Somir Surtado: Pensando grande.
| Somir | Somir Surtado | 38 comentários em Somir Surtado: Pensando grande.

Por muitas vezes aqui no desfavor, quando comentando reações populares aos acontecimentos mundiais, nacionais ou regionais, acabamos batendo repetidamente na tecla de como as pessoas se preocupam demais com mesquinharias, tacanhices e banalidades… é impressionante quão pequeno pode ser o mundo de tanta gente assim. O que eu venho notando nesses últimos tempos é que o problema não é falta de pensar… é o tamanho desse pensar.
Se você clicou para ler mais, sabe no que está se metendo. Reclamações sobre chatice devem ser direcionadas para o Serviço de Atendimento ao Consumidor Masoquista. Já aviso que o serviço é uma tortura…
Pois bem, vivemos num mundo inundado por informação. Contemplação, meditação e quaisquer outras formas de esvaziar a mente são cada vez mais raras. O cidadão médio do Século XXI tem seu cérebro estimulado com muito mais frequência do que em qualquer outra época. E isso gera um resultado que deveria ser muito positivo: As pessoas pensam mais, as pessoas tem mais opiniões, as pessoas tem mais facilidade de desenvolver suas ideias e aprender.
Só que na prática continua frustrante a busca por troca de ideias e pela evolução da espécie. Era de se imaginar que um impulso tão grande na produção intelectual produzisse uma impulso ainda maior na melhoria da sociedade. E vamos entender aqui que quando eu digo produção intelectual eu não estou dizendo apenas material produzido por intelectuais… Hoje em dia quase todo mundo tem a capacidade de publicar suas ideias e opiniões para grandes plateias. Era da comunicação.
Estou juntando nesse pacote pesquisas científicas de ponta e comentários numa rede social sobre o reality show da noite passada. Tudo é produção do intelecto humano, gostemos do conteúdo ou não. Tem MUITA gente pensando e se comunicando no mundo, e é inocência (ou presunção) achar que só porque a pessoa expressa um ponto de vista ignorante ou retrógrado ela não está pensando.
Está sim. É difícil acreditar, mas mesmo o mais fanático religioso desse mundo está fazendo muito sentido dentro da cabeça dele. Está gastando calorias com seus neurônios; associando conceitos, simbologias e memórias numa ordem que lhe parece razoável. Por isso que eu cada vez tomo mais cuidado na hora de criticar quem eu acredito estar falando uma asneira: A tentação de dizer que a outra pessoa não está pensando é enorme, mas não deixa de ser uma mentira.
E uma mentira que funciona a favor de quem profere discurso de glorificação de ignorância, segregação e barbárie. É condescendência barata relativizar a responsabilidade das pessoas pelas suas atitudes e opiniões sob a noção de que elas não estão pensando. Estão SIM. Se fosse apenas essa a questão, seria MUITO mais fácil transferir conhecimento científico e valores humanistas para a parcela mais radical e ignorante da população. Tem gente tentando ensinar desde que o mundo é mundo! O bom selvagem não existe, a pessoa limitada não tem vácuo esperando para ser preenchido dentro do crânio… Já tem algo lá. Mas é informação pouco “otimizada”, é pouca coisa ocupando todo o espaço… É uma pessoa pensando pequeno.
É a escala onde esse pensamento acontece que costuma definir a forma como alguém enxerga a si mesmo e ao mundo que o cerca. Pensar grande coloca as coisas numa perspectiva menos egoísta. E não vamos confundir o pensar grande com mera ganância ou ilusões megalomaníacas, pensar grande é expandir as fronteiras do que vai ser elemento de análise para suas ideias, opiniões e decisões. É perceber a grandiosidade do alcance da mente humana ao mesmo tempo que consegue enxergar como somos pequenos na escala geral das coisas.
Acho importante ressaltar que sonhar com carrão, mansão e conta bancária recheada ainda pode ser o resultado de uma mente extremamente limitada. Não estou fazendo discurso golpista de auto-ajuda, não estou dizendo que tem um gigante adormecido em você ou mesmo que você merece muito mais do que tem… Porque isso é parte integrante do processo de aprisionar mentes em escalas pequenas e reforçar uma enorme competição social por pouca merda. Seus donos agradecem!
Preciso voltar para a religião para seguir meu ponto, mas não entenda como parte de uma cruzada (ha) ateísta. Religião, apesar dos males que faz, ainda sim é um dos elementos mais fascinantes para se analisar a mente humana. Religião é a forma mais pura de falsa grandiosidade que já criamos. Através de promessas e ameaças em escalas espetaculares, ela é capaz de prender a mente de seus seguidores em gaiolas apertadas, subvertendo os conceitos de altruísmo, moralidade e ética numa disputa pessoal para ganhar um prêmio e/ou fugir de uma punição.
Mesmo sob a ilusão de fazer parte de algo maior mesmo do que o universo, a pessoa ainda sim vive imaginando um placar sobre a sua cabeça, reduzindo imensamente sua capacidade de expandir os horizontes. Muita gente nesse mundo acredita que está sobre uma corda bamba sem sequer ter olhado para o chão. Esse é o grau de pensar pequeno sobre o qual eu estou escrevendo aqui.
É a forma como muita gente nesse mundo parece viver a vida como se estivesse apenas esperando o relógio apitar para poder sair do trabalho. É por isso que religiões conseguem amealhar tantos recursos e influência: Pela promessa de lazer após o trabalho. Pela FACILIDADE do processo em geral… Siga algumas regras arbitrárias, demonstre devoção por alguma entidade mágica, tente não fazer muita merda… e aí, quando morrer, tudo vai ser diferente e você vai só ganhar! Mesmo que não tenha feito nada que prestasse durante a vida.
Pensar pequeno também é preguiça de sair da zona de conforto de verdades absolutas e desdém pelo esforço intelectual alheio. É querer ser premiado sem esforço, é achar que merecimento é algo inato… Precisou de muita gente pensando GRANDE e dispondo muitas vezes da própria vida para que nascêssemos com direitos humanos básicos. Nem sempre foi assim, foi uma conquista de gente que não se conformou em esperar a morte passivamente. Ainda tem muito o que fazer, mas começamos, oras!
E a pior coisa do pensar pequeno é forma como ele é infeccioso. Gente que pensa pequeno reage muito mal a ideias “maiores”. A dificuldade de fazer conexões entre fatos prende a pessoa numa visão extremamente limitada da realidade. Se tem uma coisa que me irrita SEM FALTA é quando algum cretino(a) se dá ao trabalho de comentar uma pesquisa ou descoberta científica com aquela arrogância estúpida de dizer que aquilo não é importante e que tem coisa mais urgente para tratar.
Já escrevi um texto reclamando da reação de muita gente sobre a missão da NASA em Marte, mas neste texto eu quero ir além… Não é só a babaquice de desdenhar do interesse alheio por falta de capacidade de compreendê-lo, é a impáfia de opinar sobre os limites da mente alheia! Isso não é coisa de gente pouco educada, isso é coisa de gente podre. Patrulha de pensamento pode parecer um daqueles “problemas de primeiro mundo”, ainda mais considerando que tem muita gente sendo brutalizada por regimes totalitários atualmente. Mas a noção de que se tem o DIREITO de colocar as ideias alheias numa jaula é ofender a própria essência do que é ser humano.
Somos consciências. Somos nossa percepção e nossa interpretação da realidade. Não tem nada mais básico do isso… Podemos ir tão longe só com o pensamento que a limitação de “ir e vir” num nível intelectual é a maior restrição possível para qualquer pessoa. Tem a ver com o potencial… Pensar grande não é só algo que gente metida a intelectual como eu (sou mesmo, se eu não quiser ser um, não tem como chegar lá…) usa para se congratular e inflar o ego, é um direito que vem antes de qualquer pacto social humano.
Pensar pequeno é esvaziar discussões ancestrais como “o que é belo”, “o que é justo”, “o que é verdadeiro”… É trocar a grandiosidade do potencial humano por uma ilusão de importância que só gera conformidade e estagnação. Para ser grande, tem que pensar grande. E não estou só falando de fórmulas matemáticas avançadas, metafísica e filosofia. Estou falando de ideais, sonhos e planos que envolvam mais do que o que se enxerga e alcança. Mais do que vantagem pessoal a curto prazo.
Na era das opiniões de 140 caracteres ou menos, o imediatismo e a futilidade são formas de se pensar, são interesses e desenvolvimentos da capacidade humana, mas numa escala decepcionante. As pessoas pensam sim, mas pensam pequeno. E pior: ainda querem que outros validem isso.
Eu não vou. Pau no cu de quem acha que ciência não é importante, pau no cu de quem não valoriza os direitos humanos, pau no cu de quem só quer morrer logo e ver os outros queimando eternamente, pau no cu de quem acha que sua opinião tem mérito só por existir…
E principalmente: Pau no cu de quem acha que escrever este texto não é importante. Essa jaula é sua, não minha.
“Sou responsável pelo que eu falo e não pelo que os outros entendem”
e como entendem mal…SEMPRE entendem mal, nénão?
Pela enésima vez: Parabéns Somir! Excelente texto.
PS: os comentários realmente dão um plus aos textos
Acho que pensar grande seria pensar por mais tempo, com mais pontos de vistas e mais frequentemente.
Tenho a impressão que a primeira linha de pensamento é o “eu”. É o instinto de sobrevivência trazido para o lado consciente das pessoas. Como numa espiral: o “eu” no centro, depois o “ao meu redor” e então “o resto”.
Pensar pequeno, eu imagino, seja focar no centro da espiral – curiosamente a menor parte do todo.
Tenho minhas dúvidas sobre a validade do argumento do Somir.
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Meu ponto de vista é: qual o tipo de tecnologia que mais avançou nos últimos 20 anos? Sem dúvida, a tecnologia da informação. Isto significa que, se na história da humanidade apenas os donos do poder militar e os grandes intelectuais falaram e se fizeram ouvir pelas suas e pelas pósteras gerações, pela primeira vez na história da humanidade não apenas se está a ouvir a voz do populacho como, outrossim, a registrar-se-a e a conservar-se-a para a posteridade. Obviamente não falo de um comentário qualquer feito por um estudante de qualquer coisa no Amapá sobre a eliminação do BBB-3, mas sim que a Vox populi é um fenômeno renitente, e destarte sê-lo-a doravante.
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Dizer que vivemos uma época de merda intelectual e de ambição cognitiva etc. parece-me um exagero; daqui a uns 50 anos, iremos presenciar um novo ciclo de expansão tecnológica: desta vez motivado não por uma guerra associada a um contexto geopolítico histórico muito peculiar, como na segunda metade do século XX, mas pelos frutos que a Tecnologia da Informação e as ciências correlatas vão gerar.
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Será um período de ouro para a humanidade o século compreendido entre a segunda metade do século XXI e a primeira do XXII, não tenho dúvidas. É por esta época que o trabalho iniciado por Galileu lá atrás deve iniciar a se consolidar no que se refere à “ciência do universo conhecido”.
Eu me permito esses arroubos de pessimismo justamente pela minha postura entusiasmada sobre o futuro da espécie, descrita em vários outros textos passados desta coluna. Aliás, pessimismo não seria exatamente a palavra… é mais uma questão de impaciência. Deve ser algo da geração… Quem passou pelo milênio consciente do mundo ao seu redor lidou muito com a comparação entre os sonhos de gerações anteriores e a realidade. Geração mimada… acho que inclusive escrevi um texto com título parecido.
De qualquer forma, meu ponto de vista passa longe de ser uma sentença para a espécie, é irriquietude com o avanço social percebido em plena singularidade tecnológica (coisa que eu acredito que JÁ esteja acontecendo).
Eu realmente não me acho superior, não sou pedante e nem tento mostrar o tempo todo que os outros são estúpidos… Mas apenas acho triste ter de conviver com pessoas que dizem coisas “Nossa, você lê livros?”, “Nossa, vai gastar tudo isso em um livro?”, como se fosse algo de outro mundo…
Acho que a maioria das pessoas sentem preguiça de realizarem qualquer atividade que necessite algum esforço mental. Por isso gostam tanto do BBB…
E, das novelas tb.
Sabe que lembro das novelas da epoca da Malu Mader. E, jogam piadinhas no serviço pra mim pq não vejo nem novela e nem essa porcaria de BBB
Tem essa. Pensar pequeno também é um escudo contra a frustração de se deparar com algo que exija mais do cérebro do que o de costume. Numa sociedade onde “dom” é mais válido que “se matar de estudar e treinar”, as pessoas devem enxergar qualquer barreira intelectual como uma sentença de fracasso perpétuo.
Pensar pequeno também é achar que pensar pequeno é tudo o que se pode fazer.
Como imaginei ao ler esse post, os comentários são menores do que os de outros… imagino que poucos leram também. Por que? Preguiça de pensar.
Mesmo com leitores diferenciados, a audiência aqui ainda é em torno de posts com assuntos mais… populares (Não pensei nesse termo mas escolhi um não ofensivo), estou certo?
Nem sempre. Li, mas não ia comentar porque não vi ponto de discussão ou qualquer comentário que eu fosse fazer que agregasse… O texto do Somir, PARA MIM, encerrou a questão.
Pensar todo mundo pensa, mas pensar “fora da caixa” sem se deter em amarras, padrões prévios ou “dificuldades” é difícil… Se é difícil para quem QUER “pensar”, imagina só como é para quem só quer “viver”… A população “média” precisa ser ensinada a querer pensar, mas com o cenário político, social e econômico atual, vai ser tarefa hercúlea. Tarefa para quem? Tarefa para quem “pensa”. Como disse o Somir, só pessoas que pensam grande mudam o mundo profundamente. Ou aceitamos viver desse mesmo jeito, governados por quem não “pensa” (ou “não pensa grande”), pelo resto de nossas vidas.
Então, o debate desse tema, se não for para propôr ação, (para mim) se encerrou no próprio texto.
Estou com ela nessa… li e concordo com o que foi postado. Muita gente não deve comentar por não ter nada a agregar, apenas leu e pensou “concordo plenamente”. Excelente texto, Somir.
Digo o mesmo. Só acrescento que talvez eu seja um tanto pessimista em relação ao “entusiasmo” do somir em relação ao futuro e tals. Mas bom, digo isso dado pelo que vejo acontecendo por aí tanto na academia quanto no populacho.
Mas isso se dá em todos os textos dele, não só nesse… Concordo com o Deja, o número de impopulares que prefere ler E entrar em discussão sobre assuntos mais… difíceis, por falta de palavra adequada, é menor do que aqueles que discutem sobre coisas mais populares.
“Mas apenas acho triste ter de conviver com pessoas que dizem coisas ‘Nossa, você lê livros?’, ‘Nossa, vai gastar tudo isso em um livro?’, como se fosse algo de outro mundo… ”
Engraçado que as pessoas acham absurdo gastar tanto em um livro, mas topam pagar proporcionalmente muito mais para dar seu voto para a eliminação do BBB via SMS ou, pior, para uma pesquisa do terra para dar sua opinião entre o Kaká, Oscar e um outro qualquer sobre quem deverá começar jogando contra a Itália.
Agora, fico pensando se haveria blogs que cobram comentários a R$ 0,25, R$ 0,50…
Se vc fizer como aquela comunidade de rede social, que só aceitavam pessoas supostamente bonitas, acho que pega.
É só criar um incentivo para que a pessoa QUEIRA muito participar e cobrar por isso… Somir, pensa nisso e posta os resultados…
Faz sentido. Essa criaturinhas de redes sociais que pensam pequeno parecem ir na contramão da evolução. Se tivéssemos uma maioria que pensa grande caminharíamos mais rápido. Se bem que é exatamente essa galerinha do pensar pequeno a mão de obra barata daquele que saiu na frente pensando grande (ideia de exploração so old). O fato é, apesar de pensarem, mal, muito mal, mas pensarem, sempre serão o atraso da sociedade.
Dá medo a noção de que essa gente pensando pequeno seja uma forma de equilíbrio natural da espécie. Se bem que mesmo quem faz a tal da “mão de obra barata” nem sempre está pensando pequeno… Pra muita gente é o começo de um caminho para ser trilhado por ela ou por seus descendentes. Quase todo mundo que tem o “privilégio” de pensar e agir em grandes escalas deve isso a alguém que veio BEM de baixo.
“E a pior coisa do pensar pequeno é forma como ele é infeccioso.”
Profundo esse seu “surto”, Somir.
Um drama dramático.
Ta aí, gostei.
Preciso de um nome novo para esta coluna… Ela nasceu para sacanear o “Sally Surtada”, mas a paródia cansa muito mais rápido que o original.
Talvez “Tipo, profundo…” ou “Pseudo-intelectual”. Acho que vou abrir votações e escolher a menos votada.
Do que eu estava falando mesmo?
”Tipo profundo” é perfeito, Siago.
Somir, teus textos são tão bons que dá até vergonha de comentar…
Talvez eu esteja pensando pequeno por isso.
Vou refletir.
Eu escrevo o que eu quero escrever… (Sally adicionaria um “quando ele quer escrever”…)
Pense nisso.
Obrigada, Somir. Sou uma leitora recente do Desfavor, mas já não consigo passar sem minha dose diária dos escritos impopulares. E esse texto me deu coragem de postar um comentário pela primeira vez aqui. Precisamos expandir nossa capacidade de pensar e acredito que tal expansão não tem limites, senão aqueles que nós mesmos nos impomos. Parabéns a você e a Sally! Vocês oxigenam o meu cérebro, me fazem pensar maior…
Seja super bem vinda e comente sempre, pois os comentários de vocês também oxigenam nossos cérebros!
Obrigada, Sally! Já me sinto uma impopular.
Você já é.
Apesar de ser o lado asocial desta República, é sempre um prazer quando uma pessoa sai da massa silenciosa. As postagens tem comentários por um motivo!
“O pensamento humano não pode ser aprisionado, por mais vadio que ele seja”
Li uma vez essa frase, em algum lugar no tempo.
Sempre é assim: o pensamento pequeno é validado justamente por ser conveniente a curto prazo. Até mesmo a mente por detrás da grande máquina pensa pequeno… É, talvez, um dos pensamentos mais tristes de todos.
A história é feita de homens e mulheres que pensaram grande (para o bem ou para o mal). Dá um certo alento pensar que quem se guia pela pequeneza acaba com o tamanho que merece.
Sim, mas a humanidade não consegue progredir 1/100000000000000 do que poderia se todos não pensassem tão pequeno. Não consigo achar muito alento nisso… muito melhor para todos se o mundo como um todo pensasse grande. Um ou outro faz a humanidade andar para frente, sim, mas o ritmo é lento demais. As possibilidades de uma massa que pensasse grande…
Muito bom o texto Somir. Mas acho que mais triste que ver tanta gente pensando pequeno, é que não é possível manter uma discussão saudável com gente assim; na maioria das vezes, são pessoas que acham que a vida se ganha no grito…
Um dia desses eu ainda escrevo um texto só para reclamar de quem acha que subir o tom da voz torna o argumento mais válido. (E como essa porra é contagiante… Sempre fico com vergonha depois de entrar num desses concursos de decibéis…) Tem gente que acha que o que diz é só barulho, e quanto mais alto melhor.
Escreva sim Somir! E é realmente contagioso: você ta la, argumentando na boa, dizendo coisas que fazem sentido e de repente a pessoa começa a perder a discussão e a falar cada vez mais alto e quando você se dá conta, está lá, se perdendo em argumentos vazios e falando cada vez mais alto também.
Resultado: a discussão não leva a lugar nenhum, não produz nada e ficam dois imbecis lá gritando bobagens.
As pessoas não só aumentam o tom de voz em discussões como tb quando as pessoas não falam a mesma língua… Acho muito divertido assistir alguém gritando português em outro país para ver se a outra pessoa entende. Alguém avisa que não é o tom de voz, por favor?
“Mas a noção de que se tem o DIREITO de colocar as ideias alheias numa jaula é ofender a própria essência do que é ser humano.”
“Essa jaula é sua, não minha.”
Uma coisa que me agrada escutar as pessoas é exatamente compreender esse universo pessoal largando de mão, mesmo que por alguns minutos, a minha forma de pensar. Acho mais interessante o resultado disso. Eu não preciso me desgastar para tentar convencer ninguém sobre o meu pensamento. O fato de respeitar o quadrado alheio é bem mais efetivo. Pra mim, pra pessoa e pro tipo de relação que tenho com essa pessoa. Sim, falo isso não só no aspecto profissional, mas pessoal. Penso que se desvalorizo ou desqualifico o pensamento de alguém isso só pode ser uma produção minha. Logo, sou eu responsável por isso e o que isso pode implicar.
Adorei, Tomir!
Obrigado, Miss.
A merda é que é sempre uma produção sua. Ou de qualquer um de nós tentando entender a mente alheia… O grau de compreensão influencia demais. Gente muito inteligente ou muito burra (em relação a quem escuta ou lê suas ideias) sempre soa meio maluca… É fascinante, mas uma merda ao mesmo tempo.