Ele disse, ela disse: Cada um para o seu lado.
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Vivemos numa era onde pessoas casam e se divorciam sem o pesado estigma social de outrora. As estatísticas de divórcios aumentam ano após ano, e embora Sally e Somir não sejam contra o fim de uma relação que se mostra inviável, entram em litígio ao tratar sobre o significado de uma separação do tipo.
Tema de hoje: Divórcio é fracasso?
SOMIR
Não. Fracasso tem mais a ver com querer uma coisa e não conseguir. Quando um casal chega ao ponto de se divorciar, quer dizer que pelo menos uma das pessoas não quer mais a relação. E num acordo feito o casamento, basta um querer cair fora para invalidar o processo todo.
Mas antes de desenvolver melhor o argumento, deixo claro que não acho bonito que as pessoas fiquem casando e se divorciando como se fossem namoros ou casos. Isso é não ter noção de estágios de um relacionamento e é falta de amor-próprio. A pessoa casa pela falsa noção de segurança de uma relação estabilizada por um pedaço de papel.
Vai ter quem diga que não dá para não chamar de fracasso esses casos, e eu vou concordar. Mas o fracasso não está no divórcio, está no casamento. A separação nada mais é do que o retorno ao bom senso. Casar por medo, insegurança, carência ou acomodação é um fracasso, se separar é a redenção. Mas, claro, quem faz isso dificilmente aprende e já começa a procurar a próxima chance de fazer besteira.
Ah: Aquela coisa de “ex-galã global” de se casar a cada um ou dois anos nada mais é do que golpe midiático: Aparece numa revista quando casa, aparece em um monte de sites quando se separa. Analisando o objetivo verdadeiro, não se pode chamar de fracasso.
Posto isso, temos que levar em consideração o momento do casamento que está sendo desmanchado. O momento das duas pessoas envolvidas. Porque sim, é mais complexo do que “ser feliz para sempre”. Pessoas podem se casar pelos motivos certos no momento certo e ainda sim acabarem divorciadas… Não existe proteção mágica do universo nem mesmo para amores honestos e intensos. A vida acontece, você querendo ou não.
Eu não vou dizer que as pessoas mudam porque isso iria de encontro com o que eu sempre digo: Ninguém muda. O que acontece é descobrirmos facetas escondidas ou adormecidas das personalidades alheias. E isso depende muito do ambiente. Você sabe quem é amigo na hora do aperto, você sabe quem é fiel na hora da tentação… É MUITO possível viver bem durante anos com alguém numa situação estável e ver as coisas desmoronando com alguma quebra de padrão. Pode ser problema financeiro, pode ser nascimento de filhos, pode ser aumento de ambições…
Tanta coisa acontece na vida das pessoas que é quase infantilidade achar que sempre vai ter uma forma de manter a relação. Não funciona assim no mundo real. Você pode planejar algo com todo o cuidado e dedicação e mesmo assim se foder na hora da implementação. O mundo nos “presenteia” com inúmeras situações aleatórias e fora do nosso controle. É condição básica da nossa existência.
Em alguns casos dá para prever que a relação de um casal não vai durar muito (o que não significa que isso vá acontecer) e em outras, as pessoas estão apostando suas fichas baseadas nas melhores previsões que podem fazer (e adivinha só, pode dar errado!). Ciências humanas não são separadas das ciências exatas à toa: A quantidade de variáveis e possibilidades extrapola qualquer equação, sem contar que ao contrário dos números, as pessoas mentem. Achar que dá para acertar um casamento com 100% de possibilidade de sucesso é se iludir. Acontece muita coisa. Muita.
Um engenheiro que projeta um prédio que cai fracassou. Uma pessoa que descobre que seu casamento não a satisfaz… não. Pra que ficar se batendo e sentindo fracassado por algo assim? Masoquismo? Aprendemos muita coisa na vida, mas uma delas COM CERTEZA não é enxergar o futuro. Se você pode casar com a cabeça no lugar certo e mesmo assim se divorciar, não dá para registrar como fracasso automático.
Divórcio não é fracasso, divórcio é ponto. É como se o casamento fosse uma frase num texto: Ela começa e se desenvolve enquanto ainda faz sentido e traz significados. Mas se chega o momento onde quem escreve percebe que já se disse tudo o que precisava, ponto. Pra que se martirizar? O fim é parte integrante da vida em todas suas escalas.
Continuar um casamento que está fazendo mal para uma ou ambas as partes é o verdadeiro fracasso. É querer que as coisas sejam diferentes e não conseguir. A reação de quem não quer se queimar é se afastar do fogo. A não ser que você contabilize auto-preservação como fracasso também, não faz sentido dar conotação negativa a um divórcio. Se chegou a esse ponto, é uma das soluções mais positivas possíveis.
Evidente que um divórcio não é um momento feliz, as pessoas ficam chateadas, se sentindo derrotadas… Mas isso se chama frustração, e não fracasso. E outra: Passado é passado. A maior prova que você não poderia ter feito nada diferente é o simples fato de que você não fez. Aprendemos para o futuro, nunca para o passado. Quem fica remoendo o passado não ganha nada (cadê sua máquina do tempo?) e é capaz de ainda perder a lição.
Quem disse que só tem UMA pessoa nesse mundo para você e casamento é para sempre? A Disney? Bem-vindos ao mundo real: Casamento é uma construção social baseada em dinheiro e burocracia (para o Estado e para a Igreja…). A “promessa” de ser para sempre é uma balela que as pessoas precisam assinar porque são obrigadas para conseguir os outros benefícios do contrato, é um ritual bobo e infantilóide que não garante nada além do que pode ser legislado (SPOILER: Sentimentos ainda não estão na lei… Um dia a turma da vitimização vai conseguir criminalizar pensamento, mas ainda não é assim…). Grandes coisas um pedaço de papel na ideia de “ser felizes para sempre”. É e sempre foi apenas uma questão do que você e a outra pessoa vão fazer na prática.
E só para fechar: Hoje eu não argumento só para expor meu ponto-de-vista, hoje eu tento rebater a ideia venenosa que o texto da minha CARA vai tentar passar. Achar que divórcio é fracasso é andar com excesso de peso nas costas, é se culpar por não prever o imprevisível, é validar a noção de que existe “receita de bolo” para relações humanas. Fazemos o melhor com as informações e materiais disponíveis. E se a vida te dá uma relação azeda, faça um divórcio. Fracasso em casamento só existe enquanto ele dura.
Para dizer que não pode concordar comigo para não perder muitas de suas ilusões românticas, para reclamar que eu só estou advogando em causa própria, ou mesmo para dizer que eu estou fazendo campanha pró-divórcio (sim, estou! anta…): somir@desfavor.com
SALLY
Divórcio significa um fracasso? Sim. Leia até o fim antes de me xingar.
Sem querer alfinetar, depreciar ou menosprezar ninguém, um divórcio é um fracasso: uma relação fracassou. E isso é responsabilidade das pessoas, não do acaso.
Não me entendam mal, não acho que quem está em uma relação toda cagada tenha que continuar nela, tem que divorciar sim, não divorciar é um fracasso pior ainda. Porém, o divórcio invariavelmente significa que você fracassou, seja na escolha, seja na habilidade para manter aquela relação viva e saudável.
“Mais fracasso é continuar na relação falida”. Eu sei, eu acabei de dizer isso. Concordo. Mas divórcio também é fracasso, sucesso seria ter a lucidez de não casar com aquela pessoa ou ter sabido manter a relação saudável e satisfatória para o casal. Calma, não é uma crítica pessoal a você, todos nós já fracassamos na missão de manter uma relação.
E todos nós estamos sujeitos a passar por um divórcio um dia, ninguém está livre disso. E se acontecer, será o retrato do fracasso da relação, que é fruto do nosso fracasso pessoal em manter aquela relação. Ou por acaso alguém aqui acha que divórcio é bonito? É desejável? É agradável? Percebam que uma relação pode terminar e ser bem-sucedida, um ciclo que se fechou. Divórcio não significa que a relação foi um fracasso. Significa que, na missão de manter a relação, as partes fracassaram.
O que quero dizer é que não necessariamente um relacionamento “não deu certo” porque terminou. Muitas vezes relacionamentos muito bem sucedidos que duram alguns anos são relacionamentos que deram certo, cumpriram seu ciclo e terminaram. Mas, quando você casa, você assina um contrato que é para o resto da vida. A partir do momento em que você se compromete a cumprir algo para o resto da vida e não cumpre… fracassa. Ou fracassou na escolha da pessoa (não era uma pessoa para passar o resto da vida) ou fracassou na manutenção do relacionamento.
Se eu me comprometo a ficar com alguém para o resto da vida e no meio do caminho digo “desculpa, foi engano”, eu falhei. Falhei na hora da escolha (escolhendo alguém incompatível comigo ou com esse projeto) ou então falhei na execução (não sabendo manter os laços que nos ligam vivos e fortes). Talvez esse falhar seja melhor do que continuar com a pessoa, mas não deixa de ser uma falha.
Então, não quero com isso fazer com que os divorciados se sintam mal ou se sintam perdedores. Ok, melhor divórcio do que ficar em um casamento infeliz. Mas acho que os divorciados deveriam refletir onde foi que erraram para não errar novamente, pois estou vendo uma leva de divorciados de segunda viagem enorme e convenhamos que é um processo muito desgastante. Podendo evitar passar por isso duas ou três vezes, melhor.
Acho que justamente por não encarar divórcio como um fracasso é que tanta gente casa como quem limpa a bunda, porque afinal, se não der a pessoa divorcia, não tem problema algum em se divorciar. Oi? Mesmo eu que sou a esculhambação em pessoa acho que casamento é algo sério que merece um pouquinho mais de respeito.
Se as pessoas encarassem o divórcio como o fracasso que é, pensariam duas vezes antes de casar e quem sabe parariam de casar pelos motivos errados. Canso de ver gente casando porque está acomodada com uma pessoa faz anos, algo do tipo “agora que cheguei até aqui, eu vou casar”, ou gente casando só para casar, foda-se com quem. Tem ainda quem case para conseguir sair da casa dos pais e quem case por pressão de família ou da outra parte. Só fazem isso porque sabem que poderão se divorciar sem qualquer mancha no nome ou no ego.
Não apenas todas estas pessoas sem vergonha na cara que casam pelos motivos errados pensariam duas vezes se vissem o divórcio como uma forma de fracasso, como ainda seria melhor para todos nós. Sinceramente? Estou de saco cheio de comprar presente de casamento e ver a pessoa se separar seis meses ou um ano depois. Acho isso estelionato para conseguir eletrodoméstico. Vamos pensar um pouquinho melhor antes de casar?
Divorciar é um fracasso sim. Não que as pessoas devam se matar ou se sentir inferiores por causa disso, mas porra, tem que olhar para trás e dizer “É, eu falhei, eu não consegui levar esse projeto até o final” e aprender com o erro em vez de repeti-lo poucos anos depois. Tem que admitir para si mesmo que fracassou em vez de se auto-perdoar e pensar “normal, todo mundo se divorcia hoje em dia”. Se você acha o divórcio regra geral, por que casa? Para ter dor de cabeça?
Por mais romântico que você seja, quero te lembrar que casamento, gostando você ou não, é um contrato. Os contratos tem cláusulas que devem ser cumpridas (as do casamento estão no Código Civil, sim, há direitos e obrigações!). Se não quer se comprometer oficialmente para o resto da sua vida, não case e deixe que seja “infinito enquanto dure”. Apenas se mude para o mesmo teto da pessoa e deixe a relação fluir, as leis da União Estável vão te dar um mínimo de amparo. Porém, se assinar o contrato, a expectativa é que ele seja cumprido.
Se você assinou um contrato e não o cumpriu não me venha argumentar como se isso fosse algo normal, porque por muito menos você mesmo faria um escândalo se qualquer outro tipo de contrato feito com você não fosse cumprido. Ninguém é obrigado a casar, casa quem quer, então leve a sério esta merda e saiba que se você pular do barco no meio do caminho será um fracasso, seja na escolha, seja na manutenção.
Ninguém mandou assinar. Quando você assina um documento se comprometendo e não cumpre, você falhou, você fracassou, você faltou com a sua palavra. Existem casos onde vale a pena falhar e faltar com a palavra? Claro! Não faz sentido ficar ao lado de alguém que te faz infeliz! Total apoio para divorciar nesses casos, divorcia mesmo, divorcia ao quadrado! Mas não faça achando que é algo bonito, saiba que você fracassou.
Este texto não é contra o divórcio. Este texto é contra aquelas pessoas “divorciando e andando”, que encaram divórcio como algo normal, corriqueiro e inerente à vida moderna. Não é. Gente que trata divórcio com descaso, como um mero contratempo inevitável, como algo que não diz nada sobre a pessoa. Se colocar sobre essa carga de estresse é fracasso.
Divorciem-se o quanto quiserem, mas tenham a consciência de que você fracassou, seja na escolha do seu par, seja na manutenção da relação. E tenha sempre isso claro na sua mente até o fim da sua vida, para não repetir o erro.
Ambos tem sensatez no que disseram, orem
Ore você, que achou ambos sensatos!
Senti que deveria falar a respeito do divórcio. Esse é um assunto delicado porque desperta emoções muito fortes nas pessoas por ele atingidas de alguma forma. Alguns vêem a si mesmos ou aqueles a quem amam como vítimas do divórcio. Outros se vêem como beneficiários. Alguns encaram o divórcio como uma prova de fracasso. Outros o consideram a saída de emergência essencial para um casamento. De uma forma ou de outra, o divórcio afeta grande parte das famílias da Igreja.
Na sua opinião se divorciar é uma forma de fracassar em um projeto?
““Deve ser uma bosta você se comprometer para toda a vida, fazer planos, se adaptar a aquela pessoa, construir coisas juntos e no final constatar que não deu certo.”
Mesmo sem estar casado é uma bosta também…
Sim, mas é mais bosta quando você ainda tem que passar por uma série de formalidades, gastar dinheiro para desfazer e depender de uma decisão judicial que pode ser bastante demorada
Somir falou muita merda dessa vez. Fica até feio manipular desse jeito…exemplo:
“Um engenheiro que projeta um prédio que cai fracassou. Uma pessoa que descobre que seu casamento não a satisfaz… não. ”
Ele compara um engenheiro que estudou pra caralho sobre construções com uma pessoa que casou por casar. O certo seria comparar com um pedreiro ousado que construísse um prédio de 10 andares sem conhecimento de engenharia, somente olhando os prédios já construídos e algum programa de TV.
Outro exemplo: “Continuar um casamento que está fazendo mal para uma ou ambas as partes é o verdadeiro fracasso.”
Ficar num casamento ruim é pior que se divorciar. Mas batalhar para ter um bom casamento ( tanto escolhendo bem como se esforcando pra manter) é muito melhor que se divorciar.
Ou “Casamento ruim é pior que divórcio que é pior que casamento bom.”
Somir usou seu talento de publiciotário para uma causa ruim…
Divórcio é fracasso SIM. O desastre emocional e financeiro que é um divórcio ( ainda mais com filhos) é muito intenso. Você fez um contrato, se comprometeu com um projeto e não deu certo. Isso se chama fracasso.
Dessa vez a Sally resumiu bem. “sucesso seria ter a lucidez de não casar com aquela pessoa ou ter sabido manter a relação saudável e satisfatória para o casal.”
Esse papinho de “qualquer coisa pode acontecer em relações humanas” é coisa de preguiçoso. Qualquer coisa pode acontecer num campo de batalha, mas não é por isso que o soldado vai sem proteção e desarmado certo? Você se prepara para reduzir as chances de dar merda, o fato de mesmo com você preparado poder dar errado não significa que é tudo uma loteria.
E por último, como diria a vó de uma amiga: “Casamento é uma coisa séria demais para ser decidido quando se está apaixonado”
Concordo com tudo. Como eu já tinha dito em outro comentário, Somir colocou como se as duas opções fossem 1) ficar em um casamento ruim ou 2) divorciar. Não são. Está a opção de tentar casar com lucidez e construir uma relação longa e duradoura. Se você não se acha capaz disso (e nem todos são), não assine o maldito papel e não iluda a pessoa que está ao seu lado.
No meu comentário quando escrevi o que está abaixo é a minha opinião sobre o tema.
– Casamento ruim é pior que divórcio que é pior que casamento bom.
Parece óbvio e até estúpido mas as pessoas não se dão conta. Passei por um divórcio bem ruim, tive minhas responsabilidades no fracasso do casamento, mas descobri no divórcio que eu havia casado com a Somira ! Minha ex pensa igualzinho ao Somir…
As pessoas comparam o casamento ruim com a solteirice boa, mas isso está errado. O certo seria, da melhor para a pior situação:
1 – Casamento bom – melhor situação
2 – Solteirice boa – boa situação
3 – Solteirice ruim – situação chata
4 – Casamento ruim – situação de merda
Ou seja, quem está num casamento de merda e se divorcia passa do nível 4 para o 3, o que é um ganho. Mas manter um bom casamento é nível 1 !!! Acho que isso leva muitas pessoas a se casarem, pois sabem que quando funciona é muito bom. Só que a maioria é de pedreiros ousados, então caem de 2 ou 3 para 4….
Concordo
Comentário perfeito. As pessoas, quando falam sobre casamento, só falam do lado negativo. Porém, as mesmas pessoas, quando resolvem casar, só veem o lado positivo.
Sou de acordo que estar bem casado é o melhor dos mundos, mesmo com todos os contras decorrentes. E manter o casamento saudável te priva de muitas pequenas vontades.
Dá trabalho manter um casamento saudável e as pessoas não querem ter trabalho. Da mesma forma que dá trabalho ter filhos e em vez de abrir mão de tê-los as pessoas os tem e não se dão ao trabalho de educar.
Sei que cheguei atrasado aqui, mas vou transcrever exatamente um comentário que fiz em um post sobre canalhices domésticas que, não sei bem o porquê, acabou gerando uma discussão gigante. Segue na íntegra:
“Eu fico pensando porque diabos, em pleno século XXI, as pessoas têm tanta necessidade de casarem-se.
Hoje em dia as mulheres já não precisam necessariamente do homem para prover o sustento e há todo tipo de comida para micro-ondas e empregadas diaristas.
Porra, se é pra ficar com frescura de quartinho separado, casinha separada e essas coisas, que tal ser apenas NAMORADO?
Eu não sou do tipo que acredita em convenções sociais nem em sagrado matrimônio, mas sou do tipo prático. Namorar não é vergonhoso, casar por algum tipo de interesse social ou financeiro sim.”
Marok, a razão primeira pela qual se casa não é pelo sustento ou pela comida. Acho que normalmente as pessoas se casam porque não sabem ficar sozinhas, o que é um erro. Para muitas pessoas namorar não basta, a pessoa que dar uma “satisfação” à sociedade.
Eu tenho 34 anos e nunca casei e te digo que as pessoas olham estranho para mim. Cago baldes, mas tem gente que se importa e se sente “coagida” a casa para que não exista essa presunção negativa a seu respeito.
Só um comentário. Sem dúvida hoje a necessidade de casar é menor. Mas o casamento não é uma invenção da Igreja + Estado. As relações estáveis são de interesse dos indivíduos e da sociedade.
Mesmo hoje em dia, com todas as facilidades, a qualidade de vida de quem é ( bem) casado é melhor. Criar filhos é mais fácil quando você tem alguém com quem dividir o fardo. Ser casado é mais barato que ser divorciado ou mesmo solteiro.
Casamento não é invenção da burguesia. É a melhor forma que a humanidade encontrou para garantir a perpetuação da espécie. Se quiser culpar alguém pelo casamento culpe nossos genes.
Relações estáveis e duradouras sim, mas casamento eu já não sei. O ser humano não é monogâmico. Nos primórdios não havia fidelidade, havia união em bandos. Esse conceito de casamento monogâmico acho que é coisa moderna, pela questão dos herdeiros e dos bens…
Sally, a maior interessada na monogamia é a mulher. Sempre foi. O homem podia fazer vários filhos em um ano e torcer para algum sobreviver. A mulher que engravidava ficava vulnerável e não podia sair pra busca comida. Com um parceiro estável ela tinha alimento para ela e a cria. Não tem nada a ver com herdeiros ou bens. Tem a ver com perpetuar nosso genes…
Já teve, porque o homem só teria certeza que o filho era seu, que sera sua família, o sangue do seu sangue a herdar suas terras se a mulher fosse obrigada a ser monogâmica. E obrigaram, com casamento e todas as ameaças de ir para o inferno se houvesse traição ao marido. Na época o homem podia fazer quantos filhos quisesse por aí, mas a mulher não podia trair.
Hoje em dia a coisa mudou de figura. Se o homem sair fazendo filho por aí tem que pagar uma porrada de pensão e se não pagar acaba preso.
Sally, estou falando da origem da união estável. O ser humano como conhecemos hoje tem cerca de 20 mil anos de história. Na maior parte desse tempo eram bandos de caçadores-coletores e foi nessa época que surgiu a monogamia por interessa a mulher. Isso é evolutivo, não intencional. As mulheres que exigiram e conseguiram parceiros estáveis tiveram mais descendentes e portanto essa característica virou predominante.
A monogamia é quase que universal em todas as culturas. E quando existe poligamia ela é quase que sempre praticada pelo homem. O que não quer dizer que não existam ou não tenham existido indivíduos que pensavam diferente. Só que essa era e continua sendo a exceção, não a regra.
Espera… por monogamia você diz escolher uma parceira e ficar com ela como “oficial” ou você você se refere a FIDELIDADE?
Eu estava falando de fidelidade. Fidelidade não é inerente ao ser humano não e salvo engano só meia dúzia de animais ficam com a mesma parceira a vida toda.
Exatamente… a convenção social é uma coisa… a parte de espalhar genes e blablabla macaco é outra…
Inclusive a mulher tem mais chances de engravidar se tiver vários parceiros.
Há registros de macacas que se relacionam “oficialmente” só com o líder do bando, mas esperam que eles saiam e fazem festinhas com outros macacos.
Se unir em casais ou em grupos é necessário para a sobrevivência, mas isso não é sinônimo de monogamia, né?
– A convenção social vem de onde?
– Da sociedade.
– A sociedade é feita de que?
– De seres humanos e suas vontades, inclusive a de viver juntos “em sociedade”.
– E por que humanos querem viver juntos?
– Sei lá ! Mas é uma vontade humana ! Acontece em todas as culturas conhecidas. A maior parte das pessoas busca companhia.
A maior parte das “convenções sociais” tem origem nos desejos dos humanos. Não são invenções do mal…
Macacas dão pra outros macacos, mulheres dão pra outros homens. Isso não significa nada. São desejos, instintos.
Uma mulher engravidar é a primeira etapa somente. Depois tem a gestação, nascimento, cuidados durantes muitos anos antes da cria poder viver sozinha. E só então os genes foram “passados” para a próxima geração. E tudo isso fica bem mais viável se ela tiver um homem para a proteger.
Incrível que quando um pensamento progressista está enraizado as pessoas não discutem a lógica mas sim o que já acreditavam antes. Tentam de todas as formas defender a poligamia ou infidelidade, pois seu oposto é uma invenção maléfica da Igreja ou do Estado.
Monogamia foi a forma que nossos antepassados encontraram para viabilizar a continuação da espécie ( ainda bem ! ). Infidelidade impedia a monogamia, portanto não era de interesse do grupo.
Bionicão, desde sempre o ser humano é infiel. Desde os homens das cavernas até hoje. Há registros numerosos disso e pelo visto não impediu que a espécie chegue onde chegou.
Não entendi a diferença na verdade entre monogamia e fidelidade…mas explico.
Embora homens e mulheres tenham desejos por vários parceiros, a mulher era quem tinha mais interesse em refrear esses desejos para aumentar as chances de passar seus genes adiante. O homem podia satisfazer seus desejos com outras, mesmo mantendo uma parceira estável, pois ao mesmo tempo que cuidava de seu rebento ele podia ter a sorte de algum de seus descendentes com outras mulheres sobreviver.
Faço um raciocínio curioso. Nessa época bem antiga, de bandos sem muitas regras ou leis, o que impediria um homem de estuprar uma mulher? Os homens sempre foram mais fortes. O que os impediria de forçar uma mulher a fazer sexo com ele?
A vida da mulher das cavernas sozinha era muito arriscada. A qualquer momento qualquer dos machos do bando ou de outros bandos poderia atacá-la para fazer sexo com ela. Lutar em geral seria inútil, fugir seria uma opção, mas quase sempre ela seria alcançada.
Portanto é mais provável ( odeiem-me feministas) que as mulheres tenham começado a estimular a monogamia. Pois tendo um parceiro para a proteger, outros homens ficariam com medo DELE e a deixariam em paz.
Portanto não é que fidelidade seja exatamente inerente ao ser humano, mas é um comportamento que aumenta a chance de propagação dos genes, portanto os indivíduos que adotaram a fidelidade geraram mais descendentes.
E comparar com animais não dá…deu uma de Somir…nenhum animal tem a complexidade do ser humano ou de sua sociedade. Comparar com animais parece coisa da PETA…
O que eu estava tentando dizer é que formar casais ou bandos aumenta a chance de sobrevivência e também da sobrevivência da prole, mas formar casais ou bandos não é necessariamente sinônimo de fidelidade…
O problema reside aí. Quando a pessoa se importa demais com a opinião alheia só faz cagada. Invariavelmente.
Ou quando a pessoa se afirma com base no olhar do outro: “se tenho alguém que casa comigo é porque eu sou boa, se não casar quer dizer que sou um lixo”. Tem gente que só mensura seu valor quando se vê refletida pelo olhar do outro…
Perfeito. Sempre falo isso, mas dito dessa forma ficou super didático. Com sua licença, vou quotar isso e enviar pra um e-mail agora mesmo.
Qualquer confusão, bota a culpa em mim e manda vir aqui conversar comigo. Já faz um tempo que ninguém me xinga, estou começando a sentir falta…
O foda é que atrai baratas, né? Quanto tempo ele vai ficar fora?
Não, eu vou fazer a “manutenção” pra não deixar chegar nessa calamidade. :P
Ele volta na sexta.
Sexta realmente é muito tempo… se fosse um ou dois dias acho que dava para deixar, mas até sexta vai ter javali rondando sua pia
Estou limpando a bagunça em suaves prestações, porque né, mas gostaria de salientar que acho um grande de um desaforo limpar bagunça de macho que não me sustenta nem me come. Humpf.
Limpar bagunça dos outros em qualquer condição é um desaforo! Faça ele limpar a casa por um mês como medida socio-educativa quando ele voltar!
Trabalho com direito de família e considero desfazer uma união estável mais complicado do que desfazer um casamento.
Seja numa união estável ou num casamento, a coisa só acaba bem se nenhum dos dois quiser brigar e ainda tiverem respeito um pelo outro, o que nem sempre acontece.
Ah, e não considero divórcio um fracasso, considero o fim de um ciclo, só isso.
Porque desfazer união estável é mais complicado? Para desfazer um casamento precisa de dois anos no mínimo e de decisão judicial!
Não precisa mais de dois anos, a EC 66 acabou com isso, pode-se divorciar a qualquer tempo agora, e inclusive em cartório se não tiver filhos menores. Um divórcio consensual é feito em um dia, numa simples ida ao fórum para assinar a homologação, bastante simples.
União estável tem que ser provada. Prova-se que houve o estabelecimento de uma união com a intenção de constituir família, depois tem que provar o tempo, quando começou e quando terminou, para aí sim partir pra partilha. Num divórcio litigioso vc pula as fases de prova de relacionamento, vai direto pra partilha. Acredite, quando os dois querem brigar, união estável é muito pior.
Ah, e no casamento vc pode escolher o regime de bens.
Ai… ai… ai…
SE A PESSOA QUISER, NÉ?
Se a pessoa disse ME RECUSO, demora muito mais do que dois anos…
Pra só divorciar, sem partilha, mesmo no litígio é só citar o outro. Hoje basta a vontade de um. É muito comum o juiz decretar o divórcio e postergar a partilha pro juízo sucessivo, e aí, isso sim pode demorar anos.
Mas a pessoa já pode casar de novo, divorciar de novo e entupir o Judiciário de demandas.
Anigel, se você trabalha na área você sabe que se a outra parte quer ela tumultua as coisa de modo a encher o saco daquele que não quer mais e que isso dá uma dor de cabeça tremenda. A questão não é poder casar novamente, a questão é: você vai ter que continuar vendo aquela pessoa, tendo contato com aquela pessoa, em embate com aquela pessoa.
Para mim, não tem preço poder pegar minha bolsa, bater a porta e nunca mais ser obrigada a olhar para os cornos de quem eu não quero olhar. Me faria muito mal continuar atrelada a uma pessoa sem querer e ter que vê-la e discutir coisas com ela.
E se o casal fizer um documento de união estável em que conste o mês em que a união começou a contar como estável para ambos e o regime de bens?
Quer dizer, assinou quando tava tudo de boa, registrou no cartório, quando estiver em guerra não poder negar o que tá lá no papel né…
Aí seria só assinar um documento para encerrar a união e partilhar os eventuais bens de acordo com o contrato de união.
Isso tudo numa situação hipotética em que não existem filhos nem uma fortuna gigantesca.
Não vejo problema algum…
Daniele, nesse caso é a mesma coisa que casar. Se não houver disputa, divorciar também é só assinar um documento dizendo que tudo acabou. O problema é quando há discórdia, aí pouco importa se é casamento ou união estável, a separação será um inferno.
Mas se for união estável e um deles disser “Eu me recuso a me separar de você” o outro pode rir e ir embora…
Imaginei que o Somir ia defender que o divórcio não é sinônimo de fracasso e que você ia se posicionar na posição contrária.
Já notei que nele o que predomina é aquele otimismo muitas vezes sem o menor pé na realidade, enquanto que você é sempre aquela pessoa que tende a ficar de marcação cerrada tentando (muitas vezes em vão) fazer com que aqueles a sua volta tenham pé no chão.
Tá bem claro por ai porque vocês dois NÃO estão juntos.
Normal que ele defenda que divórcio não é fracasso, ele TEM UM DIVÓRCIO nas costas!
Nem vi! Mas isso só reforça a imagem que já tenho.
Sally e Somir, seus lindos!
O texto dá uma porção de pérolas, mas devo confessar que Somir levou a melhor: “Se a vida te dá uma relação azeda, faça um divórcio”, se bem que você Sally querida não fica atrás com “neguinho tem tara por cartório, neguinho adora assinar documento para depois ter bastante trabalho para desfazer”. Deve ser uma tara para se sentir importante.
Sallyta: você que é advogada, a quantas anda os casos de divórcios impulsionados pelas redes sociais? É muita gente procurando os escritórios como na Europa e nos EUA?
A frase do Somir é ótima “se A VIDA TE DÁ”, não é você que escolheu mal, a vida jogou na sua porta aquela pessoa e o destino te fez casar com ela.
Não trabalho na área de família mas sei que rede social hoje é uma prova forte em pedidos de indenização por danos morais em ações de divórcio e mesmo entre as pessoas que eu conheço atrapalha diversos relacionamentos. Acredito que seja responsável (ainda que em parte) por boa parte dos processos de divórcio sim!
Fiquei com a mesma sensação que a Lichia.Concordo em partes com ambos. Não vejo como fracasso um casamento que não deu certo. Pode acontecer de as pessoas terem pensado e casado acreditando que duraria pra sempre e por fatores que não são do controle de ambos o casamento vir a terminar. Sentimentos acabam, expectativas mudam. Não consigo ver que todo casamento que acabe é um fracasso. Porém devo concordar que hoje em dia as pessoas não pensam muito sobre essa escolha. Conhecem a pessoa, namoram durante um ano ou até menos e já estão casados, sem se quer ter refletido ou conhecido muito bem a pessoa para já estarem casando. Acho que deve ser algum problema sério de carência ou coisa do tipo, ou sei lá o que…
Talento, fracasso e culpa são coisas diferentes. Mesmo que ninguém tenha culpa de nada e que cada um tenha dado seu melhor, não pode ser um fracasso?
Eu consigo conceber diversas situações onde a pessoa fracassa sem culpa nenhuma…
Parece que a palavra “FRACASSO” ganha um peso, né?
Até aqui parece que há uma exigência: se eu fracassei não devo ter valor. O valor pessoal associado como simbiose à palavra “fracassei” em alguma coisa.
Sim, estou sentindo as pessoas meio na defensiva com a palavra “fracasso”. Fracassar é normal, acontece com frequência e muitas vezes não é evitável. Não é motivo para se matar ou para se ofender que alguém te diga que você fracassou. É essa sociedade competitiva e essa exigência doentia de ser sempre o melhor, de estar sempre feliz… eca
Não sei, acho que essa ideia de fracasso não se pode aplicar em relações afetivas ou em algo que não tenha uma fórmula exata, como o Somir disse. Fracasso é o advogado perder um prazo, o matemático errar um cálculo, mas em um casamento não. A ideia de se ter um rompimento de contrato entre as partes ser um fracasso por si só não me parece correta. Se assim fosse, só haveria fracasso quando um papel fosse assinado? Não seria fracasso também um namoro que acaba, mesmo após inúmeros eu te amo, planejamentos sobre o futuro e tudo mais?
Não, acho que nesse tipo de situação não há fracasso.
Fracasso… fiz questão de abrir o dicionário:
“Refere-se ao estado ou condição de não atingir um objetivo desejado ou pretendido”
Fracasso é não alcançar o objetivo. Se você assinou um contrato cujo objetivo é ficar com Fulano a vida toda e não ficou, houve um fracasso, ou seja, não atingiu o objetivo.
Se você namora sem compromisso de tempo estipulado e o namoro acaba, não houve fracasso.
Parem de ficar tão na defensiva e achar que fracasso é sinônimo de fraqueza, fracasso é inerente à vida.
E parem de assinar a porra do documento, caraleo! Dá um trabalho do cacete para desfazer e ainda custa caro! Ô tara por casar!
Fecho com o Somir nessa noção “empreendedora” do assunto. Não me agrada essa ideia taxativa de fracasso, que poda a tomada de riscos. Nesse ponto, não entendo como optar por uma união estável mitigaria tanto esse fracasso, ainda mais que os dois institutos estão paulatinamente se aproximando um do outro…Da mesma forma que um pode ser visto como fracassado por casar-se e divorciar-se seguidamente, quem opta por se satisfazer com meras uniões estáveis pode ser visto como alguém que já entra com o pé atrás, de forma medrosa até. Enfim, aqui, o importante não é tanto o quanto erra(ou) ou como erra (ou), mas seguir tentando até acertar um dia…mas talvez por ter casado ontem, ainda esteja numa estágio “disney”, enfim…
Até porque, pessoalmente, o pior dos fracassados nem é o que se casa varias vezes, mas sim o que se /apega, não larga o osso. Segurar-se ao casamento/união ruim ou morno(a) por teimosia, por crenças pessoais, pela manutenção do padrão de vida, por não querer ser visto por seus pares como fracassado ao (re)começar a vida com “xxxx”enta anos etc., e, nisso, ao privar-se de tentar algo melhor para si, acaba por relegar o cônjuge, o companheiro (e os eventuais filhos) ao mesmo ambiente miserável ou mesmo a uma ilusória zona de conforto.
Esse é o mais abjeto dos fracassos.
Suellen, a diferença é que na união estável você não assina um contrato se comprometendo a ficar com a pessoa para sempre…
E sim, o fracasso maior é ficar casada com alguém que você não ama, mas isso não quer dizer que se divorciar também não represente um fracasso.
Olha, há essa diferença sim, mas, pessoalmente, também desagrada ser apresentada a contratos de convivência (de união estável, namoro(!)), com uma miríada de cláusulas resolutivas. Soa até mais fracassado, sinceramente.
Mas não tem necessidade de assinar nada! Apenas vai morar com a pessoa e pronto!
É fracasso e sintoma de instabilidade. Vira uma Gretchen!
Minha irmã uma vez andou se enamorando por um cara que já era bidivorciado e eu falei que ia dar merda. Ela obviamente nem me ouviu. Pois dito e feito! Merda dada. Quem mandou se meter com um Gretchen Man?
Casamento duradouro e pra vida toda não é só coisa dos meus pais e meus avós, eu
tenho uma amiga com 37 anos que esses dias comemorou 10 anos de casada. Isso é bonito, sinal de estabilidade. Pode ser sorte dela ter achado a alma gêmea, mas ficar no casa separa dá uma impressão muito ruim da pessoa.
É fracasso ou porque não sabe escolher, ou porque não consegue manter uma relação.
Instabilidade eu nem digo, porque todos nós estamos sujeitos a errar na escolha e casar com uma pessoa que mais tarde se mostra incompatível. Todos nós podemos cometer esse erro, gente escrota não vem com carimbo na testa avisando. Se for o caso, divorcia, mas tendo em mente que errou, que fracassou, de modo a tentar não repetir o erro. O problema é gente que se divorcia achando super normal e super inerente ao casamento!
De alguma forma achei que vcs dois hj se complementaram. Vejo pessoas que casam e divorciam inúmeras vezes e ainda saem falando mal das/dos exes. Sempre o problema são os/as exes… Nunca ele/ela próprio/a. E concordo Sally: são atitudes que dizem demais da pessoa. Pode ser o fracasso na escolha (acho esse terreno complexo), mas principalmente, na manutenção dessa relação.
Acredito que o grande equívoco é pensar que o casamento tem um destino automático, não vai precisar cuidado. Algumas pessoas acreditam que o casamento tem vida própria, seja pra ser eternamente feliz (geralmente as mulheres pensam assim) ou pra ser um sacrifício constante (geralmente os homens pensam assim). Mas o casamento não existe por si só e, portanto, não está pré-determinado a nada. Ele será o resultado direto dos investimentos de cada um dos integrantes dessa relação.
Lichia, acredito que se a pessoa já sabe que não vai ficar para sempre, como foi o caso do comentário do Deja, que disse desgostar das pessoas em pouco tempo, não tem que casar. Não se assina um contrato que você acha que não vai poder cumprir.
Com certeza, Sally! Por isso que eu falo da escolha ser um terreno complexo, pois envolve: cognição comprometida pela paixão (eu acho que paixão frita o cérebro, tah?); o sentimento de conexão com a pessoa; o pensamento de que a pessoa é a certa, dentre muitas outras, que eu acredito que só pode ser configurada em possibilidades de escolhas com o tempo e a convivência.
Mas seguindo meu raciocínio anterior: Quando eu falo desse investimento de ambos, falo também de ter ações e escolhas que muitas vezes podem alimentar a relação de forma positiva para o casal e tb individualmente, como por exemplo, as partes saber destacar o que o outro tem de positivo, ou até mesmo um auxiliar o outro em processos de mudanças, com respeito, ou até mesmo com a noção de que os dois estão num mesmo barco.
Falo do auxiliar o outro com respeito pq há situações tb em que a pessoa ao invés de destacar o positivo, ou dar feedbacks, auxiliando o outro no seu crescimento, age de forma contrária. Espera do outro uma perfeição, idealiza o outro, coloca-o em um pedestal, aí quando essa pessoa se recusa (se mostra como é imperfeita) a ficar nesse pedestal, se decepciona. e tudo que era lindo e maravilhoso cai por terra e começa a fase de críticas, intolerâncias… A mesma coisa ocorre em outras formas de relacionamento: os filhos que idealizam os pais, por exemplo.
Vc pode até achar que sou doida, mas eu acredito que há situações em que a pessoa cava para si mesmo se desapaixonar do outro. Não porque o outro fede e tem espinha, mas porque a própria pessoa não se abriu para se relacionar sem idealizações.
Concordo plenamente. E mais: muitas vezes a pessoa que se divorcia repete o mesmo erro nos relacionamentos seguintes, seja na escolha, seja na manutenção. É um círculo de neuroses repetidas nefasto. Se você encara divórcio como um fracasso, como algo a ser evitado, como um demérito, se policia mais para não repetir os erros.
Eu tb acho que foram textos complementares. Um casamento que acaba, mesmo sem divórcio, é um fracasso. O divórcio por si só é a coragem necessária para se acabar com esse fracasso.
Só que isso não tira a responsabilidade de pensar e rever o casamento antes de se meter em outro, sob pena de virar sócio do cartório. Aliás, não tira a responsabilidade de acabar com o casamento porque tem um monte de gente que não se separar para não “fracassar”, mas fica num relacionamento de merda, se xingando, se desrespeitando e não agindo para mudar…
Sim, ficar em um relacionamento de merda é fracassar MAIS AINDA, o que não torna o divórcio um “não fracasso”, apenas um fracasso menor. É como você disse, o fato do casamento ter morrido, independente da oficialização desta morte ou não é o grande fracasso em si.
Vamos combinar, tem muita gente que casa sabendo que mais cedo ou mais tarde vai se divorciar. Já vi gente falando “Vou casar, depois eu divorcio”. Se o divórcio fosse proibido no Brasil, é o caralho que neguinho saia casando com essa rapidez toda! As pessoas casam já contando com o divórcio.
“You are posting comments too quickly. Slow down” => WordPress maldito…
Voltando, isso é verdade… Muita gente não entraria se não tivesse rota de fuga.
Falta culhão para as pessoas assumirem o que realmente querem e sobra gente doente da cabeça que acha que só casar com princípe encantado é que indica sucesso na vida…
Gente que quer poder dizer “Eu casei”
Grandes merda casar para divorciar depois, mais digno nunca ter casado
Pr’ocê ver a ambição das pessoas, pra mim já é uma grande coisa dizer que tô namorando, haha!
Nem acho falta de ambição, é escolha de vida! Quem foi que disse que quem não quer casar não tem ambição?
Não, não, eu quis dizer que a ambição de vida de ALGUMAS pessoas é casar, não que é falta de ambição quem não quer (e que eu me dou por satisfeita com muito menos).
Licha muito proveitoso teu comentário. Compartilho do mesmo pensamento: creio – de acordo com experiências que já tive – que o importante para se construir uma relação sadia está justamente aí: o respeito, o carinho, e o “up” de ambas as partes, o crescimento junto, mútuo. Neste sentido, argumento que antes de casar, deve-se conhecer muito, mas muito bem a pessoa primeiro; “senti-la” sem idealizações. Não vejo mal nenhum em um namoro que dure lá seus 5 anos, e só após isso o casal resolva se casar pra valer; desde que haja este crescimento mútuo.
Ge, entendo! Eu sinceramente não acredito muito em tempo ideal de namoro. Tenho conhecidos meus com histórias variadas… Um amigo meu, em dois meses de namoro casou, estão casados a uns 10 anos e a segunda filha está a caminho. Outra amiga engravidou na primeira noite, assumiu que seria mãe solteira, mas, hj está mais de 10 anos juntos com o pai do primeiro filho (sou testemunha de que ela não o obrigou a nada) e tb já teve o segundo filho… E tb conheço casais que namoraram ANOS e hoje casados estão muito bem.
Acho que a diferença está realmente nesse UP, na maturidade.
No caso dessas pessoas que mal se conheciam e tiveram filhos, teve um fator sorte também…
Tb acho, Sally! Não tenho dúvidas disso…
“Não se assina um contrato que você acha que não vai poder cumprir.”, como já disse, não vou deixar de experimentar bons anos só porque não acredito que possa ser eterno.
Não que seja impossível. E se for?
Desgostar rápido? Namorei 6 anos e fui casado por 5.
Não fique distorcendo o que eu digo, não advogue.
Eu acho 5 ou 6 anos rápido para quem prometeu o resto da vida.
Você pode experimentar bons anos sem assinar o papel…
Eu não prometi pelo resto da vida!
E eu esperava que desse certo, não casei achando que iria terminar. Agora foi bom enquanto durou (o clichê).
E o papel não me atrapalhou em nada, aliás, no papel ainda sou casado só pra minha ex esposa poder usar o convênio médico que eu tenho…
E a gente se dá super bem, somos amigos, não tenho mais pais por perto… não pra tudo, mas ela é o mais próximo de alguém com quem posso contar por aqui.
E sou o mesmo pra ela.
(A próxima namorada vai ter de aceitar isso, inclusive)
Mas quando você casa no papel a promessa que está no contrato é pelo resto da vida, entende? É isso que eu acho contraditório.
É, eu entendi o seu ponto…
Sei lá, então deveriam fazer um contrato de casamento com um prazo de experiência com possibilidade de renovação… :)
Eu quero casar, ter filhos, viagens de família e todo o pacote. Mas não vou esperar que seja eterno porque quando acabar… eu posso sair disso devastado.
Concordo que casamento deveria ter um contrato provisório de um ano e só depois ser confirmado para a vida toda…
off
Sally, você não acha o filho do Neymar biologicamente incompatível? QUER DIZER
SIM, EU ACHO.
Ou jogaram a criança na água sanitária quando nasceu, ou a mãe é transparente.
Transparente não é não.
http://diversao.terra.com.br/gente/fotos/0,,OI200470-EI13419,00-Veja+fotos+da+Carolina+Dantas+mae+do+filho+de+Neymar.html
O dinheiro de Neymar desafia até mesmo a genética.
Gente… a mãe da criança É UMA CRIANÇA!
Considero fracasso sim. Falo isso pensando em toda a parafernália burocrática. Pra tudo que vai fazer a gente já tem que apresentar RH, CPF, comprovante de residencia, de renda e de escolaridade. Quem se divorcia tem que carregar a certidão de casamento e a de divórcio junto (ok, em muitos casos escrevem a de divórcio no verso da de casamento, mas na hora de autenticar conta como um a mais).
Casar é perda de tempo, pura e simplesmente, sonho cafona suburbano (joguem pedras), gente que fica alimentando mercados bregas por aí, puro status (como a Sally já disse várias vezes).
Sou favorável a morar junto e no máximo ter união estável pra se precaver juridicamente. Descomplica gente.
Pois é, se você acha que não foi feito para uma relação “para a vida toda”, não case! Simples assim. Porque merdas assinar um contrato que você sabe que não vai poder cumprir? Isso é estelionato emocional.
Sally, tenho carinho por você enorme… mas preciso dizer que você falando de divórcio é o mesmo que homem falando sobre parto.
Eu dessa vez vou concordar com o Somir, principalmente porque passei por isso. Não considero meu divórcio um fracasso, apenas meus sentimentos mudaram, necessidades também.
“Quem disse que só tem UMA pessoa nesse mundo para você e casamento é para sempre? A Disney?”
Perfeito.
Quando casei e o período pelo que permaneci assim, realmente queria. Não me arrependo de ter escolhido aquela pessoa, também não há o que eu possa ter feito porque pra mim ‘relação saudável’ é uma em que tem paixão. E isso eu não controlo. Nem adianta eu pensar nos motivos para o fim disso… será tudo desculpa esfarrapada.
Desculpa, mas não consigo ficar com alguém sem estar apaixonado, fui por muitos anos mas depois não… impossível ficar assim por anos? Talvez.
E talvez eu não me case mais. Ou me case mais umas 3, 4 vezes…
Mas é assim pra mim…
Então não case, ué!
É uma decisão minha casar ou não. Sua visão está bem simplista. Não vou poder desfrutar de anos bons em boa companhia só porque não acredito que isso possa ser eterno?
Ah, por favor Sally…
E só pra destacar porque dessa vez você realmente me irritou.
Aonde disse que mudo de sentimentos rápido? 6 anos de namoro e 5 de casamento e insisti até onde pude, posso e pretendo casar novamente, eu quero ter filhos, eu quero algo que dure… mas não acredito, não vou me iludir achando que possa durar… estarei preparado.
Mudo rápido de sentimentos? Depois do casamento eu namorei com alguém que após eu me separar me deu um pé na bunda e por 1 ano e 6 meses eu ainda continuei morrendo lentamente por dentro.
Parabéns, me fez falar sério agora. :)
Ponto pra você.
Como eu disse abaixo, eu acho 5 ou 6 anos mixaria para quem se comprometeu a ficar pela vida toda…
Pode desfrutar do que quiser, desde que não ENGANE a pessoa assinando uma promessa que você sabe que não vai cumprir.
Você pode casar quantas vezes quiser sim, mas eu não acho certo assinar uma promessa que não será cumprida. Acho sacanagem com a outra pessoa. Já parou para pensar na mágoa que você pode causar na outra pessoa, que pode ter acreditado que era para sempre? Talvez se ela soubesse que tinha prazo de validade não tivesse topado.
Casar não é a única forma de desfrutar de anos bons em boa companhia.
Qualquer parte pode decidir terminar uma relação, seja um namoro ou um casamento, não estamos mais na idade média, sabia? Não precisamos ficar presos em uma relação infeliz.
Eu já disse que atualmente não acredito que possa durar eternamente, não quer dizer que eu não queira ou de alguma forma espere que aconteça… não estou dizendo que casaria sabendo que iria terminar, mas seria consciente de que é possível. Entende de verdade ou quer distorcer só pra prevalecer sua visão e sentir que ela é a correta-verdadeira-absoluta?
Quando me separei pra ficar com alguém eu fiz mil planos, achei que seria para sempre… levei pé na bunda em pouco tempo… mesmo se casar, não vou me iludir e pensar que vivemos na Disney.
Acho que estelionato emocional foi o que eu senti por me separar pra ficar com alguém e depois disso a pessoa terminar comigo, tipo ‘consegui o que queria, não quero mais’. Mais do que por falta de paixão, simplesmente encerrar o casamento… e ainda continuar amigo, próximo…
(Antes do fim do casamento já tinha uns 6 meses que a gente nem se tocava como homem/mulher…)
A vida não é preto e branco, Sally… ou 8 ou 80.
Claro que as pessoas podem se separar, jamais pensei o contrário e nem sonharia defender que alguém fique preso a uma relação infeliz.
Somir, você liga o fracasso a um “querer uma coisa e não conseguir” e diz que se um casamento não deu certo é porque ao menos uma das partes não quis mais. Mas não acha que existem casos onde ambas as partes ainda querem e a relação ainda assim acaba? Manter uma relação depende de mais fatores além da vontade, do querer estar juntos. Se um desses fatores falhar e resultar no fim apesar da vontade de ambos de estarem juntos pode ser considerado um fracasso, não? O “querer uma coisa” existe, condição para ser considerado fracasso, mas um outro fator qualquer, que não esse, levou ao término. Seria então um fracasso?
Clara, o Somir sabe disso muito bem: muitas vezes duas pessoas se amam, querem ficar juntas mas simplesmente não dá por fatores alheios à sua vontade. Ele sabe. Só que ele é canalha, ele argumenta com o que acha que vai convencer…
Serio… esse é o tipo de discussão que nao leva a luga rnenhum.
Eu nunca me casei mas tive um relacionamento longo.
Achei que ele era o cara… e afinal depois de 10 de relacionamento, vi que eu nao o conhecia tao bem assim…
Dou graças a Deus por nao haver me casado com ele….
Porque pior que se envolver com uma bucha, é ter que carregar ela com você…
Eu conheço gente casada e que a mulher ou o cara nem sonham sobre como cada um é de verdade…
Nisso concordo com o Somir. Nao dá pra saber…
Agora acho errado essa de casar ja pensando em separar… virou palhaçada.
Acho que casamento é coisa séria e que nao deve terminar no primeiro piti!! Quer dizer paciencia, relevar, lutar pra dar certo…
Eu viajei agora com uma amiga por 10 dias…as vezes tinha vontade de matar!! Imagina toda uma vida!! A pessoa precisa ter os valores do casamento muito bem definidos dentro de si para passar por todos os percalços…
Na verdade isso é um pouco de sorte também… Sei lá.
Nao acho que é fracasso…porque nao depende 100 % de uma pessoa e acho cruel achar que a culpa pode ter sido só de um…
Larissa, é fracasso sim, mas não é vergonha fracassar. É fracasso de AMBOS, não de um só. Não conseguiram fazer um projeto ir adiante. E eu sei que mais fracasso ainda é ficar casado com alguém que te faz infeliz, mas sucesso mesmo é encontrar a pessoa certa e ficar com ela.
“Deve ser uma bosta você se comprometer para toda a vida, fazer planos, se adaptar a aquela pessoa, construir coisas juntos e no final constatar que não deu certo.”
É por esse exato motivo que não planejo me casar, porque fico pensando em toda a fadiga pra separar se não der certo. Não sei se é um pouco pessimista/doentio da minha parte pensar assim…
Sally, não concordo com quem diz que “Fiquei com Fulano X anos e não deu certo”. Ué, como assim não deu certo? Deu certo por X anos, oras!
Sobre a discussão em si, nunca tive um relacionamento longo, não me sinto apta a opinar.
Eu também acho que existem relacionamentos longos que dão certo mesmo que terminem, porque a proposta era ficar junto enquanto desse. Mas quando seu compromisso é ficar junto para o resto da vida e você não fica… bem… FAIL!
Sim. Eu acho que, se EU me casasse, ia querer que fosse pra vida toda (anotação mental: se um dia tiver uma filha, não deixá-la ver novelas nem filmes da Disney), MAS como acho isso altamente improvável, então não pretendo me casar. Sem contar a burocracia sem fim, papelada pra lá e pra cá… Odeio meu sobrenome com toda a mais profunda raiva do âmago do meu ser, mas odeio mais ainda a ideia de ter que tirar todos os documentos de novo (não que seja obrigatório hoje em dia pegar o sobrenome do marido, claro).
Morar junto com alguém, quem sabe. Apesar de que isso também é um sofrimento pra mim, odeio me mudar, sem contar o estresse depois pra achar um outro lugar pra morar ou um roommate pra ajudar a dividir as contas depois.
Eu penso em TANTA coisa que pode dar errado a respeito de tantas coisas que nem sei como saio da cama de manhã, hahaha!
Eu penso assim também. Somente me casaria se achasse ser possível levar para o resto da vida. Pode ser que eu erre, pode ser que esse meu projeto fracasse e eu acabe me divorciando, mas NO MOMENTO em que casar, vai ser por achar que posso tocar a coisa até a morte. Se for o caso de ficar solteira e nunca casar, não me importo nem um pouco. Acho melhor isso do que casar sabendo que vou acabar separando.
A Disney deveria ser processada por colocar idéias doentias de “perfeição” em relacionamentos. Tem cada história cavernosa de gente que acredita na Cinderela, que vcs desacreditariam…
Gente que acredita que a Fera vai virar um Príncipe por força do amor. Credo. As pessoas não mudam e quando mudam, mudam para pior.
Interessante notar que algumas das tantas histórias da Disney são inspiradas no ideal da estética romântica do século XVIII. Até bonita tal estética, mas se aplicada às concepções daquela época em específico. A questão é essa: é valido adotar tais concepções de dois séculos atrás, hoje? é!…
O problema maior da Disney foi convencer os outros de que o amor transforma tudo, o amor viabiliza tudo.
Eu até acredito que seja possível um amor “até que a morte os separe”, existem pessoas que trabalham duro na relação e chegam lá. Mas tem que ralar, tem que manter. O amor por si só não faz isso.
E a idealização de perfeição… tem uma menina que está planejando o casamento há dois anos, gastou uma grana que ela não “poderia” para ter o casamento-Disney… Ela organizou uma lista de afazeres domésticos por dia (nunca morou sozinha, nem sabe o que isso significa) e já sabe o que vai preparar para o marido no dia seguinte ao casamento.
Esse é o tipo de gente que lê Capricho (nem sei se existe), vê os filmes da Cinderela e acha que a vida é assim.
Aí falta o vaso de tulipas azuis na mesa 39, e arma um barraco e não aproveita a festa porque “deu tudo errado”, queima o bife no primeiro dia e chora e quer se separar…
Essas pessoas casam com o PROJETO de vida que elas criara, não com o marido. O marido é mero coadjuvante, mero acessório.