessar pelo meu interlocutor, sem querer saber mais sobre ele, sobre sua vida e sobre o que tenho a aprender com ele. Sou uma curiosa por natureza, gosto de me envolver. Me recuso a me manter distante de pessoas que são extremamente importantes para meu namorado, até porque, acho que essas pessoas que ele escolhe para chamar de amigos dizem muito sobre o que ele é.

Para me dizer que ser amiga dos amigos do namorado é coisa de INHA, para dizer que quer ser meu amigo e para me parabenizar pelo Tri-Campeonato do Flamengo: sally@desfavor.com

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