Ele disse, ela disse: O ritual da discórdia.
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Com um cérebro programado para perceber e analisar padrões, o ser humano sempre teve uma queda por rituais. Muitos deles baseados na esperança de trazer sorte e/ou confiança para o que se pretende fazer. Sally e Somir discordam sobre as benesses desses rituais. Os leitores seguem a rotina de comentar…
Tema de hoje: Rituais e superstições para trazer sorte e confiança são demonstrações de ignorância?
SOMIR
Sim. Quem ignora a falta de relação entre a superstição e o resultado concreto está sendo ignorante, ou pior: Escolhendo a ignorância. Não existe nenhuma evidência concreta ou mesmo lógica na ideia de que repetição aleatória de alguma ação, gesto ou palavras de forma ritualística (e supersticiosa) tenha qualquer relação com resultados positivos para quem os faz por si só.
E por experiência nessa discussão, já posso tratar dos argumentos mais comuns do lado “ritualista”. Em primeiro lugar, se você acredita em mágica, não tem lugar numa discussão racional sobre o assunto. A infância termina eventualmente e é patético que adultos fiquem estacionados nesse grau de compreensão do mundo. A partir da premissa que mágica existe, QUALQUER coisa é possível. Apesar de eu te achar ignorante, esse nem é o problema: Mágica faz qualquer discussão virar conversa de maluco, já que o argumento a favor de algo é tão possível quanto o que o invalida.
Partindo da premissa que não estou escrevendo para crianças ou para malucos, mágica não existe. Existe muito mais entre o céu e a terra que julga nossa vã consciência, mas não é festa! Milhões de pessoas por milênios tentaram provar a existência de influência do pensamento nas leis da física, mas todos deram com os burros n’água. E para os mais espertinhos: Até mesmo o princípio da incerteza não menciona a relação direta, e sim demonstra a impossibilidade da medição. Coisas diferentes.
O mais próximo que a turma dos rituais, superstições e religiões coseguiu chegar de algo comprovável na vida real foi o efeito placebo. A influência da crença em algo na manifestação de efeitos físicos e/ou psicológicos. Sim, ele existe, mas só te leva até certo ponto… Assim como preces, não consegue realizar impossibilidades ou mesmo improbabilidades. Nenhum placebo desse mundo faz membro amputado crescer de volta… Nenhuma superstição vai te fazer mover um objeto fisicamente com a força do pensamento…
E, vamos ser razoáveis: Um efeito que deixa de existir se você estiver consciente dele tem muito mais a ver com ilusão do que com causalidade. Céticos não enxergam fantasmas. O efeito placebo DEPENDE da ignorância sobre sua existência! Se você vai defender essa ideia como contra-argumento para a minha afirmação de ignorância, faça o favor de saber sobre o que está falando. Efeito placebo É ignorância.
Mas vamos além… Boa parte das pessoas que segue um ritual ou superstição (estou repetindo “superstição” porque aposto que minha CARA vai suprimir a palavra para tentar vencer a discussão) não acredita piamente nisso. Faz “por desencargo de consciência”, já que acha que mal não vai fazer. E esse é o segundo argumento mais comum… A maldita ideia de que essa ignorância seletiva é inofensiva.
Ignorar a realidade e agir de forma irracional é inofensivo desde quando? Muitas das piores coisas que já aconteceram com a humanidade foram resultado direto desse desdém pela racionalidade. Ao contrário de que gente que ganha dinheiro em cima da ignorância adora dizer, o ser humano é muito mais justo e altruísta quando está no controle do seu processo intelectual. Países onde a educação é levada a sério são mais pacíficos e acolhedores do que os onde a mentalidade supersticiosa é mais comum!
Se você dá três pulinhos antes de ir para uma reunião de negócios, você não está ferindo ninguém, mas está perpetuando a ignorância seletiva que pode e é usada contra o desenvolvimento da sociedade humana. A “habilidade” de criar falsos positivos é uma falha do cérebro humano explorada à exaustão durante nossa história. Os rituais insanos de TODAS as religiões nada mais são do que reforço inconsciente de uma ideia de que você pode levar vantagem na vida fazendo coisas completamente irrelevantes e arbitrárias. Desmotiva a busca de relações racionais entre os acontecimentos e facilita o trabalho de quem quer enganá-las.
E ao agir dessa forma supersticiosa, você acaba reforçando em outras pessoas ao seu redor a validade dessa falha óbvia de compreensão da realidade. As pessoas se sentem mais à vontade para exibir sua ignorância como motivo de orgulho se tiverem acompanhantes igualmente ignorantes. Mentalidade de bando.
Além disso, como o ritual é arbitrário e depende quase que inteiramente da aleatoriedade (quando o efeito placebo não entra na equação), pode ser que as coisas funcionem de acordo com o esperado. Não existe relação de causa e efeito, mas se o efeito é percebido como positivo, a superstição ganha força. Quanto mais a pessoa acredita nessa baboseira, mais poder essa baboseira tem sobre a vida dela!
O ritual criado para ajudar numa tarefa não tem função direta no sucesso dela, mas o efeito placebo pode funcionar ao contrário: Se a pessoa não consegue ou não pode fazer seu ritual, pode acabar se saindo mal no que pretende mesmo tendo todo o potencial para fazer tudo da forma certa. Ao delegar ao acaso as suas chances de sucesso, suas habilidades começam a contar cada vez menos, e a motivação para aperfeiçoamento pessoal acaba diminuindo.
Se der certo, foi o ritual. Se deu errado, o ritual não estava certo. Não tem espaço para responsabilidade pessoal nessa situação… Isso pode ser reconfortante para covardes, mas mesmo assim não compensa a escolha da ignorância e suas consequências.
Placebo não substitui o remédio. E quem escolhe a ignorância acaba definido por ela…
Para dizer acredita no que te aliviar de qualquer responsabilidade, para me fazer rir descrevendo seus rituais ridículos, ou mesmo para dizer que o ignorante nunca sabe que é ignorante: somir@desfavor.com
SALLY
Manter um ritual esporádico que supostamente te traz sorte ou confiança é ignorância?
Não acho, sendo algo pequeno, que não determine a vida da pessoa, e trazendo conforto, eu sou favorável. O grande problema são rituais que escravizam, que a pessoa faz por medo, porque se não fizer acredita que coisas horríveis lhe aconteçam. Um ritual que dê prazer, que seja feito com carinho, com gosto só gera coisas boas.
“Mas Sally, isso é uma ignorância, o efeito é meramente psicológico, a pessoa está se enganando, nada disso é real e bla, blá, blá”. Ok, mas se o resultado final é positivo, se isso melhora a vida da pessoa, pouco me importa se é real ou não. O problema são coisas que além de não serem reais soterram a pessoa em ignorância, impedindo sua capacidade de raciocínio e questionamento.
Algumas vezes (mais do que gostaria) eu me irrito durante o dia. Quando isso acontece, quase que involuntariamente eu respiro fundo algumas vezes para tentar me acalmar. Isso pode ser considerado um ritual que me acalma e me ajuda a não perder a cabeça e não tem nada. Este ritual tem até explicação científica, que eu só vim a descobrir muitos anos depois de coloca-lo em prática: respirando fundo desaceleramos os batimentos cardíacos e isso ajuda a controlar o estresse do corpo. Então, dá licença, nem todo ritual pessoal é ignorância, muitos inclusive tem seus benefícios explicados pela ciência. Muitos rituais acalmam a pessoa fisicamente.
Mas mesmo que não exista explicação científica, se os rituais atendem às necessidades da pessoa sem minar seu questionamento ou livre arbítrio, não vejo qualquer problema. É uma muleta? Talvez, mas quem nunca? Fumar é uma muleta que serve para acalmar a pessoa ou para melhorar sua concentração, só que causa câncer. Gostando ou não da ideia, todos nós temos rituais pessoais, ainda que muito discretos. Vamos dar preferência a aqueles que não nos matam, que tal? Pense na ideia com carinho, Somir.
Para quem possa estar achando que um pequeno ritual pessoal causa ignorância e retrocesso social, gostaria de lembrar que muitas vezes a pessoa SABE que não existe nada de mágico no ato praticado, apenas o pratica porque ajuda a manter a calma. Por exemplo, uma pessoa que usa sua “caneta da sorte” para fazer provas de concurso. É evidente que ela não acha que Jesus Cristo está na caneta, nem que vai psicografar as respostas encarnando um espírito notável. É apenas uma CANETA DE ESTIMAÇÃO. Só isso. Gera conforto, bem estar e passa longe de misticismo e emburrecimento.
Ser dar três pulinhos antes de sair de casa deixa a pessoa mais confiante e feliz para encarar o seu dia, quem sou eu para recriminar? Não altera a rotina de vida da pessoa, não mexe com sua conta bancária, não gera nenhuma restrição e certamente não causa câncer. Apenas o benefício de uma postura mais confiante. Todos nós temos momentos de fraqueza onde nos sentimos tentados a recorrer a qualquer tipo de ajuda (não necessariamente religiosa). Vamos parar de bancar os fodões aqui. Todo mundo precisa em determinadas situações, de uma forcinha. Pode ser ligar para uma amiga para que ela te tranquilize, pode ser usar um amuleto de sorte, pode ser acender uma vela. Pode ser qualquer merda, se não travar e limitar sua vida, não há prejuízo.
Assim como torcedores tem rituais durante os jogos dos seus times e não fazem disso nada “divino”, pessoas tem pequenos rituais em situações do dia a dia e nem por isso passam atestado de ignorância ou religiosidade. Muitas o fazem para buscar forças dentro delas mesmos e eu acho isso muito bonito. Quando o ritual serve à pessoa é bacana, quando a pessoa passa a servir ao ritual é ignorância e desfavor. Justamente por isso quando os rituais deixam de ser esporádicos e passam a ser frequentes e obrigatórios, escravizando a pessoa, ganham o nome de Transtorno Obsessivo Compulsivo.
O que a Madame aí de cima não consegue distinguir é que nem todo ritual escraviza, nem todo ritual cria dependência. Alguns apenas acrescentam um tanto de bem estar, porém as pessoas seriam perfeitamente capazes de vencer seus obstáculos sem eles. São apenas facilitadores e não viabilizadores. Podem praticados por pessoas plenamente conscientes de que não estão operando mágica, cujo único benefício é um conforto temporário mais pela própria execução do ritual em si, dos atos que o compõe, do que pelos efeitos místicos que ele poderia ter.
A prática esporádica de um ritual não quer dizer que necessariamente a pessoa se torne dependente dele nem recorra a ele em toda e qualquer situação difícil da sua vida. Não vejamos coisas onde elas não existem. A prática esporádica de um ritual é apenas a prática esporádica de um ritual, sem tanta problematização. Você deve ter o seu ritual pessoal, ainda que nunca tenha percebido. É HUMANO. Só que alguns mais comuns e por isso nem soam como rituais, como por exemplo vestir uma camisa do time no dia do jogo do seu time, e justamente por isso são mais bem aceitos. Porém não deixam de ser rituais.
Este texto é pelo sagrado direito da pessoa de praticar o ritual que quiser sem ser taxada de ignorante, e não apenas aqueles que são socialmente aceitáveis, que não deixam de ser rituais mas estão camuflados de “hábitos”. A pessoa que quer tomar um banho de sal grosso não é diferente da pessoa que coloca uma nota de um dólar debaixo do prato de massa no dia 29 ou da pessoa que carrega um trevo de quatro folhas na carteira. Cada um sabe de si e faz o ritual que lhe atender melhor, que lhe trouxer paz de espírito e bem estar, contanto que não fique escravo e dependente disso.
Ponha a mão na consciência: vai dizer que você não tem nenhum ritual… nunca? Na hora de comer, na hora de escovar os dentes, na hora de dormir? Aposto que tem. Combater com tanto medo pequenos rituais parece coisa de quem tem medo de ficar viciado neles. Eu não tenho medo de praticar pequenos rituais e disso comprometer meu intelecto. E você? Ignorância é se privar de algo que melhora sua qualidade de vida, sendo real ou não, sem te prejudicar.
Bom… e de novo fico com a Sally!
Somir, só um adendo em relação a teu texto se me permite discordar de ti em alguns pontos: Ok, placebo não substitui remédio. Mas a impressão que tu me passou no texto foi de que é totalmente céptico e não acredita em absolutamente nada que não se prove veridicamente através da razão.
Bom, só acrescento no caso que: em um mundo dito “pós-moderno” onde as incertezas da vida (incluo também a busca por respostas que a razão humana não pode dar) assolam a angústia do ser humano, bem como do seu modus vivendis perante o todo, há que se considerar, de alguma forma, uma válvula de escape. Não importa no que! Cada um acredita no que quiser, não falo só no sentido religioso, ou ritualistico, mas o ser humano TEM essa necessidade de se “resguardar” em alguma coisa como forma de “suprir” mesmo que temporáriamente a angústia que assola sua existência. E ok, tu pode contra argumentar comigo de que quem sente essa angústia é gente fraca, sem ter louça pra lavar, busquem conhecimento cada vez mais etc etc… mas é fato vero! De um jeito ou de outro, e, em algum momento senti[ria]mos isso!
Bom, a partir disso creio que o [f]ato de acreditar em algo, e mesmo praticar, não é sinal de ignorância. O texto no caso falou de “ritual”, mas vejamos alguns outros exemplos: Eu mesmo medito, uso homeopatia, faço acupuntura, pratico reiki, tai chi às vezes… ok ok, isso não é religião, tampouco um ritual, mas é quase comparado à um, porque não? E se isso me faz bem, e eu acredito que isso traz resultados positivos em minha vida, porque não? Isso quer dizer que sou ignorante por acreditar/fazer coisas que penso que me trazem o bem?
Outro exemplo: na época do conservatório tinham uns malucos colegas meus que acreditavam que a música podia curar e tals, elevar a alma em outro plano e meia duzia de baboseiras… (off pra um colega meu que se graduou em música e ta fazendo pós em musicoterapia! hehe) Bom, eu não acredito mto nisso, mas de alguma forma tenho que ser sincero e confessar que a música me faz bem! Tocar piano me faz relaxar, me faz um ser humano melhor… Mas ok, o que quero dizer é: e se o cara fosse loucão e resolvesse sei lá… montar uma religião baseada em música? quer dizer… a música seria a salvação, elevaria teu espírito bla bla bla?
Como um “ser humano” pode compartilhar com isso? Que tipo de ritual, crença, sei lá que nome tem isso pode fazer algo de bom pra alguém? Torturando criança? Baseado em que eles fazem isso… deve ser no”além da ignorância humana”… Será que existe algum deus, na face desse mundo… que gosta de ver uma criança torturada, e oferecida em sacrifício?
Primeiro que não é compartilhar, é COMPACTUAR.
Segundo que nem sempre rituais envolvem crimes ou atividades religiosas. Rezar antes de dormir, por exemplo, é um ritual.
Eu faço milhares de pequenos de rituais todos os dias, uns que sei que são bem idiotas. Não sei se isso chega a ser TOC, porque quando esqueço de fazê-los, não acho que vou morrer, nem culpo alguma coisa ruim que aconteceu por ter esquecido.
Diana, quem tem TOC não esquece de fazer, sente um profundo mal estar se não os faz…
Foi por isso que eu disse que não sei se chega a ser TOC, porque não acho que vou morrer se não fizer, mas me sinto bem fazendo…
Enfim, Somir pode me achar uma ignorante: seguirei com meus rituais.
Se te serve de consolo, Somir acha basicamente que todo mundo é ignorante
Hahahahahahahahaha, obrigada Sally! Como já combinamos, é uma Grace Kelly mesmo…
Tenho a impressão de que enquanto o Somir falou de rituais com fundo místico/religioso, a Sally tratou de rituais num sentido mais amplo, mas pode ser falha de interpretação minha.
Em todo caso, concordo com o Somir quando ele diz que magia não existe e é ignorância sim acreditar nela. Mas como colocado pela Sally existem sim alguns rituais, como respirar fundo pra se acalmar, listar o que tem pra fazer no outro dia, como disseram, que são válidos. Mas aí já não se trata de nenhuma mágica…
Usemos como exemplo roupa branca no ano novo. Muita gente faz porque é costume, muita gente faz porque acha que vai trazer paz ao mundo, muita gente faz porque acha que vai ter um ano melhor. Eu não acho nenhum deles ignorantes.
Ignorante é quem NÃO QUER usar roupa branca naquele dia mas usa com medo que algo terrível lhe aconteça por não estar de branco!
No caso da roupa branca na virada do ano, acho ignorância quem não quer usar e usa com medo de conseqüências ruins e quem usa achando que magicamente traz algum beneficio.
Eu também. Mas quem usa porque se sente bem e acha que de alguma forma pode contribuir para seu ano fluir melhor (diferente de esperar resultados mágicos) eu super entendo
Tenho a impressão de que enquanto o Somir falou de rituais com fundo místico/religioso, a Sally tratou de rituais num sentido mais amplo, mas pode ser falha de interpretação minha.
Toda vez que tento comentar pelo celular acontece algum erro idiota! Foi mal pelo comentário metade repetido…
Não esquecendo os clássicos rituais de ano-novo…Quem nunca? Todo ano aprendo um novo…
Pois é, ninguém usa branco no ano novo esperando ficar rico nem nada, é apenas algo que se acredita que possa de alguma forma que não se sabe bem como melhorar sua vida
Se o Somir nao acredita em rituais de sorte, pq entao usar a mesma camisa qndo o curintia joga ou achar q qndo alguem chega no local e bate a porta faz o adversario marcar gol?
Olha, por mais que esse argumento me favoreça, tenho que ser honesta: eu não acho que isso seja superstição. Ele sabe muito bem que isso não vai contribuir para a vitória do time, ele é racional o bastante para isso. Ele fica puto porque algo saiu do script de como ELE havia planejado. Siago Tomir tem disso: ELE pode mudar de planos em um piscar de olhos e todo mundo tem que aceitar, mas se alguém vai e muda os planos sem consultá-lo ele fica putíssimo. É um maníaco por controle.
Cruzes… Somir pode até não se achar ignorante por não usar rituais, mas acha que pode controlar o mundo? Ok… idiota é quem faz ritual…
Ok, mas a palavra “ritual” empregada aqui significa uma simples repetição de atos (que podem ser muitas vezes insconscientes), ou com algum contexto religioso/esotérico?
Estou confusa, o que algumas pessoas listaram aqui como “ritual” pra mim passa mais perto de manias ou atividades destinadas a extravasar ansiedade/nervosismo, porém com uma óbvia relação de causa-consequência.
Não necessariamente religioso ou exotérico. Algo que ajude a pessoa a se sentir melhor.
Já fui bem supersticiosa. Não do tipo TOC mas já cheguei a fazer muitas coisas ridículas por pura crença/superstição. Hoje em dia me livrei de tudo aquilo e me acho uma pateta qdo me lembro daqueles “rituaizinhos”.
Engraçado foi meu filho mais velho dia desses: começou a andar com um bonequinho de latão que um amiguinho deu pra ele, pegou um cordão, enganchou o tal bonequinho e botou no pescoço. Disse que era o seu “bonequinho da sorte” pq desde que o ganhou sempre aconteciam coisas legais com ele. Durou uns 2 dias com aquele treco no pescoço pq aconteceram umas coisas não muito agradáveis com ele qdo estava com o bonequinho da sorte (caiu no pátio da escola, perdeu 3 gols no futebol e rasgou o tênis), então ele sozinho chegou à conclusão de que essas merdas não funcionam. Se um menino de 8 anos consegue concluir isso, qualquer outra pessoa adulta com um pouco de força de vontadetb consegue.
Mas não é uma questão de trazer sorte, ou de esperar um milagre ou uma melhora de vida vinculada a um objeto. É questão da pessoa se sentir mais segura e confiante com isso. Por exemplo, adeptos do candomblé vestem branco na sexta-feira. Ninguém espera ganhar na loteria por causa disso, apenas o fazem por achar que assim se harmonizam melhor com seu Orixá.
Se o ritual ou “amuleto da sorte/proteção/whatever” está vinculado com alguma religião, eu acho menos idiota. Digamos que seja um ritual com “conteúdo”, tem a ver com o respeito pela religião e fé na mesma. Faz parte de um contexto, de uma história e do dia-a-dia da pessoa. Eu não considero superstição, assim como certos rituais de relaxamento tb não (respirar fundo, meditar, contar até 100 pra se acalmar, etc.). Pra mim idiota é não passar debaixo de escada, odiar gatos pretos por acreditar que eles dão azar, não pronunciar nunca a palavra “azar”, ter pânico de sexta-feira 13, e outras coisas que a pessoa nem se deu o trabalho de pesquisar pra saber o porquê de estar fazendo todas essas besteiras.
Branco no ano novo, você acha o que?
Eu acho um costume bobo pq a grande maioria do povo que usa branco no reveillon nem sabe o porquê. As pessoas fazem isso por costume, vão no oba-oba, “ouvem falar” que usar branco traz sorte e “vibrações positivas”. No caso do Brasil já virou tradição mas se não me engano o costume de usar branco no reveillon vem do candomblé, não é? Bom, não importa de onde vem. O que importa é quebrar costumes idiotas e qdo a gente fa
Vou esperar você acabar para responder…
Eu acho um costume bobo pq a grande maioria do povo que usa branco no reveillon nem sabe o porquê. As pessoas fazem isso por costume, vão no oba-oba, “ouvem falar” que usar branco traz sorte e “vibrações positivas”. No caso do Brasil já virou tradição mas se não me engano o costume de usar branco no reveillon vem do candomblé, não é? Bom, não importa de onde vem. O que importa é quebrar costumes idiotas e qdo a gente faz isso uma vez e se “liberta”, nunca mais a gente consegue se apegar a uma coisa inútil dessas de novo. Digo isso por experiência própria pq como já falei eu era cheia de superstições e fui acabando com todas elas, uma por uma.
Ligia, quando a pessoa está escravizada pelo costume eu concordo com você, tem mais é que quebrá-lo, porque ser dependente de qualquer coisa é sempre muito ruim. Mas acho que existem pessoas que fazem bom uso de superstições e rituais, coisas que não as escravizam e ao mesmo tempo as ajudam a viver melhor.
Se realmente essas pessoas não se sentem escravizadas e não limitam certos aspectos da vida por causa de superstições, beleza. Até porque, caso contrário, estaríamos falando de algum caso sério de TOC, como o Roberto Carlos que era (ou ainda é?) cheio de frescuras e manias idiotas. Eu ainda acho mais legal tentar quebrar certas barreiras e ir eliminando pouco a pouco as “muletas emocionais”.
Se considerarmos pequenas manias diárias como rituais, então todos, num maior ou menor grau, praticamos. Não sirvo a comida assim, ou assado, não visto isso ou aquilo em determinados dias. Ninguém está livre!! Claro que pode ser um sinal de TOC que preferimos disfarçar de outra coisa…hehehehehe.
Acho que o que diferencia é o fato do ritual te trazer um conforto quando praticado e um desconforto quando não praticado.
Mas então estaremos falando de manias e não de rituais supersticiosos, não é? Acho que o diferencial então é ter algo de religioso ou “mágico” envolvido. Respirar fundo pra se acalmar não tem nada a ver com superstição mas não deixar o chinelo virado pra baixo sim.
Depende do uso que você faz disso. Na sua opinião, rituais de torcedores que não lavam camisa ou que vestem a mesma cueca em dia de jogo seriam supersticiosos?
Sim! Supersticiosos e imundos, hahaha.
Não poderia deixar de concordar com a Sally, até pq sou cheia de rituais, desses para ME acalmar. E sim, nada haver com religião.
Nem sempre a pessoa necessariamente acredita em algo paranormal ou mágico, a mera repetição de um ato acalma.
Até pq a vida está estressante demais. Ter estratégias, cartas na manga para vc lançar mão em momentos limites e se fazer mais calma, mais centrada… Uma das coisas que consegui fazer foi parar de levar preocupações pra cama. Antes de tomar banho faço um check list e faço o comando mental de que agora é hora de dormir, amanha eu me preocupo com o que tenho pra fazer… Meu sono melhorou muuuuiiito.
Até nosso somos parecidas! Antes de deitar eu faço uma lista ESCRITA de tudo que tenho que fazer no dia seguinte. Isso me alivia, é como se eu fosse dormir sem a preocupação de ter que lembrar tudo que tenho que fazer no dia seguinte, porque está tudo anotado. É como se tirasse essas tarefas da minha cabeça e as deixasse no papel.
Nestas anotaçoes de tarefas que voce precisa fazer para dia seguinte, eventualmente tambem é anotado um problema que voce precisa resolver e voce nen sequer sabe por onde começar.
Eu nao sei porque e nen como isso aconteçe, mais quando voce desperta do sono, a soluçao para problema cabeludo imediadamente surge na sua cabeça.
Nunca tinha pensado nisso! Vou tentar!
Vez fiz um curso de controle da mente e ensinavam isso la. Diziam q nosso subconsciente trabalha Durante osono e resolve nossas pendencias.
Muito bom saber! Vou tentar usar isso a meu favor!
Uma época era comum eu acordar no meio da noite, anotar uma ideia boa num caderno na mesa de cabeceira e voltar a dormir. Resolvi muitos problemas assim.
Bom saber!
Eu fazia isso qdo estava escrevendo meu tcc… tinha uma ideia genial de madrugada, acordava, ia lá e anotava… e olha… diria que resultou bem viu? Dada a nota linda que tirei… hehe
Isso é verdade! Enquanto dormimos, nosso cérebro organiza melhor nossas ideias. É como fazer uma desfragmentação de disco no computador. Quando tenho que tomar decisões importantes, deixo para tomá-las depois de dormir. Como disse o Novato, quando tento resolver um problema, muitas vezes a solução só aparece depois de uma noite bem dormida.
O problema é a tal da ansiedade! Muitas pessoas não sabem como controlá-la! Daí perdem noites a fio por causa dela…
Sério? HAHAHAHA
E Novato, isso já aconteceu comigo. E tb já consegui me desligar de uma situação em que a pessoa veio com um assunto chato pacarái, e eu pensei “Ah, não! Agora não! Amanha, amanha eu penso nisso.” e no dia seguinte acordei, lembrei, não me estressei e sim, com a resolução!
Se um pessoa chega para voce com um assunto chato pacarai vc nao precisa usar a sua mente para se livrar do assunto nao.
Para isso tem uma quantidade de opções, varias, mais vou dizer somente uma.
Tente começar a cantar.
HAHAHAHAHAHA…
Só uma dúvida: e as superstições do Somir em dia de jogo do Corinthians, como ficam? Não esqueço aquele texto em que a Sally o denuncia e alega, ainda, ter ganhado até passe livre com o cartão dele…
Não sei se seria bem superstições, acho que são mais rituais de torcedor. Na superstição a pessoa se sente melhor consigo mesma com o ritual, no caso do futebol é uma mera repetição de atos que trariam sorte para o time ganhar. Sei lá…acho um pouco diferente.
Você falou que é repetição de atos que supostamente trariam SORTE ao time, então acho que os rituais de torcedor e a superstição individual são a mesma coisa.
OU SEJA, quem é Somir pra falar mal? Haha!
Eu nem encaro como uma superstição, mas em todo caso, como o argumento me favorece… hahaha
Tenho algumas manias.
Pensar em coisas boas no trajeto do serviço.
Refletir antes de dormir, vendo os progressos que tive.
Dizer boas coisas para mim mesma.
Não cultivar nada que seja negativo.
Uma coisa digo não me atrapalha em nada essas coisinhas.
Para Siago Tomir, são muletas sociais que alimentam a ignorância. Porque andar com o Alicate ok, mas pensar em coisas boas é ignorância… aff
E cadê as histórias do resto do bando do Somir?
Só porque você pediu esta semana eu posto um Siago Tomir…
Não faço ideia do que pensar, vou ter que analisar mais um pouco…
Ok
sabia que meus textos dariam pano pra manga, somir me deve umas cervejas…..
eu já participei de ritualísticas e devo discordar da sally, pois o negócio é rotineiro e acaba escravizando….
bom, pelo menos quando você faz parte de um culto religioso, o negócio é 8 ou 80, ou você embarca de vez na ideia ou melhor não seguir…. fazer as coisas pela metade é hipocrisia….
não sou contra as pessoas seguirem suas religioes fervorosamente, mas sou contra quando isso começa a atrapalhar a vida de outras pessoas……
por outro lado, ter algumas ritualisticas pessoais, sem o compromisso de cumprir uma missão maior, aí sim concordo com a sally….
o objetivo do ritual não é apenas o resultado, mas sim a satisfação de ver uma determinada situação por um ponto de vista diferenciado…..
neste ponto ir a escola, ao trabalho, fazer exercícios ou manter qualquer tipo de rotina pode se tornar um ritual…… quem tem TOC que o diga…..
com relação à superstição, nem mesmo estudos místicos “sérios” aprovam esse tipo de atitude……
Chester, o ritual só escraviza quem se deixa escravizar por ele. Eu também já participei e não me senti atrelada nem compelida a repeitr.
E a camisa da sorte do coringão? E não deixar a Sally entrar em casa no horário do jogo? E não jogar fora o cobertor fofinho?
Cobertor fofinho era apego mesmo, ele gostava daquela merda e pronto.
No caso do futebol, acho que era mais para ter alguém para culpar. Siago Tomir não gosta quando as coisas não saem do jeito exato que ele planejou. Tire algo do script e ele fica puto.
Isso meio que me parece coisa de menino mimado! Eu confesso que também adoro planejar racionalmente, esquematizar tudo! Tudo o que vou fazer tem uma listinha, cronogramas etc etc. Mas tem que saber lidar com as inconstâncias da vida quando elas surgem! Aceitar que não deu do jeito que eu queria e seguir em frente! E, mais ainda, não ficar puto com isso nem deixar a ansiedade/depressão tomar conta!
Aliás, até hoje tenho aprendido essa lição num sentido amplo da coisa…