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Desfavor Explica: Imortalidade (2).

| Somir | | 7 comentários em Desfavor Explica: Imortalidade (2).

O que é imortaaaalll...

Previamente, no Desfavor: Imortalidade, parte 1.

No último texto, eu discorri sobre a importância da morte na evolução da vida na Terra. E isso era importante para que o tema de hoje não parecesse um simples exercício de imaginação.

Morrer é útil. Seres que morrem evoluem e se adaptam mais fácil. Todo mundo vivo para sempre (sem contar acidentes e a cadeia alimentar) não é sinônimo de dominação e poder na natureza. Nós, os descendentes do primeiro ser-vivo com a “bomba-relógio” nos genes, somos a maior prova do poder dessa vantagem evolutiva.

BOMBA RELÓGIO

Tic-tac-tic-tac… Nesse exato momento, o seu corpo está se esforçando para te matar. Ei, ele está programado para isso, e o que nos resta é sabotar o processo o máximo de tempo que pudermos. A bomba-relógio pode ser acelerada por um estilo de vida Somir, ou retardada por um estilo de vida viadinho. Mas que ela explode, explode. Ainda estamos obedecendo às regras evolutivas.

Por mais que seres conscientes tentem evitar a morte, eles não conseguem ir até o DNA em cada célula e dizer para ele parar com essa auto-sabotagem em câmera lenta. Não é como se as suas células soubessem o que estão fazendo… Tenha em mente que precisamos de bilhões de neurônios para se COMEÇAR a raciocinar. De uma certa forma, somos um gigantesco amontoado de “mini-seres-vivos” com uma consciência geral, ilusão gerada pelo cérebro.

Seu corpo não precisa das células para sobreviver, suas células que precisam formar um corpo para continuar existindo. Quando mais bem adaptado o “amontoado”, maiores as chances das células seguirem em frente.

Por isso que não dá pra “querer” ser imortal. As células que vão enfraquecendo seu corpo com o passar do tempo não planejaram nada, são apenas cópias e variações de outras células que conseguiram sobreviver. E sobreviveram matando o “amontoado”. Funcionou, os amontoados que morrem são absurdamente mais numerosos do que os que não morrem. Se deixarmos apenas a evolução natural agir, com sorte em mais alguns bilhões é capaz da bomba relógio deixar de ser necessária.

PENSO, LOGO EXISTO

Desvio rápido:

A sua consciência (noção de existência, e não a voz da “moral”) depende do cérebro. As células dali recebem e interpretam os estímulos do ambiente. Morte cerebral é o fim de uma vida consciente (até mesmo uma barata tem alguma consciência). E sem consciência somos apenas um amontoado de células com suas bombas relógio.

Se o seu cérebro não está morto, você sabe que ele é a condição única da vida humana.

QUAL O FIO CERTO?

A bomba relógio vai se tornando um mistério cada vez menor de acordo com o estudo do funcionamento do corpo humano. Nos últimos anos várias descobertas e teorias surgiram para atacar as causas e diminuir os efeitos desses mecanismos sobre a nossa vida.

Basicamente o nosso corpo vai perdendo a capacidade de repor o que perde e várias funções físicas importantes vão sendo comprometidas pela incapacidade do organismo de se livrar da “sujeira” que acumula durante uma vida. Os fornecedores entram em greve e te deixam com um maquinário todo enferrujado.

(P.S.: Não falei enferrujado à toa, oxigênio é um veneno a longo prazo.)

A bomba não pode ser desarmada. Afinal, é justamente ela que nos fez existir em primeiro lugar. A vida foi esculpida pela morte. A combinação de elementos que nos permitem viver calhou de ser justamente a que nos obriga a morrer depois de um tempo.

NENHUM FIO É O CERTO

Não adianta esperar que algum cientista genial corte o “fio vermelho” e resolva de uma vez por todas esse problema. A única solução prática é atrasar o relógio para que ele não chegue a acionar a bomba.

Precisamos do que nos faz morrer para continuar vivos, mas não tinha nada no contrato dizendo em quanto tempo isso deveria acontecer. Manutenção constante é o caminho para a imortalidade. Reponha o que perde, conserte o que estraga e limpe o que está sujo. Sério, simples assim.

Não vai ser apenas viver muito, vai ser viver muito e sempre jovem.

Então porque os viadinhos da vida saudável morrem do mesmo jeito?

Ahá! Porque nem eles estão fazendo o suficiente para manter o corpo em dia. Vida saudável é vida saudável, imortalidade são outros quinhentos. Se desse para se manter vivo por MUITO mais tempo do que o que já se vive, com certeza alguém já teria feito isso.

A evolução não brinca em serviço. Morrer é tão útil que os nossos corpos já estão adaptados para não conseguir se sustentar jovens e saudáveis por meios naturais. (dieta e exercícios é pouco…)

A SOLUÇÃO

Valeu pela ajuda, natureza, mas agora a gente vai tirar as rodinhas da bicicleta. A evolução natural não vai ajudar muito uma espécie que já tomou conta do meio ambiente em que vive e tem PRESSA para conseguir o que quer.

Não precisamos de nadadeiras, asas ou mesmo músculos e sentidos maiores e melhores. A evolução tecnológica e social humana já assumiu virtualmente todas as responsabilidades de adaptação ao meio.

Próxima parada: Manutenção da consciência por tempo indefinido. Ou, imortalidade. Para o universo somos apenas matéria/energia. Viver e morrer não passa de uma anomalia curtíssima nas escalas de tempo e energia.

Mas, o cérebro nos faz acreditar que existimos e nossas limitações de percepção nos fazem continuar surpresos com novas informações por um período de tempo praticamente ilimitado.

Manter o cérebro vivo é manter nossa existência viva. O amontoado que dá suporte energético e informações sensoriais para este cérebro pode variar à vontade. (Desde, claro, que consiga mantê-lo vivo e funcional…)

A idéia de que se está vivo que não pode se apagar.

Encher o rabo de remédios, radiação, células-tronco, nano-robôs e tudo o mais que atrase a bomba relógio na medida certa não vão fazer nenhum arranhão na idéia de se estar vivo. Por isso que imortalidade é muito menos ficção científica do que parece. Basta não deixar o cérebro apagar.

O que acaba excluindo a chance de “digitalizarmos” nossa mente e nos mantermos vivos dentro de uma máquina (sem um cérebro vivo). Veja bem, a não ser que você esteja totalmente consciente DURANTE a transmissão de suas memórias e idéias para um computador, vai morrer do mesmo jeito e ter uma CÓPIA sua virtual. Outra consciência.

Essa é a grande limitação da imortalidade consciente: Ou é a mente original ou não é imortal.

Já temos alguns estudiosos do assunto dizendo que é capaz até dos jovens de hoje conseguirem ficar vivos tempo suficiente para usufruir dos primeiros tratamentos eficientes. Não é algo para daqui a alguns séculos, e sim para daqui a algumas décadas.

Se você morrer antes de se tornar imortal, pode me cobrar!

Mas eu disse que ainda mataria vocês de tédio com continuações. Falta falar sobre uma coisa ainda…

Seres programados para morrer não podem ser imortais. Ou: Não tem filé para todo mundo. Até a próxima, se eu não morrer antes.

Para dizer (mentirosamente) que não quer ser jovem e saudável para sempre, para reclamar que os preços dos tratamentos estarão pela hora da morte, ou mesmo para dizer que também acharia engraçado se uma pessoa de 1000 anos de idade morresse por causa por uma bala perdida: somir@desfavor.com

Comentários (7)

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