Partido para que te quero.

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Desfavor Convidado: Partido para que te quero.

Já parou pra pensar em todos os benefícios que o pluripartidarismo nos fornece? Segundo a Wikipédia, “Partido político é um grupo organizado, legalmente formado, com base em formas voluntárias de participação numa associação orientada para influenciar ou ocupar o poder político”, o que traduz bem o que na prática é tão difícil de se captar como não participante direto nisto. Mas estamos em ano de eleição e vou ao ponto do texto. Chega uma época do ano que as pessoas começam a se politizar nem que parcamente, mas o perigo é que muitas pessoas dão ênfase a esta parte do “parcamente”, o que via de regra, votar vira algo como “vestir a camisa” do partido, e votar em gente conhecida, seja do bairro, ou amizades, enfim, qualquer tipo de conhecimento direto, ou indicação. O problema é que muitas vezes as pessoas se identificam por “direita” e “esquerda” sem saber com certeza o que cada “ala política” significa e propõe, e isto vale nos dois sentido, tanto os pró-governo, como aqueles da oposição, que afirmam que o governo petista é uma porcaria por ser de esquerda.

Na verdade, o Brasil ano passado passou por um súbito processo de percepção que tanto nos falta representatividade, em que hoje os partidos não traduzem mais suas bandeiras. Podemos dizer que muitos partidos eram antigamente, ou melhor, em sua “reabertura” eram muito mais extremados como hoje. O próprio PT é um exemplo disto, que hoje se aconchega mais ao lado do centro do que a própria esquerda. De todo modo, o pluripartidarismo tem suas vantagens, em que qualquer ideologia pode ser encaixada ao redor de um partido, uma vez que existam lacunas para isto, e elas existem, um exemplo é o Partido Verde. Mas será que por tanto diluir as ideologias ao mesmo tempo que se criam coligações enormes, o sentido político de cada um destes partidos não perdeu um pouco de seu propósito? Ou será que é só uma “falta de polimento” nos ideais de cada um deles? Não acho sensato propor um número limitado de partidos, mas acho que seria mais honesto com a nossa democracia a possibilidade de se candidatar aos cargos políticos sem carregar bandeira política nenhuma. Digo isto pelo fato que não são todos os políticos que em suas mentalidades se atenham ao programa principal de cada partido bem como suas promessas eleitorais.

Penso que ao votar em pessoas sem partidos e sem coligações você mata dois males pela raiz, a contradição entre ações e bandeiras políticas, e acaba com estes casos famosos de pessoas que se elegem com pouquíssimos votos por causa das coligações. De todo modo, no Brasil, Direita e Esquerda acabaram virando clube de futebol. Não precisa ler filósofos ou cientistas sociais para formar sua opinião, basta aquilo que é formado pela TV e aquilo que melhor condiz com seus ideais econômicos. Não quero ser piegas, mas duvido que muita gente que bate no peito falando que é isto ou aquilo politicamente tenha se dado ao trabalho de ler textos básicos da teoria política moderna, não precisa ser algo atual, mas ler os principais textos de Marx, Durkheim e Engels já dão uma boa ajuda na decisão entre o que escolher politicamente. E mesmo querendo dar este puxãozinho de orelha nos eleitores incautos, eu penso que não é necessário ler estes textos, o que cria naturalmente um paradoxo. O ponto é que a política não deveria ser feita a partir de alas políticas como é feito hoje em dia no Brasil. Deveria ser feita a partir das ideias individuais de quem se propõe a ser eleito. Partidos deveriam ser procurados e recolher apenas quem realmente segue suas ideologias e cobre seus pensamentos, mas hoje se vê um esvaziamento neste processo, e para muitos, escolha de partidos é meramente uma escolha política e burocrática(se faz necessária segundo o TSE).

Amarrando tudo isto, afirmo que ao passo que há grandes amalgamações de “direita” e “esquerda” nos períodos eleitorais, os partidos perdem suas individualidades e seus personagens, pessoas disputando os cargos, não necessariamente se identificam ou praticam a agenda política de seus partidos. Para piorar ainda mais este processo, o brasileiro médio se divide fortemente entre direita e esquerda muitas vezes sem saber discernir a diferença entre estes blocos políticos. Enfim, são só pensamentos meus sobre o agir do brasileiro e o pensar do mesmo sobre eleições e afinidade política. O principal alvo deste texto é provocar a discussão sobre a necessidade ou não de se filiar politicamente, e se é realmente necessário liberar eleições sem partido.

No final das contas, pensando bem as ações em várias esferas políticas em que empossados agem de forma livre em oposição aos seus partidos, fica a pergunta: partido, para que te quero?

amk

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