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Bíblia Pilhada: Reis Parte 2

Bíblia Pilhada: Reis Parte 2

| Sally | | 4 comentários em Bíblia Pilhada: Reis Parte 2

Apesar desta ser uma semana temática, estamos em um ponto da Bíblia que ilustra perfeitamente o Dia de Sísifo: por décadas o povo fez as mesmas merdas e elas geraram as mesmas consequências. A postagem de hoje é tão repetitiva que acaba ficando confusa em alguns momentos, por isso, criamos um infográfico como apoio visual, que estará ao final do texto.

Mês passado paramos no grande racha que se tornou o povo israelita após a morte do rei Salomão: de um lado Roboão (comandando Judá, onde estava o Templo do Rei Salomão) e do outro Jeroboão (comandando Israel), se tratando quase como inimigos.

Roboão, o filho de Salomão, aquele que construiu o templo, estava amargando uma punição herdada por uma besteira que seu pai fez (casar com mulheres de outras religiões e acabar adorando outros deuses). Mas ele próprio fez sua cota de cagada e também adorou outros deuses, despertando a ira do Senhor.

Já Jeoroboão estava com a batata assando, pois não queria que seu povo fosse até o território do inimigo para adorar o Senhor no Templo de Salomão que era o local correto e desejável para isso. Em parte por temer que Roboão matasse as pessoas e em parte por não gostar que o templo se localize em território inimigo, ele começou a encrencar com esse deslocamento.

Para evitar que fossem até o templo de Salomão (no território governado por Roboão), mandou fazer dois touros de ouro e improvisou um templo em seu território, contrariando os desejos do Senhor. Deus, obviamente não gostou. Ele também adorou outros Deuses, e o Senhor gostou menos ainda.

Muito irritado, o Senhor primeiro mandou o recado: fez um profeta de Judá ir até um desses altares profanos recitar ameaças, coisas como a morte dos sacerdotes locais queimados “até os ossos” e que o altar seria transformado em cinzas.

Todo mundo riu do profeta de Judá e do seu recado. Deus ficou ainda mais irritado com isso.

Jeroboão apontou para o profeta de Judá e gritou “Prendam esse homem!”, mas, depois de dar a ordem, por um castigo divino, seu braço ficou paralisado e ele não conseguiu voltar para a posição normal, tipo um piripaque do Chaves. Ato contínuo, o altar se desfez em cinzas e desapareceu, exatamente como havia sido profetizado.

Isso assustou Jeroboão, que percebeu a merda que tinha feito. Apavorado, pediu perdão ao profeta de Judá e pediu que ele acalme a Deus e cure seu braço.

O profeta intercedeu e o braço de Jeroboão voltou ao normal, então, em agradecimento, o rei lhe ofereceu um banquete, mas o profeta disse que Deus o havia proibido de frequentar qualquer casa ou se sentar à mesa com qualquer pessoa fora de Judá. Montou no seu jumento e foi embora.

Um profeta local, que adorava outros deuses e queria sacanear o profeta de Judá, sabendo do ocorrido, foi atrás e o interceptou. Mentiu, dizendo que também falava com o Senhor e que Deus, através de um anjo, lhe havia pedido para que almocem juntos.

O profeta de Judá pensou “o Senhor me proibiu de me sentar à mesa com qualquer pessoa daqui, mas o Senhor deve ter mudado de ideia, pois mandou um anjo me pedindo para fazê-lo” e foi. Sim, o profeta de Judá caiu no conto do telefonema “seu cartão foi clonado, me passe sua senha para que possamos cancelá-lo” Antes de Cristo.

O Senhor ficou muito puto do profeta de Judá ter acreditado em qualquer um e desobedecido as suas ordens. Ele avisou que mataria o profeta de Judá por isso e que seu corpo não seria sepultado no túmulo da sua família. Dito e feito. Quando o profeta de Judá acabou de comer, montou no seu jumento e retomou seu caminho, até que apareceu um leão e o matou.

E aqui acho que todos temos uma boa lição para aprender: se você receber uma ordem de uma pessoa, qualquer contraordem que contrarie o que foi dito deve ser dado pela mesma pessoa ou por alguém hierarquicamente superior, nunca deixe que terceiros invalidem uma ordem dada por alguém acima de você. Ao menos cheque antes.

Lembre disso quando alguém te ligar dizendo que seu filho foi sequestrado, dizendo que tem uma compra sua de um alto valor no cartão e que você precisa recusar ou dizendo qualquer coisa em nome de terceiros: sempre consulte diretamente a fonte, pois Deus não vai te mandar um leão, mas pode te mandar um baita prejuízo financeiro.

O leão foi claramente uma punição do Senhor, pois não comeu o corpo do profeta nem atacou o jumento. Só ficou ali impedindo que qualquer pessoa retire o corpo. Fiquei me perguntando se esse é “o” Leão de Judá de que tanto falam, principalmente os evangélicos. Se for, muito barulho por nada, um evento mixuruca.

Mesmo depois do susto com o altar se desfazendo e o bracinho paralisado, Jeroboão continuou adorando falsos deuses e desrespeitando o Senhor. Então, Deus fez com que seu filho adoeça. Jeroboão, vendo que seus deuses nada puderam fazer para curar seu filho, resolveu apelar para o Deus do rival: mandou a esposa procurar um profeta do Senhor, na terra do inimigo, só que disfarçada, para que ele não saiba que era uma pessoa que desagradava a Deus se consultando.

Mal chegou ao local, o profeta que a atendeu já entregou um recadinho de Deus dizendo que sabia quem era ela e que não ia curar o filho porra nenhuma: “(…) eu vou trazer desgraça para a sua família e vou matar todos os seus descendentes do sexo masculino, tanto os jovens como os velhos. Vou varrer a sua família como se varre esterco. As pessoas da sua família que morrerem na cidade serão comidas pelos cachorros e as que morrerem no campo serão comidas pelos urubus”.

Ainda acrescentou mais uns detalhes cruéis e no final fez a seguinte previsão: “O Senhor vai castigar o povo de Israel, que vai tremer de medo como varas verdes. Deus vai arrancar o povo de Israel desta terra boa que ele deu aos seus antepassados e vai espalhá-lo para além do rio Eufrates porque eles o deixaram irado”. Para finalizar, afirmou que no minuto em que a mulher pisasse de volta na sua casa, seu filho morreria.

Quando a mulher voltou para casa, teve que contar a Jeroboão que o Senhor iria “varrer sua família como se varre esterco” e, mal chegou, a limpeza começou: seu filho morreu. Depois, foram morrendo um por um.

Quando Jeroboão morreu, seu outro filho, Nadabe, assumiu o trono, mas um oficial do exército chamado Baasa conspirou contra Nadabe e acabou por assassiná-lo, assumindo o comando de todas as cidades que estavam em seu poder. Depois, matou o resto da família, completando assim a promessa de serem varridos como esterco. Muitos serão varridos como esterco em Israel daqui para frente.

Enquanto isso, em Judá, Roboão também estava com problemas. Não conseguiu controlar o povo, que começou a adorar outros deuses (adivinha? Sim, Baal) e a coisa ficou tão descambada que havia homens e mulheres se prostituindo no local que seria santo de adoração ao Senhor. Obviamente Roboão pereceu.

Após a morte de Roboão, quando seu filho Abias assumiu o trono e, como o pai, continuou desagradando ao Senhor, que só não mandou o extermínio em massa pois havia prometido a Davi que sua linhagem sempre estaria no poder. Mas mandou um monte de castigo e danação, só não os varreu como esterco.

Abias continuou a briga com Jeroboão, que, nessa linha temporal, observava sua família ser varrida como esterco. Abias não durou muito e morreu, deixando seu filho Asa no trono em seu lugar. Ao perceber toda a danação que seu pai e seu avô sofreram por não seguir as ordens do Senhor, Asa resolveu fazer o que o Senhor queria: proibiu todas as religiões pagãs, expulsou todo mundo que afrontava o Senhor e exerceu vigilância sobre o povo para que todos seguissem os comandos de Deus.

Então, agora temos de um lado Baasa (Israel) e do outro Asa (Judá) brigando entre si. Mas Baasa tinha uma desvantagem: ao contrário de Asa, ele continuava desagradando ao Senhor e fazendo coisas proibidas.

Então, um dia, ele recebeu um recado de um profeta chamado Jeú dizendo que ele estava fazendo as mesmas merdas que Jeroboão e por isso teria o mesmo destino dele, com um pequeno toque diferente: “As pessoas da sua família que morrerem na cidade serão comidas pelos cachorros, e aquelas que morrerem nos campos serão comidas pelos urubus”.

Baasa morreu e seu filho Elá ficou no seu lugar, mas, como a família toda estava jurada de morte pelo Senhor, em menos de dois anos um dos seus oficiais do exército chamado Zinri conspirou contra ele e o matou. Depois matou toda sua família, promovendo mais uma geração varrida como esterco.

Porém Zinri não duraria muito, coitado. O Senhor também não gostava dele, pois ele fazia coisas que o desagradavam. Em apenas sete dias, outro comandante do exército chamando Onri conspirou contra Zinri e o atacou. Zinri, ao se ver cercado, entrou no palácio, tacou fogo em tudo e morreu queimado. Agora Onri era o rei, mas também seria varrido como esterco. Enquanto isso, Asa firme e forte em Judá, pois respeitava e honrava o Senhor.

Segundo a Bíblia, Onri “pecou contra o Senhor Deus mais do que todos aqueles que haviam sido reis antes dele”, o final, vocês já imaginam. Deu ruim para Onri, que também morreu e em seu lugar ficou seu filho Acabe, que também “pecou contra o Senhor Deus mais do que qualquer um dos que haviam sido reis antes dele”, pois além de todas as bostas que os outros fizeram, ele ainda teve a audácia de construir um templo para o deus Baal. A punição, portanto, seria maior. Onri pereceu e, em seu lugar, ficou Acabe.

Mas Acabe também desagradava ao Senhor, inclusive ele é classificado por muitos como “o pior rei que Israel já teve”, pois conseguiu gabaritar a cartela de bingo que chateava a Deus.
Então, o Senhor ficou muito irado resolveu punir todo mundo, tanto Acabe quanto o povo que o seguia e mandou um longo período de seca. Mas antes, mandou um aviso, assim Acabe teria a chance de se arrepender e evitar esse desgraçamento.

Deus apareceu para um profeta chamado Elias e deu ordens, palavra a palavra, do que ele deveria dizer a Acabe. Elias foi e repetiu, palavra a palavra, mandando Acabe melhorar, se não haveria uma seca devastadora. Acabe levou a sério? Não levou.

Feliz pelo profeta ter entregado a mensagem de forma correta, Deus ordenou a Elias que fosse morar escondido às margens de um riacho para ter o que beber e lhe assegurou que corvos levariam alimentos para ele. Segundo a Bíblia, corvos levavam pão e carne todas as manhãs e tardes pelo bom serviço prestado ao Senhor.

Mesmo quando as coisas ficaram ruins e o riacho secou, o Senhor amparou Elias e mandou que ele procure por uma viúva em outra cidade, que iria acolhê-lo. É uma longa e chata história, mas tem um ponto relevante: depois de acolher Elias, o filho da viúva adoeceu seriamente e morreu. Elias conseguiu ressuscitá-lo orando ao Senhor (1Reis 17:22). Isso significa que essa conversa de que só Jesus podia trazer as pessoas de volta da morte não é verdade.

Depois de três anos de seca, o Senhor mandou o profeta Elias falar com o rei Acabe e avisar que Ele faria chover. Acabe adorava outros deuses e recebeu Elias com hostilidade, mas, como a seca estava puxada, acabou concordando em fazer o que Elias pedia: reunir todo mundo em um monte, chamando inclusive os profetas rivais do “nojento deus Baal”.

Chegando no monte, com o povo todo assistindo, Elias fez um desafio ao vivaço: em dois altares, lado a alado, ele desafiaria os profetas de Baal. Ambos colocariam um animal para sacrifício em cada altar e pediriam a seus respectivos deuses que mandem fogo para queimar a oferenda.

Os profetas de Baal colocaram um touro no altar, lenha abaixo dele e ficaram orando pedindo por fogo, enquanto Elias debochava: “Orem mais alto, pois ele é deus! Pode ser que esteja meditando ou que tenha ido ao banheiro. Talvez ele tenha viajado ou talvez esteja dormindo, e vocês terão de acordá-lo!” (1Reis 18:27).

Quando chegou a vez de Elias, ele fez o mesmo e ainda mandou as pessoas jogarem por três vezes jarras de água para molhar a oferenda e a lenha. Quando começou a orar, Deus mandou um fogo tão forte que ele secou toda a água. Cheio de moral, Elias mandou que o povo prenda todos os profetas de Baal e ele mesmo se encarregou de matá-los. O Senhor ficou feliz e mandou chuva. Acabe ficou com uma pulga atrás da orelha.

Muitas aventuras desnecessárias depois, Elias e o rei Acabe se reencontram. Tudo começou quando o rei Acabe queria comprar um terreno ao lado de seu palácio para fazer uma horta, mas o proprietário, chamado Nabote, não queria vender, pois no seu terreno havia uma plantação de uvas que tinha valor afetivo, pois era herança da sua família.

Para ficar com o terreno, o rei Acabe e sua esposa incriminam falsamente Nabote e mandam matá-lo a pedradas. O Senhor não gostou e mandou o profeta Elias ir falar uns desaforos para Acabe. Coisas como “Você mata o homem e ainda fica com a propriedade dele? No mesmo lugar onde os cachorros lamberam o sangue de Nabote, eles lamberão o seu próprio sangue” e “Eu vou fazer com que a desgraça caia sobre você. Vou acabar com você e vou me livrar de todos os homens da sua família, tanto os jovens como os velhos”. Ou seja, seria varrido feito esterco também.

Depois de tudo que havia visto, Acabe sabia que havia uma grande chance disso realmente acontecer, então, finalmente se rendeu e se mudou de lado. Rasgou as roupas e se converteu ao Senhor.

Deus, em sua infinita vaidade, disse “Você viu como Acabe se tem humilhado diante de mim? Já que ele está fazendo isso, não será durante a vida dele que vou trazer a desgraça que prometi. Será durante a vida do filho dele que eu vou fazer cair a desgraça sobre a família de Acabe”. Assim, o Senhor perdoou Acabe, que tinha cometido todos os pecados, mas resolveu desgraçar o filho dele, que não tinha feito nada.

Mesmo assim, o rei Acabe teve um fim meio indigno: em uma batalha foi atingido por uma flecha entre as juntas de sua armadura. Morreu sangrando, em um campo de batalha. Seu filho, Acazias, se tornou rei e também pecou contra Deus, mas nem fez muita diferença, afinal, ele já estava amaldiçoado pelos erros que seu pai havia cometido. O fato de adorar “o nojento deus Baal” foi só um detalhe.

Enquanto tudo isso acontecia com Acabe, em Judá, o filho de Asa, chamado Josafá, se tornava rei. Assim como seu pai, Josafá também agradou ao Senhor, pois fazia tudo que ele mandava, então, não há muitas histórias divertidas para contar sobre ele.

Nomes que ficam como sugestão para mascotes: Ben-Abinadabe, Tafate, Baaná, Ailude, Ben-Geber, Ainadabe, Ido, Aimaás, Basemate, Husai, Josafá, Parua, Simei, Elá, Geber, Uri, Hirão, Hurã, Hadade, Tafnes, Genubate, Rezom, Eliada, Jeroboão, Nebate, Zerua, Sisaque, Roboão, Semaías, Abias, Nadabe, Naama, Amom, Asa, Maacá, Jeú, Elá, Zinri, Onri, Semer, Acabe, Jezabel, Etbaal, Hiel, Elias, Obadias, Acabe, Obadias, Ben-Hadade, Nabote, Micaías, Zedequias, Quenaana, Josafá, Azuba, Sili. Por razões óbvias, sugerimos Sili como nome para qualquer caranguejo de estimação.


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