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Ele disse, ela disse: Levou, bateu?

| Desfavor | | 22 comentários em Ele disse, ela disse: Levou, bateu?

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Sally e Somir já discutiram inúmeras vezes sobre o assunto, mas a mentalidade completamente oposta de ambos (embora eventualmente cheguem a conclusões parecidas, peculiaridades da relação…) sempre acaba criando novos pontos de discordância dentro do tema.

Neste caso, traição. Dada a circunstância de uma pessoa levar um par de chifres de seu(sua) parceiro(a), os donos do blog percebem de forma diferente a validade da vingança na mesma moeda. Ou, de forma simplificada…

Tema de hoje: Vale alguma coisa trair de volta?

Não. Além de não ter significado prático numa relação onde fidelidade fazia alguma diferença honesta, ainda é uma forma de se rebaixar e valorizar alguém que te sacaneou.

Achar que trair de volta resolve alguma coisa é parte daquela mesma mentalidade tacanha que acha que a justiça está sendo feita quando um estuprador recebe aquele “tratamento especial” na cadeia (Crime é bacana quando acontece com quem não se gosta, né?). Justiça não tem nada a ver com vingança, e sobre isso eu já falei várias vezes.

Vingança é uma coisa divertida, não vou negar, mas desde que seja tratada como ela é. Trair de volta nada mais é do que se vingar. Fico feliz que tenhamos tirado isso do caminho. Agora, continuemos:

É presumível, aliás, óbvio, que uma pessoa que queira se vingar de uma traição tenha sofrido com a traição em primeiro lugar. Seja pela devastadora sensação de ter sido enganado por uma pessoa na qual confiava de verdade, seja pela frivolidade de um ego ferido (por não ter traído primeiro).

Não é um assunto com linhas claras e definidas. Existem pessoas que exigem fidelidade assim como existem pessoas que sinceramente não se importam de “dividir” com o mundo. Mas entre esses extremos costuma pairar uma grande parcela da população. Ninguém gosta de ser sacaneado, mas nem sempre é a quebra de confiança e o instinto de possessividade que desencadeiam o desgosto pelo chifre.

Para este que lhes escreve, é simples explicar o motivo pelo qual devolver uma traição não vale de nada: A partir do momento em que uma mulher com a qual eu tenho uma relação de fidelidade presumida ESCOLHE me trair, ela deixa de ter valor. Nem sempre é o caso de ligar ou desligar um botão dentro da mente, mas eu faço o que for necessário para nunca mais ter nada com essa mulher. Acaba ali mesmo. A simples idéia de manter uma relação com ela SÓ para chifrar de volta me soa como uma estupidez galopante. Como se a pessoa que te sacaneou se preocupasse muito com você… É uma das melhores definições de otário: Se esforçar para incomodar quem não está nem aí pra você.

O mundo é grande. Tem muita gente por aí. Se uma relação der errado, é só seguir em frente. Pessoa melhor do que uma que te traiu não vai ser difícil de achar, não?

Trair de volta é um conceito cretino: Não desfaz a traição inicial e só te faz passar mais tempo ao lado de alguém que não vale à pena. Pra completar o papel ridículo, só falta perseguir a pessoa que te traiu e começar a infernizar a vida dela. Não consigo entender essa gente que GOSTA de sofrer. Será que é para ficar se vitimizando e passar o resto da vida alimentando-se de pena alheia? Seja como for, é um caminho perfeito para quem quer se tornar um desperdício de oxigênio completo.

Mas eu posso ser um ser humano diferente. Vivo dizendo que queria mesmo era ser um robô. Dizer que o comportamento é ilógico e inútil não vai convencer muita gente, não?

Mas podemos PELO MENOS concordar que buscar sofrimento na vida é uma coisa estúpida? Eu só preciso disso. Podem continuar tendo ataques e chiliques por qualquer motivo, mas se continuarmos aqui com a presunção de que não devemos ficar enfiando murro em ponta de faca, já facilita bastante.

Ok, então você é uma daquelas pessoas que talvez perdoe uma traição… Consigo compreender o raciocínio que te trouxe até essa idéia mesmo sem concordar. Imaginemos então que a traição ocorra num casal onde você seja o(a) chifrado(a). Pode parecer que trair de volta vai ser um bom castigo, talvez até uma lição valiosa… Mas na vida real as coisas não funcionam assim, com a “lição do dia” antes dos créditos do desenho animado. O(a) traidor(a) não vai “botar a mão no coração” e descobrir que trair é uma coisa errada. Essa pessoa vai apenas ter a confirmação que pode aprontar E manter a relação.

NINGUÉM MUDA. Jogue fora os desenhos da Disney, aceite a realidade. Pode teimar o quanto quiser, ninguém muda. Trair de volta quer dizer “jogo livre” e o começo de um círculo vicioso de chifres (era mais simples ter uma relação aberta, antas…) ou mesmo o sofrimento repetido de aceitar traição até o limite (que para algumas pessoas inseguras e carentes é inexistente).

Onde está a vantagem? Uma das melhores formas de manter a relação sem outros chifres é justamente REFORÇANDO a regra que deve ser mantida. Que tipo de mensagem se passa chifrando de volta?

E no extremo oposto da minha mentalidade, estão as pessoas que mesmo gostando, não ligam muito para isso. Se o chifre não fez diferença, o revide também não vai. “Comer fora” tem a mesma graça que sempre teve, desde o começo da relação.

Se é imperdoável, quem chifra de volta é otário ou masoquista. Se é perdoável, quem chifra de volta é otário E masoquista. Se não faz diferença, ué… não faz diferença.

Não, trair de volta não vale nada. Se você acredita numa coisa, FAÇA SUA PARTE. Um crime nunca vai justificar outro no mundo das pessoas racionais.

E nunca é demais reforçar: NINGUÉM… MUDA.

Para papagaiar as opiniões da Sally para se sentir inteligente uma vez na vida, para variar, para dizer que você acha que seu príncipe encantado vai mudar por você, ou mesmo para dizer que acha que vale tudo para se vingar, até se for algo estúpido e sem função real: somir@desfavor.com


Vale ALGUMA COISA trair de volta? Vale. Não resolve, não é bonito, não te deixa menos corno, não ameniza sua dor, mas ALGUMA COISA vale.

Eu sempre defendi que fidelidade é um esforço. Mil desculpas, mas acho que quem diz que não faz esforço para ser fiel, ou é feio(a) ou é imbecilóide dodói da cabeça sufocador que vive apenas para a outra pessoa. Gente normal tem uma vida, gente normal olha para o lado, e eventualmente tem outra “gente normal” olhando pro mesmo lado, que pode mexer com nossos instintos mais primitivos.

Tudo bem que isso não é motivo para trair. Se você está em uma relação séria, com comprometimento, cuja pessoa vale a pena, evidente que você deixa passar este tipo de oportunidade, pois sabe que tem muito mais a perder do que a ganhar (ou então faz bem feitinho achando que a outra pessoa nunca vai saber, mas quase sempre ela acaba descobrindo).

Partindo da premissa que fidelidade é um esforço, eu acredito que a gente só deva fazer esse esforço por quem vale a pena. Uma pessoa que me trai, definitivamente não merece nenhum tipo de esforço da minha parte.

Ok, a atitude mais comum a se tomar quando alguém nos trai é terminar a relação. Ao menos é o que eu faria. Entretanto, existem pessoas que simplesmente não terminam. Não entendo, mas respeito. Para estas pessoas que simplesmente não conseguem ou não querem terminar, acho que é bastante válido meter um chifre de volta. Não por vingança, do tipo “Ele fez comigo, agora ele vai ver o que é bom, quero que doa bastante!”. Nada disso! Meter um chifre porque sempre se segurou para não ter nada com aquele sujeito ma-ra-vi-lho-so que mais de uma vez mostrou sinais de interesse!

Vai se privar de uma experiência que você sempre quis ter em nome de alguém que não faz o mesmo sacrifício por você? Injusto, né? Então, se você decidiu continuar nesta relação, acho que não deve se privar de fazer o que quer. De preferência de forma bem discreta, para que seu parceiro nunca saiba.

E mesmo para aquelas pessoas que levam um chifre e terminam, acho que chifrar de volta pode ter um certo caráter pedagógico-curativo. É feio, eu sei, mas muitas vezes para superar a raiva ou a mágoa um pequeno ato de equiparação tem um efeito bacana. Muitas vezes parte da nossa revolta é no outro não ter a menor idéia do mal estar que nos causou. Quando infligimos ao outro o mesmo mal estar, nos sentimos equiparados, porque afinal, agora você não é o único a estar sofrendo.

Não é nobre, não é bonito, mas é humano. Claaaaro que sem dúvida a melhor coisa a fazer é virar as costas e ser feliz – e se você conseguir, faça! Mas, se você for meio espírito sem luz como eu, um totozinho na saída ajuda de montão a você se sentir mais gente. Canaliza a raiva e a revolta, sabe? Ajuda a superar. E não precisa ser necessariamente chifre, pode ser quebrar algum bem material que seu amado goste muito, pode ser uma humilhação pública (tipo um “pingüim”), pode ser qualquer coisa que não configure crime punido com reclusão, porque ninguém merece puxar uma cana por causa de um vagabundo que te magoou.

Não estou mandando que todo mundo saia dando o troco. Estou dizendo que, para algumas pessoas isso ajuda na hora de superar a perda ou o trauma. Se este for o seu caso, faça. Faça mesmo. Todo mundo tem seu lado mesquinho, ninguém é tão bonzinho como muitos querem fazer parecer. Se você foi sacaneada(o), cuide de você, se ajude a dar a volta por cima da forma que for mais fácil.

Tem gente que faz e depois fica pior ainda. Não é fórmula mágica. Mas para aqueles que se amarram em um ato incorreto em retribuição, é bom pacarai. E não se enganem: dói. Dói mesmo que a pessoa não goste mais de você, principalmente se você é mulher e ele é homem. Homem não gosta de ver sua mulher ou sua ex com outro homem, mesmo que não goste mais dela. Se ele souber, vai doer.

Eu costumo brincar que homem sente cheiro de outro homem e gosta. Somir fica meio chateado quando eu falo isso, mas é verdade, gente! Vai ter muito Cueca dizendo que isto seria o fim do relacionamento, mas na hora “h”, quando você dá o pay back, tem muito marmanjo que passa meses correndo atrás de você feito um cachorrinho. Ahhh… o maior afrodisíaco para o ser humano é a rejeição! Que raça de merda que nós somos, não? Basta ver que a pessoa nos esqueceu que a gente surta!

Não resolve nada, eu sei. Mas pode trazer uma satisfação pessoal, ainda que temporária. Isso é algo, não é? Um momento breve de alma lavada. Cabe a cada um avaliar os prós e os contras, pesar na balança e decidir se vai lhe trazer uma coisa boa. Se os benefícios forem maiores, se isso ajudar a seguir em frente (ou até mesmo a continuar com a pessoa, se for esta a intenção), eu sou a favor de mandar ver!

Quem é que nunca quis ver uma pessoa que foi causadora de uma mágoa na merda? Humilhada nos mesmos termos em que ela nos humilhou? Aqui a gente sempre trabalhou com a idéia de que o ser humano tem um lado muito feio, muito merda – mas eu gosto do ser humano, apesar dessa merda toda. Não vou fingir que o lado negro não existe, todos nós temos um lado negro. Então, não vou tacar pedras em quem escolhei externar um lado negro que, por um acaso, não coincide com a minha forma de externar. Eu faço as minhas cagadas também.

O problema da Madame aqui de cima é que quando uma coisa não serve PARA ELE, ele acredita que não sirva para o resto do mundo também (universo umbigo, oi?). As pessoas são diferentes, cada um cura sua dor de uma forma. Quem mete um chifre não pode se dizer injustiçado ou sacaneado se tomar um chifre de volta. Deixa as pessoas fazerem pequenas mesquinharias para se sentirem melhor, pô!

Para dizer que você é um ser de luz e que não consegue vislumbrar qualquer ganho para qualquer pessoa que traia de volta, para dizer que trair de volta é pouco, tem que dar tiro mesmo e para dizer que não entende como Somir e eu ficamos tanto tempo juntos já que somos tão diferentes: sally@desfavor.com

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