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Anula Eu!: Partido que pariu!

| Somir | | 22 comentários em Anula Eu!: Partido que pariu!

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Para quem não lembra, Anula Eu! é a coluna para falar sobre eleições aqui no Desfavor. Ela vai ficar BEM mais ativa ano que vem, mas não custa nada tirar as teias dela agora… Até porque recentemente passou na Câmara o projeto para fechar o cerco sobre a farra dos partidos. Mesmo sabendo que isso está sendo feito com motivos escusos (barrar o novo partido da crente ecochata para 2014), já passava da hora de botar limites no ridículo sistema partidário tupiniquim. Repetindo: Mesmo sendo um golpe sujo do governo. Há males…

Quer dizer, se é que isso vai acontecer… Já tem senador entrando no STF para evitar que o projeto sequer seja discutido em sua “casa”. Como na verdade não passa de manobra política, evidente que partidos que acabariam enfraquecidos não aceitariam isso da melhor forma.

De forma simplificada, o projeto diminui BASTANTE o tempo de TV dos partidos nanicos durantes as campanhas eleitorais, e ainda por cima mexe onde mais dói na política nacional: Nos bolsos dos partidos através da cota de participação no Fundo Partidário.

Vejam bem: Eu sei que a ideia por trás de deixar o país tão livre para criar e manter partidos políticos foi nobre. O Brasil foi “reescrito” por gatos escaldados da ditadura militar, o que explica várias das leis e regras consideradas “suaves” demais pelos mais conservadores. Preferiram pecar pelo excesso de zelo com a democracia. Razoável, compreensível.

Em tese. Porque na prática convivemos com um sistema partidário que INCENTIVA o abandono de qualquer ideologia em prol de dinheiro e influência. Existem vários partidos com ideias de fundação muito parecidas entre si, existe um PC do B e um PCB! Um PSDB e um PSD! Existem partidos dos trabalhadores, partidos trabalhistas… Porra, tem até um partido cristão! Dois partidos com basicamente a mesma ideologia podem acabar separados por situação e oposição.

Pelo medo de enfraquecer a democracia, as regras para os partidos brasileiros acabaram criando legendas cujos interesses são tudo menos democráticos. Partido é negócio, e negócio dos bons até mesmo se for mal administrado, partido nanico faz dinheiro que nem água, aquelas campanhas toscas na TV não são falta de dinheiro, são falta de canalização de verba para o objetivo teórico do partido: Eleger representantes.

Muito se engana quem acha que os partidos nanicos entram em depressão por não conquistar muitos cargos eletivos, estar no poder exige uma série de responsabilidades que nem todos acham lucrativo acumular. Moleza mesmo é “vender” seu espaço no horário eleitoral com coligações em troca de valiosos e discretos cargos de confiança.

Exceção feita aos partidos nanicos comunistas radicais. Eles são malucos daquele jeito mesmo, incorrigíveis e muitas vezes incorruptíveis. Não comungo dos ideais deles, mas pelo menos eles tem uma ideologia e uma função social (mesmo que seja pentelhar todo mundo). Ainda acho que são muitas siglas para pouca variação, mas só de fazer o básico do que um partido deveria fazer, já saem na frente. E sim, doeu escrever algo de bom sobre comunistas.

No Brasil caberiam no máximo uns quatro ou cinco partidos se fôssemos dividir por ideologias e função social: Liberais, Conservadores, Trabalhistas, Socialistas e um partido “joke option” tipo o Verde (ou o Pirata, adoro o Partido Pirata onde quer que ele exista…). Para quem está mais antenado em política internacional, a maioria dos países de “primeiro mundo” se divide basicamente nessas categorias. Sério, o que mais tem de diferença entre os ideais deles? A divisão praticamente aleatória só serve para confundir a população e esvaziar completamente a discussão sobre os rumos do país. E exigir fidelidade partidária num sistema desses realmente não faz muito sentido. O político vai ser fiel a quê?

Do jeito que é, com legenda pequena utilizada como moeda de troca pelas maiores, evidente que o sistema descamba para o fisiologismo. Os representantes eleitos não só não querem defender os anseios e necessidades de seus eleitores como mal saberiam como começar se fossem obrigados a isso. Deputados, senadores, prefeitos, governadores, presidentes… Ninguém tem “linha” para seguir. No Brasil a esquerda é contra privatizações, a direita é a favor. O resto? O resto é resto.

Ninguém nos diretórios dos partidos sequer se envergonha de planejar estratégias que os façam ganhar poder sem a menor previsão de aplicar seus ideais na administração do Estado. Políticos, funcionários públicos e jornalistas falam abertamente de acordos para consolidar poder e minar adversários sem sequer se preocupar em dizer o porquê.

Presume-se que é natural que ninguém tenha um objetivo político, e parecem malucos os comunistas fanáticos que ao menos querem fazer algo diferente do que se faz. Não parecem malucos pelos métodos que pretendem utilizar, como deveriam… parecem malucos simplesmente por se posicionar.

Parece que o normal para partido é não ter função além de se perpetuar! Não é. Não pode ser… É até inútil que eles existam se for esse o caso. Coloca logo uma coroa na cabeça do Lula e deixa a gente fugir para outro país.

Pessoalmente eu fico incomodado por torcer pela vitória do bandido nesse braço de ferro entre situação e oposição, já que ambos os lados só querem garantir o próprio financiamento e influência nos anos vindouros. O governo “escreveu” o projeto se cagando de medo de um bloco do PSB com a (planejada) Rede da Sustentabilidade roubando votos da Dilma e deixando o PSDB e Cia. com mais chances de ganhar na cagada.

E não é segredo que é essa a articulação que move a oposição de tucanos e outras aves menos cotadas a ir contra o projeto. Todo mundo sabe que eles cagam para a ideia de democracia. Triste que tudo o que reste para o cidadão mais interessado em política seja torcer por melhorias no sistema como colaterais de uma guerra de interesse.

Essa festa já tem gente demais, tem que sair gente. Mas se já der para fechar a porta para mais furões, melhor. TEM que ser agora, senão o interesse da situação vai enfraquecer, acordos serão tramados e a reforma política brasileira vai voltar pra onde estava presa há décadas: Nos porões da inconveniência para conseguir maioria nas votações do legislativo.

Está começando a ficar realmente complicado votar nas próximas eleições. Já não vou votar na situação, por motivos óbvios e lulantes, não vou votar na oposição, que queimaria o país para poder ser a rainha das cinzas, e nem posso mais votar nos partidos nanicos comicamente comunistas, porque não quero mais valorizar a existência deles (com dor no coração…).

Começo a entender porque tanta gente não se importa com o voto…

Para dizer que eu só postei esta coluna porque ela é mais curta, para dizer que temos que criar o PIB (Partido Impopular Brasileiro) enquanto dá tempo, ou mesmo para sugerir uma opção válida nessa merda de eleição de 2014: somir@desfavor.com

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