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Eleições 2026.

Eleições 2026.

| Desfavor | | 8 comentários em Eleições 2026.

Já que Trump ganhou a eleição e o Brasil adora imitar os EUA… será que isso é sinal de que vem algo parecido por aí? Sally e Somir detestam as opções, mas projetam resultados diferentes. Os impopulares votam… em tese.

Tema de hoje: se Lula e Bolsonaro disputarem a presidência em 2026, quem ganha?

SOMIR

Lula. E sim, tem o elefante na sala do Bolsonaro ser inelegível. Não é provável que isso seja desfeito até lá, mas eu vou considerar os dois cenários com o mesmo peso: Bolsonaro elegível ou o candidato escolhido por ele. Porque para a minha análise, o mais relevante é o ambiente no qual a eleição presidencial de 2026 vai acontecer e não necessariamente as pessoas concorrendo.

Trump venceu porque o partido Democrata, a “esquerda” americana, cometeu uma série de erros estratégicos na campanha, porque os republicanos acharam um plano de ação eficiente, mas principalmente porque o preço do hambúrguer e do aluguel estavam assustadores. Quando o time está jogando mal, o povo olha para o técnico. Mesmo quando são os jogadores sabotando o técnico.

Em tese, o governo Biden foi decente na questão econômica, mas isso não se traduziu na sensação das pessoas no cotidiano. O mundo todo passou por apertos inflacionários pós-pandemia, tudo ficou mais caro pelas pressões de momento e ninguém quis baixar o preço depois. Não à toa, ricos ficaram mais ricos e pobres ficaram mais pobres durante e depois do surto de Covid-19.

A primeira parte da bomba estourou no colo de Trump, mas tinha a segunda da inflação que não descia que acabou com Biden, e por tabela, Kamala. Em cada uma das bombas, uma eleição perdida. Vamos para o Brasil agora: Bolsonaro tomou a primeira bomba da pandemia muito por culpa própria pelo negacionismo, mas por uma questão de timing tomou também a segunda da inflação. Bolsonaro foi rejeitado nas urnas porque a picanha estava muito cara (quase metade do país votou nele, então a parte de cagar para a ciência e ajudar a matar milhões foi ignorada).

Vamos para 2026. Se a situação econômica estiver minimamente estável durante o ano da eleição, não há pressão para troca de governante. Lula não precisa ser um bom presidente para isso, ele só precisa parecer um bom presidente. E a economia global pode carregá-lo (de novo) nas costas para uma campanha de sucesso.

Daqui a 2 anos, os preços absurdos de hoje vão ser normais de novo. Se o Brasil continuar com um nível de desemprego relativamente baixo (mentiroso para um caralho porque estão contando influencer e fazedor de bicos como empregado) e as pessoas tiverem um mínimo de renda para se acostumar com o padrão de vida, já começa a funcionar a tendência de reeleição tão natural no país.

O brasileiro tem tão pouca esperança na política que é só não estar contemplando suicídio que já acha melhor não arriscar. Se o governo conseguir estragar a economia de tal forma a deixar todo mundo desesperado, o cenário da Sally é mais realista, mas basta não cometer nenhuma grande atrocidade que faça os preços dos produtos de consumo básico irem para o espaço que se mantém a tendência de repetição.

E eu enxergo um potencial para o Brasil nos próximos anos. Potencial que independe de muita competência de Lula e cia., que vão continuar aumentando o rombo nas despesas do país. A questão é que tem alguns fatores que impactam a visão do cidadão sobre a qualidade do governo que podem ser explorados mesmo sabendo que isso vai cobrar caro no futuro.

Se Trump começar uma guerra global de tarifas, isso vai desvalorizar o real por um tempo, mas eventualmente o sistema de reorganiza: já que a gente exporta muita coisa mesmo, os dólares continuam entrando e quem já financia esse país mesmo continua trazendo dinheiro de fora, segurando a valorização com maior oferta interna.

Além disso, talvez os EUA forcem a mão de União Europeia e China a negociarem um pouco melhor com o Brasil, porque o maior mercado do mundo vai começar a ficar mais difícil de competir. Lula no começo do mandato é um, mas perto da eleição vai ser outro. Taxar as blusinhas é lucrativo para ele, mas ser reeleito é mais ainda: espere alguma medida populista deixando entrar importados chineses de forma mais vantajosa entre o final de 2025 e o começo de 2026.

E como Bolsonaro abriu a porteira, por que não subornar o povão na cara dura aumentando os auxílios sociais? O Legislativo vai estar em renovação mesmo, muito provável que deixem passar qualquer bomba atômica populista no final do mandato deles. Existem muitas avenidas para Lula melhorar a percepção do povão sobre a economia, mesmo que de mentirinha. E ele não tem escrúpulos na hora de consolidar poder: a Dilma jogou o país no abismo para ganhar uns votos a mais, imagina só o Lula?

A direita acha que tem algum ponto forte ideológico, mas estamos no Brasil. O povo está pouco se lixando para a derrocada dos valores e da moral tupiniquim. Se estiver conseguindo fazer seu churrasco, pode prender todos os gays ou pode dar a todos cargos de poder que está tudo bem. O maior erro da direita é achar que tem alguma coisa de costumes realmente impactando a visão do povo.

A centro-esquerda passou muito tempo no poder, as pessoas estão putas com o dinheiro que some antes do final do mês… isso decide quem ganha e quem perde. Lula pode muito bem passar mais alguns meses apertando o cinto e começar sua reeleição com as verbas públicas ano que vem, planejando para despejar mais e mais dinheiro nas mãos do pobre quanto mais próximo da eleição.

O Bolsonaro quase conseguiu ganhar mesmo sendo um presidente horroroso que tentou explicitamente atrapalhar o país, imagina só o Lula com a máquina na mão? Lembrando que com o dinheiro público na mão, Lula nunca perdeu até hoje. Se os dois disputarem, Lula leva de novo. Se Bolsonaro colocar um poste, o poste perde. Somos imitadores dos EUA, mas dois anos é muita coisa para quem é bom de estratégia eleitoral.

Para dizer que prefere a morte, para dizer que vai ser o Marçal, ou mesmo para dizer que a gente vai sentir saudades desses dois quando vier a próxima geração: comente.

SALLY

Após a vitória folgada do Trump nos EUA, um assunto começou a ser discutido: como o Brasil espelha muito o comportamento americano, o retorno de Bolsonaro à Presidência, que deveria ser inconcebível em qualquer país minimamente normal, virou uma possibilidade. E aí, você acha que se concorrer com o Lula, Bolsonaro se elegeria em 2026?

Eu não acho nem que será permitido ao Bolsonaro concorrer e, na real, nem sei se o próprio João Bidê da Silva terá condições de concorrer. Mas, por puro amor à argumentação, opino: eu acho que em 2026 o Bolsonaro leva se concorrer com o Lula.

E, que fique claro, isso não quer dizer que o Bolsonaro seja bom, competente ou votável sob nenhum ponto de vista. Não é. Ele é o pior tipo de não-votável: aquele que não se vota por ser decrépito, frouxo, inútil. Fosse um filho da puta seria mais digno. O sujeito é um nada, um amontoado de células burras, um pudim de merda, flácido e desagradável. Estamos combinados que eu não sou bolsonarista? Acho que sim.

Porém, tem vários fatores que eu vejo como viabilizadores da sua volta. O primeiro deles é o próprio Lula. João Bidê da Silva já dá indícios de não estar muito bem da cabeça (e do corpo também). Esquece nome dos principais Ministros, fala merda, racha a cabeça cortando as unhas.

O cargo desgasta, e ele já não está muto bem. Não sei como vai chegar dentro de dois anos e, certamente a direita brasileira (que, assim como a dos EUA dá baile em redes sociais) vai explorar isso com maestria. Em dois anos Lula será oficialmente gagá, estando gagá ou não. E brasileiro é etarista e não vota em Chefe de Estado que não passe força e saúde.

Outro ponto é que os atritos com Lula já começaram, dentro do próprio governo e em seu entorno. Já seria muito difícil conduzir um cargo por quatro anos sem atritar com ninguém, do Centrão à dissidência do próprio partido, mas a coisa piora significativamente quando, por cima desse malabarismo, se coloca a obrigação de corte de gastos. Dinheiro é a única coisa que faz com que 99% do entorno seja fiel ao Lula. E o dinheiro está curto.

Ao atritar com Centrão, por exemplo, ele perde apoio e pode ser rapidamente queimado. Se atritar com o STF, pior ainda, pois como todos sabemos, ele não foi inocentado, o STF está sentado em muitos processos conta Lula que foram anulados, mas devem ser recomeçados. Quando você negocia com Deus e o diabo isso acontece: fica mais difícil manter as alianças e, quanto mais o tempo passa, maior é o pedaço da sua alma que as pessoas detêm.

Então, antes de 2026 vai rolar uma briga com alguém. E o inimigo do meu inimigo é meu amigo no Brasil. Mais munição para um suposto Bolsonaro candidato.

Mas, no final das contas, o ponto mais óbvio é como a esquerda desaprendeu a entender o que a população quer e a dialogar com o eleitor. Se Kamala, coberta de bilhões de dólares, a máquina estatal e celebridades de Hollywood tomou uma sova, imagina Lula, com contenção de despesas, temente ao Centrão e com meia dúzia de globais.

O brasileiro pode ser enganado em tudo. Recorde anual de desmatamento? Faz um discurso dizendo que nunca se preservou tanta floresta que o povo acredita. Falta vacina? Faz um discurso dizendo que nunca se cuidou tão bem da saúde que o povo acredita. Mas tem uma coisa que enfurece as pessoas e não tem retórica, não tem discurso, não tem Miriam Leitão explicando “como isso é bom” que salve: supermercado caro. E já está acontecendo.

A realidade pode mudar e a situação fica mais favorável para o Brasil, aumentando a renda? Pode. Porém, eu não acho que baste, pois o quanto este governo arrecada, ele gasta, criando um eterno buraco financeiro em seu terraplanismo monetário. Se ganhar o dobro gastará o triplo e o buraco continua.

Para assegurar sua governabilidade Lula tem que distribuir uma quantidade obscena de dinheiro, cargos e favores. Não consigo vislumbrar melhora econômica que sustente isso se as coisas se mantiverem dentro de um patamar de normalidade.

Então, em resumo, vamos aos pontos principais: Lula não vai ficar mais jovem, o preço do supermercado não vai cair, o governo não vai gastar menos (se não, não se sustenta no poder) e a esquerda não vai mudar sua forma militante-agressiva de tratar o povão. Esse combo me parece perfeitamente capaz de fazer com que as pessoas estejam de saco cheio o bastante para votar em qualquer outra merda, como aconteceu nos EUA.

“Ain mas Bolsonaro isso, Bolsonaro aquilo”. Eu concordo com você. E olha que “isso” e “aquilo” são conceitos abertos, o que significa que eu basicamente concordo com qualquer coisa negativa que você fale sobre o Bolsonaro. Porém, não é sobre as aptidões ou características do Bolsonaro, é apenas sobre uma única “qualidade” que ele tem: não ser o Lula. O brasileiro preferiu apagão a votar na esquerda. Preferiu enchente a votar na esquerda. Tudo aponta para esse caminho. Muita coisa pode acontecer, mas, por agora, tudo aponta para esse caminho.

Sem contar que evangélicos (que aumentam cada dia mais) são resistentes ao PT, ainda tem bolsonarista raiz maluco que continua votando nele e quem raciocina um pouquinho está tão desanimado que tende à abstenção e nem se dá ao trabalho de ir votar. Nessas três categorias Lula já perde mais de 30% dos votos do brasileiro.

E, para finalizar, o próprio PT está rachado, com várias dissidências internas e incapaz de renovação. Não tem como querer se manter o mesmo desde 2002, não vai dar certo, o mundo mudou. Não se sustenta. Não adianta tentar reinventar o Lula. Já deu. Todo mundo sabia que essa conta ia chegar. E o preço por se recusar a deixar um sucessor virá nas próximas eleições.

Não se enganem: o Brasil é especialista em repetir cagada dos EUA. A menos que aconteça algo que mude completamente a realidade, não creio que seja diferente desta vez.

Para dizer que até o Pilha ganha, para dizer que falta de vacina por falta de vacina é melhor quando todo mundo está cobrando ou ainda para dizer que não acha que nenhum dos dois vivam mais dois anos: comente.

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