Ele disse, ela disse: Proibistuição.
| Desfavor | Ele disse, Ela disse | 29 comentários em Ele disse, ela disse: Proibistuição.


A suposta profissão mais antiga do mundo não é um crime aqui no Brasil. Qualquer pessoa maior de idade pode até anunciar livremente no jornal seus serviços. Não é crime para quem se prostitui, não é crime para quem contrata. Mas não é exatamente um mercado salutar para seus participantes…
Sally e Somir discordam sobre a necessidade de se mudar essa situação. Ela defende a criminalização da atividade, ele prefere que as coisas continuem do jeito que estão.
Tema de hoje: Prostituição deveria ser crime?

Foi surpreendente quando Sally me sugeriu o tema. Ela, que nunca foi de defender a moralidade e os bons costumes da tradicional família católica brasileira… Dizendo que prostituição deveria ser crime? Até faria sentido se houvesse uma preocupação social embutida na opinião, mas não consigo enxergar como uma medida dessas resolveria algum problema na prática.
Não sou dotô adevogado, por isso vou trabalhar apenas com o bom-senso.
Leis, no final das contas, nada mais são do que regras de convivência social aprimoradas por milênios de evolução humana. E as nossas (mesmo que frequentemente desrespeitadas) são muito boas na média.
Comecemos pelo básico: O Estado até intervém no direito das pessoas de decidir o que fazer com o próprio corpo, mas o faz com certa lógica. Você pode fazer o que quiser com o seu próprio corpo… desde que esteja em suas faculdades mentais (minimamente) razoáveis e não coloque em risco outras pessoas ao fazer isso.
Por isso existe uma idade legal para começarmos a fazer várias coisas (desde sexo até dirigir um carro), por isso uma pessoa com atrasos significativos de desenvolvimento são consideradas incapazes, por isso algumas drogas são controladas ou mesmo proibidas… Existe uma linha de raciocínio aí. Por exemplo: Uma criança dirigindo estaria assumindo um risco que ainda não entende e ameaçando a integridade física de outras pessoas. (Assim como um bêbado.)
Uma pessoa maior de idade tem todo o direito de escolher com quem vai ou não fazer sexo, desde que ambas as partes consintam. Sexo consentido não coloca em risco a integridade física ou emocional dos envolvidos.
Sexo não é crime, trocar serviços por dinheiro não é crime. Prostituição não é crime. Posso estar até sendo óbvio, mas eu faço questão de esclarecer que prostituição não ser crime faz sentido. Tem sustentação na forma como um Estado como o brasileiro enxerga seus cidadãos.
“É? Mas explorar prostituição é crime! Sexo não é crime, trocar serviços por dinheiro não é crime e contratar pessoas para fazer esses serviços legais também não deveria ser… Cadê a lógica?”
Um contrato que exige de uma pessoa ser estuprada para ser completo tem lógica? Vejam bem: Não se pode obrigar uma pessoa a fazer sexo contra sua vontade. Se a prostituta disser que não quer fazer sexo com um cliente, não existe nenhuma forma (legal) de obrigá-la ou puní-la por isso (Claro que não é só isso, na prática o cafetão encheria a puta de porrada e a forçaria do mesmo jeito…). Vai fazer o quê? Afrouxar as leis sobre estupro? O Estado ainda está preocupado em não deixar as pessoas colocarem em risco a integridade de outros. O contrato de trabalho nem poderia existir. Prostituição é uma profissão legal, mas trata de um “objeto de venda” muito mais complexo, não pode ser tratada exatamente da mesma forma que outras profissões.
Tudo em tese, eu sei. Mas tudo com lógica. E uma até simples.
Sou o primeiro a ficar puto com o Estado intervindo demais na vida das pessoas, e com certeza precisaria de algum argumento muito sólido para achar válida uma intervenção no direito de escolha pessoal por parte dele. A mão do governo não está sobre esse direito, faz sentido que não esteja… Qual o problema?
E ainda nem falei da sacanagem que seria proibir algumas pessoas de exercer uma função legal da qual gostam. Claro que dar para um velho gordo não deve ser agradável, mas eu falo de “talento”. Tem quem seja muito bom para cantar, tem quem seja muito bom para apertar parafusos, tem quem seja muito bom para consertar computadores… E tem quem seja muito bom para fazer sexo. Ei, eu que gosto do meu trabalho encontro vários momentos onde fico de saco cheio e acho o trabalho terrível. Mas isso não me impede de gostar de ser bom no que faço e de aproveitar as recompensas (financeiras e psicológicas) dele.
Vai dizer para essa pessoa que sofreu e ralou para conseguir sua estabilidade que o que ela faz agora é errado? Ela vai fazer o quê depois da prostituição ser criminalizada? Tudo bem que ninguém precisa concordar comigo que a prostituição legalizada é um sinal de avanço social, mas que pelo menos tem sinergia com as outras regras a que obedecemos é difícil de negar. Você vai puxar o tapete de pessoas que escolheram um caminho LEGAL para ganhar a vida. Bela mensagem, não? Só falta legalizar a maconha depois e limpar a bunda com a constituição.
E sejamos honestos… Trocar sexo por vantagens materiais é um dos comportamentos mais comuns da humanidade. (Não é nem argumentação machista, embora as mulheres façam mais… Estou mentindo?) Prostituição é só uma forma sincera de estabelecer essa relação. Proibir troca de sexo por dinheiro para acabar com os problemas sociais oriundos da prostituição é que nem proibir vícios para acabar com a violência do tráfico. Não se pode proibir algo TÃO enraizado no comportamento humano e esperar que dê algum resultado.
Sem contar que as vistas das autoridades que deixam menores de idade se prostituir não ficariam menos grossas com a proibição da prostituição. Se mal conseguem lidar com algo que arrepia a MAIORIA das pessoas (pedofilia), vão fazer o quê para coibir uma atividade que no máximo rende uns ataques de hipocrisia para o público geral? Se a sociedade fosse tão contra prostituição assim, os jornais nem aceitariam aqueles anúncios “acompanhantes/relax”.
Além de puta, ainda vai ser criminosa. E crime por crime, eu ouvi dizer que o tráfico de drogas paga mais… Não é como se multinacionais só estivessem esperando a criminalização da prostituição para sair contratando. Prostituição é uma atividade legal, faz sentido ser legal, e sua proibição traria mais problemas e exclusão do que já faz do jeito que está.
Crianças, como se chama quando o Estado se mete demais nos direitos pessoais de seus cidadãos?
COMUNISMO!
Me matam de orgulho!
Para dizer que minha argumentação é uma putaria, para dizer que também é contra o comunismo no Brasil, ou mesmo para dizer que seria uma sacanagem mesmo para os clientes: somir@desfavor.com
Hoje jogo em casa. O tema está ligado a direito. Sim, eu acho que prostituição deveria ser criminalizada e provavelmente não pelos motivos que vocês estão pensando. Talvez ao final dos meus argumentos muitos de vocês não estejam mais torcendo o nariz para mim. Aos advogados, quero dizer que eu sou a primeira a defender direito penal como ultima ratio, intervenção mínima e todas as garantias constitucionais.
Como é que se decide o que vai ser crime e o que não vai? Simples, primeiro começam a acontecer as merdas e de tanta merda que dá, neguinho se toca que se não proibir aquilo vai acabar prejudicando a sociedade. Então, criminalizar uma conduta qualquer não serve para foder, castigar ou sacanear seu autor. O objetivo não é esse. O objetivo é proteger um “bem jurídico” tutelado pelo Estado (prevenção/repressão) em nome da coletividade. Este bem jurídico pode ser a vida, a saúde pública, o patrimônio ou tantos outros.
Não tenho raiva de prostitutas, não faço julgamentos morais. Mas acredito que criminalizando essa conduta, estaríamos protegendo futuras gerações. Porque vamos combinar, se fosse crime, se neguinho soubesse que pode ser preso, muita gente que opta por se prostituir (porque sim, é uma opção) não o faria. Eu sei que a vida tá difícil e que nem todos tem oportunidades. Entretanto, conheço muitas pessoas que tiveram vidas horrendas, zero oportunidades e sobreviveram sem se prostituir. Portanto, é uma opção sim, apesar de muitas prostitutas quererem colocar a coisa como se não tivessem opção. Tem quem jogue bolinhas no sinal, tem que venda drogas, tem quem se foda de tanto trabalhar, tem quem assalte com uma arma e tem quem se prostitua. Não cabe aqui julgar todas estas opções, apenas deixar bem claro que é uma opção.
Acho que não levanta muita polêmica dizer que a prostituição é degradante para a mulher e que, regra geral, se a mulher efetivamente não precisasse MUITO de dinheiro, não se prostituiria. As pessoas fazem coisas escabrosas por dinheiro. As pessoas são dementes o suficiente a ponto de se mutilar para pegar o dinheiro do seguro. Por isso a lei cria normas para proteger as pessoas delas mesmas. Porque sim, algumas pessoas precisam ser protegidas delas mesmas, acreditem.
Então, quando eu falo que prostituição deve ser crime, não é em um tom rancoroso de “Prende essa puta safada!”. É pensando que, quem sabe, três ou quatro gerações mais pra frente, quando isso estiver incorporado em nossa sociedade, as meninas crescerão com a idéia de que se prostituir é tão crime quanto roubar ou vender drogas. Isso vai desencorajar muitas meninas a entrar para a prostituição. Sempre tem quem faça, mas com certeza haverá uma queda significativas.
Hoje, a legislação criminal brasileira não tipifica a prostituição como crime. Só é crime explorar a prostituição alheia (rufianismo, vulgo cafetão). Porém, à data do nosso Código Penal, 1941, uma mulher que optava por se prostituir sofria uma reprovação social tão horrenda, que esta norma não era necessária. Poucas se aventuravam. A sociedade se encarregava de coibir este crime. Hoje, na era da Festa da Nuvem, a coisa ficou mais permissiva. Vou usar outra lei como comparação: existe lei recente (não vou entrar em detalhes, só tenho duas páginas para mostrar meu ponto de vista) que proíbe a venda de órgãos. Se você quiser DOAR um órgão seu, você pode doar (desde que sobreviva sem ele). Porém não pode vender. Antigamente isso não era necessário, porque sequer havia tecnologia para ficar transplantando órgão com essa facilidade toda. Daí, com a modernização da medicina, neguinho percebeu que se não proibisse, não encontraríamos um único pobre com os dois rins no corpo, porque eles VENDERIAM, e se bobear, venderiam o dos filhos também. Daí surge essa lei, dizendo que você não pode vender seus órgãos.
Da mesma forma que você não pode vender seus órgãos, acho que você não deveria poder vender seu corpo. A dignidade de uma pessoa não é um bem disponível, e isso já foi dito, em outras circunstâncias, em diversas decisões judiciais. Se uma pessoa está desesperada o suficiente para fazer uma burrada dessas, o mínimo que a lei pode fazer é tentar impedir. Porque sim, o esperado é que exista uma trava. Tem gente que passa fome e não se prostitui. Se a pessoa não tem essa trava moral (e em muitos casos, nem é exigível que tenha, dada a precariedade de sua criação), cabe à lei protegê-la dos danos que ela vai causar a ela mesma. Físicos e psicológicos.
Detalhe importante: quando se fala que algo é CRIME, nem sempre isto implica em uma pena privativa de liberdade (CADEEEEEIAAAA!). Existem uma série de punições muito mais brandas que o encarceramento (e não estou falando da famosa cesta básica que todo mundo conhece, tá?) Existem outras modalidades. Então não pensem que eu estou dizendo que tem que trancar todas as prostitutas em um presídio, porque longe de mim falar uma barbaridade dessas! Estou dizendo que a conduta deve ser criminalizada e punida, não necessariamente com encarceramento.
O ser humano é adaptável. Quando você fecha uma porta, ele procura outra saída. Se prostituição for criminalizada, muitas meninas vão procurar outra saída, porque deixa de ser uma saída “fácil”. Eu sei que se prostituir não é fácil na prática, mas as meninas que entram para essa vida o vêm como uma saída “fácil”, pois é uma forma muito rápida de ganhar dinheiro. E quando percebem que não é nada fácil, já estão sendo exploradas nas mãos de alguém ou não conseguem abrir mão do dinheiro. Criminalizar a prostituição seria passar uma tranca em uma porta que está escancarada e leva a algo muito ruim. Vai dificultar que as pessoas entrem.
Não sei vocês, mas eu deixei de fazer muita merda na minha vida porque sabia que aquilo era crime. Se não fosse crime matar, eu teria matado mais do que desastre no Haiti, por exemplo. Crime segura. Não segura todo mundo, mas segura a maior parte da população. É muito fácil isolar o problema e colocar a prostituição como direito de escolha da mulher: “Se ela quer ser puta, que seja, cada um faz o que quer”. Só que não é bem assim. Incolumidade física e Dignidade da Pessoa Humana não são bens disponíveis ou negociáveis por seu titular.
Escutei da boca de meninas de 15, 16 anos empurradas para esse mundo (só é estupro presumido se for menor de 14, ok?) criando sequelas psicológicas e às vezes até físicas irreversíveis que se prostituição fosse crime elas não teriam entrado por esse caminho porque teriam medo. E ainda escutei que elas queriam que fosse crime, porque assim elas teriam “dado um outro jeito” de sobreviver.
Discurso sobre liberdade individual VAZIO não me serve. Quem é leitor do Desfavor sabe que eu sou tudo menos moralista e que a última coisa que eu prego é histeria punitiva. Meu ponto é que a pessoa não tem o direito de se privar de sua dignidade, de seu bem estar, de sua saúde e de sua integridade psicofísica. Quando a pessoa está prestes a fazer isso, eu acho que o Estado não só pode, como deve interferir para tentar desencorajar a conduta.
OBS: Fiz questão de escrever sem termos jurídicos complicados, sem citar lei, sem citar jurisprudência nem qualquer argumento técnico. Isto não quer dizer que eu não saiba fazê-lo, quer dizer que eu tenho noção de que é um blog para todos e não apenas para juristas. Me reservo o direito de ser democrática e espero que com isso não presumam que estes são todos os argumentos jurídicos de que disponho. Grata.
Para dizer que é sempre muito triste ter que concordar com o Somir, para dizer que deveriam prender é quem solicita os serviços da prostitua ou ainda para dizer que não liga a mínima, porque você tem suas peguetes que dão fácil e de graça: sally@desfavor.com
A prostituição deve ser combatida pelo bem da sociedade e das proprias mulheres, mas o que a Sally fala das punições tipo tomar dinheiro não sentido, como vai tirar o dinheiro que as prostitutas ganharam na noite? Hoje muitas atendem pela internet fazem um programa por vez, elas não vão ficar andando com dinheiro por aí, as que estão na rua já correm o risco de serem roubadas, e nas casa se a policia pega, já leva o dinheiro da casa, então isso não muda nada.
Para mudar a mentalidade do Brasil sobre prostituição, ela deve ser crime de cadeia, igual a sally fala nessa parte “Porque vamos combinar, se fosse crime, se neguinho soubesse que pode ser preso, muita gente que opta por se prostituir (porque sim, é uma opção) não o faria.”
pode até ser assim, na primeira vez a puta paga uma fiança e sai, mas na segunda vez em diante é cadeia mesmo, e vai esperar o jugamento atrás das grades, e a policia deve fazer operações se disfarçando de clientes para pegar essas que atendem pela internet além de dar batidas em pontos de prostituição, só a midia mostrar as prostitutas sendo algemadas e levadas para o camburão já vai intimidar outras garotas a seguir esse caminho.
E para funcionar as penas devem ser aplicadas com rigor, na primeira vez que for pega um ano atrás das grades, na segunda uns 2, e da terceira em diante uns 5, assim vai incentivar ela a escolher outra vida, e os clientes também devem receber uma pena de cadeia, só que menor, a metade, já que eles são os compradores e elas as vendedoras, ambos devem ser combatidos, mas deve focar em quem está vendendo.
Não se pode dizer que a prostituição é atividade produtiva imprescindível ao processo civilizatório mas criminalizar pra quê? Acabar por causa disso é que não ia. Cada qual que venda o que é seu e quem quiser e merecer que compre com seu próprio dinheiro. Além do que a criminalização disso aí iria atirar na ilegalidade uma nação quase inteira.
Criminalização mais urgente é a do assédio moral, que sempre dá ao assediado a impressão de que se prostituir e/ou roubar é mais vantajoso do que trabalhar.
Ainda acho que o que leva um cara a uma prostituta é a necessidade de sentir poder sobre uma mulher. Quem merecer poder que busque poder. Eu mereço sexo. De verdade.
Se o crime fosse punido, por exemplo, com a perda dos valores arrecadados (em vez de ser punido com prisão), não estragaria com a vida das prostitutas, apenas lhes retiraria o lucro que elas tem com esta atividade.
Será que tanta gente iria se prostituir se soubesse que pode perder todo o din din que ganhou naquela noite de trabalho?
"A melhor opção, e acho que todos concordariam, seria que este país desse oportunidades dignas a todos para que não se precise proibir prostituição, para que efetivamente só se prostitua quem quer (como a amiga ninfomaníaca do Deja). Mas infelizmente não vejo isso acontecendo tão cedo…"
Realmente, a educação precisa cortar o mal pela raiz. Uma mulher educada cuidará para não ter muitos filhos. Antes o aborto a dar luz a filhos em excesso, mais propensos a se transformar em prostitutas (michês), fornecedores de órgãos e almofadas de alfinetes…
Porém, morei no Japão dois anos, em três cidades diferentes. Lá a prostituição é proibida por lei, há décadas.
Só que, também há décadas, a coisa mais comum de se ver nas ruas eram as estudantes saírem da aula para se prostituírem nas ruas. O problema começou na década de 70 e o número delas aumentou com o passar dos anos, mesmo com a nação indo de uma posição intermediária para ser a segunda economia mundial.
Inferninhos, cafetões? Nada disso, iam para os bairros mais chiques da cidade, sem trocar o uniforme, e esperavam os clientes sedentos saindo de seus escritórios. Os alunos, por todo o País, são facilmente identificáveis, pois se vestem de maneira praticamente igual, logo só não vê o problema quem não quer.
Conseguiam uma bela grana para comprar uma roupa de grife chique, uma bolsa cara, enfim, complementando a mesada. Poderiam trabalhar em um seven-eleven da vida, mas…Os pais fazem que não percebem.
Alguém imaginaria cerca de 5% de nossas alunas do ensino médio sendo prostitutas, número que vi em uma reportagem da NHK? Pois é, lá elas são superorganizadas. Postam sites, colocam anúncios, vendendo o corpo e vários outros produtos (uma vez li um anúncio em um orelhão numa estação de metrô oferecendo uma calcinha de estudante, sem lavar, a 60 dólares).
O governo, na época, prometeu combater esse problema. Mas, de acordo com conhecidos e amigos ainda lá, a coisa não mudou…
Concordo que cada um escolhe o que quer fazer do corpo, mas quando chega a 5%, ainda mais em um país que dá todas as condições para os estudantes, o que dizer?
Suellen
Antes de tudo, gostaria de dizer que a opinião divergente foi bem fundamentada por ambos. Apesar de não enxergá-los como FORMADORES de opinião, acho interessante apresentarem pontos de vista diferentes, levando em consideração fatos, dados, pesquisas. Isso é legal e nos leva à curiosidade e à análise CRITÍCA. Deixamos, assim, de ser meros LEITORES PASSIVOS…
Dito isso, creio que Somir tem rezão: a prostituição não deve ser criminalizada.
Em primeiro lugar, a prostituição é uma ESCOLHA! E nesta afirmativa CONCORDO abertamente com Sally.
Como bem pontuado, existem alternativas para sobrevivência que não te obrigam a se prostituir. Podem existir exceções? Até acredito que sim: mulheres absolutamente sozinhas, sem família, em condição de vida sub humana, sem oportunidade de estudar etc e tal… Mas, via de regra, é escolha…
E, digo mais: a "atividade" atualmente é exercida por uma considerável quantidade de mulheres que se prostituem SEM NECESSIDADE !
Preciso citar o "ícone" Bruna Surfistinha e tantas outras como ela, que acham melhor ganham dinheiro explorando sua sexualidade do que trabalhando "normalmente" como nós?! E as acompanhantes? E as golpistas, que se prostituem de forma privada, geralmente para uma pessoas específica, mas o fazem também com objetivos materiais? Há casos variados: mulheres com homens muuuito mais velhos (coroas endinheirados), o famoso "golpe da barriga" que aplicam naqueles mais aforunados… Não deixa de ser prostituição. Mas é sua forma mais "abafada", ou não tão publicizada.
Quanto ao dito: "Incolumidade física e Dignidade da Pessoa Humana não são bens disponíveis ou negociáveis por seu titular", concordo plenamente. Mas ai teríamos que extender seu alcance: devíamos inibir a "barriga de aluguel", a cirurgia plástica (desnecessária ou meramente estética), a tatuagem etc. E, nesse ponto, o Estado efetivamente interferiria demais na individualizade do homem – que, vamos combinar, já é bastante restrita.
Criminalizar a prostituição pode até inibir UM POUCO sua prática, mas não vai extingui-la. É algo enraizado em nossa sociedade.
Admito, contudo, que vou pensar mais seriamente sobre este assunto, à luz dos argumentos aqui expressos por Sally…
Abraço !
Ah, ao menos não sugeriu apedrejamento em praça pública.
Alguns países modernos adotaram isso há séculos…
Com certeza não é o mesmo Deja. Nesse ponto concordo com você. Seriam crimes muito mais graves.
Nem acho que seja o caso de punir prostituição com prisão. Poderia ser, por exemplo, uma pena de multa ou de perda do bens adquiridos com a prostituição, assim a pessoa sabe que se vem fácil pode ir fácil também…
E o Fascismo, fica aonde?
Sally… talvez eu não tenha me expressado bem, mas você não entendeu mesmo o meu ponto? Proibir vender o corpo, PRA MIM não é o mesmo que proibir assassinatos, furtos… Vejo como o mesmo que prender alguém por adultério!
"luchúria"
wat
"Eu não me conformo com um estado que queira determinar através de leis as condutas das pessoas."
Deja, todo estado cria leis que determinam a conduta das pessoas. O direito penal é isso: o estado nos dizendo o que não podemos fazer. Infelizmente o ser humano é uma merda, poucos tem bom senso de se autodeterminar sem foder com os demais.
NRM: O problema da prostituição não é moral, tanto que eu não acho que devam proibir quem sai dando pra todo mundo de graça. O problema é que estimula uma opção degradante para um determinado grupo, marginalizando-o. A mesma coisa que permitir que as pessoas vendam seus órgãos: você expõe aqueles que já são vulneráveis em vez de protegê-los.
A melhor opção, e acho que todos concordariam, seria que este país desse oportunidades dignas a todos para que não se precise proibir prostituição, para que efetivamente só se prostitua quem quer (como a amiga ninfomaníaca do Deja). Mas infelizmente não vejo isso acontecendo tão cedo…
Grazi, elas têm a opção de seguirem essa vida ou não.
Traficantes cometem diversos crimes, homicídios por exemplo, vendem um produto químico cujo comércio é proibido (ponto).
Creio que fazer sexo ainda não é proibido…
Rufianismo é crime, e isso eu apóio, a pessoa ligada a sua prima, pelo que você citou, já se encaixa nisso.
(ponto)
Por mim as coisas deveriam ficar como são.
Acho revoltante alguém fazer essa comparação.
E o tom que uso é proposital sim, mas eu realmente penso assim. É seu direito discordar, bem como o meu de ter uma opinião. (Talvez o estado também deva determinar qual a opinião eu devesse ter, e se for contrário, me prender, torturar!)
Sobre minhas amigas, vou enumerar cada uma delas:
1-Realmente gostava de sexo e só passou a cobrar; Se diz ninfomaníaca, têm namorado e ele não liga.
2-História até clichê, mas verdadeira… ela cobra 250 reais por 1 hora, para bancar seus estudos, não têm cafetão, escolhe seus clientes que devem ter acima de 30 e enviarem fotos.
3-Fugiu de maus tratos dos pais em MG, veio pra Sampa. Trabalhava em uma casa perto do aeroporto de congonhas. Não estava feliz, mas foi o que ela conseguiu, ao invés de morar nas ruas. Não era obrigada a fazer isso, não era escrava, foi uma escolha dela.
Eu não me conformo com um estado que queira determinar através de leis as condutas das pessoas.
Nem com pessoas que defendem isso.
E eu não me conformo com pessoas que emitem opiniões baseadas em PRECEITOS MORAIS, somente pelos seus paradigmas e querem transformar isso em verdade absoluta.
Ah, eu também tenho uma prima prostituta, mas não tenho mais contato com ela… creio que ela também gostava da profissão, visto que quando eu tinha 13 e ela 18, ela já era bem rodada, inclusive praticamente me comeu.
Abraços.
luchúria é pecado capital, vaum todas queima nas labaredas do inferno!!!!!
Sally, no que a prostituição influi no bem estar coletivo? Juro que não entendi seu pensamento nesse ponto…
Muito feliz de ter conseguido trazer a discussão para os comentários.
Muito mais feliz de ver gente discordando de mim. Sempre aprendo algo quando discordam de mim.
NRM: Não estou me importando muito com o que elas sentem. Ou você acha que usuário de drogas não sente um imenso prazer ao se drogar? A lei não é feita pensando na vontade de um indivíduo e sim no bem estar coletivo. E eu acho um horror sem fim a pessoa poder vender os órgãos…
Anônimo, o fato de FHC pensar de forma oposta à minha me enche de orgulho. Talvez ele seja o único político que eu abomino mais do que o Lula. Descriminalização funciona no primeiro mundo. Exemplo emblemático: CD e DVD não são proibidos e são pirateados pra caralho e vendidos na informalidade. Porque? Porque fica MAIS BARATO. O usuário sempre vai querer comprar a droga mais barata, daquele que não paga imposto! ou pior… pegar fiado quando estiver sem dinheiro…
Quanto ao filme pornô, não, não é a mesma coisa. Se foi filmado e distribuído dentro das normas da ANCINE, é arte, ainda de de péssimo gosto. Filme pornô é outra realidade completamente diferente de prostituição.
Sally, vc também acha que fazer filmes pornográficos deveria ser crime? Não é a mesma coisa que prostituição?
O ex presidente FHC que é ateu, defende que seja discriminalizada a venda de não só de maconha, como de todas as drogas. Ele tá certo, porque com isso acaba o poder paralelo no Hell de Janeiro. Se a o governo quer acabar com a criminalidade tem que liberar as profissões, as máfias surgem da proibição e enrriquecem às custas disso. As prostitutas e prostitutos devem ser legalizados, com carteira de trabalho e tudo, aí acaba essa estória de cafetão. Quem nasce na favela, vai ser traficante ou prostituta, porque a escola pública é dominada pela violência, num país onde se tem preconceito com tudo, governo ladrão. Vão arrumar dinheiro de outra forma como? As cadeias já tão cheias, vão colocar as vítimas lá dentro também? Fala sério, crime é criminalizar essa profissão!
Nem li todos os comentários, mas tava com um pensamento desde que comecei a ler o texto da Sally: não podemos trabalhar com a ideia de sabermos o que as pessoas sentem.
Sally e Grazi acham que a maioria não sente prazer zendo prostituta. Mas e a minoria que sente? Deve ser criminalizada? Não me parece lá muito justo seguir por aí.
As pessoas que deveriam ter bom senso antes de escolher a profissão. Se elas não tem, sinto muito. Não é função do Estado (para mim nada deveria ser função do estado, mas releva).
obs: Não sei se vejo muita coisa contra a pessoa vender seus próprios órgãos.
"Não podemos comparar elas com traficantes, elas não causam estragos, apenas trazem benefícios."
Elas causam estragos sim! Nelas mesmas!! Duvido que elas sejam felizes levando a vida que levam.
Aliás, tenho um exemplo na minha família. Minha prima não ficava muito feliz quando mandavam um cão de guarda vigiar ela toda vez que ela queria visitar a mãe dela.
Ela tinha horário para ir e voltar e sempre ía um cara junto com ela.
E embora eu imagine que é proposital o comentário do Deja, fico indignada só em imaginar que alguém realmente pense assim!
Tem mulheres que não tem a mínima condição de ganhar dinheiro e fazem da prostituição a única fonte de renda. Uma vez vi um programa de reportagem, que a senhora já tinha idade e sobrevivia fazendo programas e cobrando uma mixaria. Ser cafetão é crime, porque eles ameaçam as mulheres e lucram às custas delas. Do mesmo jeito que venda de órgãos deveria ser liberada. É um absurdo dizer que é crime, já que muitas vezes a pessoa tá afogada em dívidas e nas ameaças dos cobradores e no caso de vender um rim por ex. consegue se salvar. Isso tudo é hipótese, claro que se a pessoa quiser vai dizer que é doação, mas recebe dinheiro por fora. Quando meu pai precisou de doação de sangue, ninguém queria doar, eu tive que pagar pela "doação", daí no caso quem é o criminoso: a compradora aqui ou o sádico que foi incapaz de ir doar sem receber dinheiro? Aff…
Tenho amigas putas há anos, me afastei quando casei apenas… algumas alternavam entre gostar do estilo de vida e crises de depressão, mas algumas realmente gostavam.
Quando digo amigas, não quer dizer que eu era cliente… eram pessoas que eu tinha na minha lista de contatos no MSN, que me ligavam para conversar sobre coisas banais de madrugada ou para chorar quando apanhava de algum cliente, com quem eu ia ao cinema…
Papo sério.
Será que alguma puta é feliz sendo puta e gosta do que faz? Acho que a maior parte não…
E eu não acho indigno a mulher vender o seu corpo. Se ela é boa naquilo, gosta do que faz… seja feliz!
Não podemos comparar elas com traficantes, elas não causam estragos, apenas trazem benefícios.
E olha… antes o marido de vocês pegarem uma puta, do que uma qualquer, a profissional liberal hoje em dia se cuida muito bem!
A caixa do supermercado pergunta se eu moro perto, digo que sim e ela que também, inclusive sozinha… me empolgo, daí ela me mostra um lençol infantil que ganhou e diz que só precisa de um namorado, que não pode ser qualquer um, pois não quer engravidar e o sujeito fugir.
Algo semelhante ocorreu com a garçonete casada.
Eu poderia enganá-las e arcar com possíveis dores de cabeça, mas entre aturar uma conversa chata e sem propósito, cinema, motel e ainda correr o risco de não receber uma chupada bem feita, prefiro pagar.
Será que aparento ser o príncipe encantado de todas as vadias?
Talvez no Rio seja diferente, ouvi falar sobre as novinhas de 14…
Já tenho um relacionamento, apenas preciso extravasar de forma um tanto quanto transgressora de vez em quando.
Fico feliz com o comentário da Grazi, ufa, as putas não vão acabar! Mas em todo caso… realmente acredito que sem elas, o mundo seria levado ao caos.
Não seja dramático Deja. Como se fosse instituído crime em um dia e no outro não houvessem mais putas né!?
Tráfico também é crime, e existem traficantes. Agora tu não ve por aí ninguém dizendo que é profissão né? (eles acham que é, mas só eles).
Concordo com a Sally, quem sabe se fosse crime desencorajaria muita piriguete de entrar nessa vida só pq é "fácil". Quero ver é sair de uma vida dessas!
A puta cobra pelo sexo. A que dá de graça cobra por tudo além disso. Eu discordo sobre o benefício do sexo pago, mas com certeza o custo é menor.
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Sally, pergunta pro Stálin se ele não acha que estava defendendo a dignidade de seu povo…
Ouvi dizer que criancinhas ficam mais saborosas se fritas no azeite. Tente isso no seu próximo café-da-manhã, camarada.
Deja: tu arruma muita vadia que vai te dar de graça, de primeira e na maior facilidade.
Somir: Estado intervindo nas liberdades individuais para preservar a digidade da pessoa humana é garantismo, Estado intervindo para controlar é comunismo.
Recentemente uma garçonete e uma caixa de supermercado, com as quais eu gostaria de ter uma conjunção carnal (Gostaram do termo???), me decepcionaram… Uma me falou de namoro e filhos, outra de trocar de marido (O atual, por mim).
É, no mesmo dia em que a caixa falou que queria um namorado, eu disse que era casado (sinceridade é tudo) e procurei uma prostituta. Sexo sem frescura, por uns trocados a mais (50 conto!) eu comi até o cu! Sem contar que ela chupava bem melhor que a minha mulher…
Muito mais prático pra mim, que apenas queria isso… já que as pessoas olham minha cara de bom rapaz e pensam que sou alguém para ter algo sério! (malucas! malucas!)
Nesse dia eu estava um pouco surtado, meu psiquiatra que também é meu terapeuta foi muito bruto comigo… eu poderia ter me cortado, agredido alguém, abusado de substâncias químicas… massss eu tinha uma válvula de escape mais saudável (Desde que se use camisinha!), o SEXO.
Isso serviu pra mim, serve para muitas pessoas… se a prostituição acabar, o mundo entrará em colapso, a violência irá aumentar… assassinatos por motivos banais, alcoolismo, drogadicção! Então… SALVEM AS PUTAS, SALVEM O MUNDO!
E o estado que vá prender traficantes, assaltantes, tampar buraco nas ruas… resolver o problema do trânsito de SP (Hoje levei 2 horas para chegar ao trabalho).
Estou sóbrio, juro (mais ou menos).