Desfavor do Ano: 2020

Coronavírus. Não tinha como ser diferente… Desfavor do Ano.

SALLY

Em 2020 o Desfavor do Ano não vai ser surpresa para ninguém: Coronavírus e a forma como a humanidade reagiu a ele.

A coisa começou mal. Não se sabe muito bem como nem quando começou, mas se sabe que os primeiros relatos da doença vêm da China e governo chinês mentiu e omitiu informações sobre o vírus, deixando o resto do mundo no escuro. Essa atitude permitiu que o vírus se alastre com mais facilidade.

Não é certeza, mas pode ser que se tivessem escutado e divulgado os alertas que seus médicos davam (em vez de prendê-los e ameaçá-los para que calem a boca), talvez fosse possível conter o vírus apenas na China. Já começamos mal, colocando o lucro acima da vida.

Mesmo com atraso na entrega da informação, a maior parte dos países continuou inerte. Nos primeiros dias de janeiro já circulava um aviso sobre um vírus respiratório altamente contagioso e de desdobramentos desconhecidos e, ainda assim, a maior parte dos países não se preparou como deveria. O motivo? As medidas preventivas teriam um impacto econômico indesejado.

No Brasil, enquanto a gente gritava aqui no Desfavor que tinha que fechar fronteiras, que não tinha que fazer carnaval e que esta porra iria se espalhar feio, as fronteiras continuaram abertas, carnaval bombando de turistas e aglomerado de pessoas e previsões furadas que diziam que o vírus não sobreviveria ao calor, que a pandemia duraria dois meses e que morreriam menos de 8 mil pessoas.

Enquanto a Europa sofria uma carnificina, com mortos se empilhando nos hospitais, em caminhões frigoríficos e até em ringues de patinação (pela falta de outro lugar para armazenar os corpos), as Américas faziam pouco caso do vírus, dizendo que não fechariam o comércio e que era apenas uma gripe. Quando chegou, chegou rasgando e, tanto EUA como Brasil tiveram mais mortos e doentes do que puderam contabilizar – e mesmo os números contabilizados foram indecentes.

O Brasil vai fechar o ano com quase 200 mil mortos, na contagem oficial. Estima-se que a contagem real seja cerca de cinco vezes maior (ou ainda mais), o que nos leva a aproximadamente um milhão de mortos, aquele número que todos tanto tripudiaram quando o Imperial College fez a previsão e o Átila Iamarino divulgou. Minha cara quase cai de vergonha quando vejo um obtuso qualquer ainda questionando isso e perguntando “cadê o um milhão de mortes?”. Está debaixo do seu nariz, meu anjo, subnotificado e camuflado por um governo pouco transparente.

2020 foi o ano em que o Brasil virou as costas de vez para a ciência. Enquanto vizinhos da América Latina, com muito menos recursos, desenvolviam testes rápidos a preços acessíveis, testavam anticorpos de cavalo e lhama, testavam células tronco e outras terapias avançadas, faziam acordos para produção de vacinas, o Brasil comprava toneladas de Cloroquina e outros remédios que já se provaram ineficazes, como a Azitromicina, por preços exorbitantes. E, quase um ano depois, ainda empurram esses torços que não funcionam para o povo.

Bolsonaro falou dezenas de frases desrespeitosas para com as vítimas de covid e suas famílias. Tentou impedir a entrada da Coronavac. Tentou tumultuar ao máximo a vida de quem queria contribuir de alguma forma, seja com informação, seja com prevenção ou tratamento. Desacreditou as medidas de isolamento e até o uso de máscaras. Chamou de “maricas” quem se cuida. E, segundo pesquisas de opinião, o brasileiro não acha que ele tenha culpa pelo caos que se tornou o Brasil na pandemia.

Por sinal, em 2020 vimos o grau de obtusidade do brasileiro também. O povo não entendeu nada, pegou fragmentos de informações científicas e completou com o que melhor atende a suas preferências ideológicas, políticas ou de vida. Até hoje a porra do brasileiro não entende que lockdown não é sinônimo de comércio fechado, que máscara tem que cobrir boca e nariz e que não existe forma de sair de casa, viajar ou fazer reunião em segurança.

Casamento da Pugliese, festa do Carlinho Maia e tantos outros eventos de famosos “com todos os protocolos de segurança” contaminaram e mataram muita gente, inclusive funcionários que trabalhavam neles e não tinham culpa da imbecilidade alheia. Não existe forma de se reunir em segurança, nem com PCR, nem com qualquer teste, nem com porra nenhuma. Se nem o Trump conseguiu se reunir sem contaminar toda a Casa Branca, meus amores, não vai ser brazuca a conseguir.

Agora, vemos o filme do começo do ano se repetir. Europa está sendo severamente castigada pelo covid-19 novamente, em uma segunda onda, que sabemos desde 1918, é típica de vírus respiratórios e quando vem, vem mais forte. O que o Brasil está fazendo? Nada. Continua aceitando voos internacionais (spoiler: a segunda cepa mais contagiosa de corona já se espalhou pelo mundo, não adianta barrar voo da Inglaterra), continua se recusando a fechar, continua com gente nas ruas e nas praias.

O recontágio já se provou possível e, pasmem, conforme havíamos dito aqui e muitos debocharam, pode ser ainda mais perigoso do que o primeiro contágio. Então, quem já pegou não está imune, pode pegar novamente. Olha que beleza de tempestade perfeita se desenhando.

Não aprenderam nada no começo do ano, ao assistir a carnificina na Europa e não aprenderam nada no repeteco, na segunda onda, com uma nova carnificina na Europa. É a imbecilidade levada ao mais alto patamar.

Não é só o Bolsonaro o culpado, é cada filho da puta irresponsável que vai bundear na rua quando poderia muito bem ficar na sua casa. É cada débil mental que diz que “o ser humano não nasceu para ficar preso”, como se ficar com o cu em casa durante uma pandemia fosse ficar preso. É cada retardado sem senso de sacrifício que, podendo ficar em casa, sai “pela sua saúde mental”. Se você precisa sair de casa para ter saúde mental, você tem problemas sérios, vá se tratar em vez de colocar a vida alheia em risco.

E, na tentativa burra de salvar “a economia” (como se houvesse essa dicotomia entre economia e saúde), o Brasil conseguiu destruir tudo. Taí o resultado. Se você só recebe informação selecionada para sua ideologia e não ficou sabendo, eu te conto: muitas multinacionais indo embora do país, economia afundando, matéria prima cara demais gerando risco de desabastecimento e Brasil queimando suas reservas e tendo que se endividar, pegando dinheiro emprestado. Já vimos esse filme, sabemos que ele não acaba bem.

Para completar, o Brasil está sem vacina até o presente momento, graças a uma sequência de erros, incompetência e arrogância.

Recusaram a vacina da Pfizer, que vem se mostrando uma das melhores, e quando se arrependeram e foram rastejando pedir, receberam um “não” na cara. Bolsonaro disse que não se importa do país ficar para trás e ser o único a não ter uma vacina disponível entre os vizinhos. Ainda bem que é o maior país católico do mundo, pois o brasileiro só tem reza para se proteger agora.

Se teve uma coisa que a pandemia fez de bom é marcar um X na testa dos idiotas, obtusos e desempoderados. E, puta merda, eles são muitos. Se por um lado é bom, pois permite ter uma real noção do tamanho do problema e se afastar dessas pessoas patéticas, por outro é bastante desesperador constatar que o Brasil tem uma maioria tão esmagadora de gente imprestável, inservível, incapaz de raciocinar.

Durante esses 12 anos do Desfavor, muita gente comentava na coluna do “Ei, Você” coisas como: “Não pode ser, isso não é real, vocês inventam isso!”. Este ano os comentários estão mais na linha do “Minha vizinha me disse isso outro dia” ou até o Ministro da Saúde repetindo uma das frases. A pandemia trouxe à tona a real dimensão do quanto o brasileiro é inviável e merece ser extinto.

Desejo muita sorte a vocês em 2021, vocês vão precisar.

Para dizer que a segunda onda não vai chegar no Brasil, para dizer que o vírus já está indo embora ou ainda para dizer que quem está indo embora é você: sally@desfavor.com

SOMIR

Eu gosto mais do que deveria de decidir as coisas na hora. Uma parte é o prazer da criatividade sob pressão, outra é uma defesa natural contra a tendência de pensar demais nas coisas. Seja como for, depois de tanto treino, comecei a ficar bom nisso. Raramente me vejo sem ideia do que fazer a seguir e já consegui impressionar muita gente com a minha capacidade de improvisação e a velocidade com a qual eu faço senso da maioria das situações.

Mas, tem um preço. Sempre tem um preço. Quando algo realmente me pega de surpresa e eu não consigo ativar essa habilidade, eu sofro uma regressão mental instantânea para a mais tenra infância. Vergonhoso mesmo. Experiência, terapia e uma boa de introspecção me ajudaram bastante a reduzir o número de pontos fracos nessa armadura, mas nada é perfeito: enquanto eu tiver esse modo de funcionar, sempre vai ter o risco.

Sempre achei que era um jeito especial de ser, algo muito relacionado com as particularidades da minha vida. Mas 2020 chegou e me deu um tapa na cara: não é que quase todo mundo é assim? Não necessariamente nas capacidades específicas, cada um foca onde mais se interessa; mas na ideia geral de depender mais do que deveria da capacidade de decidir as coisas na hora. E pagando um preço bem parecido quando algo sai muito do esperado.

Só me atrevo a escrever este texto criticando os outros por algo que eu também faço porque eu já tenho essa consciência. Quando ficou claro que a pandemia ia durar e mexer com a forma como a sociedade funciona, foi o momento de esticar os prazos mentais para tomar decisões e evitar ser pego de surpresa. Saber decidir as coisas na hora é um talento, saber quando não é para fazer isso é experiência.

2020 não foi o ano de seguir o coração. Foi o ano de começar a olhar para mais longe e tomar decisões que viabilizem um futuro mais decente. Mesmo sendo antissocial, evidente que é um problema ficar enfurnado em casa, saindo só quando é estritamente necessário. A economia não estava para brincadeira, então até no campo profissional foi importante priorizar continuidade. Fico feliz por terminar o ano com poucos arrependimentos e razoavelmente estável em relação a 2019. Não foi o melhor resultado, mas era o que tinha pro ano.

Infelizmente, eu posso me considerar parte de uma minoria. Pra muita gente, não era uma possibilidade mudar a forma de funcionar. Foi tudo na base do desespero e do improviso, o único jeito conhecido. E foi um fenômeno global, na esfera pública e privada. Evidente que o Brasil bateu recordes de incompetência sendo guiado por um negacionista em disputa eleitoral antecipada com outros interesseiros, mas vimos países como Suécia, Alemanha e até mesmo o Japão patinarem em algum momento da resposta à pandemia.

O mundo deveria estar preparado para uma pandemia, mas quando ela chegou, ficou claro que estávamos no modo “decidir na hora”. Foi todo mundo se virando de qualquer jeito, cada país com um plano diferente, muita desconfiança e desinformação tornando tudo ainda mais complicado. Quando algo sai tanto do script de gente que se acostuma com o improviso, o resultado é regressão mental. Se eu tivesse que definir 2020 para as futuras gerações, diria que não foi um ano muito adulto.

No começo da pandemia, o mundo usou boa parte do seu estoque de criatividade espontânea: todo mundo fazendo lives e discutindo estratégias para lidar com o confinamento. Mas, o tempo passou… e a pressão de continuar tendo que decidir tudo na hora foi afrouxando os padrões da maioria das pessoas. Se você não estava enxergando que isso era uma maratona e não os cem metros rasos, de repente se viu sem saber o que fazer com mais e mais semanas de restrição.

Tivemos muitos meses para rever esse modo de funcionar, e o que aconteceu? A segunda onda. Se tem alguém evoluindo, é o vírus. Com tanta gente presa nessa mentalidade imediatista, fica mais fácil ir para a praia lotada ou fazer uma festança de final de ano. Esse é um dos males de decidir as coisas na hora: é fácil se enganar sobre o contexto da sua situação. A pessoa não está doente no minuto que decidiu sair de casa para se aglomerar por aí, então a decisão de sair de casa para se aglomerar por aí fica bem mais leve.

No contexto do momento, ficar sem a socialização é um preço muito caro para se pagar se não tem ninguém morrendo… agora. E se enganar que usar máscara por 15 minutos no começo da festa vai resolver alguma coisa parece a escapatória perfeita. São todas decisões estúpidas se você levantar a cabeça por alguns minutos e lembrar que suas ações têm consequências.

Quanto mais gente se contamina, mais tempo demora para um novo normal que permita socialização seja alcançado. Mais tempo demora para a economia começar uma reação e por consequência, a sua chance de aguentar o tranco até lá. O que muitos não conseguem enxergar é que cada concessão que fazem ao desejo momentâneo de voltar ao normal só aumenta o tempo de duração da situação ruim. Típico comportamento infantil: prefere uma bala agora do que dez daqui a quinze minutos.

E para provar como a democracia do Brasil é realmente representativa, ontem sai a notícia que o governo federal ainda não tinha comprado as seringas e as agulhas das vacinas! Deixaram para o último minuto. E agora vai ser complicado, porque a diferença entre a oferta e a demanda são gigantescas para quem só foi se mexer na hora que foi cobrado pelo atraso. É a mesma mentalidade do povo que decidiu em cima da hora que estava tudo bem fazer uma festa na virada do ano.

Não está. Vai custar caro, e já vamos ver isso em janeiro. Tivemos uma chance raríssima de aprender com as dificuldades de 2020, mas está cada vez mais na cara que não foi o suficiente para chacoalhar a maioria. E mesmo que 2021 se esforce mais ainda para ensinar essa lição, não é muito provável que funcione. Quem não quer pensar no futuro raramente se lembra do passado.

Se ajudar alguém, fica aqui meu plano para 2021: chegar inteiro em 2022. Não mudou nada ainda. É mais um ano de metas longas e estratégias de resistência. Não vai dar pra decidir na hora porque ainda é terreno desconhecido, melhor estar preparado(a).

Para dizer que foi um sopro de desesperança, para dizer que também achava que era especial, ou mesmo para dizer que duvida que eu passei um ano levando isso a sério (passei sim, foi uma merda e não quero continuar fazendo, mas foda-se o que eu quero): somir@desfavor.com

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Comments (26)

  • Eu preciso compartilhar a experiência que estou vivendo, porque me parece que só aqui as pessoas tem noção do que é a pandemia.

    Moro em uma cidade interiorana, às vezes desconfio que poucos por aqui ouviram falar de covid.
    Bares SEMPRE lotados, festas de conhecimento público ocorrendo na zona rural, reunindo 150 a 200 pessoas. Autoridades tendo ciência das festas e NADA acontecendo.

    Essa semana tive sintomas leves de covid. Como meu trabalho é tido como essencial e deve ser presencial, informei à minha chefe e fui consultar. Em um dos centros de atendimento, havia acompanhantes de pacientes com covid que se aglomeravam em um dos locais em que deveríamos aguardar a consulta. Para piorar a cena, devido ao calor, as pessoas retiravam a máscara e ninguém do hospital solicitava que recolocassem. Apenas me afastei. Realizei o teste, que deu negativo, o médico receitou ivermectina como profilaxia. A cada 2 semanas, uma dose. É de cair o cu da bunda!

    Todavia, no meu trabalho me encaminharam para a realização de uma teleconsulta com um hospital da capital do estado. A médica me afastou das atividades por precaução.

    Basicamente a sociedade inteira leva na brincadeira. A vida não mudou nada para grande parte das pessoas e eu sou mais descrente que a Sally, acredito que nem se essas perderem um ente querido levam um choque da realidade. Superam o luto e seguem para os barezinhos, festinhas, vida sem máscara.

    • Às vezes eu fico imaginando como era a vida das pessoas em tempos de pandemias hardcore como a peste negra e o quanto realmente mudou na cabeça delas nesses séculos. Quando não tinha informação ou mesmo medicina de verdade, era compreensível se forçar a tocar a vida normalmente. Mas agora, com tudo tão explícito e mastigado? É difícil de acreditar.

      • Eu li seu comentário “eu fico imaginando como era a vida das pessoas em tempos de pandemias hardcore como a peste negra” e a resposta automática do meu cérebro sádico para você foi “Curta. Bem curta”.

    • O Brasil todo está assim: em forte negação.

      O problema é que a realidade não liga para a negação e, quanto menos as pessoas se cuidam, mais o vírus se espalha. 2021 não vai ser bonito.

  • Disse há poucos dias e repito: “Tristes tempos estes nossos, em que a mais inverossímil ficção tem sido superada, de longe, pela realidade…”

  • Europa vai ter a décima onda de covid mas não vai fechar as fronteiras, os políticos europeus preferem sabotar o próprio povo do que ser chamados de nazistas.

  • Haverá um novo baby boom (ainda que não seja tão grande quanto o do século passado) e vai aumentar bastante a quantidade de pessoas fazendo coisas arriscadas, depois da pandemia de covid. Vai ser uma pandemia de hedonismo, autoindulgência, coomercracia.

  • Enquanto isso, no Twitter:
    ( ) Brasileiro discutindo ausência de plano de vacinação e métodos de evitar contágio;
    ( ) Brasileiro discutindo a necessidade e meios para se realizar mudanças e melhoras no sistema de saúde, seja privado ou público, bem como investimento em educação para que as pessoas ao menos saibam como um vírus se alastra;
    (X) Brasileiro discutindo que se referir a casal mulher + mulher como lésbico apaga bis, trans e pans, e que o termo “casal sáfico” é tão discriminatório quanto;
    (X) Brasileiro, do país com uma das maiores mortalidades do mundo, se escandaliza com a Argentina, discutindo que aborto é assassinato e que las hermanas não valorizam a vida humana.
    No G1:
    ( ) Desemprego é resultado da crise econômica que cresce há décadas e que Bolsonaro não deu atenção, pois ele “não é economista” (engraçado que na hora de pregar pra abrir tudo, inclusive fronteiras, aí ele é o mastermind da economia);
    (X) Desemprego é causado por quem faz e defende lockdown e é contra colapso do sistema de saúde.

  • Uma das piores coisas da pandemia é a forma com a maioria das pessoas tem lidado com a questão… E o Somir foi certeiro com a frase: “O que muitos não conseguem enxergar é que cada concessão que fazem ao desejo momentâneo de voltar ao normal só aumenta o tempo de duração da situação ruim.”. Será que agora esse pessoalzinho que vai bundear na rua sem necessidade entendeu? Ou vai ser preciso desenhar?

  • Esse texto da Sally tem que estar nos livros escolares de História no futuro. E um dia, quando eu estiver bem mais velho e gente das próximas gerações vier conversar comigo com o respeito e a admiração com que se olha para um veterano de guerra, eu vou citar esse texto e recomendar sua leitura.

    • Também gostei muito do texto da Sally, com apenas uma minúscula correção: o certo é “rinQue de patinção”, com “Q” mesmo. Essa palavra vem do aportuguesamento do termo inglês “rink” e o nome completo do lugar onde se patina é “skating rink”. O “rinGue” com “G”, só aquele de boxe e de lutra-livre. E que triste que tiveram até que usar o sistema de refrigeração dessas pistas de patinação no gelo (“ice skating rink”) para tentar conservar os corpos dos muitos mortos de covid-19 deste ano infernal antes de se poder providenciar um sepultamento minimamente decente…

      Notícias sobre o uso de rinques de patinação no gelo como necrotérios improvisados na Espanha e nos EUA: https://edition.cnn.com/2020/03/24/europe/spain-ice-rink-morgue-coronavirus-intl/index.html

      https://www.cbsnews.com/news/maryland-ice-rink-temporary-morgue-coronavirus/

    • Sabe que eu até que estou começando a gostar da idéia de sermos olhados no futuro com a mesma reverência que hoje se presta a quem heroicamente sobreviveu a massacres históricos e a guerras? Especialmente depois de passar tanto perrengue e raiva com a estupidez humana ultimamente. Para agüentar essa cambada de BMs que nos cerca só sendo guerreiro mesmo…

    • Aproveitando a dúvida do Ge, uma pergunta: para o Schadenfreude 2021, como o Covid vai afetar a pontuação? Por exemplo, Nicette Bruno daria zero ou meio ponto (quarta idade, grupo de risco), ao passo que se fosse o Neymar, a pontuação seria dobrada?

      • Até segunda ordem, Covid é uma doença como qualquer outra. Se o voto for feito antes da pessoa estar notoriamente doente, é pontuação normal. Como a chance de morrer ainda é baixa entre jovens, não vejo motivos para mudar a regra de dobro na pontuação.

        Mas, estou quase indo falar com a Sally que quem colocar Neymar na sua lista vai merecer uns pontos bônus… hahahah.

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