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Ele disse, ela disse: Traz o papel?

| Desfavor | | 44 comentários em Ele disse, ela disse: Traz o papel?

FuckfuckfuckfuckfuckComprovando a vocação intelectual do desfavor, hoje trataremos sobre um assunto de suma importância na vida de um ser humano que se preze: O dilema da falta de papel higiênico. Diante da merda literal e da figurativa, Sally e Somir divergem sobre o papel mais aceitável…

Tema de hoje: É aceitável pedir papel higiênico para terceiros?

SOMIR

Não é agradável, não é motivo de orgulho, mas dadas as seguintes circunstâncias é mais do que aceitável! A vida é feita de escolhas, a vida é feita de comprometimentos com seus ideais… E podem me chamar de romântico incorrigível, mas manter minha bunda limpa é um desses ideais.

Mesmo que exista um preço a se pagar por isso. Reconheço que não é um dos momentos mais glamourosos da vida berrar pela porta do banheiro que precisa de um rolo de papel higiênico, mas ignorar completamente sua humanidade por um senso de dignidade distorcido também não diz maravilhas sobre você.

Sempre considerei o papel higiênico uma das maiores invenções da humanidade. Frequentemente negligenciado por sua função desagradável no imaginário popular, é definitivamente uma das idéias mais brilhantes da humanidade. Uma que nos carregou a uma nova era de cus menos fedidos no dia-a-dia. Vamos cagar em cima da evolução social e tecnológica humana por medo de descobrirem que cagamos?

Ah, vá à merda!

Pensemos numa situação possível: Você acaba de fazer sua arte barroca, pintando a porcelana. Aquele alívio que só um intestino seguro de ter cumprido sua missão dá lugar ao desespero ao se notar que não há mais papel higiênico no rolo… E agora? Temos uma bunda cagada e uma tragédia anunciada!

Primeira idéia: Adeus, meia! Mas… isso só funciona em alguns casos específicos, e mal e porcamente, para completar. Se você está usando uma meia branca comum, o tecido consegue absorver os resíduos, até mesmo se eles forem mais líquidos que o normal (Diarréia atrai falta de papel, lei de Murphy…). Mas nem sempre estamos de tênis. Principalmente no caso das mulheres… E várias meias são feitas de tecidos mais finos e elásticos, que além não coletar merda ainda fazem o desfavor de espalhá-la mais ainda.

E para completar, convenhamos que é uma oferta de área útil muito limitada. Duas meias, frente e verso. Mas é tecido, capaz do verso já estar irremediavelmente amarronzado quando você finalmente puder utilizá-lo.

O mesmo vale para a maioria das outras peças de roupa que acabam se tornando vítima da falta de papel. Falta espaço e nem todos os tecidos servem para isso. E reze para o banheiro ter lixo. Resultado: BUNDA SUJA.

Segunda idéia: Água! Parece a solução mais higiênica, mas as coisas não cheiram tão bem assim na realidade. A primeira idéia é o bidê, caso você o tenha por perto… Mas sem usar o papel antes, grandes riscos de você soltar micro-toletes (os famosos Tarzans de pelo de cu) no fundo da porcelana, e eles tem o péssimo hábito de ficar onde pousam. Uma pequena distração e a próxima pessoa que usar o banheiro vai ter a maravilhosa oportunidade de ver um pequeno pedaço do seu almoço do dia anterior depositado no fundo do bidê.

E jamais nos esqueçamos: O cidadão (ou cidadã) não vai enfiar a bucha da privada no rabo para fazer o serviço, vai ser na mão mesmo. Sexy. Essa pessoa vai secar a mão na toalha do banheiro e usar o sabonete da pia? Que bênção!

E sem o bidê na equação, temos a nefasta possibilidade da pia. Imagine a cena: A pessoa fazendo conchinhas com água da torneira e se limpando enquanto aquela água cagada escorre livremente pelas pernas. Se não for esperto para tirar a meia, é mais ou menos como utilizar a primeira opção sem o bônus de jogar a meia fora.

Fica também a possibilidade de tomar um banho completo: O que depende de se estar num banheiro com chuveiro. E como a idéia original era cagar, duvido que se tenha uma toalha à disposição. Pedir uma toalha é mais digno, mas não engana o elemento externo… É capaz até da outra pessoa achar que você cagou nas calças. Lá se vai o fator “não tenho cu”.

E outra: Prefiro mil vezes entregar papel para alguém do que imaginar que essa pessoa limpou a bunda cagada num chuveiro que eu pretendo usar. Água é um passo posterior ao papel.

O resultado de usar a água pode ser uma PORQUICE ou mesmo a CONFIRMAÇÃO que você estava lá para cagar.

Uma última idéia: Mão marrom. Nem preciso dizer como isso joga muito mais contra a presunção de dignidade de um ser humano do que pedir um rolo de papel, não?

O certo é largar de frescura e usar a opção mais higiênica. Nem que isso te exponha ao “ridículo” de assumir que tem funções fisiológicas como qualquer outro ser humano.

Uma pessoa digna escolhe o caminho mais digno NO CONJUNTO DA OBRA(da), e não apenas na visão de outras pessoas. Erguer a voz e pedir por um rolo de papel higiênico te exporá como ser humano cagador, mas pelo menos demonstrará sua determinação em se manter limpo.

A longo prazo é melhor entregar alguns rolos de papel higiênico do que ficar imaginando que cheiro estranho é aquele na sala… Merda fica no banheiro! E longe da pia, bando de porco!

O correto mesmo é prestar atenção se tem papel no banheiro antes de arriar as calças, mas todos sabemos que em alguns momentos da vida esse é um luxo com o qual não podemos contar: Nossas calças estão em jogo.

Não inventaram meias ou pias para limpar a bunda, inventaram o papel higiênico, parte do grupo de coisas que nos diferenciam dos animais irracionais. E eu faço questão de honrar nossa tradição racional.

Olhos podem ser fechados, respirações podem ser seguradas… Só vê e cheira o produto final dos outros quem QUER.

Para me chamar de porco para fazer pose na internet, para me perguntar se eu pedia papel para a Sally, ou mesmo para sugerir formas mais eficientes/nojentas/criativas de limpar a bunda sem papel: somir@desfavor.com

SALLY

Lá está você, sentado(a) no troninho, obrando. Acaba o processo desagradável de soltar um tolete e você se depara com aquela verdade que causa aquela sensação de desamparo, como se a alma estivesse escorrendo pelo pé: não tem papel. Qual é a sua reação? Isso nos leva ao Ele Disse, Ela Disse de hoje: Se acaba o papel higiênico no banheiro, você pede para alguém de fora?

Uma das coisas que eu mais prezo nesta vida é dignidade. Sim, eu acho indigno você, toda cagada, pedir aos berros (porque vamos combinar que você não vai se levantar e ir até a pessoa com as calças arriadas e a bunda suja) para trazer papel. Principalmente quando esta pessoa for o seu parceiro, ou seja, uma pessoa que, presume-se, fará sexo com você poucas horas mais tarde. Não há condições.

Existem momentos em nossas vidas que, apesar de todos nós sabermos que existem e que acontecem com todo mundo, não devem ter a participação de terceiros. Muito pelo contrário, terceiros não devem sequer se lembrar de que este momento existe. Solicitar os préstimos de terceiros para viabilizar sua limpada de bunda depois de cagar fere a dignidade da pessoa humana. Ninguém tem que lembrar que você caga, muito menos saber quando está cagando.

Há outras opções. Sempre há outras opções. E todas elas me parecem melhores do que gritar por terceiros! Sei lá, toma um banho. Limpa com notas de dois reais (foi o Jacinto que uma vez contou nos comentários uma história muito engraçada sobre alguém ter limpado a bunda com notas de um real? queria ouvir essa história em um Desfavor Convidado). Tira a meia, limpa com a meia e depois joga fora. Dá um jeito. Tudo é menos indigno do que pedir auxílio externo, sabe porque? Porque o que quer que você faça para se limpar, o fará na privacidade do banheiro e ninguém nunca vai saber.

Não é inofensivo uma pessoa levar papel higiênico para outra pessoa toda cagada. Equacionem a cena: primeiro a pessoa vai saber QUANDO você está cagando. Sabemos que todo mundo caga e todo mundo fode, mas é extremamente constrangedor saber o exato momento em que a pessoa está cagando (ou fodendo). Excesso de informação. Segundo que quando a pessoa se aproximar para te entregar o papel (ainda que ela não entre no banheiro), vai sentir aquele aroma floral. Ninguém tem porque cheirar o seu cocô. Levar papel para uma pessoa que acabou de cagar é constrangedor e desconfortável tanto para quem demanda como para quem provê o papel.

O tamanho do vexame é inversamente proporcional ao grau de intimidade que se tem com a pessoa. Ao pensar neste tema fascinante de total relevância para a humanidade, provavelmente você se imagina pedindo papel higiênico para sua mãe ou para sua irmã. Pois bem, esta seria uma exceção, pois se você estivesse em uma casa onde tivesse total intimidade com o anfitrião poderia tomar um banho sem constrangimentos ou abrir os armários em busca de papel. Pedir papel a um familiar próxima continua sendo inaceitável, apesar de que algumas pessoas bizarras fazem questão de ter uma relação de total evasão de privacidade com a família. Existem coisas que são personalíssimas. Não devem ser compartilhadas nem com seu irmão gêmeo siamês. Você faria sexo na frente da sua mãe? Você faria sexo na frente da sua irmã? Cagar está nesse grau de privacidade na minha opiniãom e quem discordar de mim está mais perto de ser bicho do que de ser gente. (e lá vai alguém nos comentários dizer que eu disse que cagar e fazer sexo é a mesma coisa… aff).

Atentem como tudo piora quando se está na residência ou no consultório de uma pessoa com a qual não temos muita intimidade. Novamente quero frisar que a existência de intimidade não justifica o ato. Roubar um real ou roubar um milhão são crimes da mesma forma. Mas é inegável que a falta de intimidade piora as coisas. Realiza você berrando por papel na casa de um mero conhecido ou no consultório do seu dentista. Para começo de conversa, você NEM DEVERIA ESTAR CAGANDO LÁ, ok? Pessoas com semancol tem uma trava anal imaginária e involuntária que tampona seu cuzinho quando estão fora de casa. Pessoas dignas só cagam em casa e não me importa o quanto eu vou ser criticada por essa frase.

Mas supondo que você seja um hippie anal, super liberal e desprendido com essa questão e saia cagando sem a menor cerimônia em locais estranhos tal qual uma vaca ou um cavalo. Ciente disso, você deveria andar com um pacotinho de lenços de papel no bolso ou algum outro material de emergência. Supondo que além de hippie anal, você seja relapso e desprevenido e não ande com nenhum lenço, ainda assim, pense na vergonha recíproca que pedir papel vai implicar. Pense nos efeitos irreversíveis de perda de dignidade. Pense nos comentários que as outras pessoas que estão no recinto farão, pense no constrangimento e na fama de sem noção que você ganhará. É uma mancha na sua dignidade que não se apagará mais.

Pense, antes de fazer um estrago irreversível. A gente nunca sabe quem está nos vendo. A pessoa que hoje lhe leva um papel higiênico enquanto sua bunda está melada pode ser seu chefe ou sua esposa no dia de amanhã. E mesmo que você nunca mais veja esta pessoa, dignidade é como confiança: uma vez perdida, demora-se anos para reconquistar.

Solictar auxílio de terceiros para qualquer ato que envolva defecção em qualquer fase do processo é FUCKIN´ INACEITAVELMENTE SEM NOÇÃO, e se você não pode ver isso, bem, lamento informar mas você não é bem resolvido e sim um porco sem noção que paunocuza os outros com situações constrangedoras.

Para dizer que lamenta que o número de comentários em postagens como esta seja superor aos comentários de postagens de cunho político e social, para dizer que seu comparo cagar com sexo devo ter merda na cabeça ou ainda para dizer que sem noção é a pessoa que faz o desfavor de deixar seu banheiro sem papel higiênico: sally@desfavor.com

Comentários (44)

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