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Somir Surtado: Gays no espaço.

| Somir | | 62 comentários em Somir Surtado: Gays no espaço.

Fa-bu-lo-so!
 Escala de nerdice: Uranus

O Supremo Tribunal Federal decidiu reconhecer as relações estáveis entre pessoas do mesmo sexo num julgamento que já é considerado histórico neste país. Em decisão unânime, os dez ministros presentes entenderam que casais gays devem desfrutar de direitos semelhantes aos de pares heterossexuais, como pensões, aposentadorias e inclusão em planos de saúde.

Como eu não sou o especialista em direito do blog, não pretendo me aprofundar nos meandros legais da questão. O texto a seguir se baseia na minha primeira reação ao ler a notícia:

“Porra, 2011 e a gente ainda está encanando com uma merda dessas?”

E não me entendam mal, foi sim uma vitória para a coletividade, sem contar que eu acho o máximo quando a CNBB (a verdadeira Liga do Mal) não consegue segurar o avanço intelectual da nação e acaba saindo derrotada com o coroinha entre as pernas.

É motivo para comemoração, claro. O que me incomoda é que casais homossexuais devem existir desde a Idade da Pedra (e o que não falta é registro histórico de sociedades que moldaram a nossa cultura atual) e estamos vivendo num país que SÓ AGORA decidiu tomar uma medida INCLUSIVA para esse público.

Porque legislar para classificar crimes de ódio, por mais que tenha sua função, é uma medida exclusiva. Presume-se que quem sofra uma agressão classificada como homofóbica realmente faça parte do grupo dos homossexuais. Não estou dizendo que o cidadão ou cidadã saia do tribunal com uma decisão judicial atestando sua homossexualidade, mas não dá para ignorar que é uma classificação.

E em matéria de orientação sexual, classificação é uma máquina de criar confusão. A linha entre TODAS as orientações é imaginária, a pessoa se define como quiser, os outros acreditam se quiserem. E eu não estou fazendo nenhuma afirmação sobre a sua orientação sexual, leitor inseguro. Acho um pé no saco quando aparece a turma fundamentalista por aqui, tanto os religiosos como os gays. Sim, porque já li várias vezes aqui comentário dizendo que “todo mundo é gay”. Vão cagar no mato! Cada um é o que quiser, pelo tempo que quiser, ninguém tem porra nenhuma a ver com isso.

Faço esse parêntese porque parece completamente deslocado nessa humanidade, que não tem regras físicas para definir sexualidade, a noção de que apenas algumas combinações podem usufruir de direitos básicos do ser humano.

Desde quando o que Janjão e Jorjão (podem ser nomes de gays ou de lésbicas, ok?) fazem entre quatro paredes cria a diferenciação entre o direito de formar relações válidas diante dos olhos da lei? Eu não pago impostos para um Estado vigiar a correta conexão entre pênis e vaginas dos outros cidadãos. Eles que se fodam! (Ha!)

É bacana que essa decisão tenha ocorrido, mas é insano que as nossas leis já não tenham NASCIDO assim. Menciono muito o conceito de leis porque elas evoluem de acordo com o povo que as segue. Se hoje em dia é polêmico, com certeza já foi proibido no passado, mesmo que implicitamente.

Vivemos num país e num mundo onde tem gente morrendo de fome, de doenças que já tem cura… E sério que a humanidade ainda não se livrou desse tema da aceitação das opções sexuais das pessoas? E a palavra certa é livrar mesmo. Essas preocupações moralistas fedendo à religião nada mais são do que peso morto nesse mundo.

É tanto lixo no inconsciente coletivo que questões absolutamente cretinas como a influência da orientação sexual de alguém no seu direito de usufruir de uma herança nublam todas as prioridades de uma espécie supostamente inteligente como a nossa.

Se não fossem os FILHOS-DA-PUTA que ficam atravancando a evolução humana para inflar o próprio ego (travestido de “agradar um ser imaginário”), você poderia estar lendo este texto numa base em Europa. Não o continente, a Lua de Saturno. E mesmo que você não seja muito fã de viagens espaciais, o que importa aqui é que a humanidade focada em algo importante vai longe, e rápido.

A Idade Média freou o mundo durante séculos. E eram séculos excelentes aqueles, os povos mais bem desenvolvidos estavam perto um dos outros e a curva tecnológica e social estava numa ascendente espetacular. Sem o buraco evolutivo imposto pelo misticismo de alguns poderosos, teríamos alcançado a era moderna MUITO mais cedo.

Quando ficamos distraídos por asneiras como patrulha moral e controle exacerbado da vida alheia, não sobra espaço para enxergar o que realmente nos interessa. Usei o exemplo espacial como uma alegoria, porque que há pouco tempo a humanidade cismou que colocaria um homem pisando na Lua. Parecia impossível, mas num espaço de mais ou menos dez anos tinha um cara lá.

De nunca ter saído da atmosfera para saracotear na Lua. Dez anos. Certeza que já estaríamos muito mais longe se fosse foco central de nossas ações, ainda mais tomando de volta aqueles longos séculos perdidos para o misticismo e a ignorância.

Mas o foco humano nunca se preocupa com o humano. Claro que defender a conquista espacial não faria muito pelas pessoas morrendo de fome, mas isso também já era para ter sido resolvido. Faz tempo. É, mas miserável funciona bem como massa de manobra, não é interessante alimentar e proteger as pessoas deste mundo. Porque essa é a grande escrotidão: JÁ TEMOS TECNOLOGIA E RECURSOS para não deixar nenhum ser humano nesse planeta passar fome ou sofrer com alguma doença banal. E dá para fazer isso sem transformar a humanidade toda numa entidade assistencialista. O negócio de erradicar a miséria permitiria iniciativa pessoal e direito ao patrimônio do mesmo jeito. Basta ser o foco.

Também tem a importantíssima questão de aumentar a duração da vida humana. A morte está “cravada” no nosso código, mas pode muito bem ser enganada indefinidamente. O ciclo da vida humana começa a ficar obsoleto num mundo com tanta gente e tanta informação disponível.

Só que sabemos muito bem que esse não é foco. O foco é fazer todo mundo entrar nesse joguinho de preocupações ridículas e manter a sociedade mais ou menos estável. Gastam rios de dinheiro para fazer lobby pela defesa da conexão genital mais agradável para os seguidores de um livro inventado por criadores de cabra da antiguidade, mas para botar dinheiro na pesquisa de células-tronco pensam duas vezes, já que pode ser “mal visto”.

Eu fico puto porque é dolorosamente óbvio que equiparação de direitos entre casais hetero e homossexuais é basicamente como abolir a escravidão: Não passa da porra da obrigação para uma sociedade formada por seres que valorizam a sua massa cinzenta.

O que eu queria mesmo era ver mais gente saindo um pouco desse esquema de grande comoção social (inclusive os beneficiados) e ficando PUTA DA VIDA porque só estamos começando a nos livrar desse atraso intelectual todo agora. Dois mil e FUCKIN’ onze (à lá Sally).

É vergonhoso. E revoltante… Eu poderia estar vendo o nascer do sol em Marte. Mas estou aqui escrevendo sobre a vitória (parcial) contra um preconceito vazio de gente ignorante.

Humanidade: Grandes merdas.

Para dizer que não achou que eu fosse conseguir ligar um tema ao outro, para me mandar subir num foguete e ir embora logo, ou mesmo para dizer que minha revolta foi bom viadinha: somir@desfavor.com

Comentários (62)

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