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Des Contos: [confidencial]

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confidencial-003

Arquivo 0982-030-K | Nível 5

Classe: Vermelho Beta.

Conteúdo: Arquivo digital de texto contendo a transcrição parcial de 1 (uma) carta datilografada do escritório de [confidencial], datada e assinada. O material original encontra-se arquivado no Depósito 12 do Complexo[confidencial].

Descrição: A carta contém um relatório sobre um suposto “Experimento 45” (codinome)*, realizado pela [confidencial]* sob encomenda da [confidencial]*. Datação do texto condiz com resultados de laboratório arquivados como 0982-031-EX. Veracidade do conteúdo em disputa. Transcrição completa disponível apenas para Nível de Segurança 7 ou superior.

*Informações apuradas pela Inteligência e arquivadas sob o código 0982-064-IN.

Status: Coleção Completa | Disputado | Fechado

Transcrição parcial da carta:

[confidencial], 14 de Novembro de 1946.

Caro [confidencial],

Se esta carta chegar às suas mo… mãos por qualquer outro meio que não a entrega em mãos pelo Soldado [confidencial], considere o experimento finalizado e inicie o Protocolo de Descontaminação imediatamente.

Perdoe-me qualquer erro de digitação, esta carta não posso passar pela seg… secretária. Apesar da promessa de mantermos contato apenas pelos meios seguros, tenho motivos para acreditar que possamos estar com as linhas de comunicação comprometidas por tempo indeterminado.

Os relatórios prévios sobre o experimento foram alterados logo após minha aprovação para envio. É de extrema importância que você saiba que obtivemos um retumbante sucesso com a ativação do material que nos foi entregue. Quaisquer relatos sobre fracassos ou atrasos são fabricações de quem quer que esteja sabotando nossa linha de comunicação.

Logo na primeira semana do expri… experimento fomos capazes de fornecer energia ao sistema primário de locomoção. Um pouco de criatividade de nossos engenheiros foi todo o necessário para encontrar os pontos condutivos na malha exposta na parte inferior do veículo. O pobre Soldado [confidencial] foi vitimado por um movimento brusco da máquina, ao contrário de um infeliz acidente com o guindaste como o relatório oficial disse. Descanse em paz, o coitado.

Pequenas cargas de energia elétrica já são o suficiente para iniciar todo o sistema de levitação. Encontramos a solução ideal usando duas pilhas pequenas retiradas de um rádio! Primeiro acreditamos que havia um sistema de or… armazenamento de energia interno, mas pelo visto a geringonça é extremamente eficiente na utilização de energia.

O mais difícil, para nossa surpresa, foi conseguir ligar os instrumentos encontrados na cabine. Não havia uma chave, botão ou alavanca à vista. Depois de alguns meses de tentativas frustradas, foi um funcionário da equipe de descontaminação que finalmente descobriu – en… embora despretensiosamente – como interagir com o painel: Padrões gestuais! Bastava um movimento circular parecido com o símbolo do infinito para acender luzes e exibir símbolos sobre a superfície do painel.

A partir daí, fizemos inúmeros experimentos tentando decifrar as funções de cada uma dessas marcas. A maioria se provou infrutífera até que conseguimos um especialista na antiga língua [confidencial]. Em poucos dias, ele foi capaz de apresentar traduções realmente boas sobre os símbolos. Nossos pilotos conseguiram guiar o veículo por alguns quilômetros tocando alguns símbolos e fazendo alguns gestos, mas sempre a pouca distância do chão.

Como suspeitado, é um veículo mut… muito rápido e ágil. E mais intrigante: Não parece emitir nenhuma força reconhecível, tanto pelos sentidos das testemunhas quanto pelos instrumentos. Pode-se guiá-lo por sobre a areia, a poucos centímetros do chão e sem mover sequer um grão! Imagine as possibilidades!

Há algumas dias atrás, iniciamos mais uma bateria de testes, utilizando três pilotos e uma nova série de gestos sugeridos por uma historiadora [confidencial] contratada recentemente. Seguimos todos os procedimentos de costume, preparamos a área de testes e entregamos o plano de vôo formulado pela equipe de análises.

Tudo começou como uma mera repetição de eventos anteriores, a máquina zuniu por alguns segundos, ergueu-se a pouco mais de meio metro do chão, começou a mudar suas cores para mimetizar o hangar e ficou completamente silenciosa. O contato com os pilotos foi interrompido, como habitual. Após uma leve oscilação de altura, começou a se mover em direção à saída.

Foi aí que aconteceu… Sem qualquer aviso, a máquina ergueu-se numa velocidade impressionante, atravessando o teto do ambiente como se fosse de papel! Houve um princípio de desabamento, alguns dos presentes acabaram feridos pelos destroços. Eu estava do lado de fora, na central de comando. Só pude ver a máquina desaparecendo céu acima, tornando-se azul como céu antes de sair completamente da nossa vista e até mesmo de nossos instrumentos.

Esperamos pelo retorno por várias horas. Nada. Nos dias seguintes nem mesmo os radares conseguiam algum sinal deles. Estávamos nos acostumando à ideia de termos perdido o objeto de nosso experimento e três bons homens até que recebemos um contato por rádio do Tenente [confidencial], a bordo do veículo. Ele relatava que tentara o contato desde que a máquina saiu de controle, mas só conseguira uma resposta naquele momento.

Segundo ele – que estava em boas condições de saúde assim como seus companhero… companheiros – estavam aparentemente dando voltas ao redor do planeta em altíssima velocidade. Relataram que demorava entre uma hora e uma hora meia entre avistarem o Pólo Norte e o Pólo Sul! Não pareciam preocupados ou mesmo enfraquecidos, contavam apenas as belezas de ver nosso azul planeta passando por seus olhos. Diziam também que bastava se sentar nas cadeiras da cabine para saciar sede ou fome.

O problema, [confidencial], é que eles não fz… fazem a menor ideia de como alterar seu curso ou mesmo mudar a velocidade. Nenhum dos gestos está funcionando, nem mesmo os que aparentavam funcionar em terra. Perdemos o contato com eles há alguns dias atrás. O General [confidencial] pareceu muito nervoso quando eu pedi autorização para utilizar outras torres de radar, internas ou externas, para tentar captar mais algum sinal.

Desde então, estamos todos presos dentro do centro de pesquisas, sem contato algum com o mundo externo. Isso gerou revolta e preocupação entre os cientistas e funcionários envolvidos no experimento. O Dr. [confidencial], um dos mais vocais nas reclamações, desapareceu ontem de noite, e ninguém nos diz o que aconteceu. Acabamos mais unidos por causa do medo. Numa conversa informal com o antigo responsável pelo envio dos relatórios, descobri que as informações sobre o que estava acontecendo estavam sendo alteradas ou mesmo suprimidas antes mesmo de serem enviadas.

Não sou inc… inocente ao ponto de achar que poderemos todos voltae às nossas vidas habituais depois do que vimos. Sempre soube disso, mas acreditei que valeria o risco. O que mais me preocupa neste momento é que um dos engenheiros me confidenciou que pelos cálculos dele, se o sistema está consumindo a energia das pilhas, pela velocidade média reportada pelos pilotos o veículo acabará caindo sobre a superfície em alguns meses.

Sem contar o perigo do experimento cair em outras mãos que não as nossas, ainda há o risco de casualidades caso se choque contra uma área residencial. Essa informação não foi reportada ao General [confidencial], e não será porque ele parece mais preocupado em esconder os rastros do fracasso da sua missão do que em apresentar informações úteis ao [confidencial].

Fizemos alguns cálculos, levando em consideração a trajetória reportada pelos pilotos. Há uma possibilidade de erro, evidente, mas até onde sabemos, o experimento se chocará contra o solo no começo do mês de Julho do ano vindouro, provavelmente nos arredores da cidade de [confidencial].

A estrutura se provou extremamente resistente segundo nossos testes, mas não o suficiente para resistir a uma queda direta. A cabine interna pareceu bem mais segura, mas ainda não sabemos se vai ser o suficiente para poupar as vidas dos pilotos. Por Deus, espero que sim.

A única forma de enviar esta carta foi por intermédio de um funcionário da [confidencial] infiltrado, aparentemente sem o conhecimento do General. Pelo o que ele me disse, … [trecho confidencial] … por favor, espero que isso não seja verdade, mas se for, que pelo menos protejam a minha família. É só isso que peço em troca dessas informações.

Obrigado,
[confidencial], Chefe do Departamento de Pesquisa do centro [confidencial] da [confidencial].

Fim da transcrição.

Para [confidencial], para [confidencial], ou mesmo para [confidencial]: somir@desfavor.com

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