Ninfomundo – Parte 1 de 2.

Para quem quer que esteja lendo, meu nome é Carlos Eduardo Antunes e este é o meu relato. Não sou um escritor nem nada, então espero que perdoem o texto pobre. Estou dentro de uma casa abandonada aproveitando os últimos raios de sol que passam pela janela. Lá fora eu ouço uivos e gemidos de algumas milhares de pessoas entregues a mais uma orgia pública.

Bom, não sei se um historiador ou algo do tipo vai ter a chance de ler isso, mas acho melhor começar do começo. Demorou para percebermos. Eu mesmo estava num bar com alguns amigos quando os primeiros sinais surgiram na minha cidade. Era uma sexta-feira, mais uma noite azarada com as mulheres. Não que eu seja de jogar fora, mas nunca fui do tipo conquistador. Meus amigos estavam se dando bem melhor.

Lembro vagamente de alguns boletins de notícia de tumultos na cidade, mas a TV local sempre voltava para algum canal musical. E francamente, eu estava mais interessado numa bela loira que ria com as amigas numa mesa próxima. Ela usava um vestido muito justo, com os seios quase saltando para fora. Claro, não era só eu que estava de olho nela, de cinco em cinco minutos algum homem debruçava-se sobre a mesa delas para tentar sua sorte.

Mas ela não dava trela para nenhum deles. Quando meu último amigo saiu da mesa acompanhado de uma mulher, enchi-me da coragem que só aqueles que não tem nada a perder conseguem ter. O não eu já tenho, não é mesmo? Levantei-me e segui confiante. Foi quando aconteceu: um homem visivelmente bêbado aproximou-se dela antes que eu pudesse chegar. Pior: ele tascou um beijo na moça. Ela reagiu mal, dando um barulhento tapa na cara dele.

O homem não desistiu. Colocou a mão dentro do decote dela! Ela berrou e foi prontamente acudida pelos seguranças. Enquanto o via ser arrastado aos berros para fora do bar, aproximei-me da mesa. Ela ainda estava com uma cara de poucos amigos, as amigas ao redor idem. Perguntei se estava tudo bem. Fui mandado para aquele lugar por uma das amigas… que logo me empurrou para longe.

Disse que só estava preocupado. Ouvi mais ofensas. Pensando bem, não era uma boa hora para me aproximar delas. Mas, o que eu não sabia era o que aquele bêbado abusado carregava consigo. A bela loira começou a mudar de expressão. Um sorriso claramente malicioso tomou conta de sua face. Ela se levantou e se aproximou de mim. Ainda confuso, tentei me desculpar mais uma vez.

Ela me beijou. Ali mesmo. E não foi um primeiro beijo tradicional. Sua língua procurava a minha com uma intensidade que até me deixou sem reação. Ela grudou o corpo ao meu, segurando-me com toda a força que tinha. A situação finalmente ficou clara para mim: era meu dia de sorte, no final das contas. Não me fiz de rogado e respondi seu ímpeto.

Quando eu tentei separar minha boca da dela para convidá-la para sair, ela prontamente me calou novamente com seus beijos. Suas mãos já estavam desfazendo meu cinto! Confesso que tanta volúpia estava me deixando mais assustado do que excitado, e digamos que eu não pude mostrar… o melhor de mim… quando ela num movimento só abaixou minhas calças e minha cueca.

Ela já estava ajoelhada na minha frente quando os seguranças vieram para nos convidar a nos retirar. Eu juro que ela rosnou para um deles, segurando meu membro em suas mãos como se fosse um cão esfomeado defendendo sua refeição. Com o uso de uma considerável força, os seguranças foram capazes de nos retirar dali. Fui levado primeiro por resistir menos.

Assim que saí, vi ela sendo empurrada para fora. Não tinha trocado uma palavra com ela até aquele momento… Ela tentou agarrar o segurança, na hora acreditei ser ainda um surto de raiva. Corri até ela e a imobilizei por trás. Ela se derreteu. Virou-se para mim e tascou-me mais um daqueles beijos desesperados. Com alguma dificuldade, carreguei-a até o estacionamento ao lado e finalmente pude deixá-la dar vazão a tudo o que queria fazer.

E como fez! De longe o melhor sexo da minha vida. No chão duro e molhado pela chuva, roupas rasgadas e raspando a cabeça num dos pneus de um carro estacionado ali. Mesmo assim, incomparável. Nunca havia me sentido tão desejado por qualquer mulher na minha vida! Ela acabou com todas minhas energias, acabei pegando no sono por lá mesmo.

Algumas horas mais tarde, me refiz. O sol começava a nascer. Infelizmente – ou felizmente agora que eu sei o que aconteceu – nem sinal dela. Minto, sua calcinha estava arremessada ao chão. Peguei-a como um souvenir, acreditando que ela havia deixado ali para mim. Como não morava muito longe do bar, tinha vindo a pé. Levantei-me, arrumei minhas roupas e segui rua abaixo.

Logo nos primeiros metros da minha caminhada, presenciei outro casal fazendo sexo dentro de um carro. Janelas abertas e gemidos altos o suficiente para acreditar que não ligavam nem um pouco de ter plateia. Observei um pouco, admito. Segui o meu caminho, e há uns dois quarteirões de minha casa, vi mais um casal numa exibição pública e explícita! Os dois estavam se agarrando, completamente nus, numa pequena praça. Apenas ri da indiscrição e completei meu caminho.

Em casa, decidi descansar um pouco, minhas costas estavam me matando. Só acordei no começo da tarde, com o som de sirenes nas ruas. Fui até a janela e vi vários carros de polícia atravessando a avenida do meu apartamento em direção ao centro da cidade. Liguei a TV para acompanhar se algo estava sendo noticiado.

Caos. Centenas de pessoas nuas faziam sexo ao ar livre numa grande praça central da cidade. Imaginei ser um protesto maluco, ou até mesmo uma dessas coisas que se combina pela internet. Mas era maior, era muito maior do que isso. As câmeras da TV mostravam uma imagem quase que totalmente borrada da montoeira de pessoas nuas correndo por todos os lados. Senti que algo estava estranho quando os policiais que tentavam separar a imensa orgia começavam a se despir e se unir ao grupo. Pouco tempo depois, uma das repórteres que estava ao vivo foi agarrada por um dos peladões. A imagem sumiu logo depois, voltando para um âncora estupefato.

Algum especialista – seja lá que especialista responde por orgias públicas – tentava explicar o acontecido sugerindo desde feromônios sexuais fora de controle até mesmo hipnose coletiva. Menos de quinze minutos depois, já não havia nenhuma câmera funcionando no local. Como não parecia violento e não estava muito longe, decidi ir ver ao vivo.

Assim que o elevador se abriu para mim, escutei gritos no corredor. Uma menina não muito mais velha que seus dez anos de idade chorava desesperada, correndo de um homem nu. Agarrei-a sem pestanejar e a coloquei para dentro do elevador. A porta se fechou a tempo de nos livrar do tarado. Perguntei a ela o que estava acontecendo, e ela me disse que seu padrasto apareceu nu em sua frente e tentou agarrá-la.

Ela havia escapado dele. Estava apenas esperando o elevador chegar para ligar para a polícia do saguão. Mas antes mesmo da porta se abrir, ela já estava abraçada a mim. Seu olhar havia mudado de pânico para algo mais terno. Seja lá o que aconteceu, atinge crianças de uma forma diferente… elas ficam carentes e extremamente obedientes. Acho que tem a ver com necessidade de aprovação. Talvez tudo isso tenha a ver com necessidade de aprovação.

Mas cá estou eu saindo do tema. A menina, chamada Paula, agarrou minha perna e ficou parada ali do meu lado com o rosto afundado em minha barriga. Na hora achei que era medo. Liguei para a polícia, todas os atendentes ocupados. Esperei por alguns minutos, segurando o elevador lá embaixo para evitar que o maluco descesse. A linha caiu. A garota me disse que sua mãe estava trabalhando perto do centro. Decidi que era melhor levá-la até a mãe.

Assim que passei pela porta frontal do edifício, que por sinal já estava sem nenhum dos seus porteiros, escutei um grito masculino vindo da escada. O tarado havia descido doze andares e começava a correr em nossa direção. Paula me apertou, amedrontada. Fechei a porta, prendendo-o para dentro. Ele continuava nu, berrando obscenidades e baforando de forma maníaca no vidro. Estranhei que ele não tenha tentado ir até o painel do porteiro para abrir a porta, mas aproveitei a oportunidade.

Pelo nome da empresa, eu soube me posicionar sobre o local onde a mãe da menina estava. Tinha que passar próximo da praça central. Pesei os prós e os contras de levar uma criança para perto daquilo tudo, mas não podia ficar com a menina o dia todo, ainda mais sem ter para onde ir. A rua estava relativamente vazia, diferentemente do habitual. Apenas alguns carros passavam, e pessoas quase não se via.

Paula se prendia a mim como um filhote assustado. Respondia a todas minhas perguntas da melhor forma que podia, mas parecia alheia ao mundo. Era como se só eu existisse. Também creditei isso ao trauma de ter sido quase abusada pelo padrasto. Estava me sentindo um herói naquele momento.

A sensação só aumentou quando avistamos um grupo de quatro homens se agarrando numa esquina. Eles começaram a se despir ali mesmo. Tive que tapar os olhos da menina e tentei atravessar para o outro lado da rua. Eles nos perceberam. Os quatro dispararam em nossa direção. Por sorte um deles estava com as calças arriadas e levou um tropeção logo no começo. Tentei acelerar o passo com ela, mas logo percebi que precisava carregá-la. Lá estava eu com uma menina de dez anos no colo, correndo desesperadamente de homens nus gritando o que pretendiam fazer com ela. E comigo. De nada adiantou berrar socorro e polícia no caminho.

Não sei se foi a adrenalina ou se eles se distraíram com alguma outra coisa, mas conseguir despistá-los poucos minutos depois. Esbaforido, tentei acalmar a menina. Desnecessário, ela me disse que não estava com medo porque eu estava lá para protegê-la. Quanto mais eu penso na forma como isso afeta as crianças, mais triste eu fico. Eu acordo todas as noites com pesadelos das coisas que eu vi…

As ruas próximas de onde morávamos eram mais residenciais, quando chegamos na parte mais comercial, foi surreal ver todas as lojas abertas e vazias. Vários carros parados em plena rua, portas abertas e chaves no contato. Às vezes víamos casais se agarrando dentro de alguns deles, mas logo percebi que na companhia do parceiro desejado, eles não prestam atenção nos arredores. À distância eu podia ver a praça central, várias pessoas andando em direção dela e uma mancha humana de sexo ao ar livre.

Pedi para Paula fechar os olhos e fui guiando-a por ruas paralelas. A sede da empresa onde sua mãe trabalhava ficava do outro lado da praça, teríamos que dar uma grande volta para evitar o aglomerado de pessoas. O problema é que estávamos encurralados. Aqueles homens finalmente nos encontraram. Para nossa sorte, nesse estado eles sempre fazem muito barulho e não controlam suas profanidades. Aos berros, eles anunciaram sua presença.

Eu não teria capacidade de enfrentá-los: quatro contra um. Decidi arriscar e entrar numa galeria de lojas que sabia sair numa rua paralela e normalmente mais deserta. Empurrei-a na frente e pedi para que corresse o mais rápido possível. Sem pestanejar, ela me obedeceu. Fiquei um pouco para trás e empurrei algumas bancas que ficavam nos corredores da galeria para fechar o caminho. Paula logo desapareceu da minha vista.

Pude ouvir os homens tentando derrubar as barracas enquanto apressava o passo para alcançar a menina. Eles ficam muito burros nesse estado. Podiam escalá-las ou mesmo retirá-las, mas batiam seus corpos nas estruturas metálicas como animais irracionais. Sorri ao ver que meu plano deu certo.

Até escutar o grito de Paula.

FINALIZA NA PARTE 2

Para dizer que tudo isso é uma putaria, para dizer que esse seria um ótimo filme que nunca pode ser filmado, ou mesmo para me mandar para um tratamento: somir@desfavor.com

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