O que é Deus para você?

“Eu não acredito em Deus”. Beleza, concordo com você. Eu também não acredito. Mas… uma perguntinha… O que é Deus para você? Se você não sabe essa resposta, talvez não tenha muita condição de continuar repetindo que não acredita em Deus.

O conceito de Deus é muito relativo. Ele varia não apenas de religião para religião, como também leva em conta questões familiares, culturais e outra infinidade de fatores. Eu diria até que é possível que cada ser humano tenha seu conceito pessoal sobre o que é Deus.

Em uma linha mais tradicional/fantasiosa, temos Deus como uma entidade suprema que teria criado ao mundo e a todos nós. Aquele Deus que depois mandou seu filho para a Terra no ventre de uma moça casada, porém virgem, para que ele seja pregado na cruz, morra e volte três dias depois. Um Deus que funciona de forma mágica, como uma espécie de amigo imaginário dos adultos, que conversam com ele, desabafam e lhe pedem coisas. Um Deus que pune ou recompensa conforme um conjunto de regras predefinidas. Um Deus capaz de mandar suas criaturas para o inferno.

Porém, há outros conceitos mais sutis de Deus. Há quem veja Deus como uma força interna que todos nós temos e que podemos desenvolver e expandir através de autoconhecimento, preferencialmente através de práticas que nos tragam paz e evolução, que varia de pessoa para pessoa. Tem gente que entra em contato com essa força meditando e consegue atingir uma serenidade e compreensão maior com isso, por exemplo. Então, quando passam por qualquer adversidade na vida, não buscam amparo em algo externo e sim dentro delas mesmas, utilizando as técnicas que aprenderam para acessas essa força interior.

Para alguns, Deus é amor, ou seja, a ideia de que todos somos um só e que, enquanto todos não estivermos bem, ninguém estará. Pessoas que acreditam em energias vibracionais, que a vida nos devolve aquilo que emanamos e o conjunto da emanação coletiva, ou seja, a reunião de forças, configuraria uma energia una, maior, chamada Deus. Seriamos todos os seres humanos pecinhas de um grande quebra-cabeça chamado Deus, mas somos muito toscos para ter consciência disso ou comportamento condizente com esta realidade.

Existem os que fracionem Deus em várias formas, cada uma delas destinada a tutelar uma área da nossa vida: um Orixá, uma entidade, um espírito, um macarrão voador, não importa o nome que se dê. Não são uma divindade suprema com poderes absolutos, cada uma tem atuação limitada na sua área de competência, alguns demasiadamente humanos, até. Nem sempre regem por completo nossas vidas, há um livre arbítrio e recorremos a eles quando precisamos de alguma ajuda.

Há quem pregue que Deus é na verdade o universo. Quando você faz algo de bom ou de ruim gera um efeito borboleta que desdobra e volta para você, não por karma ou lei da atração, mas como mera consequência no estilo “quem planta merda come bosta”. O universo seria regido por leis que desconhecemos em sua integralidade e tudo que acontece é por algum motivo, mesmo que não saibamos ou não compreendamos. Mas não há nada de divino, é apenas um macro-universo que nós, pequenos vermes, não temos nem condições de começar a entender.

Na mesma linha, tem os que digam que Deus é o Planeta Terra, algo próximo da teoria de Gaia, onde todos os ecossistemas, a atmosfera, a biosfera, todos os seres do planeta em comunhão formam um único organismo vivo. Esta unidade entre homem e natureza seria a representação de Deus.

Muitos nem ao menos dão forma ou classificação. Deus seria algo superior ou fora do alcance de total compreensão, algo que não se entende ou se explica, apenas uma entidade superior que eventualmente interagem conosco e interfere em algumas coisas, que seriam coincidência demais para ser destino.

Alguns acham que Deus é uma energia, uma forma de matéria ou não-matéria inexplicável e que todos nós temos condições de absorver ou emanar essa energia de Deus, bem como outras energias ruins. Cabe a nós aprender a não absorver energias ruins e aprender a absorver energias boas, fazendo coisas que nos coloquem no mesmo estado vibratório das energias boas, como um dial que sintoniza um rádio.

Enfim, são muitas as opções, entendimentos e classificações. Exatamente em qual Deus você não acredita?

Bem, existem algumas coisas ditas neste texto que a ciência confere alguns indícios de veracidade, alguns mais robustos, outros mais leves, assim como existem coisas que foram totalmente desacreditadas. Mas você tem coragem de dizer que tudo, simplesmente tudo que está aqui vai para o mesmo saco e depois vai para a lata do lixo?

Em qual Deus você não acredita? Para não acreditar em algo, é preciso conhecer em profundidade. Para acreditar basta ter fé, e a fé não precisa de provas, basta uma convicção interior forte, uma sintonia com seu pensamento. Quem mais tem que estudar é quem se diz ateu, concordar por afinidade é fácil, o difícil é discordar e ter argumentos para embasar a discordância.

Vejo muitos ateus usando ateísmo como religião: se apegam à não-crença a ponto de discordar cegamente de tudo sem refletir. Não sejam essa pessoa. Estudem. Estudem física quântica, metafísica, estudem a religião que querem refutar e, só então, digam que não acreditam. A certeza é uma muleta para aqueles que tem medo de deixar respostas em aberto.

Um ateu radical e irracional tem tanta certeza sem embasamento quando um religioso, é apenas o outro lado da moeda. Por isso, se neste texto você não deixou nenhuma questão em aberto, reflita. Talvez você, assim como os religiosos, também esteja usando a muleta da certeza.

Partir da premissa que se não pode ser provado não existe é se apegar à muleta da certeza. Se não pode ser provado, não sabemos. O que não te impede de ser ateu, existem diversos graus de ateísmo. Temos esse pensamento formatado que só nos é válido acreditar ou desacreditar quando temos certeza absoluta de algo. Não. Podemos acreditar ou desacreditar com indícios parciais, não há problema algum nisso. O problema é outra: ter certeza absoluta apenas com indícios parciais.

Então, pergunto mais uma vez para que você reflita: o que é Deus para você? Em quais conceitos de Deus você não acredita?

Levando em conta o que eu sei, estudei e vi, até hoje, tudo me leva a crer que Deus não existe, em nenhuma das formas que me foram apresentadas até hoje. Muitas delas contém algumas verdades com as quais eu concordo e muitas vezes a ciência também, mas nenhum pacote inteiro me convenceu. Por hora, eu não acredito em Deus.

Mas digo isso ciente de que eu não sou a dona da verdade nem tenho todos os elementos para bater esse martelo. Eu não acredito, mas não posso pretender ter esta certeza absoluta muito menos querer que outras pessoas a tenham. Quem tem certeza do sim ou do não está andando de muletas. Certezas nos tranquilizam, mas também nos limitam. Seja a pessoa inquieta, que prefere crescimento à zona de conforto.

Venha você também para a dúvida, este lugar desconfortável, porém saudável. Em qual Deus você não acredita?

Para perguntar o que eu andei fumando, para dizer que não quer dar esse grau de demanda para o seu cérebro ou ainda para aguardar ansiosamente pela resposta do Somir: sally@desfavor.com

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Comments (43)

  • Jhonata Lima Barros

    Agora que encontrei este texto… já fazia pelo menos um ano que não paro para pensar sobre esses assuntos! Hehehehe. Sou bem novo, confesso: logo faço meus 21 anos; ainda tenho muito a viver.

    Ao ler este texto, lembrei da segunda metade da minha adolescência… um jovem interessado em teologia (cristã, claro, afinal, estou no Brasil…), e que frequentou algumas igrejas, buscando conhecer a teologia de cada uma e finalmente, aos 19 anos, me tornando um descrente (no máximo, sou ateu quanto ao deus cristão ou que é definido como um ser onibenevolente, onisciente, onipotente, pessoal, criador, etc; de resto, como pouquíssimo ou nada sei, não posso opinar).

    Esses assuntos ainda me chamam a atenção, apesar de serem subjetivos. E ler este texto me foi algo meio que nostálgico! Desejo continuar lendo sobre religiões e sistemas de crenças, pessoais ou não. Agradeço pelo post, Sally!

    • Que bom que o texto te fez refletir!
      Também me recuso a acreditar nesse Deus punitivo cristão, não faz o menor sentido. Mas tento com que isso não feche todas as portas para outras buscas, outros conceitos, outras premissas.

  • Frase do George Carlin: “Diga às pessoas que há um homem barbudo invisível no céu que criou o Universo e a grande maioria vai acreditar. Diga a estas mesmas pessoas que a tinta está fresca e elas terão que tocá-la para ter certeza.”

  • Tem dias que eu não caibo dentro de mim quando começo a viajar nesses assuntos. Prefiro viver o melhor que conseguir e deixar de pensar em algo que não sei explicar…

  • Muito interessante o texto! Sally, com base no que você explica do seu posicionamento, que é muito parecido com o meu, diga-se de passagem, você não estaria mais próxima do agnosticismo do que do ateísmo? Eu também tenho dificuldades de aceitar/compreender a ideia de Deus do senso comum, e já flutuei muito entre a crença e a descrença. Hoje, particularmente, penso que é uma causa meio “perdida”, já que dificilmente um dia tenhamos a resposta, ou uma prova da existência ou não de um “Deus”, por isso, decidi me abster dessa busca implacável ou de uma posição fixa e me considero agnóstica (mas reconheço que não possuo muitas leituras ou conhecimento técnico do assunto ateísmo x agnosticismo). Confesso que um ponto que “pega” um pouco pra mim é quando estou em sofrimento, ou vivendo momentos de desespero. É difícil não ter a que se apegar quando todas as possibilidades terrestres, ou humanas – me falta um termo exato – parecem falhar. Aí acabo apelando pra ideia do “karma”, “lei do retorno”, “uma energia superior” ou coisas do tipo, shame on me… Por curiosidade, a que (ou quem) você se apega nesses momentos? De onde tira forças ou consolo quando algo muito ruim acontece? Reconheço que é uma fraqueza humana imensa minha, mas é difícil encontrar forças em si nessas horas…
    Outra coisa: por falar em domínio da mente, autoconhecimento, etc., o que você acha da psicanálise? Muita gente critica, como se fosse a “homeopatia” da saúde mental. Já fez ou faz algum tipo de terapia? Eu tenho estudos na área da psicanálise e acho fascinante, confesso que me ajuda um tanto e já clareou muitas coisas pra mim. De repente vale um “Desfavor explica” ;) Beijos!

    • Renatinha, como eu nego a existência de Deus, acho que não posso ser considerada agnóstica não.

      Em momentos de desespero eu me apego a mim mesma. Já passei por algumas situações difíceis na vida e tive alguns recomeços duros, com isso aprendi que eu consigo levantar, mesmo que me tirem tudo, eu consigo me refazer do zero. Minha história é o que me dá força nos momentos ruins, mas não vejo mal algum em você buscar forças fora de você.

      Eu sou fã de psicanálise. Além de ser filha de psicanalista fiz dez anos desta terapia. Não tenho coragem de fazer um Desfavor Explica pois acho que me falta conhecimento para falar sobre algo tão complexo…

      • Também sou fã da psicanálise, pra não dizer que já a utilizei em minhas análises literárias e estudo por conta própria (sou leitor roxo de Lacan, Freud e Jung. São vertentes diferentes sim, mas…). Aliás, se me permite opinar sobre, eu acho a psicanálise deveras interessante enquanto ferramenta pra tu entender muita coisa sobre quem é você, teus anseios, teu interior, enfim… Mas se apoderar dela e servir de religião daí também não. E sobre ela ser a “homeopatia” da saúde mental, olha… polêmico. Mas e daí se for? Se faz bem pra ti, que continue!

  • Estudei varias religiões em busca de confrontar meu próprio ateísmo e cheguei a uma conclusão sobre deus, se ele existe ele não passa de um motor imóvel como já dizia Aristóteles, uma causa primaria para o big bang ou a criação do universo e que não tem impacto nenhum sobre a vida das pessoas sei que é bem deus das lacunas pensar assim mas pelo menos dá um fim a eterna pergunta, “o que veio antes do big bang, e antes disso?” se tem um criador nessa ponta porem um criador tão impotente quanto um pai que saiu pra comprar cigarros e nunca mais voltou isso tampa a lacuna onde a ciência ainda não chegou e mata a questão.

    Uma curiosidade é que eu já fui a grupos de religiosos no facebook perguntar como eles sabiam que o deus deles era o deus certo e ninguém soube me responder de forma concreta quais as evidencias disso, alguns mais articulados até ousavam usar falácias como supostas profecias bíblicas se cumprindo ou a existência de Jesus Cristo histórico pra justificar sua crença mas nenhum deles realmente sabe por que acreditam no que acreditam e muito menos tem fortes evidencias para isso.

    • O Deus certo para cada um é uma questão de fé, e fé não se explica ou racionaliza. Cada pessoa escolhe o Deus e a religião com a qual tem mais afinidade, conforme sua criação, padrão cultural ou imagem que gosta de transmitir. Mas sinceramente duvido que algum deles admita isso…

  • “Muitos nem ao menos dão forma ou classificação. Deus seria algo superior ou fora do alcance de total compreensão, algo que não se entende ou se explica, apenas uma entidade superior que eventualmente interagem conosco e interfere em algumas coisas, que seriam coincidência demais para ser destino.”

    Sally, você resumiu precisamente o que eu penso nesse trecho! Por isso é que eu acho patético ver fanáticos religiosos se achando no direito de dizer coisas como “Deus abomina isso”, “isso desagrada a Deus” ou “não faça isso porque Deus castiga”, etc. Alguém que seja um pouquinho mais racional consegue mesmo achar que “esse tal de Deus”, sendo onipotente e tendo todo um Universo infinito pra cuidar, iria se preocupar com essas ninharias que só incomodam criaturas insignificantes como – alguns – humanos? Deus não tem rosto, nem gostos e nem vontades e é algo tão além do alcance da compreensão humana que chega a ser ridículo reduzir tal conceito a um ser que, como se fosse uma pessoa, fique perturbado por coisinhas mínimas como o comportamento, a roupa, o modo de viver ou a sexualidade dos outros.

    E, citando George Carlin: “Eu acho que somos parte de uma sabedoria superior que jamais entenderemos. Uma ordem superior. Chame-a do que quiser. Sabe como eu a chamo? O Grande Elétron. Ele não pune. Ele não recompensa. Ele nem mesmo julga. Ele só é. E também somos nós. Por um pouco de tempo.” Ah! E aqui vai também o vídeo de uma música de que me lembrei lendo este texto. É “One Of Us”, da Joan Osborne. Prestem atenção na letra e me digam se cabe ou não no que se está discutindo aqui.

    Eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=B4CRkpBGQzU

    • Sinceramente? Eu acho que quem tem qualquer certeza deveria repensar a vida, pois é algo que não se sabe. Todos nós podemos ter opiniões, assim como eu tenho a minha opinião de que Deus não existe, mas certeza começa a ser um pouco arrogante e fora da realidade.

      Faça o teste. Faça essa pergunta a pessoas radicais, que dizem que não acreditam em Deus. Pergunte o que é Deus para elas e observe. Muitas vezes a pessoa nem sequer chegou a refletir sobre isso em sua vida, apenas repete que não acredita…

  • Texto interessante, pra fazer pensar…
    De vez em quando tenho lá minhas crises, meus altos e baixos de acreditar ou não em Deus. Já questionei muito a existência do mesmo, principalmente depois daquele evento traumático que até acho que já te relatei uma vez: teve aquele acidente e eu perdi uma pessoa querida, tentei salvá-la, e pedi a Deus que ela não morresse naquele momento, mas… Parece que foi em vão, que Deus não me ouviu naquele momento, que restou somente o silêncio, o vazio, a morte. E aí fiquei me perguntando: porque ele? Porque naquele momento? E porque daquele jeito e não de outra maneira? Enfim… Já tive minha fase de negação total, já tive minha fase de descrença, hoje sou do tipo que acredito desacreditando.

    Mas tentando esboçar aqui: eu tendo a acreditar nessa ideia de Deus não como uma figura una, um ser, um ícone, enfim, mas sim como uma força, uma energia, algo invisível mas que está em todo lugar, e algo maior que nós que não há como lutar contra. Falo isso por certa motivação pessoal mesmo: já reparei, como em vários momentos aconteceu em minha vida, que há coisas que não há o que fazer, não há como lutar, não há como enfrentar, só resta mesmo aceitar e pronto. Isso porque eu sempre tive essa de eu ser o centro do mundo, eu quem mando, eu quem faço as coisas acontecerem. Mas daí a vida vai lá e dá uns tapas na cara da gente pra mostrar que não é bem assim, né? rs

    Mais ainda, tendo a acreditar também mais nessa ideia (numa vibe meio “o segredo”?) de intuição e de pensar no que tu quer e tu acabar atraindo aquilo pra ti. Ou antes, das energias do universo conspirarem a teu favor em certos momentos. A questão que fica é: como fazer pra “sintonizar” as energias e fazer com que as coisas deem certo? Porque diachos parece que às vezes dá tudo certo, às vezes não? Questões…

    • Nosso pensamento não é uma coisa tão simples e controlável como achamos. Não adianta ficar repetindo “quero um milhão de dólares” como sugere esse livro. É interno. Seu inconsciente pode estar com medo ou pensando que no fundo você não merece. Na minha opinião o grande erro está em achar que um pensamento superficial pode atrair alguma coisa.

      Para emanar essa suposta energia que atraia coisas no mesmo padrão vibracional você tem que se conhecer muito bem, se livrar de crenças limitantes e dominar sua mente em profundidade. É um processo lento de autoconhecimento que pode ser feito através de mil caminhos diferentes, mas requer sempre muito esforço e dedicação. Não vai ser lendo O Segredo que alguém vai chegar lá. Infelizmente a maior parte das pessoas adora atalhos e alavanca as vendas de porcarias como essa…

  • Paulo Gonçalves

    Citando Fábio Peres: “Religião não é necessária para melhorar o mundo – mas traz consequências mais benéficas do que não acreditar em nada.”
    Se essas são consequências benéficas, imagine-se as maléficas: as cruzadas, as duas inquisições, o massacre dos índios nas américas, as guerras religiosas entre protestantes e católicos, a escravidão inteiramente endossada pelo cristianismo e pelo islamismo, a queima de feiticeiras, a queima de hereges, os ataques de 11 de setembro, a guerra secular entre xiitas e sunitas, o sacrifício de animais, os sacrifícios humanos, a exploração pelo dízimo de ignorantes desesperados, a interferência do lobby da Bíblia na política brasileira, o conflito na Palestina (embasado na noção de povo eleito por Deus dos judeus), etc, etc, etc…
    Prefiro acreditar que pessoas ajudam pessoas, não o amigo imaginário. O ser humano, ainda que com muitos percalços e lentamente, evolui para melhor, graças à Ciência e ao pensamento lógico.

    • Paulo, acho que em alguns casos religião pode ser uma muleta útil, como por exemplo no caso de pessoas muito brutalizadas, sem acesso a educação, sem capacidade cognitiva e reflexiva. Estas pessoas, assim como cães e pequenos mamíferos no geral, deixam de praticar comportamentos reprováveis apenas pelo medo da punição, sem qualquer compreensão além disso. Nesse caso, religião promove uma contenção social. Mas concordo com você que no saldo geral ela não compensa. Sou fã da ciência e do pensamento lógico.

  • Eu não acredito no Deus de nehuma religião. Em cada uma Deus é bem diferente, mas nenhum deles me parece justo. Acho interessante a ideia de ser uma energia e que todos seríamos parte dela, mas isso não deixa de ser ateísmo, né!

  • Eu assisti um vídeo do Leandro Karnal (acho q é assim q se escreve) e nesse vídeo ele fala q uma revista fez uma pesquisa no Brasil com pessoas de classe sociais, regiões e religiões diferentes. A pesquisa foi apenas uma pergunta “Você acha que vai para o inferno?”, todos responderam que NÃO, ele falou que nessa pesquisa incluía políticos e bandidos. A conclusão dele foi que as pessoas acreditam em um Deus customizado, que entende a situação de cada um e releva os pecados cometidos, seria como “Deus me entende”.

    • Nem sei se é um Deus customizado ou se é um auto-perdão galopante, onde as pessoas sempre encontram desculpas válidas para as bostas que fazem. É o que eu sempre digo, o Brasil conseguiu a proeza de criar a figura do “católico não-praticante”. Não vai à missa, não segue os preceitos básicos da religião (não espera até casamento para fazer sexo, usa anticoncepcionais, etc) mas gosta de se dizer católico e de pensar que tem um amigo imaginário que gosta muito dele.

      Na boa? Se Deus existisse e viesse ao Brasil, pisoteava esta porra toda, pois o que brasileiro pratica diariamente é totalmente o oposto do que o catolicismo prega.

        • Cidadão que se diz de uma religião e não pratica nenhum dos rituais nem segue nenhum dos preceitos existe no mundo todo? Duvido muito.

          • Eu vejo a situação do “católico não-praticante” da seguinte forma: ao ser batizado é como se a pessoa se tornasse sócia de um clube. A certidão de batismo é seu título. E não é por não frequentar o clube que você o perde. Então quando é conveniente se dizem católicos.

            • Concordo muito! Quando convém, quando gera algum status, quando abre portas, se usa a carta da religião. Motivo egoístico e muito errado para se escolher uma crença, né?

      • Católicos não praticantes arrisco-me a dizer é o que mais teve na historia do Catolicismo,é algo previsto e aceito pela Igreja Católica de que o Ser Humano é assolado pelo pecado e não pode fugir dele a não ser por Deus;Católico praticante é um ideal a ser alcançado e incentivado pela Igreja.Bem,é o que entendi;mas pelo fato de ter estudado o Catolicismo superficialmente posso estar errado nesta minha afirmação.

  • Sou daqueles que acreditam que deus é o próprio universo e a vida tem suas regras. Tudo que fazemos volta igual. Se vc for bom, mas receber o mal é porque de alguma forma não teve controle dos pensamentos e emoções. Por experiência própria já tomei muito no rabo até aprender. Meu irmão não acredita em assalto e por isso nunca foi assaltado, mesmo saindo de noite e de ônibus no RJ. Eu morro de medo e por isso sou um imã pra bandidagem. Ainda não consegui arrumar isso.

  • Alguém tem que começar, logo… alguém que acredita no Deus das grandes religiões monoteístas, e que se sente bastante confortável na vertente reformada (calvinista) do cristianismo tem a tendência natural de dizer que todas as demais alternativas levam à perdição eterna. Resumidamente, é isso.

    Uma coisa, contudo, me incomoda e admira ao mesmo tempo: aqueles que vivem num ateísmo de bondade, que, na prática, acreditam que sua única função neste planeta é “fazer um mundo melhor”. É uma teoria bonita, mas vaga demais para ser sustentada com o tempo – a não ser que fosse absorvida por uma técnica religiosa de verdade, como o positivismo de Augusto Comte.

    Talvez por acreditar que o mundo (e o ser humano) é mau por natureza, não me desce muito bem esse “ateísmo filosófico do bem estar universal”. Passo!

      • Sally, religiões simplesmente servem para conectar o mundo a um ser supremo, um princípio ao qual se cede (ou devolve) o governo e a autoridade, em troca de seguir as regras que ele (ou ela) estabeleceu. Não são uma maneira de melhorar o mundo – isso acontece como consequência de se seguir as regras da religião, não como objetivo principal.

        Os ateus, entretanto, tem um problema maior que os religiosos nesse aspecto: não há um sistema pronto, estabelecido, para coordenar a sociedade e fazê-la chegar a um objetivo final benéfico para todos os envolvidos (até porque cada um terá a sua visão de qual a “finalidade” correta). O confucionismo foi o que chegou mais perto de uma sociedade perfeita construída apenas pelo homem – entretanto, é de se notar que mesmo nele a religião exerce papel importante.

        Religião não é necessária para melhorar o mundo – mas traz consequências mais benéficas do que não acreditar em nada. Talvez isso possa responder ao que você me perguntou.

        • Responde sim, mas eu discordo. Eu tenho vontade de melhorar o mundo, e, acredito, faço algo para isso. Não tenho religião e não acho que precise dela para me manter com este desejo e levar adiante meu propósito.

        • Que piada.
          “Os ateus, entretanto, tem um problema maior que os religiosos nesse aspecto: não há um sistema pronto, estabelecido, para coordenar a sociedade e fazê-la chegar a um objetivo final benéfico”
          Como se isso fosse necessário, ter um sistema pronto. E se realmente fosse… cada um tem o seu “sistema” baseado no que viveu, nos seus valores e experiências vividas. Ou você quer dizer que TODOS precisam ter o mesmo sistema de crenças? E só assim a sociedade evolui… evolui em quê? Que conversa lunática.

          • Minha conduta, a forma como conduzo a vida e minhas escolhas são tomadas com base nos valores que me foram passados por meus pais. Minha ética não precisa de livro, regras ou doutrina, é o que eu sou.

          • Um ateu acredita que não é necessário ter um sistema de crenças e valores pronto. Um religioso, contudo, acha que é loucura viver “por conta própria” – por isso acredita no sistema.

    • Eu juro que não entendo, não me desce essa ideia de “se tu não seguir X tu está fadado à ‘perdição eterna'”. Quem foi que inventou essa historinha de perdição eterna, minha gente? Que ideia é essa de que se tu não seguir X tu vai sei lá, pra um limbo, cair num buraco, etc? Aliás, como se fosse também algo dualista, né? Existem dois lugares, um bom e um ruim, um céu e um inferno, como queiram chamar…

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