De peito aberto.
| Desfavor | Ele disse, Ela disse | 48 comentários em De peito aberto.
Bebês não se prendem por convenções sociais. Quando tem fome, deixam claríssimo. Muitas mães acabam pressionadas na decisão de amamentar o filho em público ou não. Sally e Somir discordam sobre a decisão, os impopulares abrem o berreiro.
Tema de hoje: Uma mulher deve evitar amamentar em um local público?
SOMIR
Sim. Existem sim vários pontos discutíveis, principalmente com o grau de escrotidão médio de povos atrasados como o brasileiro, mas deixar pessoas imbecis passarem por cima da prioridade maior na sua vida? Acho se vender barato demais. Para uma mãe precisando amamentar o filho, todo o resto deve ser secundário. E o resto que adapte-se, afinal, ninguém é filho de chocadeira.
Pelo o que eu conheço da Sally, não vai ter nenhum argumento da parte dela discutindo se é ofensivo ou não. Eu sei no que discordamos. Mas mesmo assim, não custa falar dessa parte para quem estiver pensando em puxar a carta do “desconfortável” para quem vê. Peito já é uma coisa que deveria chocar quase ninguém no mundo de hoje, peito de mãe EM SERVIÇO então, deveria ser afastado completamente de qualquer presunção de exposição indevida ou sensualidade. Ainda tem gente que acha que um peito vai corromper a juventude, mas mesmo esses babacas tem que perceber o quanto de chão tem entre mostrar o peito e dar de mamar num lugar público.
Eu sei, tem sempre quem olhe. Vou ser escrotamente honesto aqui: homem costuma ter radar de peito. Se algum peito feminino pintar em qualquer área da sua visão a qualquer momento, o olho vai pra lá, muitas vezes o pescoço junto. Um homem com um mínimo de educação percebe o contexto automaticamente e volta a visão para onde ela estava originalmente. Alguns mais babacas continuam olhando, porque acreditam que aquele peito acaba de se tornar público. E sim, talvez em algumas situações, apareça algum filho da puta para fazer gracinha. Mas… pau no cu deles. Não é sobre os homens fazendo coisa errada, ou mesmo as mulheres igualmente babacas achando que tem que recriminar amamentação pública, é sobre resolver uma questão prática (alimentar o fedelho) e marcar uma posição nesse mundo.
Porque muitas vezes a postura pode interferir na reação pública. A mulher que acha que está fazendo algo horrível na rua vai passar uma imagem mais fragilizada, talvez se mantenha muito afastada de outras pessoas, não pareça alerta o suficiente… não estou culpando a vítima, mas muitos desses que fazem gracinha o fazem por achar que não vai ter reação alguma. Certeza da impunidade. Claro que não estou falando da mulher ser maluca e sair para baixar a porrada no cara, estou dizendo que a própria vergonha do ato cria por tabela uma oportunidade para quem só quer bater e sair.
E também tem a coisa de assumir o que está fazendo e não ficar muito longe dos outros. Porque por mais que tenham babacas nesse mundo, também tem gente com a cabeça no lugar. Gente que vai olhar feio pro cidadão olhando para os seios da mulher amamentando, gente que vai tirar satisfação, que vai confortar, que vai ajudar. Mãe é meio que uma unanimidade nesse mundo, a maioria de nós está programada para ser um pouco mais bacana com elas.
E, infelizmente, o mundo funciona com essas mudanças a conta-gotas. Tem países e cidades onde as mulheres estão tentando tirar de vez o status de “genitália extra” dos seios e liberar o topless feminino da mesma forma que sempre foi para o masculino. Não é esse o ponto brasileiro, ainda é um grau antes, o de entender que mulher não fica mais o tempo todo dentro de uma casa e que os bebês ainda precisam de alimento constantemente. Não precisa nem defender o “peito livre” ainda, só o “peito útil” está de bom tamanho. Uma etapa por vez.
Útil. Se bebê pudesse ser alimentado numa boa com uma barrinha de cereal, mulherada não tiraria o peito na rua de alegre, né? Não é questão de preguiça de achar outro lugar ou exibicionismo, é uma necessidade natural que ninguém tem problema de fazer em público: alimentar-se. Se pode comer o sanduíche na rua na frente de todo mundo, o bebê pode tomar leite na rua na frente de todo mundo. Tenhamos padrões! Alimentação é liberado. A mulher deve amamentar em público sim porque o inverso é aceitar essa “genitalização” do peito até no momento onde ele tem a verdadeira função dele em evidente demonstração!
Peito é pra isso mesmo. Azar de quem achar estranho. Mas, eu sei que muita gente vai procurar essa contradição: e se fosse mulher minha amamentando em público? Peito nesse contexto não tem nada a ver com o homem. Tira o bebê de lá e eu até consigo enxergar motivos de reclamação, mas com a criança mamando? O peito é uma entidade extra. Foi teleportado para uma dimensão não sexual. Mulher tem que ter direito e liberdade de fazer essa diferenciação clara funcionar na prática.
Sim, eu não sei exatamente onde o sapato aperta. Não estou acostumado a escutar gracinhas, nem a ser encarado de forma maníaca por estranhos. Mas, tem muita mulher no mesmo argumento que eu defendo hoje. Muita sacanagem punir a vítima. Mulher deve amamentar em público para que outras mulheres vejam e para que quem não é babaca tenha mais chance de policiar quem é. Quanto mais acontecer, mais liberdade para as próximas.
Para dizer que meu texto foi teta, para dizer que é engraçado ver homem falando do que não sabe, ou mesmo para dizer que vai peitar minha opinião: somir@desfavor.com
SALLY
Uma mulher deve evitar amamentar em um local público?
Em um país civilizado, decente, evoluído, evidente que não. É algo perfeitamente normal, pode e deve ser feito em qualquer lugar. Mas no Brasil? Sim, eu acho que SE puder evitar, sem qualquer prejuízo para ela e para seu bebê, deve fazê-lo, para se poupar. Infelizmente as coisas são como elas não e não como a gente gostaria que elas fossem.
Por mais que a pessoa esteja coberta de razão no que está fazendo, é prudente evitar situações de exposição, para se poupar do desgosto e asco que certos aborrecimentos e desrespeitos geram. Nem todo mundo tem maturidade para ver uma mulher amamentando. Triste? Tristíssimo, revoltante, indignante. Porém real.
Atenção: eu não disse que mulheres não podem amamentar em locais públicos. Eu disse que devem evitar SE for possível. A gente evita aquilo que é possível, aquilo que pode ser evitado. Não vai deixar um bebê passando fome só para não se expor. Mas, tendo a possibilidade de fazê-lo em um local privado, eu acho que é melhor.
Não entendo e não concordo essa postura de, só por estar com a razão, peitar a sociedade, quando a maior prejudicada é a pessoa que o faz. Se vai gerar sofrimento, constrangimento e revolta, mais fácil se poupar. Amamentar em público não vai mudar essa realidade, tanto que as mulheres o vêm fazendo por décadas e nada mudou, muito imbecil continua olhando com conotação sexual, faz comentários inapropriados, faz caras e bocas ou coisas ainda piors.
Muito bonito, muito bacana, admiro a disposição de quem ainda tem energia para peitar a sociedade, mas, sinceramente, acho uma perda de tempo. É como mulher que protesta mostrando os seios. Vem cá, elas acham que algum homem se incomoda ou vai deixar de ser machista por causa disso? Não, muito pelo contrário, os machistas vão adorar e fazer comentários ainda mais machistas. Estão alimentando e não combatendo. Não é assim que se combate.
“Mas eu não me importo, foda-se se estão olhando com esse olhar”. Beleza. Será que seu parceiro pensa o mesmo? Tem essa vertente ainda. Quando se está em um relacionamento monogâmico é de bom tom se colocar no lugar do parceiro para evitar situações que possam magoá-lo. Já pensou se cria uma situação na qual ele se aborrece e descamba para uma briga?
Não acho que tenha que mudar sua rotina por causa disso. Não acho que precise voltar para casa por ser hora de amamentar. Simplesmente, havendo a opção, buscar um lugar mais reservado para fazê-lo, para se poupar dessa situação que, por causa de um pessoal bem sem educação, pode se tornar desagradável.
Já vi mulheres sendo vítimas de comentários extremamente grosseiros e abusivos enquanto amamentavam e acho muito improvável que a pessoa não se incomode. É para se incomodar, tamanha falta de respeito é indignante. É muito legítimo se incomodar. Por que não, podendo, se poupar disso?
O fato de não aceitar sofrer restrições por causa da falta de noção alheia só prejudica a quem peita a sociedade. Um sem noção não se incomoda nem um pouco por continuar degradando uma mulher que está amamentando. Já uma mulher que é obrigada a ouvir impropérios despropositados não apenas deve ficar incomodada, como ainda não terá condições de reagir. Vai fazer o que, com um bebê no colo? Brigar? Xingar? Reclamar? Paz de espírito vale mais do que peitar idiotas. Peitar idiotas é dar-lhes uma importância que eles não tem.
Infelizmente, viver em um país machista implica em ter que fazer concessões e sacrifícios envolvendo liberdade pessoal em nome do bem estar. Para quem acha que “eles venceram” se uma mulher tiver que tomar o cuidado de não amamentar em público, eu respondo: eles venceram mais ainda se ela peitar, amamentar e ouvir um bando de desaforos. Eles sempre vencem, eles são maioria. Então, que vençam nos fazendo o mínimo mal possível.
Eu sei, dá raiva que esse tipo de gente sempre vença, no final das contas. Por isso gostamos de nos iludir e pensar que eventualmente nós vencemos com o “não se render e fazer mesmo assim”. Mas não é verdade, é uma ilusão. Amamentar em público e ouvir uma avalanche de desrespeito não é vencer. Esqueçam essa birra de não deixar que eles vençam, eles já venceram. Pessoas civilizadas tem que pensar é no seu bem estra em primeiro lugar, e não em peitar a sociedade.
Sem contar que envolver seu bebê em uma cantada baixo nível, em um desrespeito escroto, me parece o fim do mundo. Bebês podem não compreender português, mas eles tem algum tipo de percepção. Eles sentem, eles conseguem depreender algum grau de estresse da mãe. Custa tanto assim recorrer a algum espaço um pouco mais privado para preservar esse momento bacana de mãe e filho?
Prioridade: evitar aborrecimento. Fosse este um país decente, onde alguém que faz uma coisa dessas pudesse ser punido, eu entenderia a postura de se recusar a alterar sua rotina por causa de babacas. Mas não é. Fica tudo por isso mesmo, os babacas agem livremente e nunca dá em nada. Então, se expor a babaquice que vai ficar impune não é combater nada, é se agredir. Podendo escolher, acredito que o melhor para o bem estar da mãe e do bebê seja amamentar em um local reservado. Infelizmente.
Amamentar onde quiser, sem proibicoes; mas se puder evitar, melhor para todos. Entendi. Mas esse negocio de dizer que peito nao deve ser encarado como parte da trindade erótica é o mesmo que sair por ai com o traseiro de fora porque ele só serve mesmo é pra cagar.
Concordo com os pontos de vista. Infelizmente há pessoas que reagem de maneira desagradável a muitas situações. Mas confesso que às vezes se pode causar um certo embaraço: Ao ver uma mulher sacar “acintosamente” um peitão pra dar de mamar… pode dar vontade do cara mamar no outro peitão! E geralmente eles ficam “convidativos”. Tem gente que já iria pegar umas bolachinhas e tal… Já vi mulheres com tanta “naturalidade” ao amamentar, que o filho parou de mamar há horas e elas lá estão a bater papo com a têta de fora. Desse modo, me parece mais acertado as mamães se “protegerem” com uma fralda ao “sacar” e “guardar” o seio. De resto, uma criança mamando é uma cena linda. E se algum marmanjo ficar babando, mandar se lascar, procurar a mãe dele pra mamar!
Teoricamente deveria, mas na prática também acho melhor, se possível, procurar um lugar privado. Se uma mulher andando na rua de calça e camiseta já ouve merda do brasileiro médio, imagina uma com a teta de fora, ainda que para fins não sexuais.
Ao meu ver, não tem problema algum mulher dar de mamar em público. Ora, é preciso separar as coisas: Seio de fora para cumprir um papel de nutrir e alimentar é muito diferente de peito de fora pra se exibir. Se o bebê precisa, por mim pode dar de mamar à vontade que não tem problema algum. Seios são para alimentar uma criança, não apenas para provocar reações e exitações eróticas, a natureza da mulher é assim, quem tem que respeitar são os outros à volta dela, que têm de parar de ver indecência em tudo. A maldade tá no olho de quem vê, não no seio de quem amamenta. #prontofalei.
O problema é que essa maldade muitas vezes é externada na forma de desrespeito e afeta a mãe…
Ah não, né gente… podem me chamar de BM, de babaca, o que for, mas em público não. Nada de mamaço, nem de usar aquela fralda por cima da cabeça da criança que acaba chamando mais atenção. Procurem um canto. E não estou falando em sentido sexual, se eu visse uma mulher andando nua pela rua não me incomodaria, eu pensaria que ela pirou.
Totalmente desnecessário, já existe mamadeira a muito tempo. E nem venham com essa de que não pode dar leite de vaca para criança pequena que existe a bombinha para retirar leite materno, ou então dar aquele indicado para mães que não produzem leite. Se é tão natural assim também vou abaixar minha calça e dar uma cagada ali na rua, é normal sentir vontade.
Uma vez uma mulher foi fazer isso do meu lado no ônibus. O filho dela nem era tão pequeno e nem dava para reclamar, foi nojento. Outro dia ouvi uma história de que, toda manhã dentro de um ônibus, uma mulher dava de mamar a filha. E a menina já devia ter uns 2 anos. Lógico que todos os passageiros comentavam. Vai dizer que isso não é de propósito, todo dia, só pode gostar e querer aparecer. Dois anos já está muito grande para isso, pode usar mamadeira à vontade. Ou melhor, tomar café da manhã em casa. Sem essa de querer economizar, seja tempo ou dinheiro.
Por total desconhecimento do assunto, não sei opinar. Leite dado em mamadeira tem o mesmo efeito? Não gera prejuízo algum ao bebê?
Leite materno dura uns quinze dias no freezer. Retirado do fteezer, chega a durar um dia na geladeira. Logo, pode-se levá-lo numa frasqueira. O que é bom para escoar a produção de gente que põe o kid bengala no chinelo, evitando que o peito fique empedrado. Foi um estoque assim que permitiu horas a mais de sono nas infernais primeiras semanas (e meses) de maternidade, pois havia a alternância desse estoque com o peito…
Meus filhos e netos foram criados assim e são todos aparentemente normais. Mas sou suspeita, desde quando meu parâmetro de normalidade é referência?
Mas os valores nutricionais de um leite que foi congelado são bacanas? E alternar mamada com mamadeira afeta na relação da mãe com a criança?
Não deveria ter escolhido esse assunto, sou muito ignorante nele…
Não altera no quesito valor nutricional e hj há mamadeiras em que o bico funciona como seio da mãe. Aí não tem tanto risco do bebe desmamar.
Quanto à relação mãe e bebê, mais vale uma mamadeira dada com amor do que um peito sem amor, Sally. Amamentar não é um conto de fadas, muitas mães se frustram e se sentem culpadas por não conseguir dar de mamar pro filho. Exatamente por tb essa cobrança externa e interna.
Outra coisa. Há mães que se desesperam com a dificuldade inicial da amamentação (pouco leite e a cobrança de que o bebe TEM QUE estar engordando mais) e já partem pra mamadeira ou copinho com leite de lata.
Existe uma técnica quando o leite nao é o suficiente de vc colocar a suplementação do leite de lata por meio de uma sonda que a mãe introduz rente ao bico do seio no momento que está amamentando. Então o bebe mama e toma leite materno e de lata simultaneamente.. É muito trabalhoso pela questão da higiene, e sondas descartáveis… Mas tem a vantagem da mãe não perder o estimulo no seio, e assim, ela passar a produzir mais leite e depois passar a não usar mais a complementação.
Leites de lata são opção para mulheres que não conseguem amamentar. Há muitas mulheres que não vivem esse conto de fadas da amamentação com tanta facilidade. Umas por falta de informação, pois não são todas que conseguem por falta de leite, ou o próprio filho desmama rápido, outras por mães que realmente não querem amamentar, pq estraga os seios, pq dá trabalho amamentar.
O leite materno é absorvido mais rápido, então o bebe acorda e solicita mais mamadas. O leite de lata sacia mais, dá menos trabalho e são bebes que engordam mais. Não é o ideal, mas é uma opção, existem atualmente uma sorte de opções de leite de lata para recém nascido. Nutricionalmente falando, o ideal é o leite materno, principalmente as primeiras, pois o colostro é fundamental pra imunidade do bebê.
Quanto à mãe que amamenta o filho aos dois anos, é uma opção dela. O ideal é até os dois… Mas pode ser antes disso sem problemas, vai de cada um. Acho muito complicado julgar essa mãe do ônibus, pois realmente existem algumas crianças que dão trabalho pra desmamar, muito. E quem disse que essa criança não tomou café da manha? Tenho uma conhecida que sofreu muito para desmamar a filha, de passar vexame na rua. Pq chega num ponto que o bebe/criança já vai abrindo a roupa da mãe.
“Acho muito complicado julgar essa mãe do ônibus, pois realmente existem algumas crianças que dão trabalho pra desmamar, muito”.
Pois é, perfeita colocação, sobretudo por ter tido uma rede de apoio e uma logística com a qual boa parte das mães jamais sonhariam para lidar com as situações debatidas aqui. Não é tão simples quanto planejar para não cagar na casa dos outros…Mas isso já vai além do propósito da discussão.
Meio atrasada…
Ser proibida de amamentar, logicamente não. Mas se fosse filha minha, eu diria para evitar sempre que possível.
Porque uma coisa é o ideal, o peito utilitário, o poder andar num beco escuro pelada sem ser estuprada. Outra coisa é o real, o ser humano múltiplo e muito longe de ser racional.
Eu luto contra mim mesma, mas dou aquela olhada sim, me sinto constrangida quando a mulher saca o peitao pra fora e parafusa a criança. Imagina o bm da construção, do ônibus… Peito ainda faz parte da sexualidade sim. Colocamos silicone, usamos sutiãs desconfortáveis. É muito difícil para alguém que não está emocionalmente envolvido não dar aquela avaliada “xiiii, caído” ou “nossa, inteirão, queria um assim”.
Portanto, se fosse uma amiga ou filha, eu diria para não se expor sem necessidade. O mundo não vai mudar por um mamaço, mas a vida dela talvez sim…
Perfeito.
Sally,
Sei que você não se ofende com nada, por isso vou “criticar”. (Também não me ofendo, viu? Pode rasgar na resposta!)
Te acho moralista em relacionamentos amorosos. Talvez a palavra certa seja “conservadora”. Ou antiga. Pouco moderna.
Há uma tendência sua em todos os textos sobre relacionamentos amorosos monogâmicos. Você passa uma sensação de que uma relação a dois precisa de regras rígidas, excesso de sinceridade e muito sufocamento para ser “ética”.
Por que tanta rigidez?
Você deve ser uma namorada meio mala.
Ok, é um direito seu. Mas qual é o limite?
Vamos falar especificamente sobre o texto de hoje:
“Mas eu não me importo, foda-se se estão olhando com esse olhar”. Beleza. Será que seu parceiro pensa o mesmo? Tem essa vertente ainda. Quando se está em um relacionamento monogâmico é de bom tom se colocar no lugar do parceiro para evitar situações que possam magoá-lo. Se um eventual parceiro meu não se importar de andar pelado na rua, eu me importaria (e muito). Algumas coisas respingam em quem está ao seu lado.”
Evitar situações que possam magoá-lo? A que preço? Qual o referencial? Como saber o que é bom senso e o que é desrespeito à privacidade e à individualidade do parceiro?
Deixar de amamentar em público se ele não quiser?
Se o seu parceiro ficar magoadinho se você usar uma roupa curta, você vai parar de usar?
Se ele não quiser que você vá para a praia de biquini, você vai de maiô para evitar magoá-lo?
Se o parceiro não gostar que você tenha amigos homens, você para de falar com eles?
Se o seu parceiro achar que algumas de suas amigas tem comportamento de “puta” e ficar chateado com essas amizades, você se afasta das amigas?
Se o parceiro adorar mulher de cabelos longos, você para de cortar o seu?
Ou cada caso é um caso e o limite do bom senso é óbvio e só Marina não vê?
Ou vai ficar tentando “negociar”? Como é que se negocia o tamanho do próprio cabelo ou do próprio vestido???
Desculpa a curiosidade. Os argentinos são diferentes.
O argumento principal é que eu não acho bom nem para a mãe nem para o bebê, que nada tem a ver com relacionamento. Um dos muitos argumentos secundários fala da parte onde isso pode ser uma desconsideração a seu parceiro. Depreender daí que eu vou me deixar mandar por homem é uma falácia. Levar em consideração uma possível mágoa está bem longe de acatar ordens de homens…
Sim. Eu deveria ter deixado claro que o comentário não era sobre o tema principal desenvolvido no texto.
Os argentinos são diferentes.
Tem situações que só acontecem na minha cidade (acho eu).
Casamento, igreja lotada. No banco, em frente ao meu, havia uma mulher com um pirralho de uns 3 anos. O moleque começou a chorar e puxar a roupa da mãe e eu pensei com os meus botões… Será que ela vai dar o peito aqui? Dito e feito! A mulher abaixou o lado esquerdo do vestido e botou o peito pra fora. Como o pivete já era grande ela nem se preocupou em levar uma toalhinha/fralda de boca, ele dava umas três mamadas e parava para conversar com a mãe, enquanto o peito ficava lá para quem quisesse ver. Todos ao redor ficaram olhando e o marido fez de conta que nem conhecia a mulher.
Desculpa a ignorância mas… uma criança de três anos deveria estar mamando?
Quem sabe?
Diz a OMS que deve ser até os dois anos ou mais. Mas desde quando a OMS sabe de algo?
Em abril desse ano o prefeito Fernando Haddad aprovou em São Paulo uma lei para multar estabelecimentos que impeçam que a mãe amamente em público. Infelizmente precisaram criar uma lei para que o direito de alimentação de um bebê seja garantido.
E pensando nos motivos dessa lei ter sido criada e aprovada, concordo com a Sally. Nesse caso, não dá pra encarar gente atrasada social e intelectualmente. Tendo-se uma criança no colo, é melhor que a mente esteja tranquila.
Pois é, o grande problema não é o estabelecimento proibir e sim as pessoas no entorno, que não sabem se portar!
Eu não concordo da mulher ser privada de amamentar, de uma forma ou de outra Sally e Somir não descordaram tanto assim um do outro. A humanidade precisa sim evoluir muito em muita coisa, não diria apenas com relação à forma de olhar para um seio de uma lactante, mas na valorização de tantos profissionais que são fundamentais para a formação de uma sociedade… Sim, estou falando de educação, que também está relacionado à tão desejada Qualidade de Vida de uma sociedade. Não tem como fugir disso.
Como não estamos falando de um mundo ideal e perfeito, já aviso para as mulheres que não percebem a importância de se preservarem nesse momento de amamentação, é que amamentar não se trata de apenas colocar os seios pra fora e deixar que o filho faça o restante. Existem vários estudos que demonstram a importância da mãe aquietar-se e estar totalmente presente no momento da amamentação. A troca do olhar entre mãe e filho, o contato físico são fundamentais para a formação e desenvolvimento emocional da criança, pois trata-se de troca afetiva. E outra coisa, já li estudos pediátricos que demonstram também que a qualidade nutricional do leite também muda com essas oscilações cognitivas e emocionais da mãe ao amamentar. Não apenas para a produção do leite.
Isso que falo vai muito além de tolerar pessoas inconvenientes e escrotas. Sou do pensamento que se faço algo pra evitar situações chatas, faço por mim, pensando no meu melhor, e não nos outros.
Muito interessante essa informação, adorei saber!
E já conversei tb com pediatras a respeito disso. Há bebês que reclamam quando a mãe fica conversando enquanto amamenta, alguns chegam ao ponto de morder o peito da mãe. Uma delas me explicou que até é bom que o bebe seja assim, pois é sinal de um bebe que luta por ele mesmo, personalidade atenta que não terá problemas com concentração quando mais velho. Reprimir é pior.
Lógico que não é sempre que a mãe tem que se isolar do mundo pra amamentar, mas procurar sempre dar qualidade ao momento.
Lichia,
Muito interessante!
Eu não sabia desses detalhes. Não se fala disso nos debates feministas sobre o direito de amamentar onde a mulher quiser.
Ahhh o movimento feminista… Preguiça, viu?
” Esqueçam essa birra de não deixar que eles vençam, eles já venceram.”
Senti muito medo de você ter razão. Tomara que não tenha. Tomara.
Tomara que não…
Não, não deve evitar.
A mulher deve amamentar onde ela quiser, porque é um direito dela e do bebê. Disso nenhum dos textos discorda. Mas, se ela quiser amamentar na rua ou no restaurante até mesmo para peitar babacas e moralistas… Por que evitar?
Podem aparecer escrotos? Podem. Vão aparecer escrotos? Provavelmente. Não necessariamente os malinhas que fazem cantadas machistas babacas, mas principalmente os “ofendidos” que não tem a aparência de malinhas, mas vão “olhar torto”, apontar o dedo, reclamar e indicar a plaquinha do banheiro público.
A mulher não deve evitar de amamentar em público se essa é a vontade dela, porque, se para evitar dor de cabeça a gente começar a abrir mão do pouco de liberdade que ainda nos resta, a tendência é a liberdade encolher ainda mais e mais. Ninguém vai lutar pelos nossos direitos por nós. Claro, nenhuma mulher é obrigada a passar por isso se não quiser, mas as que querem devem, sim, enfrentar os machistas, porque amamentação é um direito do bebê. E os incomodados que se incomodem!
O Brasil é escroto e machista mesmo, mas isso não pode nos impedir de viver e de fazer escolhas dentro dos limites da liberdade possível. E nem pode nos fazer perder de vez a vontade de mudar as coisas. Mas, sim, as coisas são e não como deveriam. Isso é foda. Foda! Dá preguiça remar contra a maré. Além disso, nunca tive filhos, portanto não sei se eu, de fato, teria vontade de comprar uma briga dessas caso estivesse amamentando. Não sou dona da verdade. E talvez a verdade seja que não dá pra gente saber o que realmente faz com que as coisas mudem enquanto elas ainda não mudaram. Precisaríamos de bola de cristal para saber.
E o pior é que isso não acontece só no Brasil. Nos Estados Unidos, onde a praga dos conservadores protestantes só cresce, é comum o “argumento” que diz que “amamentar é um erotismo vulgar”. O retrocesso embutido nesse “raciocínio” precisa ser combatido. Onde vamos parar com essa falta de noção dos moralistas? Onde?
Mas entendo o argumento da Sally de tentar proteger a mulher do assédio dos babacas, evitar aborrecimentos e a dor de cabeça que é peitar a sociedade, quase sempre em vão, mas a vida não dá garantias. Mesmo que a mulher se preserve ao máximo, nada garante que os babacas não vão invadir o seu espaço para serem babacas de pertinho sem nem ao menos serem “provocados”.
Peitar a sociedade pode dar dor de cabeça, sim, mas não temos bola de cristal. Se todas as mulheres peitarem a sociedade e passarem a amamentar em público, talvez as coisas passem a ser cada vez mais normais. Essa atitude pode não dar em nada, mas também pode colocar em cheque o tema, gerar discussões, processos, debates, expor os babacas donos de lojas e restaurantes que agem com preconceito… Enfim, se não há garantias de que se “preservar” vai evitar a aproximação dos malas, também não há garantias de que peitar os babacas não trará mudanças significativas.
Ao contrário da Matemática, em que 2 mais 2 dá sempre 4, não importa quantas vezes a gente faça a conta, a vida não dá garantias de nada. Nada. Pode ser que as coisas nunca mudem, mas também pode ser que, de repente, mudem completamente.
Evitar para se poupar de estresse, que interfere em muitos aspectos, inclusive na qualidade nutricional do leite materno.
E aquelas manifestações “mamaço” também não ajudam muito. Pelo contrário, recebe até críticas.
Sinto que esse post vai ser igual ao do lado negro da gravidez: mal interpretado e cheio de comentários infelizes. No aguardo.
Certeza. Certeza que vai virar “um texto contra a amamentação”. Foda-se.
Amamentei durante dois anos, e nunca tive problemas em dar de mamar em público. Nenhum olhar atravessado, nenhuma gracinha, nadinha.
Talvez seja a questão da postura, apontada pelo Somir, talvez o lugar onde eu moro seja um pouco mais civilizado, talvez foi só coincidência mesmo. Mas enfim, acho que tem que amamentar os pivete quando precisar sim.
Se não há motivo de estresse, ambos concordamos que tem que fazer onde quiser…
eu passo por essa sai justa constantemente, já que tenho dois filhos pequenos e costumo frequentar ambientes com muitas mães com os seios de fora…
achei que fosse me acostumar, mas não, é sempre aquele suor frio e o pensamento de “não olhe, não olhe, NÃO OLHE….. DROGA, você olhou, então pare de babar e disfarça….”
eu sou a favor da amamentação em público e 80% das mulheres ficam relaxadas depois de ter um filho e ficam meio caidonas…. daí só dá aquela olhadinha e foda-se…. mas as 20% que continuam com tudo em cima, puta merda, como é difícil se controlar…. não é nada sensual, é algo natural, é o amor e o contato entre mãe e filho e blablabla…. mas puta merda, como é difícil não olhar….
Sério que você olha e baba?
Sério que você ESCREVEU ISSO AQUI, correndo o rico da sua esposa ler?
Sério que se a sua esposa ler isso ela não quebra todos os seus dentes?
Você é um homem de sorte, cuide bem dessa mulher.
Nunca vou entender os homens, como conseguem erotizar aquele peito inchado e explodindo de leite, com um monte de veias aparentes, que as mães recentes tem?
Fosse eu a mãe, evitaria amamentar em público e se fosse inevitável seria o mais discreta possível, acho que é um momento muito íntimo pra fazer a qualquer hora e lugar, mas respeito as mães que o fazem.
Não sei, pergunta pro Chester
para minha sorte a kitsune nao é surtada, ja comentei com ela sobre essas saias justas…..
agora sobre a graça de olhar, realmente nao ha nenhuma, mas sei lá, acho que a natureza fez o homem assim, um imbecil que nao pode ver um peitinho que ja vai olhando….
Olhar realmente pode ser inevitável, Chester. Olhar pode até ser compreensível. Mas entre olhar e declarar publicamente que olha e baba, há um mundo de distância. Sai da esfera do “surto” e entra na do amor próprio e respeito. Como você acha que as mulheres que já amamentaram na sua frente se sentiriam lendo isso? E os maridos delas?
Esse aí é o amigo do Alicate!
Eu acho que deve cobrir o peito com uma fraldinha para evitar os olhares mais tarados. É constrangedor para o homem ficar fingindo neutralidade diante de um peitão à mostra. Civilização é lutar contra o que o corpo deseja, já dizia o velho da Morávia – sim, Freud era Checo (com trocadilho); na época a região pertencia à Áustria. Madames se incomodam de ver um sujeito mijando na grama (não é só na cidade, onde fica o cheiro ruim de ureia) porque acham um pinto adulto de fora uma coisa ofensiva (mesmo mole, na função ‘mijar’). Já tive que encarar (ou não encarar, melhor dizendo) peito de fora em situação de trabalho (reunião e entrevista). Não precisa ir a um banheiro, que é um lugar sujo, mas pode ser discreta e ir para um canto, cobrir o peito e o rosto do bebê com uma fraldinha. Fazem? Porra nenhuma! Peito de fora é questão de poder.
Que poder bobo esse, que só deixa os machistas em volta felizes da vida…
O femen mostra peitos, a marcha das vadias mostra peitos, no Mardi Gras mostram peitos, no Carnaval mostram peitos, as prostitutas na copa comemoram o aumento da clientela mostrando peitos, as novelas aumentam a audiência mostrando peitos, a mocinha egípcia desafia o governo (islâmico) mostrando peitos, a moda sugere transparências mostrando peitos, as mocinhas buscam atenção mostrando partes dos peitos, a indústria da beleza ganha dinheiro fabricando próteses de peitos. Um peito nunca é apenas uma mamadeira, assim como um pênis nunca é apenas uma torneira.
Homem é escroto mesmo. Parece que são filhos de chocadeira e nunca foram amamentados.