Desfavor Explica: Teoria das Cordas.
| Somir | Desfavor Explica | 59 comentários em Desfavor Explica: Teoria das Cordas.

Pamina disse:
23/11/2012 às 17:04
Para o Somir:
Desfavor explica: Teoria das cordas
Honrando com uma semana de atraso o texto pedido pelos leitores na semana do aniversário… Com mais uma semana de atraso. Mas não fiquemos amarrados por isso. Hoje eu vou TENTAR explicar a Teoria das Cordas, da forma mais simples possível (Mas sem virar documentário do Discovery…). Aposto que você vai vibrar! (Ha!)
Antes de qualquer coisa, precisamos entender (ou relembrar) que a física moderna lida com um problema de extrema gravidade: O que faz sentido na escala macro não faz na escala micro, e vice-versa. A física que explica o movimento de planetas ao redor de uma estrela não “bate” com o observado em elétrons ao redor do núcleo de um átomo, por exemplo. Isso vem quebrando a cabeça de mentes brilhantes há décadas.
E quanto mais se vai para um ou outro lado da escala de tamanho, menos sentido parece fazer! Onde está a conexão que vai alinhar a Teoria da Relatividade com a Mecânica Quântica? Bom, mesmo sem encontrar evidências sólidas dessa conexão, surgem várias ideias e explicações teóricas para reconciliar essa divisão, tentando prever a resposta na base da matemática e da abstração.
Uma dessas linhas teóricas é a relativamente famosa Teoria das Cordas. Até mesmo quem não liga para física já deve ter ouvido o nome. O que muita gente não sabe é que a fama dessa teoria vem muito mais da polêmica que gera na comunidade científica do que de acertos e previsões propriamente ditas. Passa longe de ser unanimidade, e muitos físicos vão te olhar com desdém se você sequer mencioná-la.
A Teoria das Cordas tenta ser uma Teoria de Tudo. Conciliando todas as forças fundamentais conhecidas com todas as formas de matéria conhecidas. A mesma coisa que a faz ser bacana (explicar tudo!) também deixa muito a desejar se escrutinada pelo método científico (explicar tudo?). Mas, lembrem-se: Mesmo com suas controvérsias, não é uma Teoria bolada por meia dúzia de maconheiros entediados, é algo estudado e aperfeiçoado por muita gente séria e dedicada por muitos anos.
Vamos tentar desenrolar essas cordas…
CONJUNTO
Não existe só UMA Teoria das Cordas. A Teoria das Cordas, pelo menos no contexto de uma explicação generalizada, deve ser entendida com um conjunto de teorias. Com o passar do tempo, e muito por causa da dificuldade de testar as hipóteses sugeridas, braços da teoria começaram a se desenvolver, cada qual partindo de um princípio parecido.
Uma das maiores “loucuras” da Teoria das Cordas é que ela pode gerar explicações para basicamente infinitos universos diferentes, como é muito matemático, não tem essa “obrigação social” de achar a resposta para o nosso. Uma das críticas mais comuns à Teoria é que ela ainda não achou algo que explique as nossas leis da física. Sempre fica faltando alguma coisa. E considerando o número de universos possíveis, é bem pior que achar uma agulha num palheiro, é achar um átomo numa galáxia (munido apenas de uma lupa)…
Aposto que você já deve ter ouvido também o termo “Supercordas”. Como eu já escrevi, existe mais do que uma representação da Teoria das Cordas em geral, e a Teoria das Supercordas é uma delas. O super não se refere ao tamanho das cordas em si, mas ao conceito de supersimetria, que prega que para cada partícula fundamental existe uma virtualmente idêntica, mas com o spin levemente diferente. HÃ?
Partícula Fundamental: Partículas onde não se conhece nenhuma subdivisão. Ou seja: Não dá para quebrar mais.
Spin: Os físicos vão querer me matar, mas… Considere Spin como a direção na qual uma partícula gira. É muito para a cabeça explicar mais do que isso agora.
As partículas fundamentais se dividem em férmions e bósons. Os férmions são partículas de massa (quarks e elétrons – átomos), os bósons são partículas que carregam energia (fóton – luz). Mas como matéria e energia são a mesma coisa, se você “gira” (Spin) ela um pouco, ela troca de time. Pela supersimetria, se existe um férmion, existe um bóson, sempre.
A Teoria das Supercordas incorpora a supersimetria nos seus cálculos, as mais antigas não. Não se confunda achando que existem cordas Clark Kent e cordas Super-Homem. Neste texto eu vou seguir mais perto dessa variação da Teoria das Supercordas, mas sem propriamente endossá-la, porque sinceramente, consenso é a última coisa que se encontra nesse assunto.
CORDAS
E qual é esse princípio parecido entre as variações? A Teoria das Cordas sugere que partículas sub-atômicas feito elétrons e quarks não são objetos com zero dimensões. E sim cordas com uma dimensão. A explicação não resolveu nada, né? Ok, vamos com mais calma. Um dos caminhos mais óbvios para criar uma Teoria de Tudo é achar o ponto indivisível da matéria/energia.
Durante muito tempo, o átomo (mesmo que puramente em teoria e com vários nomes diferentes) era a menor divisão da matéria. Mas aí descobriram que o átomo também poderia ser dividido. E pior: Que tinha MUITO mais espaço “vazio” do que “coisas” propriamente ditas dentro de um. Mas não acaba por aí, com a descoberta dos quarks, até mesmo as partes do átomo podiam ser subdivididas. E com a descoberta de mais um monte de forças agindo sobre essas partículas, inclusive descobrindo que nem o vazio é vazio mesmo… Não tinha como unificar mais porra nenhuma.
E é aí que a Teoria das Cordas (em geral) entra: Sugerindo que nas menores escalas da matéria concebidas tudo pode ser entendido como uma série de cordas vibrando. Aqui é necessário um exercício de imaginação: Ao invés de pensar nessas partículas subatômicas como “bolinhas”, imagine uma corda fechada, tipo um elástico, vibrando ao longo da linha que o forma. Vibrações diferentes criam elementos diferentes. Mais ou menos como as cordas de um violão: Dependendo de como você bate na corda, ela vibra de forma diferente e produz um som diferente.
E como são todas cordas idênticas, apenas vibrando em frequências diferentes, elas podem interagir e mudar de “som” de acordo com as outras cordas próximas. Por isso matéria/energia consegue interagir. Agora é apenas uma parte indivisível compondo tudo… Agora dá para explicar tudo, né?
DIMENSÕES
O problema é que na prática a teoria foi outra. Os cálculos baseados nessa ideia bacana de reduzir tudo a cordas vibrando por aí fecharam até que bem… Mas com um pequeno problema: Eles precisam de 10 dimensões para funcionar. A das Supercordas ainda coloca mais uma no bolo.
Estamos familiarizados e “livres” com três dimensões e acompanhamos o fluxo de uma quarta. Altura, largura e profundidade são as que usamos para nos locomover e enxergar o universo, tempo a é a dimensão da qual somos meros espectadores. A física que temos lida razoavelmente bem só com essas quatro, inclusive para explicar coisas espetaculares como o movimento de planetas e estrelas! Também é fácil imaginar que mesmo coisas minúsculas como partículas de átomos estejam inseridas dentro desses três eixos de espaço e um de tempo.
Mas para a Teoria das Cordas, não dava certo. Seriam necessárias outras dimensões para que essas cordas pudessem se movimentar, esticar e relaxar. E essas dimensões deveriam ser tão pequenas que estariam ainda mais escondidas. Não confundir com dimensões de imaginário popular, espelhos do universo atual com algumas variações.
Essas dimensões da Teoria das Cordas são mais ou menos como se encolhêssemos uma pessoa até o ponto onde ela consegue andar sobre a espessura de uma folha de papel. O espaço para se locomover já existe, mas é pequeno demais para ser percebido pelos observadores (no caso, nós). A matemática por trás da teoria vai tão longe que o mínimo de dimensões possíveis para a Teoria das Supercordas fazer sentido é 10. Mais a dimensão do tempo. Algumas outras variações sugerem até 26 dimensões!
Novamente, essa parte gera críticas pela impossibilidade de sequer testar algo assim. O tamanho sugerido para cada uma dessas cordas é mais ou menos a distância de Plank, uma medida de distância tão ínfima que é considerada o limite TEÓRICO de quão pequeno pode se ir.
Pois bem, o cérebro humano não é equipado para ir além de 3 dimensões de espaço e uma de tempo. Uma das únicas formas de testar a existência de outras dimensões é se alguma coisa “sumir”. Mas sumir sumir mesmo, nada dessa coisa bonita de tudo se transforma. Os testes do LHC também se propõem a descobrir se depois de uma colisão muito poderosa entre partículas, a energia medida antes e depois vai ser diferente. Se for, a teoria das dimensões pode ficar muito mais forte.
UNIVERSO HOLOGRÁFICO
Evidente que não dá para cobrir tudo numa postagem, existem toneladas de informações extras, mas só de entender mais ou menos os conceitos de cordas e dimensões, já dá para aproveitar algumas das teorias mais insanas e divertidas relacionadas da Teoria das Cordas.
Uma das ideias sobre as cordas é que apesar de serem unidimensionais, se você analisá-las com o passar do tempo, elas vão formar uma superfície bidimensional, uma espécie de lençol contendo todas suas posições e dimensões possíveis. E só para ficar claro:
Zero Dimensões: Um ponto TEÓRICO.
Uma Dimensão: Uma linha.
Duas Dimensões: Um quadrado.
Três Dimensões: Um cubo.
A Teoria das Cordas diz que a menor subdivisão da matéria não é de Zero Dimensões, mas sim de Uma. Linhas para todos os lados. (que mesmo fazendo curvas e “fechando”, não mudam de dimensão… elas passam por OUTRAS dimensões para fazer essas curvas e virarem círculos) E na união dos seus poderes, cria-se um espaço bidimensional.
Uma dessas ideias interessantes derivadas da Teoria das Cordas, que eu mencionei por cima em uma postagem anterior, é a do Universo Holográfico. De forma simplificada: O universo é composto de informação, matéria e energia são meras representações dessa informação. Depende mais de quem recebe essa informação do que de as coisas… existirem. Calma, piora: O universo seria uma área bidimensional onde a informação está “pintada”, inclusive a terceira dimensão percebida pelos macacos pelados que habitam esta rocha.
Estudando os buracos negros, Stephen Hawking chegou a conclusão que eles emitem radiação (que agora leva seu nome). Outro cientista, Jacob Bekenstein, calculou que a temperatura do buraco negro não precisa ser zero e que eles também tem entropia. E mais: Que sua entropia precisa ser a maior possível, existe um limite de energia que você pode ter num mesmo ponto antes dele virar um buraco negro.
Entropia: A tendência da energia de se tornar inutilizável com o passar do tempo. A noção de que o universo vai esfriar deriva diretamente dessa ideia.
Pois bem, a entropia de um buraco negro cresce de acordo com sua massa, e nada no universo pode ganhar dessa entropia. O que os cientistas descobriram é que esse aumento de entropia acontecia ao quadrado do raio do buraco negro, e não ao cubo, como se imaginaria num objeto tridimensional. Isso dá pano para a manga na discussão sobre a Teoria das Cordas e suas aplicações reais.
Ainda é teórico até dizer chega, mas se juntarmos essa ideia de universo holográfico com uma descoberta interessante de outro cientista que afirma ter encontrado códigos de programação estudando a matéria/energia… Mas deixemos isso para desenrolar numa próxima vez.
Seria possível essas cordas serem fendas dimensionais, onde, através delas saem componentes para formar outra matéria, tipo, não é a vibração que a cria, mas sim a vibração que a libera, assim como também podem entrar componentes através dessas fendas, uma ótima ideia de como tudo some em um buraco negro, seria como se a matéria fosse comprimida ao extremo até passar por essa fenda no fim/núcleo do buraco negro, e depois ser liberada por outras fendas e constituírem outra matéria, uma espécie de reciclagem universal kkkkkkk (eu to rindo mas é sério kkk)…. minha visão espirita (não julguem) me leva a crer que para ocorrer essa liberação dos componentes exatos dos quais são precisos para constituírem uma nova matéria, seria necessário um princípio inteligente meio que no controle disso, uma forma de Deus, ou uma forma de código programado em um universo baseado em uns e zeros.
Me desculpem se o texto todo só tem baboseiras e se eu estou ofendendo os que são formados em faculdades do assunto, mas eu sou um adolescente curioso e cheio de imaginação kkkk só queria compartilhar a ideia.
Grigori Perelman explicando porque recusou a Medalha Fieldspor resolver … Ele sabe como controlar o universo dele, e nesse universo não é ..
da um texto , nao!
Gostei muito do texto, parabéns, que pena que somente agora fui encontrá-lo. Mas gostaria de comentá-lo. Estou entusiasmado com. Sempre pensei que os quarks (desculpe os pesquisadores e cientistas) “vibrassem em frequências”. A Teoria das Cordas se encaixe perfeitamente. Sempre pensei que essas “vibrações” nos permitiam por exemplo ver a matéria (no Macro) no nosso mundo físico.
Hoje, principalmente depois que li sobre o Universo Holográfico, penso que cada quarks, por exemplo, pensando na Teoria das Cordas, funciona uma espécie de coordenada. Informando do que é feito, onde está , onde deverá estar, “que tipo de matéria”, etc. Mais loucura ainda, não interessa se 11 dimensões, 26 ou 42 dimensões. São quantas forem necessárias, ou seja, quanto mais dimensões melhor. Tudo para colocar ordem no CAOS e se colocar no Universo programado.
Excelente texto, bem explicativo. Adoro estas leituras sobre física e matemática. Procurava um texto bem abrangente sobre o assunto e este foi fiel. Mas como alguns questionaram a Teoria de Tudo, talvez o melhor seria Teoria sobre a existência de Tudo.
Gente, todo mundo sabe que o número de dimensões visíveis e invisíveis não é 3, 10, 11 ou 26.
A resposta para o sentido da vida, do universo e tudo mais é 42.
Porquê 42?
Veja o filme uma boleia pela galáxia
Sensacional! Já fazem 4 anos desde a postagem do artigo e ele continua sendo sensacional !
Sensacional mesmo.! Muito bom!
Brother, entendi tudo!
Parabéns pela postagem. Me incentivou mais a pesquisar sobre esses assuntos…
Muito bom o texto, sua dissertação é ótima e numa linguagem “descolada” o que me fez rir em alguns pontos sem perder a inteligência! Assisti ao filme “Interestelar” e minha cabeça está bugada a dias, por isso estou pesquisando mais acerca do assunto. Você poderia dar sua explicação sobre este filme se caso já tiver assistido. Parabéns pelo site.
Muito bom, achei simples o bastante pra um tema complexo o bastante. De fato eu tenho dificuldade em aceitar tantas dimensões e nem é pela teoria dos universos paralelos.
Que merda e essa, isso e explicar resumidamente?
Filhão, se ele não resumisse talvez precisaria de 1 ano de leitura para você apenas ler, já entender não consigo estimar um prazo.
Nossa, adorei! Já li vários textos sobre a Teoria das Cordas, mas esse foi o primeiro que eu realmente entendi. Muito bom! Primeira vez que entro no site e devo dar os merecidos parabéns a vocês. Obrigada pela excelente explicação!!
Alguém aí assistiu Interestelar?
sim. muito bom
até certo ponto ,simples de entender
não precisa ser craque em fisica quantica para entender
se puder assista What the Bleep Do We Know
creio q vc encontra esse filme no u tube
byby
Cai de paraquedas neste blog e foi a melhor coisa que já me aconteceu nesse universo binário.
Triste por não ter tropeçado em vocês antes. Vai ser uma tarefa árdua colocar o papo em dia. :)
Obrigado e obrigada.
Seja muito bem vinda. Tem cinco anos de leitura te esperando!
Eu acho provável que exita mais de 1 dimenssão sim, e essas dimensões podem ser paralelas ou até provabilidades e escolhas nossas tipo; meu cachorro morreu ontem por que o portão da minha casa estava aberto e ele se soltou e foi atropelado por uma moto, mas em outra dimenssão ele pode estar vivo alguem podia ter fechado o portão então essa e minha opnião.
mas ai você já esta se referindo a teoria do caos
O universo do dia a dia é uma equação de 3° grau- 3 dimensões – 3 raizes. Os mega computadores quanticos do futuro conseguirão montar matrizes de n colunas x n linhas ( de n inimaginaveis) e equações com expoentes astronomicos , cujas raizes definirão o numero de dimesões necessárias até se chegar a particula primeira e fundamental da formação do universo. Talvez um novo sistema numérico quântico seja criado- o nosso atual está incompleto ou carente para irmos à alma da matéria. Toda ciência é abstrata e suas n dimensões também o são. A propria dimensão zero deixaria de ser pontual para ser indivisivel e ser a partícula fundamental ou a formção do universo ficará em, talvez, definitivo somente na nossa imaginação.
Somir, você disse:
“Mas não deixa de ser “tudo” para a física conciliar a Relatividade e a Mecânica Quântica. Uma das duas deve estar errada, e isso é um espinho enfiado fundo na carne da ciência moderna.”
Bom, no século XIX os cientistas desse século também estavam lutando para entender a eletricidade e o electromagnetismo… quebrando a cabeça nisso, donde saíram coisas como o “éter luminífero” e o “mesmerismo” (que se provaram falsas mas na época pareciam teorias corretas) e que claro, o espiritismo malandramente pegou para validar suas crenças… da mesma forma que a Física teórica atual tem seus temas pegos pra validar crenças novas de nossos tempos, vide a tal da “conscenciologia” do tal waldo vieira, e sua relação com a física quantica e a própria teoria das cordas… todo mundo quer validar a crença que inventa com a ciencia da época e dizer “viu! como o “plano espiritual ja sabia de tudo isso”. O que voce acha sobre essa relação?
Mas a questão é seguinte, eles lutaram pra entender esses fenomenos e eles foram desvendados, da mesma forma que o nosso “problema da eletricidade” dos nossos tempos são esses, como essa aparente impossibilidade de conciliar as Leis do universo do muito grande com as que regem o do universo do muito pequeno, mas acho que isso é questão de tempo até surgir um novo genio com um insight sensacional depois de muito estudo e resolver essas rusgas.
Sobre a parte da entropia e dos buracos negros.. já me peguei pensando aonde que essa energia não reversível, digamos, “perdida com o tempo” (apesar do que me parece mais natural pensar nisso no processo em questão, térmico, e não no tempo) ficaria “acumulada”… será que as outras dimensões entram aí? Assunto fascinante, obrigado por se dar o trabalho de escrever isso aí.
….zzzzz
Eu gostei bastante do texto, Somir. Apesar que para entender melhor, tem que ter algum conhecimento em partículas subatômicas e alguma ideia de entropia e spin. Porém, acho meio errôneo a comunidade científica nomear a Teoria das Cordas como “Teoria do Tudo”. Afinal, o que seria o tudo? A Teoria das Cordas tenta unificar aquilo que conhecemos, aquilo que a mente humana consegue compreender (e isso chamamos de “tudo”). Porém, essa teoria necessita de um nível muito mais elevado de conhecimento sobre matéria, energia e forças para que possa fazer mais sentido (vide as 11 dimensões). O conhecimento absoluto sobre micro e macro universo (o real tudo) é inatingível à mente humana. Essa teoria pode ser explicada matematicamente (e isso é um grande avanço), mas não conseguirá conciliar todas as forças e matérias conhecidas pelo ser humano. E é por isso que, como você escreveu, surgem braços da teoria.
E não acredito que um dia acharemos a tal partícula fundamental. A cada era da humanidade, descobrem mais uma partícula fundamental. Primeiro acreditavam que tudo o que existia na natureza era composto de água, terra, fogo e ar, depois veio o átomo, e depois descobriram os prótons, nêutrons e elétrons. E descobriram que existem as partículas subatômicas (formadoras dos núcleos dos átomos). Só para provarem a existência do bóson de Higgs, levaram 30 anos e gastaram quase 10 bilhões de dólares. Da mesma forma que não conseguimos conceber a ideia de quão gigante nosso universo é, também jamais chegaremos à essa partícula fundamental. Assim como o macro universo é infinito, o micro também é. Mas não há como negar que essas teorias e descobertas nos ajudam a compreender um pouco melhor como funciona o “nosso” universo.
Gostei do trecho “Depende mais de quem recebe essa informação do que de as coisas… existirem.” Para exemplificar essa informação, sempre cito o som. Se uma árvore cai no meio de uma floresta, ela produziu algum tipo de som audível? A resposta parece óbvia, mas se não há nenhuma espécie receptora desse tipo de onda por perto, pode-se dizer que a árvore não produziu nenhum som. Ou seja, pode-se dizer que o som só existe quando ele chega em um ser capaz de escutá-lo. Sim, esse exemplo é tosco, não inclui ultrassons e infrassons, mas para leigos, esse exemplo sempre funciona quando começo a falar de Universo Holográfico.
Lembrei-me também daquele experimento onde elétrons são lançados contra uma chapa com duas fendas. Ora se comportavam como onda (produzindo um padrão de interferência), ora se comportavam como partículas (dualidade onda-partícula, de Broglie). E o que muda o comportamento da partícula é simplesmente o ato de observar. Na presença de um observador, a partícula se comporta como matéria. Ou seja, na física quântica, o observador não é necessário apenas para a observação das propriedades de um objeto, mas também para a definição de suas propriedades. Palavras de Heisenberg: “O que observamos não é a natureza propriamente dita, mas a natureza exposta ao nosso modelo de questionamento.”
Na minha graduação fiz iniciação científica em Astrofísica. Apesar de não ter absolutamente nada a ver com o meu curso (exceto a parte de termodinâmica), é um assunto que sempre me fascinou. Se deixar, fico horas falando ou escrevendo sobre as mais diversas teorias sobre o universo, física moderna, etc. Nem preciso dizer que espero o desenrolar sobre essa teoria aqui no Desfavor.
Já disse que adoro esses comentários? Eu adoro esses comentários.
“Teoria de Tudo” tem aquele ranço de “Partícula de Deus”, termo forçado e um tanto quanto inconsequente. Até porque “tudo” está em expansão… Figurada e literal.
Mas não deixa de ser “tudo” para a física conciliar a Relatividade e a Mecânica Quântica. Uma das duas deve estar errada, e isso é um espinho enfiado fundo na carne da ciência moderna. E no texto de sexta eu escrevo sobre a possibilidade da mente humana não ser mais a barreira final. Uma barreira existe, é claro, mas ela pode estar BEM mais distante.
E sobre a parte da “incerteza”, eu acho um barato como as observações vão provando como analisar o universo nunca vai deixar de ser uma experiência antropocêntrica. Separamos as ciências por conveniência, mas qualquer teorização, observação e experimento são facetas da Teoria de Tudo (real).
Que fascinante, quase enlouquecedor! Ao ler sobre a Teoria das Cordas pela primeira vez, provocada por meu genro Bianchi, me dei conta de que há tantas possibilidades para se viver o imaginário… E o inimaginável, também . Pura abstração? Bem, eu nao sou tão atrevida assim. Só sei que, no meu cérebro feminino -e um tanto idoso – lendo sobre spins, cordas e dimensões, formou-se uma imagem bonita de um imenso laço de muitas voltas, laçadas, desses que enfeitam os embrulhos de presente. Como nao disponho de conhecimento científico para um entendimento melhor, dou-me por satisfeita por ter conseguido, nessa preciosa leitura, salvar uma memória bonita.
Valeu!
Melhor comentário de todos os comentários. Hoje estamos em 2016, alguma novidade a respeito de como se dá o entrelaçamento das partículas? Algo de novo surgiu nos estudos?
Sheldon Cooper curtiu isso….
Brincadeira… mas foi uma postagem interessante. Andei sumido esses dias (quemliga..?) e fico feliz que a qualidade das postagens não caiu! Quanto ao post, serei sincero: Só entendi uns 30 ou 40% dele…
Alguem ai entendeu mais?
Eu. Eu consegui uns bons 54%.
Sem querer dar uma de Somir, mas eu entendi 120% dele.
Kkk, Sheldon Cooper amou o post!!
Sinceramente, o assunto é muito complicado… Também não entendi muito, mas se considerarmos a complexidade desse tema, eu acho que foi uma ótima explicação!!
(cerca de 60% eu consegui)
Sobre esse assunto, recomendo o documentário O universo elegante, é bem didático…
Muito chique. Eu gosto muito da parte dos universos multiplos, mas entendo que so da para mencionar. Um link legal que junta alguns desses conceitos
http://www.ted.com/talks/brian_greene_why_is_our_universe_fine_tuned_for_life.html
Nós não existimos, somos apelas uma imagem refletida de um outro universo que nem existe mais também há milhões de anos.
Depende de como for o jogo de espelhos cósmico, podemos até ser reflexões de nós mesmos.
É, “apelas” ou “apenas”.
Tudo isso me lembrou um episódio de Community…
sem duvidas seriamos, afinal, se fosse um jogo de espelhos, seria dificil fazer refletir sobre nos outra coisa senão nos mesmos. mas essa teoria e tao ridiculamente absurda que poderiamos dizer que podemos ser reflexos de grandes elefantes cor de rosa.
Tem horas que me sinto muito ignorante. Pois não consigo entender essas teorias.
Pra que serve uma teoria destas que está cheia de “furos”? São 26 dimensões com problemas e possiveis incertezas. Se não se aplica pro universo que vemos pra serve mesmo? É uma teoria tipo deus, não serve pra nada, mas todo ser humano já ouviu falar. Ele só existe se vc acreditar, tipo papai noel.
Não precisa acreditar. Aliás, respeita-se mais quem duvida na ciência.
Mas só um porém:
Em dado momento, toda teoria não servia para nada. Sem o Einstein correndo atrás de uma ideia maluca e teórica de curvatura do espaço/tempo, hoje não teríamos o sistema de GPS… Normalmente quem descobre as coisas descobre pelo prazer de descobrir. Outros que se encarregam de trazer essas informações para o bem (ou mal) da humanidade.
As teorias das cordas são das coisas mais divertidas da física moderna, embora/porque faltem dados empíricos.
No mais, desde da confirmação da existência do bóson de Higgs, que eu venho torcendo pro LHC “esbarrar” em algo não previsto pelas teorias atuais.
E principalmente para o resultado ser válido!
Porque foi sacanagem nos dar esperanças com aqueles neutrinos mais rápidos do que a luz e não passar de um erro de cálculo…
Nao foi erro de calculo, era um cabo meio solto. Mau contato em um dos detectores.
Verdade.
Bacana foi ver um vídeo do Michio Kaku AFIRMANDO que era erro técnico antes de confirmarem. O cara é considerado fanfarrão no meio científico mais tradicional, mas deu uma bola muito dentro nessa.
Entendi porra nenhuma apesar do seu nítido esforço pra se fazer entender, vai ver me faltam neurônios. Mas vamos lá, tenho algumas perguntinhas: essas dimensões têm a ver com aquele lance de existirem vários “nós” só que vivendo em outros “universos”? E existe alguma remota possibilidade da gente “pular” de um universo ao outro?
Tem a ver, mas não necessariamente.
Uma forma de explicar as dimensões é “descendo”: As três dimensões de espaço e uma de tempo são as que vivemos e entendemos, e as outras estão escondidas em escalas absurdamente pequenas… pequenas demais para sequer conseguir mensurar sua existência.
Outra forma é “subindo”. Partindo da dimensão zero e chegando até a quarta (3 de espaço + 1 de tempo), existem outras ainda mais abrangentes, maiores. Nós vivemos na terceira e conseguimos perceber a quarta dimensão (tempo) através da terceira. Por isso vemos só o presente, mas não o passado ou futuro. A quarta dimensão real, para quem vive nela, trata o tempo como um todo. Ver uma pessoa em quatro dimensões significa ver toda a história dela, do nascimento à morte, ao mesmo tempo.
E quanto mais você sobe de dimensão, mais isso acontece. Chegando num ponto onde você consegue perceber e se locomover livremente por tudo o que existiu, existe, existirá… Antes que eu vá longe demais: As dimensões para cima da quarta permitem esses mundos paralelos.
Mas… nada impede que as duas formas de enxergar as dimensões, subindo ou descendo, não sejam válidas ao mesmo tempo.
Nunca tinha entendido essa idéia de 4 dimensão (para cima).
Agora entendi, valeu Somir!
Aliás, muito bom o texto, já tinha tentado entender sobre a teoria das cordas e nunca ter achado material que explicasse desta maneira para os leigos.
http://www.youtube.com/watch?v=H5NwRfMJgOQ
Somir, há uns anos atrás eu tive um ex que era completamente fascinado por telecinese, eu de quebra acabei aprendendo algumas coisas junto, e falando bem superficialmente seria basicamente tentar se harmonizar, tentar entrar na mesma vibração daquele objeto ou elemento e assim conseguir manipula-lo. Enfim, a telecinese como vista no video acima ou a manipulação de alguns elementos como o fogo poderia ser explicada pela teoria das cordas? é possível voce controlar a sua “vibração” até entrar na mesma frequência da vibração de outros objetos/elementos?
Você percebe que no próprio vídeo tem um link explicando o “truque”, né? Na prática, a telecinese nunca foi provada… E não é por falta de oportunidades.
Mas, pelo argumento, vamos considerar que telecinese é real: Manipular as vibrações das cordas teria consequências bem mais drásticas do que mover objetos… existem valores determinados na correspondência entre vibração e “tipo” de matéria/energia representada.
Uma pessoa capaz de manipular as vibrações dessas cordas estaria basicamente “transmutando” materiais. Ou pior: Transformando-os diretamente em energia. Uma sessão de telecinese poderia terminar com inúmeros objetos deformados ou mesmo uma cratera de explosão visível do espaço.
A explicação mais plausível dentro do contexto dessa teoria seria a utilização de dimensões extras para movimentar objetos sem essa “obrigação” de exercer uma força reconhecível nelas…
Poderia ocasionar uma fissura no espaço-tempo? Um vórtice?
Neo, é você?
Então quer dizer que podemos estar vivendo na Matrix?
Pode ser ainda mais maluco: O universo é naturalmente uma Matrix.
EU POUCO ESTUDEI, APENAS ATÉ AO 9º ANO, MAS SEMPRE TIVE ESTA MESMA IDEIA
Faltaram as figuras. Não entendi nada mas valeu pela tentativa.
Eu também, “só sei lê só as figura.”
Melhor filme brasileiro.
Eu evitei o tema até agora porque eu também estava boiando muito no assunto. A pesquisa para este texto me clareou muita coisa, mas eu deixei de fora vários elementos que simplesmente ainda não entraram na minha cabeça.
E olha que dessa vez eu consultei um especialista.