The cabin in the woods

(Brasil: O segredo da cabana), 2011 – Dirigido por: Drew Goddard. Estrelando: Kristen Connolly, Chris Hemsworth, Richard Jenkins, Bradley Whitford, Jesse Williams, Anna Hutchison, e Fran Kranz

Sim, eu sei, ando meio sumido, mas fazer o que? O dever me chama e as críticas precisaram ficar em segundo plano por algum tempo. Não por isso, continuei assistindo filmes, seriados, lendo livros, quadrinhos, enfim, sempre buscando algo interessante para apresentar para vocês. Quando me falaram do “O segredo da cabana”, fiquei receoso, já que a história parece um clichê do início ao fim, mas pasmem que ao final do filme fiquei boquiaberto, já que ele se propõe a brincar com o subgênero de terror cabana no meio da floresta e nos entrega uma história divertida e cheia de referências.

Antes de começar a falar do filme, vou lhes apresentar a figura de Drew Goddard, um homem talentoso, mas que normalmente fica obscuro pelos bastidores. Goddard iniciou carreira como roteirista, participando de “Buffy” e “Angel”, duas séries de vampiros que nunca dei muita atenção, mas que tiveram bastante sucesso. Eis que, contratado pela Bad Robot de J. J. Abrams, ele começa a escrever alguns episódios de Lost e do filme “Cloverfield”, que para mim foi um dos melhores filmes já feitos no estilo found footage (essa papagaiada de gravar em primeira pessoa, como se fosse uma câmera caseira). Ele também escreveu o roteiro de “The Martian” (Perdido em Marte), um dos filmes mais divertidos do ano passado e na verdade, fiquei na dúvida entre escrever sobre “Perdido em Marte” ou “O segredo da cabana”, mas acabei optando pela segunda opção por ser um filme que não teve tanta badalação, mas que merece ser visto com todo o amor e carinho.

Aliás, a falta de divulgação foi um dos problemas do filme, que teve alguns contratempos de estúdio. Primeiramente ele seria distribuído pela MGM, mas acabou nas mãos da Lionsgate, o que acabou atrasando o cronograma de estreia e chegou no Brasil direto para DVD sem muito alarde, conquistando público devido à qualidade da história. História essa que acompanha cinco amigos indo em direção à uma cabana abandonada em um local estranho e com gente esquisita. Sim, todos os clichês do gênero estão presentes, mas quando se percebe que esses elementos estão ali de propósito e que possuem fundamento, essa historinha mequetrefe começa a tomar novas proporções, chegando a ter referência até mesmo com a mitologia de H. P. Lovecraft.

Os clichês começam nas características dos cinco amigos, há o bonitão, o esportista, a sedutora, a recatada e o maconheiro. Há também a famosa cena de sexo seguida por uma morte, objetos amaldiçoados e ações idiotas frente ao desconhecido, mas há também uma antiga seita secreta que corrobora todos esses detalhes, justificando assim os clichês não apenas de “O segredo da cabana”, como também de todos os outros filmes de terror lançados até hoje! Simplesmente genial, mas sem querer dar muitos spoilers, essa seita secreta é uma espécie de estúdio de cinema, que controla todo o ambiente que está sendo filmado, ora lançando feromônios no ar, ora controlando detalhes do cenário e a todo momento conduzindo os personagens a tomarem essas atitudes estranhas que estão presentes em centenas de filmes do gênero.

Se “O segredo da cabana” se destaca na multidão, boa parte se deve à esse detalhe, já que diversas pessoas trabalham no estúdio, sendo que algumas não aceitam muito bem o destino do que está sendo filmado, mas são obrigadas a aceitar a carnificina por um bem maior. Por isso, cada pessoa levada para a cabana precisa representar uma figura icônica, que invariavelmente necessita morrer para assim satisfazer uma antiga profecia. Para o bem ou para o mal, todos estão ali para seguir a profecia e ao mesmo tempo gravar um filme que traz lucro e possui espectadores ao redor do mundo.

As atuações são ok, nomes de peso como Chris Hemsworth e Bradley Whitford contracenam com atores não tão conhecidos, mas nem por isso ficam destoantes, com uma excelente sinergia entre todos. Claro que não há nada espetacular, a direção optou nivelar todo mundo no mediano, mais uma vez para manter a vibe de filme B. O mesmo ocorre com a fotografia ou a trilha sonora, que ficam sempre no basicão. Sério, se eu não tivesse pesquisado sobre o filme antes, ia achar um verdadeiro desperdício de dinheiro, talento e tempo, maaaaaaas… após os primeiros trinta minutos, as coisas começam a mudar e a lenga lenga vira uma história interessante, contrariando todas as possibilidades de um verdadeiro desastre.

Tudo porque em determinado momento, o personagem maconheiro começa a desconfiar que a cabana possui mais segredos que os zumbis acordados após a pronunciação de um ritual. Ele percebe pequenos instrumentos de gravação e encontra um esconderijo, que por sua vez leva a um elevador, que por sua vez leva a um subsolo que irá alegrar o coraçãozinho dos amantes dos filmes de terror de qualquer espécie. Creio que essa tentativa em ser mais do mesmo, mas com um roteiro e uma direção bacana, fazem desse filme um exemplo que deveria ser seguido por todo diretor iniciante. Por isso meus queridos, anotem aí o nome de Drew Goddard que muito coisa boa ainda deve sair dessa cabeça.

É por não querer ser mais do que deve e por saber brincar consigo mesmo que “O segredo da cabana” foi um dos filmes que me motivaram a fazer essa série de textos críticos. Portanto meus caros, se vocês gostam de acompanhar essas indicações, assistam ao filme que não irão se decepcionar. E já adianto que o próximo texto será sobre “Driver”, o filme que me inspirou a fazer os vídeos que um dia quem sabe serão colocados no Youtube e também a escrever um curso rápido de cinema que estou preparando para vocês. Então aguardem e até a próxima.

Por: Tender, o pseudo crítico