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Desfavor Convidado: Desmagia Negra Parte 6

| Desfavor | | 9 comentários em Desfavor Convidado: Desmagia Negra Parte 6

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Desfavor Convidado é a coluna onde os impopulares ganham voz aqui na República Impopular. Se você quiser também ter seu texto publicado por aqui, basta enviar para desfavor@desfavor.com.
O Somir se reserva ao direito de implicar com os textos e não publicá-los. Sally promete interceder por vocês.

Desmagia Negra Parte 6 : Genesis (ou os filhos do Universo).

Em alguns momentos dos textos passados, vocês devem ter se perguntado: como é possível o ser humano ter poderes místicos? A resposta para esta pergunta é que, como somos filhos do Universo, nós herdamos certos dons considerados divinos. Neste ponto, precisamos relembrar como surgiu o Universo para entendermos melhor nossa condição humana/divina.

No início eram as “trevas”, pois por enquanto é impossível definir o que havia no espaço/tempo antes do Big Bang. Eis que, a partir de algum deslocamento eletromagnético, surgiu a primeira partícula cósmica. Após a primeira, outras foram surgindo, criando uma espécie de poeira cósmica que foi se adensando. Com a pressão exercida pelo volume desse adensamento, houve uma grande explosão e o Universo começou a expandir. Durante essa expansão, as partículas foram se adensado novamente, criando pequenas explosões e formando assim as estrelas, os planetas e tudo o mais.

Essa é uma explicação bem simplória para o nascimento do Universo, mas o fato é que aquela primeira partícula primordial foi impulsionada por uma força invisível e é essa força que podemos chamar de “Deus”. Se essa força possui explicação científica ou não, não faz diferença, pois ela continuará sendo a força criadora do Universo, continuará sendo Deus independente do nome ou explicação que derem ao fato. Sendo assim, não importa se acreditamos em Deus ou não, nem que nome damos a ele, pois é inegável que somos todos seus filhos: os filhos do Universo.

Por esse motivo, o Universo é chamado de Macrocosmo e possui leis físicas que são reproduzidas em diferentes escalas até chegar aos seres vivos, que são chamados de microcosmos. No Macrocosmo, os elementos menores são atraídos aos maiores, criando assim rotações e translações pelo espaço. No microcosmos acontece algo muito similar, mas ao invés de planetas e sóis, são moléculas que se ligam e se desligam conforme o poder eletromagnético dos elementos químicos. Esse princípio confirma a lei hermética de que “O que está em cima é como o que está embaixo. E o que está embaixo é como o que está em cima”.

Como podem notar, as explicações dadas pelas religiões são simbólicas. Sendo assim, seria muita ignorância de nossa parte acreditar literalmente no que está escrito na Bíblia ou em qualquer outra explicação sagrada, pois esses textos servem apenas para serem interpretados de acordo com a fé de cada um. Com esse conceito, ciência e religião são dois caminhos que se cruzam em vários momentos, já que boa parte da explicação científica vem de base mística. A grande diferença entre a ciência e o misticismo é que uma precisa ser provada para existir, a outra não.

Aqui encontramos um dos paradoxos da magia, se por um lado ela existe por sermos filhos do Universo e estarmos de acordo com as leis cósmicas, por outro tudo não passa de uma bobagem, já que todos os mistérios ocultos um dia terão explicação lógica; porém, a explicação lógica não nega o fato de que foi o Universo que criou as leis que possibilitam a nossa coexistência com o cosmos. Ou seja, é uma questão que nunca terá resposta, pois possui muitas vertentes envolvidas no assunto.

Pode parecer estranho esse negócio de que ciência e misticismo são linhas paralelas e não contraditórias, tanto que Somir e eu já perdemos noites nessa discussão, porém o verdadeiro magista procura sempre a verdade e nunca deve se prender à dogmas, preconceitos ou pseudociências. Tanto que a maior parte da magia é visualização e controle da mente e do corpo, mas parte também é auto sugestão e por isso a magia não pode ser medida ou comprovada pela ciência, pois cada pessoa tem uma percepção única de cada exercício, meditação ou experimento.

Se em qualquer momento você achar que misticismo não passa de uma bobagem, não siga adiante neste conhecimento a não ser por curiosidade. Aquele que acha que vai botar maldição em todo mundo ou que vai fazer pactos com demônios e coisas assim, também sugiro que não siga por este caminho. Agora, se você quer encontrar algo que te traga um certo benefício físico e mental, será muito bem vindo, pois quer queira, quer não, estudar a magia também é fazer exercícios físicos e mentais diariamente e para isso não há contra indicação.

Pois bem, vamos ao que interessa: visualizações e mentalizações criativas. Para um experimento de visualização, sugiro o seguinte. Vá ao seu Sanctum e faça o ritual de banimento já ensinado, sempre que fizer isso, imagine que está criando um campo de força que só você pode ver. Coloque no campo de força as melhores vibrações possíveis e comande que nenhuma energia negativa possa entrar, perturbar ou profanar aquele local. Dessa maneira você estará fortificando a proteção do Sanctum e ao mesmo tempo estimulando a visualização criativa.

Estimule a visualização criativa ao máximo, existem vários métodos para isso. Um outro experimento muito usual é tentar ver as auras das pessoas ao seu redor. Para isso, concentre-se na pessoa e evite piscar muito. Chegará um momento que você sentirá que aquela pessoa possui uma aura de determinada cor e logo estará visualizando essa aura ao redor dela. Como disse anteriormente, boa parte do lance é auto sugestão, mas é também uma forma de utilizar áreas do cérebro pouco exploradas, então aproveite.

Um outro experimento que posso dar é praticar a visualização em algo real, como o fogo. Para isso, acenda uma vela e olha atentamente para a chama. Novamente, evite piscar ate ver a aura do fogo, que é branca por natureza. Após ver essa aura, vá mudando ela de cor com a força do pensamento. Após conseguir, está na hora de avançar o nível e visualizar algo na chama. Quando me ensinaram, pediram para visualizar uma rosa desabrochando sobre uma cruz, mas vocês podem imaginar qualquer coisa. De início procure algo bem simples, como um cubo, uma bola, coisas assim. Após algumas tentativas você irá ver a coisa imaginada “nascer” da chama, isso significa que você está pronto para o próximo passo, que é a mentalização criativa.

Sendo assim, comece a se lembrar de seu passado. Comece pelo dia de ontem, lembrando em detalhes tudo o que fez, por mais fútil que seja. Lembre de um dia da semana passada, do ano passado, de cinco anos atrás, até chegar na lembrança mais antiga que possui. Chegando lá, tente se esforçar para lembrar antes, de quando você era bebê até chegar o período gestacional e até mesmo suas vidas passadas. Imagine sem preconceitos, restrições ou achando que está fazendo o exercício de maneira errada. Nada disso importa, o que interessa é explorar o processo de criação.

Após isso, é hora de estimular os sentidos através das lembranças, por exemplo, lembre-se de um dia que gostou muito. Imagine que você realmente voltou naquele local, primeiro como mero espectador, relembrando tudo o que aconteceu no dia. Depois como atuante na cena, criando coisas que não aconteceram naquela data, por exemplo, tenha conversas com as pessoas que estavam presentes naquele momento, mesmo com as mais desconhecidas. Ande pelo ambiente, toque-o, sinta o gosto das comidas se houver, enfim, coloque os cinco sentidos para trabalhar nesta lembrança. Chegará um momento em que você realmente começara a sentir as lembranças, se tocar algo áspero, sentirá as rugas nas pontas dos dedos; se comer algo doce, sentirá o adocicado na boca, se sentir o cheiro de flores, virá o odor suave da flor e etc.

Esse exercício vale também para o sentido contrário, ou seja, comece a imaginar seu futuro a partir do dia de amanhã. Avance dias, meses, anos, até chegar ao dia da sua morte. Nessa etapa, imagine como vai morrer e tente pensar no seu melhor amigo fazendo um discurso sobre você no dia do funeral. Imagine o que ele falaria de bom ou de ruim sobre a sua personalidade, seu passado, seus feitos, enfim, detalhe o máximo possível esse obituário.

Há mais exercícios que podem ser feitos, como tentar adivinhar as coisas que irão acontecer. Como sempre, inicie por coisas simples, como por exemplo, ao invés de ver as horas, concentre-se e tente adivinhar que horas são. O mesmo vale para quando o seu telefone tocar, tente adivinhar quem está ligando sem ver a BINA. Esses exercícios irão aflorar o seu sexto sentido, que alguns chamam de intuição, outros de bom senso. Conforme o tempo for passando, esse sexto sentido irá te alertar sobre o que deve ou não fazer. No meu caso, sempre acabo ignorando esses avisos e sempre me arrependendo amargamente.

Um outro exercício que posso passar e que foi sugerido pela Pamina é a energização das mãos. Esse exercício aprendi no Tai Chi Chuan e talvez tenha outras maneiras de fazê-lo, mas vamos lá. Primeiramente lave suas mãos e beba um copo de água pura, pois esse ritual simboliza a limpeza corporal interior e exterior (alias, podem fazer para todos os exercícios ensinados até agora). Nas aulas de Tai Chi, tomávamos chá preto antes e após as aulas, portanto faça o exercício na parte da manhã, pois se for fazer a noite, você corre o risco de perder o sono.

Vá para um local tranquilo e faça inspirações profundas, segure o ar por um tempo e solte-o lentamente. Como no Tai Chi Chuan trabalhamos o Chi (dãr), o foco da energização deve ser no plexo solar (ou Manipura). Esfregue as mãos e deixe uma em cima da outra, fazendo movimentos circulares, como se tivesse manipulando uma bola de pingue-pongue ou tênis. Canalize a energia do plexo solar até as mãos e continue o movimento circular, imaginando que uma bola de energia toma forma. Em determinado momento, você sentirá que as mãos estão quentes e formigando, quando isso acontecer, volte a sua respiração normal, porém com inspirações e expirações profundas. Comece a aumentar a bola de energia nas mãos, aumentando os movimentos circulares. Quando sentir que a energia está muito elevada, solte a bola como se fosse um hadouken e expire todo o ar do pulmão, segure um pouco e volte a inspirar. Faça o procedimento até que a energia de seu corpo volte ao normal e descanse.

Esse exercício pode ser feito duas ou três vezes por dia, com duração de 5 a 10 minutos. Evite mais do que isso ou não conseguirá dormir direito. Caso sinta que a energia acumulada não abandonou seu corpo completamente após o fim do exercício, fique descalço e pise na terra até que sua energia fique equilibrada novamente. Enfim, magia é basicamente isso: utilizar a consciência e a inconsciência ao seu favor. Se os magistas estiverem certos, ao fazer esses e outros exercícios regularmente você estará cada vez mais em harmonia com o Universo. Porém, é um caminho difícil e cheio de provações que exigirão da sua paciência e criatividade. No próximo texto explicarei mais sobre o equipamento básico que todo bom magista deve ter em mãos para enfrentar esses problemas.

Até lá!

Assinado: Chester

Comentários (9)

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