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Plantão Papal no Povo

| Sally | | 45 comentários em Plantão Papal no Povo

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Começou hoje, oficialmente, a Jornada Mundial da Juventude. E com ela, mais vergonha internacional. Porque organização de eventos no Rio de Janeiro é sinônimo de obra superfaturada e desorganização. Se ontem, que foi a simples recepção do Papa, já aconteceram todas as merdas que a gente contou, imagina hoje.

Deus deve ter alguma espécie de desavença com São Pedro, pois além de fazer um friozinho de respeito, choveu o dia todo. Aquela chuva escrota, com vento, contra a qual nenhum guarda-chuva pode. Os Peregrinos pareciam pintos molhados. Apesar de ser engraçado de se ver para quem é morto por dentro tipo a gente, também teve seu lado negativo: os Peregrinos, que já fedem normalmente, estavam mais do que fedidos hoje. Cheiro de cachorro molhado, sabe? O que acontece é que hospedagem no Rio ficou exorbitantemente cara por causa do evento, logo, quem não tinha pelo menos R$ 600,00 para pagar a DIÁRIA em um hotel FULEIRO, acabou dormindo no banco da praça. E não foram poucas pessoas não. Infelizmente no banco da praça não tem chuveiro. Sim, os Peregrinos fedem. Depois de molhados então…

Além de sujos, estão famintos. Isso porque os restaurantes credenciados não estão dando vazão, então, muitos ficaram sem almoço hoje. Pois é, um local onde a pizza de muzarela, a mais barata, custa quase 70 contos não é para todos. Peregrinos famintos pediram dinheiro na rua e até mesmo comida. Não tem onde dormir, não tem como tomar banho, não tem o que comer… são praticamente mendigos uniformizados com uma camisetinha escrito “JMJ”. Eu ri, foda-se que na próxima encarnação vou voltar como besouro de esterco. Eu ri alto. Cadê o seu Deus? O povo sai da puta que o pariu para prestigiar seu Deus e recebe em troca essa baita sacaneada! O recado está tão claro… só não vê quem não quer.

Mas todo castigo para Peregrino é pouco. Se preparem, vou repetir bastante essa frase. Além de sujos, molhados e famintos, eles ficaram sem transporte e muitos até mesmo presos. Explico: o evento seria localizado no bairro de Copacabana (antro de puta e idosos) e a melhor forma de chegar lá é de metrô, e o metrô, só para variar, teve sérios problemas. Aliás, muitos Peregrinos receberam bilhetes de metrô de graça dos organizadores do evento, não sei se vocês sabiam. Enquanto a população paga pelo metrô mais caro (e cagado) do mundo, neguinho de fora ganha de graça. Mas, como eu disse, todo castigo para Peregrino é pouco: o metrô teve uma pane, quatro horas da tarde, e se encontra parado até agora.

O relato de populares diz que uma peça de metal simplesmente caiu nos trilhos e como ninguém avisou, o trem no metrô passou por cima, fazendo um grande estrondo, com direito a faíscas e tudo. Por volta das 16:30h pessoas ouviram um forte estrondo, que ainda não se sabe se foi isso ou foi outro problema. Mas era o horário de pico, pois a missa de inauguração da JMJ seria celebrada às 18h. Era a hora em que as pessoas estavam começando a sair.

Além dos infelizes que estavam presos do lado de dentro dos vagões, muitos passageiros que esperavam pelos trens do metrô na plataforma também foram trancados, com a intenção de não sair e espalhar que o metrô é uma bosta que não funciona. Em uma delas, pessoas revoltadas que queriam sair para tentar chegar ao evento por outros meios de transporte chegaram a quebrar os vidros da cabine de segurança, tamanha a putez. O metrô diz que a causa do problema foi um mecanismo foi indevidamente acionado, mas não creio que seja verdade. Muita gente afirmou ver chamas. Em todo caso, o metrô parou, teve uma pane de energia e muita gente foi prejudicada. Pessoas passaram mal, entre elas uma grávida, que foi socorrida muito depois do tempo desejado.

Se você não é do Rio de Janeiro, provavelmente está pensando: “Putz, coitados, não tiveram como chegar no evento”. Porém, se você mora no Rio e já ficou preso no metrô, certamente está pensando “Ficaram trancados por horas, no escuro, em vagões abarrotados sem ar condicionado”, porque é isso que acontece. Uma pane elétrica pode causar um “apagão”, que faz o metrô parar entre uma estação e outra, trancando as pessoas, que são obrigadas ficar sem luz e sem ar condicionado até alguém aparecer para resgatá-los. Sensacional. Ainda mais na situação de “apertamento”, pois o metrô mal estava dando vazão devido à quantidade de Peregrinos. Realiza os Peregrinos úmidos, fedendo a cachorro molhado, presos que nem sardinhas no metrô. É a Via Crucis moderna.

Qualquer metrô do mundo pode ter problemas, para quebrar basta estar funcionando. Mas o do Rio é especial. Porque quebra e demora HORAS até alguém aparecer para te tirar de lá ou para voltar a funcionar. E sempre que lota muito acaba pifando, o que me faz ter certeza que em eventos esportivos de grande porte, como a Copa do Mundo, quem for assistir aos jogos de metrô só vai conseguir chegar seis horas após o término do jogo. Fica a dica: metrô no Rio NÃO. Nunca se esqueçam disso. Para piorar a situação, ninguém sabia orientar os Peregrinos, porque o brasileiro médio mal fala o português, quem dirá outros idiomas. Os coitados que não chegaram a ficar presos no metrô ficaram sem saber para onde ir e em muitos locais nem ao menos havia linhas de ônibus que chegassem a Copacabana. Parecia The Walking Dead: Peregrinos imundos vagando sem rumo, olhando para os lados.

O engraçado é que daqui até o final da jornada o metrô deveria ser o transporte principal. Me pergunto se os Peregrinos fedidos vão querer entrar no metrô depois do que aconteceu hoje. Na ausência do metrô, muitos Peregrinos tiveram que chegar no local do evento a pé, tendo que andar por mais de duas horas, no meio de chuva, vento e frio. Sim, a fé remove montanhas, mas não parece surtir efeito no metrô carioca. Bônus: com a queda de energia, muitos trens pararam em locais nem tão seguros, como por exemplo, Inhaúma. Se você nunca foi a Inhaúma, continue assim. Dezenas de Peregrinos argentinos se apavoraram quando se deram conta que estavam em Inhaúma. Mesmo chamados por Peregrinos brasileiros, se recusaram a sair do metrô, causando ainda mais tumulto.

Uma prova de fé: depois de jejuar, eles tiveram que andar muitos quilômetros até o local do evento. Muitos desistiram. O que mais se ouvia pelas ruas hoje eram Hermanos dizendo “Ciudad de mierda!” injuriados. Os Peregrinos que não estão hospedados em Copacabana estão à beira de um ataque de nervos e não sem razão. Pessoas reclamam que trabalharam e guardaram dinheiro por mais de um ano para participar do evento e quando chegam aqui, passam fome e perrengue trancafiados em um vagão de metrô. Ah sim, vários Peregrinos foram assaltados quando tentavam chegar ao evento a pé e passaram pelo túnel que leva a Copacabana. Fica a dica: túnel a pé no Rio de Janeiro NÃO.

Sobre os eventos em si, mais problemas. Seria realizado um evento no Cristo Redentor na parte da manhã, mas o tempo estava tão cagado que não foi possível (pausa para rir). O evento em si já era um desaforo: lançamento de uma medalha em comemoração ao Papa feita pela CASA DA MOEDA de um Estado Laico. Enfim, o evento foi transferido para o local onde o Papa estava hospedado, mas nem todo mundo ficou sabendo disso. Muitos Peregrinos se deslocaram, apesar da chuva e da precariedade dos transportes públicos e só ao chegar descobriram o evento tinha mudado de lugar . E mesmo quem conseguiu chegar ao novo local se decepcionou: o Papa não participou do evento. Ou seja, teve gente que vivenciou um FAIL DUPLO, se fodeu tentando ir no primeiro evento no Cristo Redentor e se fodeu tentando ir no segundo evento, na praia de Copacabana. É muita fé, viu?

Talvez por isso em vez dos dois bilhões de pessoas esperadas houvessem apenas 500 mil na abertura da JMJ. Que merda, hein? Um quarto do público previsto. Nem a Claudia Leite consegue um ranking tão ruim. Claro que quando a coisa desanda todo mundo ajuda a empurrar ladeira abaixo. Na Argentina existe um provérbio que, na minha livre tradução diz “da árvore caída todo mundo faz lenha”. E é justamente isso que está acontecendo. Várias pessoas e órgãos estão capitalizando em cima do fracasso da organização do evento. Por exemplo, o Prefeito da cidade de Aparecida disse que o desfile do Papa pelas ruas do Rio (com direito a errar o caminho e ficar engarrafado com populares acoplados ao carro) foi “desastroso” e disse que o Papa estará muito mais seguro em Aparecida. Ele parece ter esquecido que ontem mesmo acharam uma bomba no local do evento. O sujo falando do mal lavado.

E por falar em Aparecida, mais uma merda: o tempo está tão cagado, mas tão cagado, que foi considerado perigoso levar o Papa para lá pelo ar seria arriscado. Daí começaram a cogitar levar por terra, de carro. Deu uma baita briga, pois um grupo achava que era a melhor solução e o outro gritava que era uma loucura ainda mais perigosa do que um voo em tempo ruim. Após muita confusão e um belo barraco, até segunda ordem, foi descartada a ideia de levar o Papa a Aparecida por terra e por helicóptero. Vamos ver qual é a solução que encontram. Fontes me dizem que ele vai de jatinho.

Sobre a missa em si, não vou falar. Desculpem, mas não vou assistir à missa de abertura. Eu tenho meus limites. Não dá para mim. Mas já no começo reparei que o microfone deu uma falhada… eu ri. Aliás, eu ando rindo bastante com essa Jornada. Se preparem que amanhã tem mais. E salvo engano, amanhã tem protesto com vontade, pois depois do que fizeram com os Ninjas, o povo está ainda mais revoltado. Para piorar a putez populacional, Sergio Cabral, contrariando todas as orientações de seus assessores, continua insistindo em bater de frente com o povo e acaba de criar uma comissão chamada CEIV – Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo (não deveria ser CEIAV?), que, dentre outras atrocidades, quebrará o sigilo telefônico e eletrônico de quem ELE quiser, sem necessidade de decisão judicial. Basta que Sergio Cabral desconfie de alguém e provedores e operadoras de telefone tem que fornecer informações quebrando o sigilo em 24h. Então tá. RASTREIA EU!

OBS: Em nome do fair play, vou dar uma dica aos bispos, cardeais e até mesmo ao Papa: rapazes, usem um shortinho por baixo das suas sainhas, porque o vento está cruel e levantou muitas batinas. De mulher para homem de saia: shortinho por baixo é indispensável, se não fica vulgar.

Para dizer que o Sergio Cabral vai me pegar, para passar a escrever em todos seus e-mails palavras chave que despertem a ira de Cabral e façam ele perder tempo te investigando ou ainda para repetir o bordão “Todo castigo para Peregrino é pouco”: sally@desfavor.com

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