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Publiciotários: 5 anos do contra.

| Somir | | 38 comentários em Publiciotários: 5 anos do contra.

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Ao longo dos anos recebemos diversas propostas para aumentar o alcance do desfavor na internet. Algumas até com vantagens financeiras… Vários leitores sugerem formas de fazer nossos textos serem mais conhecidos, perguntam por que continuamos fora do radar mesmo depois de anos de polêmica consistente e um considerável público fiel diário… Bom, brasileiro médio não gosta de ler, mas tem sim outro motivo: Planejamento.

Claro, parece conveniente demais dizer que só não é famoso porque não quer, mas quem é de casa há mais tempo sabe que oportunidades para “estourar” nunca faltaram. Quem chegou há pouco tempo já viu como lidamos com o último surto de popularidade gerado pela menção do Danilo Gentili no Twitter. Se estivéssemos focados em visibilidade por visibilidade, aquela seria uma chance impossível de ignorar.

O que fizemos? Falamos com o GRANDE público que chegou aqui por alguns dias e depois seguimos a vida. Não é e nem nunca foi sobre um momento qualquer, o desfavor tem uma linha de pensamento muito bem definida sobre sua própria promoção. Se quiser ficar, fica porque gostou dos textos, dos comentários e da companhia. Não comprometemos uma vírgula do desfavor para agradar um público maior.

E aqui, um pouco de verdade: Não é só por idealismo. É uma estratégia que foi se refinando com o tempo e tomou corpo de verdade com a fundação da República Impopular do Desfavor. Antes nos chamávamos de blog, agora somos mais do que isso. Apesar de não fazer propaganda, não trocar banner, não ceder na proposta de textos mais longos e não chegar nem perto das redes sociais, o desfavor NUNCA terminou um mês com média de leitores menor ou igual o anterior.

Existem formas diferentes de crescer, a nossa é essa. Faz parte dessa estratégia nunca dizer quantos estão lendo por dia, mas é importante reforçar algo que eu já disse quando fizemos aquela trollada do concurso de beleza: Não ache que tem pouca gente lendo porque não está vendo mil comentários por dia ou porque não estamos bombando nas redes sociais. Pra cada um que fala, mil se contentam em observar. Não divulgue informações pessoais ou coisas que podem te incriminar achando que isso aqui é um clubinho fechado e inacessível da internet. Faz tempo que não é.

Atualmente temos mais de 1.700 postagens publicadas (sem contar as perdidas na transição), várias em posição de destaque no Google em relação aos temas abordados. Já estamos com quase noventa mil comentários (novamente sem contar as perdidas)! E de boa: É texto padrão desfavor e comentários padrão desfavor. Aqui não tem “First!” (até porque eu expulso quem faz isso). É muita informação disponível para qualquer um com uma conexão de internet.

O desfavor JÁ poderia ganhar dinheiro com propaganda, o suficiente até para lançar uma campanha própria e conseguir ainda mais leitores. Mas… a que custo? Milhares de brasileiros médios cujos comentários começam com “não li o texto, mas…”? Obrigado, não. Perderíamos não só o nosso diferencial como também o nosso prêmio no longo prazo: Sabemos onde queremos chegar e isso passa pela lenta e muitas vezes frustrante seleção de leitores.

Logo quando estávamos começando Sally saía passeando por tudo quanto era blog para comentar nos textos alheios e convidar estranhos para dar uma passada por aqui. Lembrando que há cinco anos atrás o Facebook estava engatinhando e o Orkut já estava dando sinais de que não tinha muito futuro. Tinha muito blog por aí. E até que dava resultados: começou a aparecer gente nova. O problema era que Sally deixava comentários grandes e atenciosos sobre qualquer porcaria que essas pessoas escreviam e elas vinham pra cá dizer que “acharam legal”.

Lembro de comentar com ela que se ela parasse de comentar nos blogs alheios, esse povo todo sumiria no dia seguinte. Ela ainda era mais inocente sobre como brasileiro médio é na internet… teimou que não. Fizemos a experiência e não é que esse povo só estava comentando para fazer a social mesmo? Sumiram todos assim que ela parou. Ficaram apenas as pessoas que gostavam dos textos (concordando ou não) e participavam de verdade das discussões. Foi aí que percebemos que SÓ esses leitores importavam. SÓ eles valiam o esforço de pesquisar, escrever os longos textos e ainda sim interagir nos comentários (eu sempre comentei menos que a Sally, mas antigamente eu conseguia responder muito mais do que nos últimos anos).

Esses leitores não eram a cereja do bolo, eles eram o bolo todo. Foda-se quem comenta para que comentemos de volta, foda-se quem fica sem saco de ler logo na primeira página, foda-se – e muito – quem usa a presença aqui como ferramenta de chantagem. Quer ir embora? TCHAU! Os que ficam compensam tudo.

O plano do desfavor ficou muito claro para nós. Tudo pelo leitor que importa, tudo pelo – recentemente desbatizado – impopular. E virar “blogstars” era justamente o que nos afastaria dessas pessoas. Deixar o comentário de alguém que leu e entendeu o ponto discutido no texto ficar soterrado debaixo de gente estúpida, raivosa ou bajuladora? Sem chance. Temos que crescer de forma controlada, temos que conhecer boa parte do nosso público verdadeiro e fazer isso aqui ser tão bacana para eles quanto é para nós.

E também por isso você não vai ver propagandas por aqui. Nada que nos deixe sequer tentados em segurar o tranco das postagens para alcançar uma audiência maior. Imagina só ver uma “postagem patrocinada” aqui? Até acho que nossos leitores perdoariam como uma necessidade financeira, mas algo do espírito desfavor de ser morreria ali mesmo. Não estamos à venda para ninguém além dos impopulares. É ideologia, mas é estratégia. Já não puxamos saco e mostramos a porta da rua para qualquer um que ameaçar deixar de ler, tinha que ter algo para compensar.

Já fizemos uma postagem fingindo que fecharíamos o conteúdo só para assinantes, cobrando mensalidade e tudo. O resultado foi especial para a gente: muita gente se cadastrou (formulário falso que pedia apelido e e-mail, nada de informações sigilosas ou financeiras). Tem muita gente disposta a nos comprar! Mas a gente não cobraria pelo o que já faz de graça… um dia ainda VAMOS fechar só para assinantes, mas vai ter muito mais do que as postagens à disposição para quem assinar (e não necessariamente cobrando dinheiro por isso… o sonho é não precisar). Relaxem, ainda tem chão… como eu já disse, o desfavor tem um plano e ele não é imediatista.

E você já deve ter percebido como o próprio visual do site valoriza essa política isolacionista: Só temos links externos para notícias. Quem cai aqui só tem a escolha de ler mais desfavores ou ir embora. Não é nem preguiça de fazer acordos com outros sites, é escolha deliberada. O nosso conteúdo é o que temos para oferecer, e se não for isso o que você quer… o que está fazendo no desfavor? Não queremos números, queremos impopulares. São eles que vão crescer conosco e invadir o Suriname.

E você não está vendo ícones para divulgar em rede social, está? Até tivemos uma época porque eu achei bacana fazê-los por conta própria, mas desde que o desfavor virou RID, nem sinal deles. Se quer divulgar um texto nosso, não vai ser porque é fácil clicar num botão. Não vai ser porque os endereços das nossas postagens estão encurtados para o Twitter. Vai ser porque você leu o texto e acredita de verdade que mais pessoas precisam ler. Eu posso facilitar todo esse processo dando três cliques aqui na área de administração do site, mas não vou fazer. Ou é pelo conteúdo, ou é pelo conteúdo.

E é muito por isso que investimos em conteúdo próprio. Se ainda não percebeu, vai perceber que temos uma infinidade de piadas internas e símbolos próprios que volta e meia encontram seu lugar nas postagens e comentários. Não entramos em modas da internet, não repetimos o que estão falando por aí… todas péssimas ideias se você quer muita gente vendo o seu site, mas excelentes formas de gerar “identidade nacional”. Fazemos pelo gosto de criar, mas também é parte do projeto.

O anonimato é parte integral da nossa visão sobre o que significa se expressar na internet. Valorizar o que se diz ao invés de quem diz. Seria bem mais fácil conseguir fama usando nossos rostos, e nem é sobre aparência, é sobre adicionar mais um elemento “vendável” em nossas personas virtuais. Não vai ter nenhuma facilidade para quem quiser se identificar com o desfavor, ou é pelo o que diz por aqui ou não tem jogo.

Quando resolvemos sair do Blogger e migrar para o servidor próprio atual, perdemos TODOS os links que já estavam famosos no Google, só para reconquistar e ultrapassar a maioria absoluta deles com os do site que vocês veem agora. Não dependemos de sorte de alguém nos encontrar, dependemos apenas do nosso conteúdo. Essa força simplesmente não existiria se tivéssemos aberto as pernas lá no começo e seguido o caminho da popularidade na internet. Se você é relevante pelas mesmas coisas que outros mil sites são, pode apostar que você está sempre a um problema técnico de desaparecer.

O que perdemos em visibilidade com essas estratégias ganhamos de volta com estabilidade e relevância. Nossos textos e os seus comentários VÃO ser lidos por muita gente, não porque estão na moda ou porque uma celebridade nos reconheceu, mas porque tem muita gente interessada em ler. As ondas de popularidade vem e vão, a média sempre continua subindo. Um dos meus maiores orgulhos daqui é a taxa de retenção impressionante: Cidadão volta no dia seguinte. Isso é foco em conteúdo.

Adoraria que o desfavor fosse conhecido por milhões e milhões de pessoas, mas DESDE que essas pessoas soubessem muito bem o que nós somos e o que significamos. Não vale a pena desvalorizar o impopular em prol do brasileiro médio, porque brasileiro médio é um saco e porque apostar nos impopulares funciona muito bem, obrigado.

Para dizer que em casa de publicitário o site é anônimo, para dizer que não consegue acreditar que uma pessoa não faça qualquer coisa por atenção, ou mesmo para perguntar se pode anunciar aqui: somir@desfavor.com

Comentários (38)

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