Ele disse, ela disse: Ética vaga.
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SIM SENHORA!: A partir de amanhã volta a semana de punição para o Somir. A postagem de segunda-feira já estava “paga”, por isso uma coluna normal hoje.
Quase todos nós já passamos pela experiência de redigir e entregar currículos para conseguir um trabalho. E quase sempre disputando com outras pessoas… Sally e Somir discordam sobre as benesses da honestidade nessa competição tão cotidiana. Os impopulares se candidatam a elucidar a questão.
Tema de hoje: Vale a pena mentir no currículo?
SOMIR
Minta. Minta porque as pessoas superestimam a verdade. Provavelmente todos nós fomos criados em ambientes onde a mentira era mal vista e até mesmo motivo de punição, principalmente quando crianças. O que não é algo ruim, longe disso: Precisamos aprender esse valores. Mentiras podem nos fazer muito mal, nos colocar em risco, ainda mais quando a inocência infantil é um fator a se considerar.
Agora, a vida continua… E começamos a entender como essa relação entre verdade e mentira é bem mais complexa do nos fora previamente ensinado. A vida real não se faz de mocinhos e bandidos, certos e errados. Algumas mentiras são benéficas não só para nós mesmos como para a sociedade em geral. Sei que Sally vai argumentar que não é para ser sincericida e falar o que der na cabeça sem filtros. Sei que boa parte de vocês vai concordar.
Isso é previsível: A vida adulta nos traz uma boa compreensão da mentira. Mas poucas são as pessoas que estendem essa análise aprofundada à verdade. A verdade é relativa, ela pode ser construída de várias formas e contaminada por várias fontes. Pode-se falar uma verdade mentindo e mentir-se usando apenas verdades. Mas por algum motivo filosófico demais para nos preocuparmos por aqui, muita gente parece presa no conceito infantil de verdade: Que ela EXISTE. Pensando que a mentira é relativa, mas a verdade é absoluta.
O que é, ironia à parte, uma bela de uma mentira. A ideia de verdade depende de quem a concebe. O que importa é passar a informação relevante. E se é uma mentira que vai permitir que essa informação encontre seu caminho, que a mentira seja sua embarcação. E antes que algum de vocês morra de tédio, só escrevo isso para dar um embasamento teórico aos dois argumentos centrais do meu ponto de vista nesta discussão:
1. Currículos são péssimos para auferir a capacidade de uma pessoa.
Imagine duas pessoas: Uma fazendo um curso numa universidade de prestígio, caríssima; outra fazendo o mesmo curso numa universidade vagabunda e devendo até as calças para pagar a mensalidade. Em tese, a pessoa da universidade prestigiosa deveria ser melhor profissional do que a da vagabunda, não?
Mas se você já entrou num desses cursos superiores de alto padrão, sabe muito bem que vagabundos, desinteressados e completos imbecis acabam não só se matriculando como se formando. Se você já frequentou uma desses cursos toscos, deve saber que algumas pessoas brilhantes e esforçadas sempre acabam aparecendo no meio da turma. Como separar o joio do trigo lendo apenas uma linha num currículo?
Vamos imaginar mais: Uma pessoa que tenha trabalhado por conta própria na área da qual a vaga se trata. Informalidade é comum muito além de camelôs e muambeiros… O Custo-Brasil impede muita gente de formalizar suas experiências de trabalho. O que vale mais, um ano de experiência como estagiário numa empresa grande ou um ano de “se vira aí” num projeto próprio? Muita gente nessa vida aprende a fazer um trabalho sem suporte oficial. E normalmente são mais empolgadas e proativas por causa disso. Quem vai preencher melhor a vaga?
E por último (só porque o limite de páginas é pequeno aqui), falemos de cursos, línguas e especializações: Transformar conhecimento em diploma ou certificado tem dois custos, o financeiro e o horário. Nem todo mundo tem essa disponibilidade. Mas quase todo mundo tem um conjunto de habilidades e diferenciais. Não é só fazendo curso e pagando mensalidades que as pessoas aprendem. Aliás, a vida já me mostrou que gente que aprende por conta própria tende a ser mais interessada e propícia à evolução na profissão. A maioria das pessoas não acorda pensando que vai aprender a mexer no AutoCAD ou no Photoshop, elas precisam ou ter vontade de fazer alguma coisa com isso ou vontade de colocar uma linha no currículo. Quem vale mais para a empresa?
E sem contar que às vezes a verdade conta umas mentiras: Cidadão com bom conhecimento (aprendido por conta própria) numa língua estrangeira pode ter a noção de como é no máximo intermediário. Cidadão “faço escolinha de inglês” pode achar que é avançado. Se ambos escreverem a verdade que acreditam no currículo, podemos ter uma séria distorção de valores. E quem lê o currículo não consegue ler isso… O que me leva ao segundo ponto da minha argumentação:
2. A maioria das pessoas não se dedica ao seu trabalho.
Elas apenas vendem horas de sua vida e querem que tudo ocorra da forma mais fácil e conveniente possível. Funcionários de RH também. Currículos e filtros são uma ótima forma de não ter que se dedicar ao trabalho de contratar talentos para a empresa. A pessoa ganha salário e costuma cagar para o resto. Muito por isso que acontece o problema “vicioso” de muitos jovens (alguns muito talentosos até) de precisarem de experiência para conseguir experiência.
O que mais acontece é pegarem uma penca de currículos, pegarem algumas regrinhas arbitrárias do tipo “Formado em X, Y ou Z”, “Inglês avançado” e “2 anos de experiência” e simplesmente jogarem fora todos os currículos que não se enquadram. Se você foi honesto, provavelmente morreu nessa etapa. Se você mentiu, vai ter mais uma chance na entrevista. E aí acontece o que eu acho mais lindo sobre mentiras: Elas tem consequências. Se você não for capaz de mantê-la, vai rodar. Mas se você for… Parabéns: Ela virou verdade!
Se você for capaz de dar conta do trabalho para o qual foi contratado, NINGUÉM liga para o nome da faculdade que você fez e para experiência anterior. Em empresa grande pouca gente se importa de verdade, em empresa pequena, resultado vale mais que qualquer coisa.
Não estou te dizendo para mentir porque é melhor ou mais seguro, estou te dizendo para nunca se esquecer que a verdade é uma coisa muito mais relativa do que um conjunto exato de palavras. E como a maioria das empresas é SEDENTA por gente interessada e motivada (isso dá muito mais dinheiro), a sua mentira pode muito bem virar verdade na hora do vamos ver. E se o seu problema ético é tirar a vaga de uma pessoa mais bem preparada (o que eu não acredito, mas imagino que a maioria goste de acreditar), lembre-se que até mesmo dizendo a verdade no currículo isso acontece… Tem sempre alguém que deixou de mencionar ou valoriza algo importante. Quem “mentiu” dizendo a verdade.
Mas se for mais agradável continuar acreditando em conceitos absolutos, tudo bem… é coisa de Deus!
Para dizer que mentira é coisa feia, para dizer que o bicho papão pega criança mentirosa, ou mesmo para dizer que aprendeu sua lição da vez que ficou sem sobremesa: somir@desfavor.com
SALLY
Ser ou não ser honesto em entrevistas de emprego e na elaboração de curriculum, eis a questão.
Eu sempre defendi a honestidade antes da contratação, seja em curriculum, seja em entrevistas. Entendam que existe uma diferença entre honestidade e sincericídio. Certas coisas como falar mal do ex-empregador devem ser evitadas, por exemplo. Quando falo em honestidade me refiro a não mentir para se valorizar: afirmar que fala idiomas que não domina, dizer que fez cursos que não fez, esse tipo de coisa. Não por moralismo, mas porque acho burrice mentir nessas horas, a mentira vai voltar para te morder na bunda mais cedo ou mais tarde.
Começa que mentir é de alguma forma assumir que você não é bom o bastante para ser contratado pelo que é, pela sua qualificação. Acho humilhante. Se você acha que está deixando a desejar em algum ponto, em vez de mentir, vá estudar e melhorar ou aprender aquilo que você gostaria de ter e não tem. Melhor do que mentir dizendo que tem.
Por mais que você consiga mentir e essa mentira não seja descoberta por pessoas treinadas para entrevistar outras pessoas e dissecar sua linguagem corporal, existe uma boa chance de que em um futuro não muito distante sua mentira seja desmascarada. A habilidade que você dizia ter e não tem pode ser solicitada de forma repentina, muitas vezes até informal, causando uma grande vergonha após sua contratação. Pode nunca ser descoberto, mas só o risco constante de ser desmascarado já inferniza a vida de quem tem um mínimo de vergonha na cara.
Você pode estar pensando “Mas Sally, todo mundo faz”. Mais um motivo para não fazer. Ou você quer ser “todo mundo”? Eu quero mais é me destacar dessa grande massa e ser diferente. Todo mundo acha que sua mentira vai passar impune. Que tal, para variar, não se comportar com essa arrogância de achar que é mais esperto que o empregador? Essa postura vale muito mais do que falar outro idioma ou ter feito um curso X.
Pessoas que trabalham no RH de uma empresa estão acostumadas a ler pessoas e estão acostumadas a ouvir sempre as mesmas baboseiras: entrevistados que quando perguntados sobre seus defeitos dizem ser muito perfeccionistas e esse tipo de coisa. Uma postura diferente, digna, vale muito mais do que qualquer habilidade inventada. Uma postura verdadeira vai chamar a atenção do entrevistador, já que ser verdadeiro é artigo de luxo hoje em dia. Se você acha que não se destaca por suas habilidades, tente, em vez de mentir, se destacar por sua postura.
Supondo que a habilidade ou o conhecimento que você não tem seja fundamental para o cargo e se você afirmar que não a tem não existe a menor chance de ser contratado. Ainda assim, sinceramente, para que mentir? Se a empresa faz questão daquele requisito específico, você simplesmente não se encaixa no perfil desejado. Porque forçar sua presença em um lugar que te acha insuficiente? Porque você se acha tão foda a ponto de não ter os requisitos exigidos e ainda assim estar apto para o cargo? Não entendo. Se me derem um bisturi e mandarem operar alguém, eu vou declinar do convite porque sei que não estou apta a fazê-lo.
O bacana é ser espertão, é enganar o patrão e conseguir um cargo para o qual a pessoa não preenche os requisitos? Quem faz isso é desonesto, sem noção ou mentiroso. Quem consegue se enfiar em um cargo graças a falsas qualificações é malandro, é sagaz, é esperto. Queira mais para você e para a sua vida.
Vai ter quem diga que “tem que” mentir para conseguir uma vaga porque todo mundo mente. Não é verdade. Essa ideia de que “todo mundo faz então eu vou fazer” é coisa de quem tem cabeça pequena. Existem sim empresas que apreciam honestidade. Acho que as pessoas, na real, nem mentem para conseguir vaga, mentem por baixa autoestima e para ter a sensação de serem muito espertas. Mas não é esperteza. Mentira tem perna curta, já diziam nossas mães.
Uma pessoa que não tem os requisitos que a empresa quer tem vários outros caminhos além da mentira: correr atrás de alcançar esses requisitos por conta própria (porque internet não é para passar o dia no Facebook) ou até mesmo informar à empresa que se lhe for proporcionada uma oportunidade de aprimoramento estaria disposto a investir nos requisitos que lhe faltam (já vi empresas bancarem cursos porque gostaram do entrevistado). Mentir não é o único caminho, por mais que os mentirosos adorem defender essa teoria.
Acho até meio sintomático afirmar com a maior cara de pau que tem aptidões que na verdade não tem, olhando nos olhos de um entrevistador e continuar sustentando essa mentira no local de trabalho. Isso é feio, muito feio, eu teria muita vergonha de fazer. É uma espécie de estelionato intelectua. Fora o inferno que é viver sustentando uma mentira. Não é legal nem com você mesmo se colocar nessa situação.
Mentira não é coisa de gente esperta, mentira é coisa de otário. Não faça isso.
Nunca mentí no currículo. Talvez já tenha omitido, por exemplo, trabalhei na empresa x, mas não gostaria que soubessem porque o tempo de trabalho foi curto. Claro que graças à isso sempre perdi muitas oportunidades, mas eu acredito que quando se é honesto, uma hora ou outra vai aparecer algo que seja pra você! Eu demorei muito, mas consegui e hoje estou onde quero estar.
Eu vou concordar com a Sally hoje. Já tive a oportunidade e incentivo de mentir em CV pra conseguir trabalho, mas não menti e fui arranjar em outra coisa. Tenho plena consciência que saí prejudicado disso e teria arranjado se tivesse mentido dizendo que, sei lá, fiz um curso pra conseguir as habilidades que aprendi sozinho, mas achei por certo não mentir.
Embora eu não recrimine quem mente em coisas que não são referentes à capacidade (dizer que tem carro pra chegar até o emprego, mesmo que vá de bicicleta e coisas do tipo)
Quando eu falava e escrevia a verdade, sempre tomava no cu. Aprendi a mentir e agora nunca mais perco uma entrevista de emprego. Sério mesmo, eu cheguei a ficar quase um ano sem arrumar nada quando ia pela verdade. Agora chega ao cúmulo de poder escolher onde quero trabalhar. Eu minto e e minto descaradamente, falo o que o recrutador quer ouvir e ainda ensino meus amigos como se faz pra eles conseguirem também. É assim mesmo como o Somir falou, sem tirar nem por.
Você não tem medo de descobrirem que você está mentindo descaradamente?
Ter medo eu tenho, mas como o Somir falou, depois que a pessoa entra o que passa a contar vai ser se presta um bom trabalho e nao os artificios que usou pra entrar.
Eu já demiti funcionário porque, meses depois, descobri que mentiu no curriculum. Dependendo do chefe, mentira conta contra sim…
Me ensina como faz. E como é que você consegue ser convincente, verossímil sem nunca ser flagrada na mentira?
Sally, me dê seu parecer acerca disso.
http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2013/07/08/medicos-formados-terao-de-atuar-dois-anos-no-sus-anuncia-governo.htm?cmpid=ctw-politica-news
Se quiser pode me responder por e-mail.
Mais uma medida TAPABURACO, Lichia… O pior é pensar nos alunos de medicina da DETESTÁCIO e de outras uniesquinas atendendo o povão. MEDO!
Olha, o mesmo vale para advogado: você tem que trabalhar dois anos DE GRAÇA no Escritório Modelo da sua faculdade. A diferença é que no Escritório Modelo tem material para efetuar seu trabalho e no SUS não. Acho um horror sujeitar médicos a essas condições precárias de trabalho e sujeitar pacientes a médicos não formados. Sou contra!
Olhando aqui, seria na prática MAIS DOIS ANOS DE ESTÁGIO. Já se tem DOIS ANOS de estágio no curso e com a medida “tapando sol com a peneira” fica-se com quatro anos de curso teórico e mais quatro de estágio.
Espera… é ESTÁGIO ou é atuar como MÉDICO FORMADO por dois anos no SUS?
A ideia é condicionar o diploma como médico aos dois anos de trabalho pelo SUS, o que na prática configuraria ESTÁGIO.
Então um médico só vai efetivamente ganhar dinheiro para se sustentar após OITO anos do ingresso na faculdade?
Isso não agravaria a falta de médicos no mercado?
Te perguntei pra saber se isso realmente é realidade… Se havia chancer de não.
Muita gente vai engolir esse sapo, que a propósito é a cara dessa mulher. Não sei pq acho que ela ficou putinha com as vaias…
Olha, se isso se confirmar mesmo, a falta de médicos vai aumentar e muito!
Escutei hoje na Voz do Brasil que um desses dois anos poderá ser contabilizado na residência médica.
Prometi pra mim mesma que não vou gastar minha energia sentindo raiva dessa mulher.
Nem é bom… Sabe aquela pessoa que por mais bem intencionada que seja não tem lá muito pé na realidade? Essa é a Dilma.
Ah, e falando nisso, teve a questão da “lei do ato médico”, que renderia um belo artigo para a coluna EM DIREITO.
E a questão do “dia do nerd” na constituição do desfavor seria em homenagem ao Tesla?!
Não acho que isso vá causar uma queda no número dos aspirantes ao curso de medicina, apesar de poder ter alguma influência no número de desistências do curso. Já se tinha de ser “ninja” para querer fazer o curso de medicina… Agora então que isso vai ser ainda mais posto a prova.
E considerando que em certas faculdades particulares o valor da mensalidade fica próximo ao salário pago para o profissional da área, isso tende a tornar mais difícil a pagabilidade para quem não teve a “sorte” de pegar uma vaga na faculdade pública ou pelo “ProUni”. (A bolsa cogitada mal cobre o custo nesses casos)
Agora está saindo nota de que a medida não deve ficar restrita aos médicos, como deve atingir também dentistas e psicólogos.
A sério, já dei o apelido de “TAPA BURACO” para tal política… Qualquer semelhança com as operações onde se joga asfalto para cobrir os buracos da rua (para logo depois de algum tempo o buraco abrir de novo) NÃO é mera coincidência.
Tb acho que nao vai diminuir.
Digo… Não sei ainda se isso diminui a concorrência num vestibular.
Mas concordo com Sally. Isso a longo prazo…
Mas minha preocupação maior não é com a medida tapa-buraco em si, mas sim com eventuais formados da Detestácio de Çá (da turma que cola tendão com superbonder) atendendo o pessoal nos hospitais públicos e nos postos de saúde. Isso sim é temerário.
Parece que a porta para os ex-detestácio pode estar se fechando… Veja só: http://g1.globo.com/educacao/noticia/2013/07/revalida-exame-para-medicos-de-fora-sera-aplicado-alunos-do-brasil.html
Os argumentos do Somir são relativamente bons, o mercado de trabalho realmente não sabe fazer uma diferenciação mais profunda na hora de contratar.
Mas eu sempre prefiro não mentir: 1º, por odiar mentira, 2º, por não saber mentir mesmo. Sou pior que criança pra contar mentira, prefiro encarar a verdade e ver no que dá.
E a vergonha de ser flagrado na mentira? Eu sinto muita vergonha, não vale o risco.
Adorei os dois textos. Exatamente porque a verdade são versões, é possível que ambos estejam corretos. O do Somir foi muito filosófico e me fez refletir sobre a relatividade da verdade. Os fatos não são ou pretos ou brancos: há nuances. Nem sempre a verdade é uma questão de múltipla escolha: ou sim ou não. E uma coisa que já observei é que quando sou muito sincera, o que digo não parece verossímil. As pequenas mentiras podem ser usadas como estrutura lógica para a narração da verdade. E é por isso que as maiores mentiras são construídas e baseadas em fatos absolutamente verdadeiros. Mas não, eu nunca menti em currículos.
Nem tudo são nuances. Ou uma mulher está grávida, ou não está. Ou sabe falar inglês, ou não sabe. Ou já trabalhou na empresa tal, ou não trabalhou. Nem tudo é relativizável.
Conforme a Daniele falou anteriormente (considerando o horário da postagem), este é um claro exemplo de relativismo. E daí que nos cinco anos de experiência na ‘megacorp’, ele não aprendeu porra nenhuma? E se tirou o diploma dele de inglês no curso super conceituado, que na verdade por baixo (e quem trabalha de freelancer de aula de inglês sabe) vende o diploma de inglês?
Tem empresas e tem empresas que vale a pena mentir sim. Ou você vai me dizer que o currículo é uma espécie de liturgia? Ou litania ? O que eu conheço de Dr. formado em federal que se puxar ali pro ladinho daquilo que se especializou é um completo imbecil ambulante…
Existem as chamadas big four, quatro grandes empresas de consultoria onde a pessoa entra ganhando merda (de 1400 a 1600 dilmas), trabalha pra cacete e em 20 anos pode chegar a ser sócio e ganhar de 40 mil dilmas pra cima. Pois bem, eu queria muito muitíssimo entrar em duas dessas empresas mas não consegui. Agora estou na minha segunda faculdade e tive a oportunidade de conhecer ao menos uma pessoa de cada uma dessas empresas. Elas são tão melhores do que eu? não, não mesmo. A diferença que eu vi é que todas tiveram a chance de morar no exterior.
O moleque ficou 1 mês na Nova Zelândia, outro no Canadá e outro nos EUA e ganha a presunção de falar inglês melhor do que quem estudou por aqui mesmo, quando na verdade ele passou o tempo todo praticando esportes radicais, bebendo e fumando maconha. Ouvi da boca dele enquanto ele me pedia ajuda pra traduzir um documento da empresa.
Falei tudo isso pra ilustrar que vivência no exterior e faculdade top significam selinho de qualidade que nem todos podem ter.
Hoje em dia mesmo, eu consegui ser contratada por uma grande empresa por causa da minha faculdade, lá dentro não tem ninguém de uniesquina. E a faculdade é tão boa que até abstraíram o fato de eu nunca ter morado fora.
Dito isto, eu sou a favor de fazer sim uma perfumaria no CV, não exatamente falar algo que não tem e que possa te envergonhar no futuro, mas sim colocar mais plumas no pavão. Tipo falar que sabe fazer algo que você fez poucas vezes mas gostou muito de fazer e se sentiria bem se pudesse fazer todos os dias, aí você poderia abstrair a parte de que fez poucas vezes, dar enfase nesta atividade ao montar o CV e numa entrevista contar em detalhes como fez, uma tentativa de convencer o entrevistador.
Será que é só “convivência” mesmo? Ainda que vivência no exterior tenha sim o seu valor no currículo, se presume que geralmente é de uma turma que é “da média pra alta”, onde os CONTATOS tem importância vital na carreira.
Claro que olham se você fez boa faculdade, se você é fluente em várias linguas e se você viveu (nem que seja por uns meses fazendo merda) no exterior, mas quando você tem contatos lá dentro (o que é o caso de muitos “filhinhos de papai”), as coisas tendem a ser mais fáceis.
Onde disse “convivência” quis dizer vivência… FAIL aqui.
Pela primeira vez na minha vida eu to trabalhando numa empresa onde não tem esse negócio de indicação ALELUIA IRMÃOS!!
Sorte sua… Como se pode ver, é uma exceção a regra.
Isso não é mentir… eu acho
Também acho que não seja mentir, é dar a enfase que você quer.
Assim como durante as entrevistas as empresas só falam a parte boa, nunca falam que o chefe é um cretino que vai ficar olhando pras suas pernas enquanto você vai falar com ele, nunca falam que você nunca vai conseguir usufruir do gigante banco de horas que vai acumular e etc.
Eu sempre opto pela não mentira, sei que não dá sempre para ser preto no branco e o Somir sugere mentir no currículo, mas como?
Tipo…com certeza o nome de uma faculdade não é garantia de nada e muito do que acontece na vida real é gente indicando amigos, filhos de parentes sem nem ao menos ligar para a competência da pessoa. Mas, quem não tem esses recursos faz o que? Coloca curso que não fez? Habilidades inexistentes??
(é uma dúvida honesta!)
Muita gente coloca inglês fluente, espanhol fluente, habilidades de informática que não tem, cursos que não fez…
Total sem noção né, e na hora do vamos ver fica como???
As pessoas parecem não ter vergonha de serem flagradas mentindo. Elas respondem que todo mundo faz, que se não fizer não entra em lugar nenhum e coisas do tipo.
Essa é uma das coisas que mais me revoltam! Empresa que declara que só contrata quem tem faculdade, ou, no mínimo, está cursando, mas que contrata o filho do cunhado do superintendente, que é burro feito uma porta e mal terminou o segundo grau e fica numa disparidade absurda de gente que foi contratado pelas “vias normais”.
Na hora de demitir? Demite quem produz e é bom, mas deixa a porta lá. Já cansei de ver isso acontecer!
E isso é mais comum e bem mais antigo do que se pensa… Pior é pensar que tal relação de conchavos e compadrios vem de longe, a ponto de cair no relato das “Raizes do Brasil”.
Diana, no rio de janeiro entao eh o que mais tem. O mercado de trabalho en do tamanho de um ovo e a maioria dos empregos en por pura indicacao.
A maioria? Não, injusto você falar isso. TODOS são indicação. Ao menos todos aqueles cujo salário vale a pena e não sejam concurso.
Se Siago Tomir pensasse diferente do que está expresso aqui, não seria Siago Tomir.
Pois é
Tanto um quanto o outro apontaram pontos pertinentes, mas o Somir teve uma argumentação mais afiada na questão. De qualquer forma, NÃO CONCORDO e NÃO ACHO MUITO POSITIVO sair mentindo no currículo.
E na parte que você tratou do “falar mal de patrão”, me lembrou a escrota da RAQUEL CRISTIANE MARTINS, uma pessoa que se fosse por mim, não conseguia emprego nem como faxineira de tão desbocada que é.
Sério, que nojo é uma pessoa que sai falando o diabo do patrão só dele dar um toque pra ela se esforçar. Ah, dá licença! Ouvi que ela saiu falando mal de um cara que tinha a contratado para uma loja porque o cara tinha passado pito nela por estar distraída jogando paciência… Vergonha!
Tenho pena das crianças que porventura tenham de suportá-la… Ela mal lidava com os sobrinhos e foi fazer curso de pedagogia?! Sempre foi uma FOLGADA a ponto dos pais arranjarem casamento pra ela por não a suportarem… A sorte foi que arranjaram um neguinho OTÁRIO e BURRO de nome RENATO pra desovarem a mala-sem-alça.
Amigos? Com aquele temperamento horrível, os poucos (tirando a descerebrada da Zenilda) que tentaram ter o mínimo que fosse de amizade foram tomando distância. Pior era o pessoalzinho achando que eu estava a fim da babaca… Por favor, né?
Estava a fim de ter um pouco de PAZ até porque ficar matando um leão por dia na convivência forçada que tinha com meu pai e meu irmão era de lascar (meu pai até daria para suportar se não fosse o pedante do meu irmão na cola). Minha mente era o “se rolar, rolou”, mas obviamente não estava querendo mais um peso nas minhas costas e muito menos a cobrança de manter um relacionamento insatisfatório “até que a morte nos separe”.
Por ser “comível” se achava a última bolacha do pacote e ficava naquela paranoia… O que curtia era ler um pouco, sendo que o que eu queria a aquela altura era estudar pensando em uma faculdade. Ajudou muito, né?!
Resolvi colocar o nome e o sobrenome da escrota aqui porque é gente que faz por merecer, ainda que seja uma nobody lá de Franca.
O que ela fez?
É mais uma das figuras pregressas da minha vida que faz os Episódios do Siago Tomir pareçam brincadeira de criança.
Quem é essa tal Raquel???
Uma babaca que conheci nos tempos de escola. Só de imaginar os momentos vergonha alheia… Putz!
Acredita que ela saiu metendo a boca no papa, mas ao invés de fazer uma critica centrada como a do seu processa eu, a babaca ficava falando que o tal anel que o papa tinha na mão era aliança com o demônio? E pensar que a fofolete da irmã dela era daquelas católicas bem fanáticas… Hahaha!
A Raquel acha que convence que é super-do-bem com aquela pseudoliteratura do Chico Xavier, mas uma pessoa que saia metendo a boca no ex com o qual ficou cinco anos no io-iô e depois fazia de conta que não tinha falado nada não faz muito por merecer respeito, né?
Também vivia metendo a boca em mim pelas costas e o pessoalzinho da família dela entrava na onda, azedando uma relação que por si só já era problemática.
Até que me dava bem com os familiares dela, mas a maluca encasquetou tanto que eu estava a fim dela a ponto de ficar de mimimi só por eu olhar pra cara dela (eu olhava por tédio e por estar com um monte entalado na garganta que não falava justo pra não armar confusão)… Mas no dia que ela estava com o BURRO do então namorado dela, fez o que pode para armar confusão. Além de meter o nariz querendo dar palpite na minha vida só pra provocar (dizer que eu deveria ser padre… Aff! Tomar no cu!), ainda ficou se esfregando no cara e tentando chamar a minha atenção de todo jeito (e eu fazendo de conta que as provocações não eram pro meu lado).
Armou tanto que cheguei ao ponto de querer fazer com que o BURRO saisse da canoa furada… Não sabe como fiquei feliz quando vi o cara se engraçando pra outra. Espero que nessa história tenha um monte de chifres na CORNA.
Mas como os familiares estavam com medinho de terem de aguentar a imprestável (que na única vez em que vi a mãe dela pedindo ajuda pra ela, fez de conta que não era com ela) por mais tempo, quem teve o tapete fui eu mesmo.
Não me arrependo de ter dado fim no io-iô dela, até porque se não tivesse jogado as claras com o cara (que nem tinha como amigo… Era um mero conhecido), ia ficar com a consciência pesada por ver o cara sofrendo por quem não merecia.
Já na época estava querendo PULAR FORA… Ou melhor, bem antes. Se mantive política de boa vizinhança por tanto tempo, foi em parte por ter alguma afeição ao pessoal lá e em parte por minha convivência com meu pai e com meu irmão estar praticamente insuportável.
(Quando digo que considero 100% verossímeis as paradas do Siago Tomir e consigo imaginar bem a turma de Jão, Beto e Alicate, é porque tenho bagagem em lidar com gente sem noção. Essa é mais uma delas.)