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Espectrofilia.

Espectrofilia.

| Sally | | 26 comentários em Espectrofilia.

A coluna “Não Fode” de hoje homenageia uma categoria muito especial de pessoas, aquelas que não fodem, mas acham que fodem. Pessoas que acreditam manter atividades sexuais com fantasmas ou seres imateriais de origem paranormal. Não Fode: Espectrofilia.

A ideia de fazer sexo com espíritos, fantasmas ou coisas do gênero não é nova. Há relatos muito antigos deste tipo de experiência, que remetem aos primórdios de Roma e Grécia. Na Idade Média, os protagonistas do evento ganharam até designação, de tão comum que era. Fantasmas safadinhos que se aproveitavam de seres humanos passaram a ser conhecidos como “Íncubus” (as entidades masculinas) ou “Súcubus” (as entidades femininas). Apesar de nada inclusivo, lamento informar que ainda não foram descritos fantasmas trans, drags e outras variações.

Sim, eu sei o que você está pensando: espertinhos de plantão faziam sexo a torto e a direito e depois culpavam a experiência sobrenatural para não sofrer a consequência dos seus atos. Certamente, muitos dos casos relatados tiveram essa origem. Porém, esse tipo de episódio também surge em outros contextos: desde o de pessoas que não querem e se dizem estupradas até o de pessoas que acham tão maravilhoso que abandona a atividade sexual com seres humanos por preferir os fantasmas. O ser humano é fascinante. Vamos analisar mais de perto estas historias maravilhosas?

Um dos casos mais conhecidos de atividade sexual involuntária e sem consentimento ocorreu nos EUA, na década de 70. Uma senhora se dizia atacada por três entidades, duas menores que a seguravam e uma maior que de fato forçava relações sexuais. O caso ganhou notoriedade, pois os eventos eram recorrentes, o que permitiu que diversas pessoas o testemunhem e percebam algumas evidencias de que algo fora da normalidade estava ocorrendo ali.

A suspeita era de um quadro de esquizofrenia, o que faria com que esta senhora vivenciasse de fato os eventos na sua mente, mesmo sem que eles sejam reais. Porém, durante os “ataques”, apesar de se manter imóvel (pois, em tese, ela estava sendo segurada por duas criaturas), a mulher apresentava lesões, hematomas, arranhões e inclusive lesões compatíveis com violência sexual. Tudo isso diante de testemunhas, que atestavam que ela não havia provocado as lesões nela mesma.

Isso fez com que dezenas de médicos se interessem pelo caso. Em algumas ocasiões, o dano se estendia a terceiros. Pessoas que estavam com ela percebiam que ela estava imóvel e desesperada e se aproximavam para tentar ajudar. Levavam um pau dos fantasmas, muitas vezes deixando marcas físicas e até uma fratura no braço. Infelizmente, a falta de recursos da medicina à época não permitiu nenhuma resposta conclusiva sobre o caso, mas este é, até o hoje, o relato mais bem documentado de espectrofilia.

Por tudo que já foi relatado, não há muitos denominadores comuns, cada experiência ocorre de uma forma diferente. Apenas um cenário se faz mais presente do que os outros: a maioria dos casos acontece à noite, durante o sono, uma vez que seria o momento onde os seres humanos ficam mais vulneráveis a esse tipo de contato. Conveniente, uma vez que é perfeitamente comum sonhar com eventos que envolvam atividades sexuais e ter sensações físicas em decorrência desses sonhos. Quem traça a linha dizendo onde foi sonho onde foi experiência paranormal? Provavelmente o emocional de quem vivenciou a experiência.

Em alguns casos, a experiência é coletiva, não diz respeito a uma única pessoa, envolve várias, que muitas vezes sequer se conhecem, não conversaram entre si, mas contam todas a mesma história. Histeria coletiva? Inconsciente coletivo? Não sabemos.

No Reino Unido, uma estrada ficou conhecida por supostos “ataques sexuais” de fantasmas. O fantasma se apresenta na forma de ume bela mulher que pede carona na estrada em Swansea, no País de Gales. De tão recorrente, a entidade recebeu um apelido carinhoso: Jezebel. Um livro sobre os episódios ocorridos nessa estrada também foi publicado. Ao que tudo indica, para ludibriar os motoristas, o fantasma consegue se materializar temporariamente e pegar uma caroninha.

Quando o motorista dá carona, Jezebel entra e se comporta normalmente. Porém, ao longo do percurso, coisas estranhas vão acontecendo: desde cheiros inexplicáveis até uma paralisia completa do motorista, que encosta o carro e não consegue mais se mexer enquanto Jezebel abusa deles. Ao final da experiência, ela desaparece e tudo volta ao normal.

O autor do livro explica que é muito difícil conseguir investigar e documentar casos como esse, pois as “vítimas” desse assédio do outro mundo não querem falar, muito menos se identificar, graças à situação vexatória e constrangedora pela qual passaram. Também existe o medo, totalmente fundado, de serem taxados de malucos pela sociedade. Porém, mesmo com tantas dificuldades, ele conseguiu reunir relatos suficientes para lançar o livro.

Mas, nem sempre esta experiência é traumática ou imposta. Em alguns casos, pessoas relatam estabelecer conexões com fantasmas e realizar uma espécie de sexo consensual com ele. Pessoas que se dizem na mesma sintonia que estes espíritos conseguem até trocar sentimentos e cultivar relações a longo prazo com o paranormal.

Uma moça inglesa, de Bristol, adotou sexo com fantasmas/espíritos por opção, afirmando que abriu mão de sexo com homens, pois os fantasmas seriam melhores. É, a moral está baixa. Sem julgamentos, porque o mercado tá realmente ruim e se tiver coisa melhor por aí, bem vinda seja.

A moça relata já ter feito sexo com mais de 20 fantasmas e que eles, ao contrário dos homens, sempre a levam ao orgasmo. Após tantas experiências boas, agora resolveu que homem era perda de tempo e decidiu focar em encontrar sua alma gêmea fantasma e manter uma relação de fidelidade, assim faria sexo sempre com a mesma entidade paranormal. Sua busca acabou este ano, em uma viagem à Austrália

Recentemente ela revelou a um portal australiano que achou um fantasma para chamar de seu e que, de tão bacana, a relação dos dois vai além da parte sexual. Ela não consegue vê-lo, mas consegue sentir sua presença e compartilhar sentimentos (ele consegue sentir o que ela sente e ela consegue sentir o que ele sente). Ela “conheceu” esse fantasma em uma viagem à Austrália, quando ele se manifestou para ela durante um passeio.

E como se esta história já não fosse maravilhosa o suficiente, após seis meses de relacionamento sério, a moça e o fantasma já estão pensando em aprofundar o relacionamento e… ter um filho. Há quem acredite que um corpo humano pode gerar um filho fecundado por um espírito. Basicamente, isso se chama “Catolicismo”. Vamos ver o que vai acontecer, a decisão de engravidar foi tomada pelo casal em agosto deste ano, com sorte até o ano que vem temos um pequeno Gasparzinho a caminho.

Neste ponto, você deve estar se perguntando como é que algo que não tem matéria consuma uma relação com uma pessoa que é matéria. Bem, as explicações são muitas, mas a fonte… a fonte é Arial 10, é achismo tirado diretamente da cabeça de parapsicólogos e outras pessoas sem a menor moral, capacidade ou aval para falar sobre qualquer coisa nessa vida.

Em tese, espectros, fantasmas, espíritos ou como se queira chamar, são energia. Energia que, na maior parte do tempo não podemos ver, mas está ali. Pense na radiação: você não a vê, você não a sente, mas ela está ali e impacta seu organismo, muitas vezes causando queimaduras que são sentidas rapidamente. O mesmo aconteceria com os espectros: de alguma forma, essa energia se organizaria de uma forma que conseguiria interagir com o corpo das pessoas, despertar sensações, criar uma conexão.

Os relatos de pessoas que passaram por supostas atividades sexuais com fantasmas costumam ser bem parecidos: a pessoa sente uma presença, uma pressão em alguma parte do corpo e até mesmo uma respiração. Depois sente um estímulo físico, que não sabe dizer de onde vem, mas com a certeza de que tem “alguém” ali. Não raro, quem passa por isso também experimenta sensações e sentimentos, que alegam compartilhar com o fantasma.

“Mas Sally, é o fantasma quem escolhe a gente ou nós também podemos tomar a iniciativa? Como faço para conseguir fazer sexo com um fantasma?”. Pessoas que trabalham com isso dizem que é possível induzir esses espíritos que ainda estão em uma frequência vibratória muito baixa e sentem falta dos prazeres do corpo. Para isso você deve, antes de mais nada, encontrar um fantasma. A forma mais assertiva é se dirigir a locais onde há relatos de aparições paranormais. Chegando lá, estimule brincadeiras sexuais convidando o fantasma mentalmente a participar. E, por favor, se der certo manda um texto para a gente contando, que a gente publica com o maior prazer.

Hoje existem muitas pessoas que experimentaram esses encontros e ficaram tão marcados por isso que resolveram estudar a fundo, não apenas para entender melhor o que aconteceu, mas também para ajudar outras pessoas que passam por isso mas tem vergonha de comentar, considerando a natureza do evento.

Uma moça americana que se diz vidente e especializada em sexo paranormal, reforça que esta prática é muito mais comum do que se imagina, mas as pessoas não vão a público falar sobre isso por constrangimento. Ela trabalha atendendo apenas pessoas que estão sendo molestadas por fantasmas de alguma forma e, por isso, recebeu a carinhos alcunha se “sexorcista”. O curioso é que ela mesma mantém um relacionamento com um fantasma chamado “Beta”, que seria o líder de uma tribo indígena que teria existido alguns séculos atrás.

O caso mais drástico de espectrofilia envolve uma donzela e um pirata. Uma moça da Irlanda do Norte vive uma relação intensa com um fantasma de um pirata chamado “Jack”. Ela deu uma entrevista ao jornal britânico “Daily Star” na esperança de desmistificar o tabu em torno da espectrofilia.

A moça conta que não apenas mantém relações sexuais com o fantasma de um pirata, como ainda se casou com ele. Obviamente foi uma cerimônia em um barco, sem nenhum valor legal, mas hoje ela luta nos tribunais para ver reconhecido seu direito a casar com o fantasma. Coitado do fantasma, nem morto ele se livra desse projeto de vida feminino…

Nesta fascinante entrevista, ela conta em (excesso de) detalhes sua experiência. Por exemplo, ela dá dicas até da melhor posição para se fazer sexo com um fantasma: “Embora você possa sentir prazer em qualquer posição, o “missionário” (algo como o nosso “papai e mamãe”) é o melhor para você começar, pois é mais fácil sentir o peso do fantasma e, a partir daí, começar a relação.

Por incrível que pareça, existe gente estudando espectrofilia a sério hoje. Com o avanço da ciência, que permite exames de imagem do cérebro, talvez algumas respostas sejam possíveis, ao analisar o cérebro da pessoa no momento em que ela supostamente está se relacionando com um fantasma. Dependendo das áreas ativadas, será possível chegar a conclusões mais assertivas. Mas, como vocês podem imaginar, esse tipo de estudo não é prioridade na comunidade científica, então, é provável que o mistério persista por mais algum tempo.

Apenas um adendo, para terminar. Eu sou adepta do “Direito ao Esquecimento”, ou seja, todos nós alguma vez escrevemos ou dissemos alguma bosta vergonhosa e não podemos ter isso nos assombrando para o resto da vida. Por isso, não dei os nomes das pessoas envolvidas, uma vez que creio que, mais cedo ou mais tarde, elas vão se arrepender deste tipo de exposição. Porém, com os dados que eu dei, vocês pesquisam facilmente no Google quem são estas pessoas e quais foram seus casos, com riqueza de detalhes…

Para dizer que isso só é bonitinho no filme Ghost, para dizer que se existir fantasma disponível você também dispensa homem ou ainda para dizer que topa uma fantasma mulher porque ela desaparece depois e não enche o saco: sally@desfavor.com


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