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Sally Surtada: Under my umbrella.

| Sally | | 27 comentários em Sally Surtada: Under my umbrella.

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Desde a época em que o Somir escreveu o texto falando da sua Teoria de Harém eu penso em escrever este texto sobre minha teoria do Under my Umbrella. Não o fiz imediatamente depois porque ia parecer revanchismo e raivinha. Não é. Faz tempo que repito o que vou escrever aqui, muito antes de saber da tal Teoria do Harém.

Minha teoria é similar à dele, só que com pequenas peculiaridades, já que é tratada do ponto de vista feminino. Toda mulher tem um grupo de homens debaixo do seu “guarda-chuva”. Homens com os quais já teve algo, homens com os quais pretende ter ou homens com os quais sabe que nunca vai ter porra nenhuma, mas lhe são úteis por alguma razão e por isso ela os mantém por perto e às vezes até nutre um sentimento de posse. É a “fila”, aquela que todo mundo diz que “anda” quando se termina um relacionamento ou quando o Zé Ruela da vez não te trata direitinho. E anda mesmo.

A mulher que disser que tem apenas seu parceiro debaixo do seu guarda-chuva está mentindo, exceto, é claro, se for a SUA mulher, Caro Leitor, porque ela é especial e te ama como ninguém e é a única do mundo a fazer isto. Trate ela bem, porque todas as outras farão parte da teoria Under my Umbrella.

Geralmente se mantém um contato com os homens que estão no esquema Under my Umbrella, mesmo que seja um contato esporádico. Uma conversa aqui, uma manutenção ali, e os rapazes ficam no banco de reservas. Não que alguém vá trair seu oficial com um desses, nada disso (se trair, negue, negue, negue. Ele acreditará). São pessoas que orbitam à sua volta e que um dia, quem sabe, poderão ser mais do que isso na sua vida. Tal qual ex-namorados, a ética manda não mexer com os Under my Umbrella de amigas. Pertence à dona do guarda-chuva, mantenha distância!

Quem costuma estar debaixo dos nossos guarda-chuvas? Varia. Pode ser aquele Ex Inesquecível, e, vamos esclarecer, quando falo em Ex Inesquecível não quero dizer que ainda gostemos deste Ex. Quer dizer que ele tem algo de especial que não conseguimos esquecer. Pode ser um Ex que tenha nos tratado muito bem, pode ser um Ex que era muito bom de cama ou até um Ex que fosse absurdamente lindo. Algo nele ficou. E fica também o sentimento de posse, fica um vínculo que nos faz pensar nele de tempos em tempos e considerar algum dia poder ter alguma coisa com ele, porque era uma relação que dava certo. “Mas Sally, se dava certo, porque acabou?”. Não sei, motivos de força maior, infantilidade de uma das partes que já foi superada, incompatibilidade circunstancial… vai saber! Esse Ex que está debaixo do seu guarda-chuva é sempre uma possibilidade. E nem precisa ser ex namorado, pode ser ex ficante ou algo do tipo.

Também pode ser aquela pessoa que você sempre teve vontade de ter alguma coisa, mas por um motivo ou por outro, nunca conseguiu concretizar o desejo. Pode ser por desencontros, distância ou qualquer outro fator externo. O fato é que você tem uma cisma com essa pessoa e não conseguiu fazer um test-drive. Essa pessoa é forte candidata para o Under my Umbrella. Está ali, você já pré-selecionou, já tem uma curiosidade a respeito, já tem um primeiro passo engatado. Só falta finalizar. Seu sonho de consumo fica no congelador e quando chegar o momento apropriado, você descongela, caso o momento seja bom para ele também.

Tem também aquele homem lindo, maravilhoso, cheiroso, gostoso, bom de cama, maaaas… que não serve para namorar. Não importa o motivo, ele não presta para namorar. Mas é uma pessoa agradável, divertida, com a qual você tem o maior prazer de passar um tempo. E ao contrário das mulheres, ele não se ofende em ocupar esse posto na sua vida, muito pelo contrário, ele fica feliz de ser seu lanchinho. Daí você deixa ele debaixo do seu guarda-chuva e quando precisar chama.

Pode ser aquele Palhaço Apaixonado. Toda mulher realiza o sonho do palhaço próprio. Um homem que sabe que a mulher nunca vai ficar com ele, geralmente um amiguinho, mas que mesmo assim insiste, corre atrás e paga paixão. Mesmo sabendo que nunca vamos ficar com nossos PAs, sempre acabamos mantendo eles debaixo de nossos guarda-chuvas, porque afinal, eles elogiam, suprem algumas carências e nos dão aquela força quando precisamos. É feio fazer isso, mas é tão humano… Além disso, eu realmente não sinto o menor remorso, porque estes homens se colocam sozinhos nesta situação. Não é que a gente vá até a casa deles de espartilho com uma rosa na boca piscando para os Palhaços, eles nos procuram, correm atrás e continuam correndo mesmo depois de tomar um “não”. Se ele quer… quem sou eu para impedi-lo de correr atrás de mim, não é mesmo? Venha, venha para Under my Umbrella. Guarda-chuva que se preze é como coração de mãe: sempre cabe mais um!

Qualquer homem que esteja próximo, mas que você não investe por impedimentos circunstanciais (você está comprometida, ele está comprometido, proibições profissionais etc) também pode ser encaixar na teoria do Under my Umbrella. Pode ser um vizinho, um colega de trabalho, um professor… enfim, uma pessoa que você encontra obrigatoriamente com freqüência e sabe mentalmente que é o seu número. Essa pessoa está debaixo do seu guarda-chuva, mesmo sem saber. E algumas vezes nós só descobrimos que a pessoa estava debaixo do guarda-chuva quando passa outra e leva, e tudo que nos resta é uma leve dor de cotovelo.

Qualquer homem pode estar debaixo do seu guarda-chuva, quem decide os critérios é a dona do guarda-chuva. E ninguém nunca vai saber quais são os homens que estão debaixo do guarda-chuva, porque isso não é coisa que se conte, é coisa que se negue (talvez para as melhores amigas, quem sabe).

Os rapazes que estão no Under my Umbrella não tem nada a perder. Ninguém paralisa a vida por estar debaixo do guarda-chuva de ninguém, aliás, muitas vezes eles nem sabem que estão! Evidente que eles continuarão a sair, conhecer gente e até namorar ou casar. Mas, em algum nível, continuam sendo nossos. Estão lá, na lista de pré-aprovados e, se o destino conspirar, a coisa pode se concretizar.

Não admita jamais que existem homens Under my Umbrella. Se o seu namorado ler esse texto diga que eu sou uma piranha sem senso de fidelidade e que desconheço amor verdadeiro. Diga mais: diga que quando você ama de verdade só tem olhos para o seu amor e nem sequer pensa no término da relação, que ficar com alguém pensando no próximo é estar com um pé dentro e um pé fora e que eu só me porto assim porque sou emocionalmente deficiente e tenho medo de me envolver. Meta o pau em mim sem dó nem piedade, o quanto for necessário, para mostrar como você reprova esta teoria nojenta.

Mas, cá entre nós, não é porque estamos comprometidas com alguém que devemos deixar de olhar para os lados. Eu disse OLHAR, e não chupar os lados. O fato de existir uma lista mental de Under my Umbrella não ofende nem prejudica ninguém. O pensamento é livre.

Também não acho errado manter contato com os escolhidos para habitar debaixo do seu guarda-chuva. Não precisa flertar ou se insinuar, basta manter contato de uma forma respeitosa. Pode fazer como eu já fiz tantas vezes e jogar limpo: “Agora não posso, por isso, isso e aquilo, mas acho você uma pessoa interessante e, se um dia a situação mudar, vou aceitar seu convite”. Pronto. Colocou limites, deu uma negativa, mas também deixou claro que em um futuro pode ter jogo.

“Mas Sally, que homem aceita estar nessas condições”. Muitos, Cara Leitora, muitos. Homem adora aquilo que não pode ter. A conquista, a espera e o desafio. Coloque um Cueca debaixo do seu guarda-chuva e observe. Eles praticamente se estapeiam quando a fila começa a andar para garantirem o primeiro lugar.

Faz bem lembrar que existem outros homens interessantes no mundo que não aquele que está conosco. Essa coisa monotemática de “só vivo para você, só tenho olhos para você” empobrece. Daí, quando o “você” vai embora, a mulherada fica arriada, sem pai nem mãe, sem chão, perdidinha na vida. Não precisa usar um para tampar o buraco do outro, de jeito nenhum, mas é bom ter em mente que seu atual Zé Ruela não é a única pessoa no mundo que pode te fazer feliz.

Eu tenho que confessar uma coisa a vocês: quando um dos que estão Under my Umbrella se vão (por qualquer forma de indisponibilidade) eu fico triste. Triste, apenas triste. Sem drama. Triste em um nível mentalmente saudável. Não tem gente que pega e não se apega? Pois é, eu não pego mas me apego! Hahaha (loser). É um projeto que se vai.

Outro dia, em uma mesa de restaurante (porque agora eu sou chique, não vou mais a mesa de bar *desdém) estava discutindo com amigas minhas quantos homens havia debaixo dos guarda-chuvas de cada uma. Pegamos guardanapos (de papel, que eu não sou maluca de escrever nome de macho em guardanapo de pano) e começamos a anotar os nomes. A campeã tem nada menos do que 17 homens debaixo do guarda-chuva dela. Quem quiser me conte nos comentários quantos tem debaixo do seu.

Esse um dos lados bons de ser mulher. Sempre tem um imbecilóide querendo a gente. Não que a gente vá ficar com qualquer imbecilóide que nos queira, mas porra, como é bom ter sempre alguém nos paparicando! Talvez os homens não entendam qual é o benefício de ter alguém por perto com quem não se pretende efetivamente fazer sexo, mas com certeza as mulheres sabem que eles podem ter sua utilidade.

O homem debaixo que está na condição Under my Umbrella não pode te cobrar nada, afinal, ele não mantém nenhum vínculo oficial com você, e ao mesmo tempo, tem que dar o máximo de si para você, porque ele luta por um lugar ao sol. É ou não é confortável para a gente?

Harém é o caralho. Harém só existe na cabeça dos Cuecas, onde eles ACHAM que as mulheres são deles. São nada! Já o Under my Umbrella existe de fato: quem nunca viu um cueca correndo atrás de alguém insistentemente, sempre pronto para atender quando ela chama, sempre presente, sempre atencioso, porém nunca comendo? (sim, grossa com muito orgulho, algum problema?)

E por último, você, Amigo Cueca, que está sentindo que está debaixo do guarda-chuva de alguém, quer reverter esta situação e deseja conselhos sobre como deixar esta mulher louca por você, escute com atenção: FODA-SE VOCÊ, porque eu não estou aqui para dar conselho a homem.

Para me dizer que eu voltei a ser a feminista histérica que era no ano passado, para me dizer que acha que a Rihanna deveria cobrar direitos autorais por esta teoria e para dizer que este texto não passa de raivinha de mulézinha do texto sobre a Teoria do Harém: sally@desfavor.com

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