Ele disse, ela disse: Pobrema de comunicação.
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MUITA gente fala errado. Reflexo de um país com um sistema de educação público pra lá de deficitário e a ruim e velha exaltação da mediocridade cultural que tanto nos define como nação. Mas não pretendemos discutir as causas do fenômeno, hoje Sally e Somir discordam sobre como uma pessoa deve reagir ao lidar com os sintomas. Ou, de forma resumida…
Tema de hoje: É pertinente corrigir uma pessoa próxima que fala errado?
SOMIR
Sim. E enfiem qualquer manualzinho de boas maneiras no rabo. O desenvolvimento da comunicação humana é infinitamente mais importante que noções de elegância no trato social.
Se você está imaginando que eu saio corrigindo qualquer pessoa que fala errado perto de mim, não é bem assim que a banda toca. Uma coisa é considerar pertinente, outra completamente diferente é fazer disso uma cruzada incansável. Sou chato, mas não dessa forma intrusiva.
Meu domínio da língua pátria está bem acima da média, mas mesmo o meu ego doentio não consegue fazer disso uma grande qualidade; a média é baixa demais. Vivo tendo oportunidades de fazer essas correções, mas assim como trato uma conversa normal, há de haver alguma relevância na abordagem.
Acho babaquice interpelar um estranho na frente de outras pessoas para corrigir um erro, soa como projeção de insegurança. Não precisa ser um cretino inconveniente para corrigir o português alheio.
Digamos que você está conversando com um amigo e ele diz que vai comprar um disco da Preta Gil. Você não tenta ao menos dizer que aquilo é um erro? Informar outra pessoa sobre algo que você percebe como errado denota ao menos alguma preocupação. No caso, com os ouvidos do pobre coitado.
Porra, uma das partes mais importantes da sociedade humana é a transmissão de conhecimento. Uma pessoa acumula uma informação útil e divide com outras. Explicar, ensinar e corrigir são partes integrantes desse processo. Impressionante que o anti-social do blog tenha que explicitar que frescura na hora de corrigir outra pessoa é contraproducente para seres sociais como nós.
Quando você ensina outra pessoa a não falar errado, está ajudando-a a se comunicar melhor. Uma das maiores pragas recentes na comunicação é o encolhimento do vocabulário médio. As pessoas aprendem e utilizam cada vez menos palavras nas suas conversas (na escrita então, é de cortar o coração que eu não tenho). De tanto deixarmos passar erros e mais erros (oi, internet!), não há mais preocupação com o aprofundamento das idéias expressas. A outra pessoa “entende”, e isso já está de bom tamanho para as antas que passam a vida toda se comunicando com vocabulários de poucas centenas de palavras.
Se as pessoas perderem completamente sua “vaidade vocabulária”, tendemos a virar uma espécie que se comunica por grunhidos e emoticons. Corrigir pessoas próximas é manter a chama de preocupação com a relevância do que é dito acesa.
Como eu acho ótimo quando sou corrigido, enxergo o ato de corrigir como uma gentileza, até porque eu vivo discutindo com os outros e erro de português vira munição para o adversário. Sim, eu compreendo que existem pessoas que se sentem constrangidas quando alguém aponta um erro, mas isso não é importante, sabem por quê?
Porque ficar chateado com uma correção de português e ter direito de ter sua opinião levada em consideração NÃO SÃO COMPATÍVEIS. Que gentinha mais BUNDA essa. Não compartilho desse mimimi de respeitar a opinião alheia apenas por ser alheia. Se não tem estrutura emocional para lidar com outro ser humano dizendo que você também erra, que vire autista e fique enfiado num canto escuro o resto da vida.
E mesmo quando é uma pessoa mais simples, que não teve acesso ao estudo, não é arrogância oferecer uma dica sobre como se falar de forma mais correta. Oras, se ela não teve chance de aprender, eu tive. Escroto mesmo é ter “peninha” e tratar pobre como retardado. A capacidade de aprender é a mesma, e se o sistema não é justo, nós podemos ser. E se a pessoa ficar ofendida… Bom, foda-se ela. Babacas existem em todos os níveis sociais.
Ao chegarmos em relações mais próximas, como amigos, namoradas e família, eu tenho ainda menos problemas se acontecer uma situação dessas. E a palavra-chave é consistência. Se esse ambiente de troca de conhecimento fica bem definido, não há lugar para insegurança irracional. E como gente babaca que se ofende por bobagem se entrega rápido, não tem muito risco de manter um relacionamento duradouro com alguém como… eu.
Não respeito quem se ofende com uma correção pertinente, não me seguro por gente que não respeito. Meritocracia linguística. Correção CERTA é sempre pertinente, azar de quem não concorda.
Correção CERTA, é bom repetir. Dói a minha inexistente alma quando alguém cisma de corrigir errado outra pessoa. No meio escrito é até compreensível, mas no falado é atestado de limitação.
Mesmo que você seja daquelas pessoas que só sabe corrigir uma palavrinha ou expressão comum, faça isso. Os frescos que se ofendem por isso só tem algum poder de defender sua ignorância porque pouca gente corrige. É só não fazer da situação algo maior do que realmente é, tem sim um bando de babacas que tenta diminuir os outros com correções, mas eles são… babacas. Eles seriam pedantes fazendo qualquer outra coisa.
Sério, é bem fácil fazer isso de forma educada: Assim que a pessoa disser a palavra errada, diga a CERTA na sequência. Só isso. Não contextualize, não repita a palavra errada, simplesmente diga a palavra certa sendo simpático. Eu sempre fiz desse jeito e ninguém (que valha a pena) se sentiu ofendido.
É fácil, útil para a humanidade e ainda pode servir para afastar gente que você não gostaria mesmo de ter por perto. Quer mais pertinente do que isso?
Para apontar todos os meus erros de português no texto (agradecido!), para dizer que aceitar dica de trato social minha configura o fundo do poço para você, ou mesmo para dizer que as árvres somo nozes: somir@desfavor.com
SALLY
É pertinente corrigir uma pessoa próxima que fala errado?
Eu acho meio escroto, meio constrangedor. A menos que a conseqüência da não correção seja ainda mais escrota e constrangedora, como por exemplo deixar a pessoa soltar um erro grosseiro em uma reunião de trabalho e se queimar com o chefe e com toda a equipe, eu faço de conta que nem escutei o erro se for uma pessoa bacana pela qual eu tenha carinho.
Curioso que eu mesma não me importo quando as pessoas me corrigem, e eu erro bastante porque o português não é minha língua materna. Mas acho muito chato corrigir os outros. Principalmente se for na frente de terceiros. Parece que você está querendo bancar a inteligentona e ressaltar o erro alheio. É duro, viu? Tem horas que dá vontade de guardar as orelhas dentro da bolsa, porque é duro ouvir o mesmo maldito erro por meses e meses. Mas vale o sacrifico.
Um exemplo que mostra até onde chega meu constrangimento: uma pessoa que trabalhava comigo, uma ótima pessoa por sinal, não era uma mente brilhante. Mas era um amor de pessoa. Nunca tive coragem de corrigir seus erros – muitos por sinal. Sua única função que demandava escrita era dar início aos processos. Para isso, bastava escrever “Autue-se” e assinar. Pois bem, comecei a ver que estão chegando vários processos com “Altue-se” assinados por esta pessoa. Isso começou a me envergonhar profundamente. Fiz correções manuais em um por um e semana após semana continuam vindo processos iniciados por “Altue-se”. Dei todas as dicas e indiretas, mostrei a palavra sutilmente para a pessoa na esperança que lendo ela compreenda e assimile a grafia correta. Nada.
Fui intimada a falar com a pessoa. Sabem o que eu fiz? Mandei fazer um carimbo escrito AUTUE-SE e dei para a pessoa, dizendo que era para evitar tanto trabalho de escrever em cada processo, assim dali pra frente ela só precisava carimbar e assinar. Sou frouxa? Otária? Sim, eu devo ser. Sei lá, fico constrangida de corrigir uma pessoa que teve menos oportunidade de estudar do que eu se ela for realmente uma boa pessoa.
Acho que a auto-estima destas pessoas que falam errado já é bombardeada demais da conta e não tem como falar sem magoar. Eu sei que, em tese, é para o bem da pessoa, que ela vai aprender e vai melhorar, mas vai causar dano. Se der para corrigir sem corrigir, tipo continuar a conversa e repetir a forma correta da palavra para ver se a pessoa pesca até vai, mas se precisar correção explícita, eu não me sinto bem fazendo. Quem sou eu, que nem tenho português como idioma materno, para corrigir alguém? Sei lá, me sinto meio impostora.
Sem contar que muitas vezes as pessoas sabem o correto mas erram por pressa, distração ou até mesmo porque herrar é umano (vai lá dizer que eu não sei escrever). Daí se você corrige, dá uma importância grande a esse erro que poderia ter passado em branco. Chama a atenção para algo ruim de forma desnecessária porque a pessoa sabe a forma correta, apenas errou porque se distraiu. Todos nós estamos sujeitos a uma câimbra mental de falar ou escrever algo que sabemos de forma errada. Bobagem botar uma lupa nisso.
Tudo piora quando estamos falando de relacionamentos amorosos. No caso da mulher corrigindo o homem, nem acho tão ruim, mas o homem corrigindo a mulher é meio deselegante. Parece uma tentativa de mostrar que é mais inteligente ou algo assim. Não é assim que se ajuda alguém a crescer ou a melhorar. Soa meio escroto, ainda mais se for em público.
Não posso negar que quando você corrige a pessoa ela provavelmente aprende, só que acho que o preço que se paga, o mal estar que isso causa e o risco da pessoa se magoar não compensam. Sobretudo quando você corrige várias vezes a mesma pessoa. Parece sim que está pegando no pé, tripudiando, que está jogando na cara o quanto você é melhor do que ela, mesmo que não seja essa sua intenção.
Isso pode despertar sentimentos ruins e acabar por estremecer uma amizade, um sentimento de coleguismo e até mesmo um namoro. A gente nunca sabe o quanto as pessoas são sensíveis. A gente nunca sabe onde está o calo da pessoa e pode acabar pisando nele sem querer. Escolham suas batalhas.
Eu sei que não é regra que a pessoa se ofenda com uma correção, mas sei que EXISTE O RISCO. E dependendo do quanto a pessoa é importante para mim ou do quanto essa mágoa vai interferir minha vida, prefiro ficar calada. Em algum momento a palavra correta vai chegar na pessoa, seja pela TV, pelo jornal, por um livro. Preciso ser eu a levar?
De boas intenções o inferno está cheio. Não vou me arriscar à pessoa ficar super magoada comigo por achar que estou fazendo um bem a ela. É algo que não raro causa problemas e ofende, é algo delicado. Mas podem me corrigir, viu? Vira e mexe eu solto um “mais grande”. Eu gosto do “mais grande”, o “mais grande” é plenamente permitido no espanhol. Porque temos “Mais gordo”, “mais magro”, “mais alto”, “mais baixo”, “mais escuro”, “mais claro” mas não podemos usar o “mais grande”? Injustiça.
Muito legal o texto. Tomei na cara esses dias com um menino que tenho uma relação meio complicada, por assim dizer. Ele é realmente menos instruído que eu e de origem mais humilde. Corrigi ele algumas vezes (msg whats), coisas como “encomodando”… Ele largou que eu achava ele burro e precisava ficar corrigindo ele.. Fiquei chateada, pois não fiz por mal, mas caiu a ficha que o máximo que consigo com isso é fazê-lo se sentir inferior, ou na melhor das hipóteses, parecer que estou bancando a superior, o que também seria péssimo e inútil em uma relação com alguém que gosto. Enfim… Controle e calma para as próximas incorreções… Afinal, também não é o fim do mundo. :)
Mau sinal a pessoa se ofender…
Eu penso como o Somir: se a pessoa e questão é próxima, procuro corrigi-la da maneira menos "agressiva" possível. Se for um ser ignóbil, nem me dou ao trabalho…
Eu também já cheguei a duvidar, tamanha CERTEZA que as pessoas me falavam que era feminino… mas o dicionário não mente. Pode ver.
Phill, sério que dó é s.m.? Eu JURAVA que podia ser feminino, tamanho o absurdo do uso! Para manter o português em alta nesse comentário:
Stol xokadu, galerë. =x
Ainda acho que o Ellan quer comer a Sally…
O problema do Marcos Bagno é que ele é liberal demais pra esse tipo de coisa; uma coisa é você adaptar a fala ao que é mais fácil falar, mas a Sally já fez um texto aqui falando justamente disso: tem palavras que é mais FÁCIL falar da maneira correta e MESMO ASSIM as pessoas erram.
Além do que, o meu ponto é: Se a linguagem mudar depois pelo uso dos errôneos, então beleza, mas FILHO MEU VAI FALAR CERTO. Ensina-se o CERTO, se o errado vira certo DEPOIS, então DEPOIS eu ensino o novo certo. Mas me recuso a ouvir gente falando "ah, eu tenho úmA DÓ dele!" e não falar porra nenhuma. Caralho, DÓ É SUBSTANTIVO MASCULINO, SERÁ QUE NAO DÁ PRA ENTENDer AO MENOS ISSO???
Mas então, o lance de palavras como "estrupo", "iorgute" e "largato" estarem sendo aceitas é que elas são faladas por várias pessoas não porques essas não conhecem a pronúncia correta, mas porque as palavras são mais fáceis mesmo de pronunciar. Pode perceber, a gente não fala desse jeito porque fomos e somos a todo tempo ensinados de que é o errado, e nos policiamos toda vez pra falar certo. Mas falar "largato" é mais fácil, não dá pra negar. Não é à toa que muitas crianças em processo de aprendizagem falam desse jeito. Então esse é o lance do Bagno e dos linguistas, sugerir que as gramáticas e os dicionários se adequem à língua, à realidade das pessoas e não o contrário.
Sally, quem te "correge" não está totalmente certo!
Admitem-se as construções "mais bom", "mais mau", "mais grande", "mais pequeno" nas comparações feitas entre duas qualidades de um mesmo elemento.
Ex1: Somir foi condenado, mas tenho certeza de que ele é mais bom do que mau.
Ex2: Somir é mais bonito do que feio.
Renatinha.
Eu já usei essa tática de reptir a palavra correta depois de ouvir a pessoa falar errado, a resposta foi: mas então, o que eu disse?
Que caramba viu, aí eu tive que destrinchar o erro, se não me engano era concordância. Tem gente que não colabora com a diplomacia.
Corrijo amigos próximos. Só. Namorada minha não erra, mas se ocorrer, pelo gênio das que eu me envolvo, melhor não corrigir ou ficarei sem sexo.
Não faço com qualquer porque acho pedante, arrogante.
Não tenho um domínio da língua pátria como o Somir, mas escrevo de forma decente, porque leio muito e também tinha um tio que desde criança me corrigia, eu odiava ele, mas até agradeço hoje em dia…
(Erro muito ao usar a crase, vírgulas e, separo o sujeito do verbo frequentemente)
Eu concordo com o Somir. Acho que quando você sabe um pouco mais que uma outra pessoa e pode ajuda-la a melhorar, por que não? Eu sei que meu portugues esta loooonge de ser perfeito ainda mais por que esta virando minha segunda lingua mas quando eu ouço alguem falando "pra mim fazer" ou coisa assim eu corrijo, porque ha alguns anos atras eu fui corrigida e sou grata.
Eu moro na França ha 5 anos e falo francês ha 5 anos então meu francês não é uma maravilha e eu peço as pessoas de me corrigirem mas ha um tempo atras tinham alguns amigos (inclusive meu namorado) que riam e debochavam do meu sotaque ai eu deixei bem claro que eu não gostava disso, por que corrigir dobochando é uma tremenda falta de respeito (a não ser se for para corrigir os idiotas que debocham das outras pessoas)
Prontofalei!
Eu axo muintu inportanti fala serto! Cenpre ki vejo as pessoa fala "Pobrema" eu currijo dizendo ki o serto é "Poblema"! Nossa educação é deplorável, o povo, como Somir enfatizou, exalta alegremente a ignorância e vangloria a imbecilidade! Interessante para o governo, assim é mais fácil manipular as pessoas. Quem vai contestar? Analfabetos funcionais?
Adoro os livros do Marcos Bagno, e conheço muito por cima os fundamentos da linguística, mas não necessariamente concordo com ele. Radicalismo é uma merda.
O que eu protejo é o desleixo para com a língua. Ela existe tanto para ser mudada quanto para ser seguida; o povo muda a língua, isso é fato, mas não precisa esculachar. Se alguém vem e diz: "isso aí é pra mim fazer", eu me sinto na obrigação de corrigir pelo simples fato de que alguém tem que lembrar o correto, o que está nas normas, o que é ensinado. É como o Somir disse: A linguagem não é mero mecanismo de comunicação, meu povo, senão bastava alguns grunhidos e gestos e pronto! Não! Linguagem é mecanismo de coerção, manipulação, humilhação e principalmente dominação. Não se pode levar a língua tão levianamente que as pessoas não mais se dêem ao trabalho de corrigir o jeito correto de se expressar! O favorecimento da linguagem favorece o desenvolvimento da sua concatenação de idéias, melhora seu modo de expressão como um todo. Melhora seu entendimento de mundo.
Então, sério, eu acho que estou fazendo um bem, por mais indelicado que eu possa estar sendo. Agora, se você ouve a palavra Estrupo (que, bizarramente, já é aceita como correta) e fica de boa, problema é seu. Deixa o Marcos Bagno ensinar o filho dele o jeito qualquer dele de se comunicar, seja código de fumaça ou grunhidos Orcs; o meu eu ensino a falar e a escrever o português.
Tem gente que fica maogada sim. Eu sou do mal, quase satanista, mas quando era criança e me obrigaram a fazer catecismo, minha profa falava "cristões" mas como ela era uma velhinha tão gente boa, nenhum da turma zoava nem corrigia ela. Ser diplomata não é pra qq um, puta idéia bacana essa do carimbo. Nunca que um Somir teria esse trabalho.
Obs: Quando eu falo um somir é pq todos os homens são somires, mix de retardado com grosseiria.
1 – Mais grande é pouco utilizado porque são duas palavras, fica "maior" do que "maior". :D Economia de letras FTW.
2 – Concordo com o Somir. Isso tá virando hábito, putamerda, era mais legal paunocuzar o Somir e apoiar a Sally nos comments (Seilá, eu me sentia menos nerd…), mas fazer o quê…
O ponto Sallyta é que por causa da porra do Autue-se sua vida foi um inferno por MESES. Podia ter durado um total de 30 segundos no máximo. Vide: "Ei, fulana, tudo bem? Aqui, só pra comentar, é chato esse negócio de 'Juridiquês', mas só pra dar a dica, é 'Autue-se', com 'u'. Mas preocupa não, a gente pega essas chaticezinhas com o tempo, jóia? ;D"
Acabou Sally. Você ganhou pontos em simpatia e carisma, a pessoa se sentiu querida, e sentiu que você está CUIDANDO dela, AJUDANDO ela. Não paunocuzando.
E ser chefe tem dessas. Lidar com seres humanos. Escrachar funcionário é coisa de babaca. Proteger funcionário IDEM. Tem que ser correto, e você Sally, sendo um poço de correteza, coloque outra pessoa no seu lugar. Olhe de fora. Pense uma pessoa que tem que refazer o trabalho da secretária dela todo dia por algo que se resolveria em 30 segundos… Babaca né? Se ela estivesse escrevendo de cabeça pra baixo seria fácil né? Não basta, seu problema é com pessoas, ok, pense do ponto de vista da empresa, pagar uma advogada pra refazer o trabalho da secretária… Uau, hein? Sentiu a sacanagem?
Longe de mim querer te ensinar a fazer o seu trabalho, mas eu quero que você veja a real extensão desse tipo de problema. Você tem um medinho de magoar pessoas e, desculpe a sinceridade, mas pela primeira vez desde que eu comecei a ler o desfavor eu achei alguma coisa em você fofa. Agora, pelamor né santa, você não tem mais 15 anos pra ter medo das suas amiguinhas brigarem com você. Aja de acordo. O exemplo do Somir é ótimo, mas na dúvida, sorria e deixe claro que não é nada demais. Sorriso largo, e se quiser dá uma piscadinha ,sempre ajuda. ;)
E quanto a paunocuzar corrigindo português alheio, eu evito. Não gosto de paunocuzar com algo que ajuda a pessoa. Eu chamo de analfabeto e escracho, mas JAMAIS explico a extensão da merda ou como corrigí-la. É mais legal manter os estúpidos toscos sendo estúpidos toscos, pra ter quem zoar.
Já que estamos nesse tema, queria aproveitar pra alertar a Sally que "enveja" não existe, o certo é com 'i', "inveja". E "humano" é com 'h'.
xD
Aah, em Portugal eles falam "mais grande" e "mais pequeno" sem preocupações. Se os inventores do idioma falam, por que a Sally não poderia?
Eu me sinto na obrigação de corrigir pessoas próximas. Lógico, uso de toda a delicadeza do mundo e do momento oportuno, mas corrijo. É preferível corrigir do que deixar a pessoa falando/escrevendo errado pro resto da vida.
Agora ,se não tenho intimidade com a pessoa, faço que nem li/ouvi. É melhor evitar aborrecimentos com estes.
Então, antes de entrar na faculdade de letras eu pensava do mesmo jeito do Somir. Eu sou daquelas pessoas que se sentem agredidas na inexistente alma quando alguém fala ou escreve algo que eu sei que é considerado errado no dicionário ou na gramática. Eu, quando com coragem suficiente, corrigia (e às vezes ainda corrijo) a pessoa de um modo didático, tentando explicar o porquê do "erro" dela.
Mas daí vieram as aulas de Linguística – um dos campos de estudo mais fodas da vida – e eu fui introduzida a uma outra abordagem do que se pode considerar erro. Para a Linguística não existe língua correta/errada. Tudo é uma questão de variedades sociais, históricas e culturais.
O que acontece é: você está entendendo o que a pessoa está falando ou escrevendo? Você compreende quando uma mulher se diz "menas cansada", quando alguém escreve "fulano tem um geito agradável"? Você entende quando alguém se diz "mais grande" que outra pessoa (concordo com a Sally, este comparativo "analítico" deveria ser validado)? Então, a comunicação está sendo feita, o que deveria bastar.
"Corrigir subordinado é humilhar, corrigir chefe é insolência. Corrigir uma minoria é bullying + racismo." Sim, é bem por aí.
Esse texto do linguista Marcos Bagno sobre o assunto explica de forma bem mais esclarecedora sobre o assunto, vale a leitura: http://marcosbagno.com.br/site/?page_id=12
Ou seja, nós, que nos consideramos os iluminados por determos o conhecimento da língua considerada culta também usamos vários termos que se analisados podem ser tão errados quanto o "linguiça" ou "estrupar". Daí fica difícil o julgamento. Além do que não adianta ser purista num contexto em que a língua sofre modificações a todo o momento. Ou alguém aqui acha que sem essas mudanças naturais da língua a gente não ia continuar falando "vossa mercê" ou "cousa".
A sensibilidade seletiva é o que mata.. se a pessoa é chegada acabo falando, assim como quem é chegado sabe que pode me falar, não me importo em ter meus erros apontados, isso permite melhorar. Mas neguinho se morde de medo de magoar os outros pelos motivos REAIS mencionados pela Sally… é complicado chegar num meio termo. No final, com quem me importo eu falo. Quem não, que se foda.
Isso não tem nem discussão, nem adianta. A pessoa só vai saber que está errado se alguém disser pra ela, senão ela vai falar errado a vida inteira. Eu sinceramente não ligo de ser o chato.
Já corrigi professor, chefe, diretor de escola, advogado e até delegado de polícia. Se o erro está ali, é óbvio e eu posso avisar que está errado, vou avisar e ponto final. É o que eu espero que façam comigo, se eu falar alguma merda (o que já aconteceu).