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Desfavor Explica: Sobrevivendo Acidentes Aéreos.

| Sally | | 59 comentários em Desfavor Explica: Sobrevivendo Acidentes Aéreos.

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Época de férias, de viagens e, consequentemente, de aumento de riscos. Como vocês são uma elite muito preciosa e indispensável, vamos dar prosseguimento ao Desfavor Explica voltado para a sobrevivência dos nossos leitores, tentando garantir que em caso de imprevistos morram brasileiros médios e vocês sobrevivam. Desfavor Explica Sobrevivência: Acidentes Aéreos.

Você pode pensar que acidentes aéreos são relativamente comuns, porque quando um acontece é vastamente divulgado, mas a verdade é que estatisticamente eles são muito improváveis. Se levarmos em conta a proporção de voos para a proporção de acidentes, você teria que voar aproximadamente 3 milhões de vezes para ter a certeza de que seria vítima em um deles. De cada mil mortes que acontecem em meios de transporte, apenas 0,45 são no transporte aéreo. No Brasil, você teria que voar todo santo dia por 712 anos para que fosse possível afirmar com certeza que seria vítima de um acidente aéreo. As estatísticas estão do seu lado, não há motivo para preocupação.

Se você tem medo de avião, sugiro que pare de ler por aqui, porque daqui para frente só vamos trabalhar com a pior das hipóteses, que mesmo remota, acontece.

Para começo de conversa, é preciso desmistificar essa história de que se ocorrer um acidente, provavelmente todo mundo vai morrer. Isso é mito. Saiba que acidente aéreo com vítimas fatais é exceção à regra, as estatísticas continuam a seu favor, mesmo que o acidente aconteça. Apenas um em cada dez acidentes aéreos não tem sobreviventes, nos demais, as chances de sobrevivência giram em torno de 70%. Estudos também indicam que só o fato de ler este texto dobram suas chances de sobreviver. Então, se o pior acontecer, nada de derrotismo. Se alguém sair vivo da porra do avião, esse alguém vai ser VOCÊ. Lembre-se disso. Até porque, considerando que quase ninguém lê o Desfavor, você está na frente de todas as pessoas que estão viajando com você.

Existem medidas que podem ser tomadas antes do embarque, durante o embarque e durante a tragédia para majorar suas chances de sobrevivência. Vamos falar de cada uma destas etapas em detalhes, para você aprender desde a prevenção até o que fazer em momento de danação absoluta.

Algumas coisas que você deve ter em mente antes de embarcar. Estudos indicam que passageiros que se sentam no fundo da aeronave tem maiores chances de sobrevivência em caso de emergência. Oficialmente ninguém diz isso, e não existe um argumento científico que respalde esta teoria, mas um estudo feito analisando mais de 40 anos de acidentes aéreos indicou que, por algum motivo desconhecido, pessoas que sentam no fundo da aeronave tem 40% mais chances de sobreviver do que quem senta na frente. Então, podendo escolher, escolha no fundo da aeronave. Mas isso não é tudo. Pessoas que se sentam nas proximidades das saídas de emergência (até cinco assentos de distância) também tem maior índice de sobrevivência, pois acabam sendo as primeiras a conseguir sair. E, para finalizar, pessoas que se sentam ao corredor também sobrevivem mais, já que você pode sair na hora em que quiser, diferente de quem está na janela, que tem que esperar o outro dar passagem. Então, podendo escolher: fundo do avião, perto de saída de emergência e no corredor. Combinado?

Por incrível que pareça, a roupa pode te ajudar. Evite subir em um avião tecidos que sejam altamente inflamáveis (tecidos sintéticos, por exemplo) e procure sempre estar o mais coberto possível com tecidos que te protejam (algodão, jeans, couro). Não é recomendável viajar com as pernas e o braços de fora se isto puder ser evitado. Uma jaqueta de couro, por exemplo, pode te proteger de estilhaços de vidro, um sapato fechado resistente pode proteger seus pés de um chão quente, e assim por diante. Salto alto não é uma boa opção, pois pode te atrasar se você precisar correr e ainda pode prender no carpete. Pense na roupa como um escudo. Uma dica específica: não é indicado que mulheres usem meia-calça para viajar. Além do risco em caso de incêndio, se você tiver que descer pelo escorregador de emergência, ao atrito vai provocar queimaduras na sua perna. Pense sempre em tecidos grossos, resistentes, que te protejam. Dedinhos do pé de fora nem pensar, a menos que você não faça muita questão de mantê-los no pé.

E como a maior parte dos acidentes acontecem na decolagem e na aterrissagem, procure se manter calçado nesse período, só para o caso de você ter que dar uma fugidinha no meio das ferragens. Nestes momentos críticos, remova objetos pontiagudos dos seus bolsos, coisas como canetas, chaves, etc. Se possível, tire também os óculos. São poucos segundos, procure estar alerta, focado, preparado para uma emergência. Deixe distrações para o resto do voo, reserve esses poucos segundos para estar alerta ao que está acontecendo à sua volta.

Para quem viaja em família, o conselho é: tenha um plano. Muitas mortes acontecem porque familiares se perdem uns dos outros e voltam para resgatar o membro que ficou para trás, andando na contramão do resto das pessoas. O resultado é pisoteamento, obstrução da saída e coisas piores. Além de arriscar a sua vida, você ainda vai prejudicar dezenas de pessoas. Portanto, os adultos responsáveis devem conversar e decidir como fariam uma eventual evacuação, de modo a que se deixe claro quem seria responsável por que criança, para que saída de emergência iriam, quem sairia na frente, etc. Parece alarmismo, mas isso é de uma enorme ajuda em caso de emergência. O ser humano emburrece quando está em pânico, é preciso tomar todas as decisões que sejam possíveis antes do pânico se instaurar.

Ok, isso é tudo que você pode fazer ANTES de embarcar. Vamos agora imaginar que você tenha acabado de entrar na aeronave. É imprescindível que você, ao entrar no avião, procure saber onde estão as saídas de emergência. Certamente existirá um folheto ilustrado mostrando onde elas se localizam. Identifique a que estiver mais perto de você e vá até ela antes do avião decolar. Quando o cérebro já fez o caminho uma vez, fica bem mais fácil fazer o caminho pela segunda vez. CONTE o número de poltronas que te levam a ela, pois talvez você tenha que refazer esse trajeto no meio de muita fumaça, no escuro ou em outra situação sem qualquer visibilidade. Faça o caminho da sua poltrona até a saída de emergência com atenção, aprenda este caminho, ainda que seja discretamente, sem que ninguém perceba o que você está fazendo. Eu simulo uma ida ao banheiro, não por vergonha, mas para não apavorar quem já está à beira de um ataque de nervos.

Além de “aprender” a ir até a saída de emergência, é imprescindível que você mostre ao seu cérebro com clareza como as coisas funcionam no avião, em vez de sair fazendo tudo no piloto automático. Por incrível que pareça, um grande número de passageiros morre preso ao cinto de segurança porque na hora do pânico não conseguiu sair. Muitos relatam que na hora tentaram tirar o cinto como se fosse um cinto de um carro: tentando apertar um botão que não existe. Mesmo pessoas acostumadas a andar de avião, que racionalmente sabem que a fivela abre de outra forma. Isto porque na hora do pânico nosso cérebro “emburrece” a partimos para atitudes instintivas. Leia aquele folheto ou manual explicativo com instruções de emergência que fica guardado na frente do seu assento. Pode ser útil.

Por isso, ao embarcar na aeronave, preste atenção em como se abre e como se fecha o cinto, repita o movimento de forma consciente, prestando atenção e simule uma situação onde o cinto emperra e não abre. Aprenda a sair do cinto sem abri-lo, apenas afrouxando até conseguir escapar. Faça isso consciente do que está fazendo, prestando atenção. O cérebro vai memorizar e vai reproduzir isso com mais facilidade quando for preciso. E coloque uma coisa na sua cabeça: na hora de sair, dica de ouro: MÃOS LIVRES SEMPRE, não carregue NADA, mãos livres podem ser a diferença entre a vida e a morte. Então, nada de ficar atracado com seus pertences feito uma lontra com uma ostra, guarde tudo no compartimento para bagagens, que as chances de voarem na sua cara em caso de acidente são menores. MÃOS LIVRES SEMPRE, não se esqueça.

Ok, entramos no avião, as portas se fecharam. Estamos todos com as mãos livres, sapatos calçados e roupas de tecidos grossos e não inflamáveis. O avião vai decolar. A maior parte dos acidentes acontecem quando o avião decola ou pousa. Sabe aquele papo de colocar o assento na posição vertical nestas duas situações? Não é pensando no seu pescoço ou na sua coluna, eles fazem essa exigência porque sabem que nestes dois momentos é quando mais acidentes acontecem e as poltronas são tão apertadas, que se o encosto não estiver na vertical as pessoas não conseguirão evacuar a aeronave com facilidade. Então, se tiver um filho da puta todo recostado antes da decolagem, chame a aeromoça, pois isso pode fazer toda a diferença se algo der errado. Não é implicância, é segurança. Depois que o avião decolar e se estabilizar no ar, pode tirar o sapato e reclinar sua poltrona.

Agora estamos voando. Antes de mais nada, quero recomendar que a não ingestão de bebida alcoólica. Sim, ajuda a relaxar, mas também entorpece os sentidos, ainda por porque seu efeito é potencializado dentro de um avião. Esse leve entorpecimento, esse decréscimo de reflexos, pode ser a diferença entre a vida e a morte. O mesmo vale para remédios para dormir e outros medicamentos que anulem um eventual estado de alerta: só se for inevitável. A adrenalina te ajuda a sobreviver, não sacaneie seu corpo eliminando-a artificialmente. Não é necessário ficar tenso durante todo o voo, tomando conta de barulhos, cheiros e supostos sinais de que algo está errado. Distraia-se. Mas esteja atendo a alguns sinais específicos.

Muita gente que viaja de avião se caga de medo de turbulências, acha que elas são um prenúncio da queda do avião. Dificilmente. Não precisa ter medo do avião cair, mas da turbulência sim. Turbulência parece inofensiva, mas mata cerca de 25 pessoas por ano sem derrubar o avião. Uma turbulência forte pode fazer com que você bata com a sua cabeça no teto do avião a uma velocidade de 100km/h, te matando ou te deixando o resto da vida em uma cadeira de rodas. Não banque o brasileiro médio e ignore o aviso para ajustar o cinto de segurança. Não custa usar o cinto quando for solicitado.

E se houver ordem para ajustar o cinto, ajuste o cinto e espere, nada de passear, ir ao banheiro ou levantar para pegar um livro na bagagem de mão. É preferível se cagar nas calças do que quebrar o pescoço contra o teto do avião, certo? Toda a comunicação feita dentro de um avião é pensada e abrandada para não causar pânico nos passageiros, já que boa parte dos seres humanos tem algum grau de medo de voar, então, se estão te dando um aviso, pode crer que não é besteira ou exagero. Leve a sério qualquer recomendação da tripulação. Existem casos raros de turbulências que não podem ser detectadas com antecedência, as chamadas turbulências “de ar limpo”, por isso, eu recomendo que se fique com o cinto afivelado sempre que possível. Se você for gordo, muito gordo, o cinto não vai fechar em você, mas existem extensores que podem ser solicitados à tripulação para adaptar o cinto ao seu corpo. Não tenha vergonha, melhor isso do que se machucar em uma turbulência.

Ok, aconteceu coisa pior do que uma turbulência, nosso avião está com um problema mais grave. É provável que não te informem direito o que está acontecendo, para não causar pânico, coisa que vai te causar mais pânico ainda. Ao perceber que tem algo muito errado, procure respirar fundo e lembrar que você não é um brasileiro médio e que por já ter lido sobre o assunto tem o dobro de chances de sobreviver. Serei redundante e vou repetir o que disse em todos os outros textos sobre sobrevivência: eu sei que é difícil, mas um dos fatores determinantes para sair com vida desse tipo de evento é manter a calma, para preservar seu discernimento e fazer as melhores escolhas.

Em diversas circunstâncias de “deu merda” acontece um fenômeno chamado “despressurização”. Este sim é um bom indício de que algo não vai nada bem. Sabe aquele papo tranquilo encenado pela aeromoça de “em caso de despressurização, máscaras de oxigênio cairão automaticamente (…)”? Ela veste a máscara com graça e calma, como se tivesse tempo para isso. Pois é, não é tão tranquilo quanto parece. Leve a sério esse evento, seja rápido e siga as instruções do próximo parágrafo.

A despressurização é algo muito grave, dependendo da altitude em que esteja o avião. Quanto mais alto, menos oxigênio no ar e mais difícil, se não impossível de respirar. Não pense você que vai ter um estoque de oxigênio reserva dentro do avião que vai te dar tempo para colocar a máscara com calma, dependendo da situação, em apenas QUINZE SEGUNDOS você apaga. Então, muita atenção: caiu a mascara de despressurização, COLOQUE IMEDIATAMENTE EM VOCÊ, só depois ajude quem está ao seu lado, mesmo que seja seu filho, ele precisa de você vivo para auxiliá-lo. Tudo quanto é pai se desespera para colocar a porcaria da máscara primeiro no filho. NÃO. Se você ama seu filho, coloque primeiro em você, só depois nele, é para o bem dele seguir esta ordem! E não pense duas vezes, a reação tem que ser rápida: caiu a máscara, puxe e coloque. Você pode ter apenas 15 segundos para isso, não tenha calma nessa hora. Se a sua máscara não funcionar, procure revezar com quem está ao seu lado.

A principal causa de acidentes aéreos é disparado a falha humana. Infelizmente contra ela não há como se prevenir. Vai fazer o que? Entrar na cabine do piloto e perguntar se ele dormiu bem na noite anterior e estava descansado, como uma amiga minha já fez? Espero que não. Cerca de 60% dos acidentes aéreos tem algum grau de falha humana envolvida. O máximo que você pode fazer nesse sentido é evitar Cias Aéreas que estejam funcionando no vermelho (Gol? Oi?), pois é notório que elas economizam combustível e fazem seus pilotos cumprirem jornadas exaustivas. De resto, para quem acredita em Deus, resta orar. Para nós, ateus, nem isso.

Tirando a falha humana, o problema físico mais comum que um avião pode ter é uma falha nas turbinas. E por incrível que pareça, essa falha geralmente não costuma ser causada por problemas de fabricação ou manutenção, é causadas por um motivo banal: aves. Isso mesmo, aves que são sugadas pelas turbinas e acabam danificando-as. A coisa é tão recorrente que hoje as turbinas são testadas em laboratórios para avaliar sua resistência a aves.

A boa notícia é que turbinas cada vez mais resistentes são desenvolvidas através desse teste apelidado de “canhão de galinhas” que dispara frangos a 400km/h em turbinas. Hoje, a maior parte das turbinas estão preparadas para resistir bem a aves ou grupos de aves de até 100g, pássaros pequenos. Quando a ave é maior, por volta de 0,5kg, ela pode causar um estrago na turbina, que pode perder forças ou parar, mas ainda assim, esta turbina pode ser reiniciada ou o avião pode voar com uma turbina só. O grande problema são aves de mais de 1kg, que certamente causarão uma pane na turbina e podem até fazer com que ela exploda. No Brasil o campeão é o urubu. Digo isto porque há relatos de pessoas que efetivamente viram um pássaro entrando na turbina e ficaram rindo, acharam graça. Se você visualizar uma coisa, dessas, calce os sapatos, afivele o cinto e alerte a tripulação. Não tem graça.

Ok, vamos para a danação total. Nosso avião está seriamente avariado e não vai resistir muito tempo no ar. O pior pesadelo aconteceu, o avião está caindo e você está protagonizando uma cena digna de Lost. Esteja preparado para luzes piscando ou até mesmo escuro absoluto, não é incomum uma pane elétrica. Muitos objetos vão começar a voar, alguns compartimentos de bagagens vão se abrir, muitas pessoas vão gritar, chorar e alguns mais transtornados vão cometer o erro de se levantar e correr até a porta, de forma totalmente irracional. Mas não você. Achou que o avião pode estar caindo? Fique imediatamente na posição que mais favorece a sua sobrevivência, que, pasmem, não costuma ser a recomendada por Cias Aéreas nacionais.

Se o pior ocorrer, certamente não vai dar tempo de ninguém te ensinar qual é a posição menos arriscada para um pouso de emergência ou até mesmo uma queda. Você tem que saber isso antes de embarcar, e ensinar às pessoas que estão viajando com você. A posição mais segura e que te garante mais chances de sobrevivência é: Sentado, estenda os braços cruzados, apoiando-os na poltrona da frente. Encoste sua cabeça no dorso das suas mãos e coloque seus pés sempre apoiados no chão, o mais para baixo da sua poltrona que você puder. Procure manter a coluna reta, imobilizada, como se você estivesse “encaixado” nessa posição. Não abrace pessoas ou pertences, não fique com as costas coladas na sua poltrona e principalmente não tenha vergonha de adotar essa posição assim que se sentir em perigo, não espere necessariamente que isso te seja solicitado. Pode acontecer de não dar tempo de avisar aos passageiros que eles devem se proteger. Melhor passar uma pequena vergonha do que morrer.

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Uma imagem rápida que mostra diferentes posições.

As duas primeiras pessoas, de branco e azul, fazem a posição recomendada pela maior parte das Cias Aéreas nacionais. A pessoa de verde, por estar com uma criança de colo, faz uma derivação da posição que eu recomendei no parágrafo anterior, que só te protege se tiver algo acolchoado para apoiar a cabeça. A pessoa de vermelho faz a posição que eu recomendei. Porque eu estou contestando a posição recomendada? Primeiro que com o espaço cada vez mais reduzido entre poltronas, uma pessoa muito alto ou um pouco acima do peso não vai conseguir, segundo que muitos recomendam que se coloque cabeça entre os joelhos e as mãos na nuca. Isso é péssimo, se cair qualquer coisa em cima de você quebra suas mãos, que são essenciais para uma fuga. O que me foi explicado por pessoas que entendem do assunto é que a posição da moça de vermelho, para a atual realidade de falta de espaço nas aeronaves é de fato a melhor.

Ok, você fez a sua posição e o avião de fato caiu. Foco: quem trabalha na área diz que o determinante para a sobrevivência costuma ser os primeiros 90 segundos após o acidente e as escolhas que você vai fazer nesse tempo, que é tão crucial que recebeu o apelidado de “tempo de ouro”, pois é nele que se define quem vive e quem morre. Então, no que o avião caiu, não há tempo para respirar aliviado, nem para se acalmar, nem para esperar para ver o que aconteceu. TEMPO DE OURO: 90 SEGUNDOS para salvar a sua vida. Desafivele o cinto e corra para a saída de emergência, se salva quem consegue sair do avião.

Se estivermos lidando com uma situação em que há fogo, permaneça o mais abaixado que puder, inclusive na hora de se deslocar. Se preciso for, saia de quatro, mas procure não respirar colado ao solo, e sim um pouco acima. Isso porque existe uma grande probabilidade dessa fumaça ser tóxica, levando em conta os componentes de um avião. O ar mais limpo é o que está na altura dos seus joelhos. Saia o mais rápido que puder. Se tiver um pano e algum líquido ao seu alcance, molhe o pano e cubra seu nariz com ele. Se não, use a própria roupa do corpo para cobrir o nariz e tentar atenuar a fumaça. A fumaça tóxica é mais perigosa do que o fogo em si, saia rápido, deixe seus pertences, depois você compra outros, concentre-se apenas em sair RÁPIDO, uma questão de segundos pode ser a diferença entre a vida e a morte.

Pode ser que os passageiros se vejam obrigados a abrir a porta de emergência. Pensando nisso as Cias Aéreas que tem vergonha na cara só vendem esses assentos para pessoas fortes o bastante para esta tarefa. Não vou mentir, eu mesma já viajei neste assento (pois ele é maior e mais confortável) quando ainda não tinha consciência da sua importância. Se o avião tivesse caído, morreríamos todos, pois nunca que eu conseguiria abrir aquela porta. As instruções estão na própria porta e naquele manual de segurança que eu te mandei ler no começo do texto, que fica guardado em frente a sua poltrona. Como você é uma pessoa inteligente, você leu e aprendeu antes da merda acontecer, então, mesmo que não tenha forças para abrir, poderá ensinar para alguém que tenha como se faz.

Em qualquer situação, uma vez que você conseguiu sair do avião, afaste-se dele imediatamente. Mesmo que não haja um incêndio aparente, pode haver o risco de explosão. Trabalhe sempre com a pior das hipótese. Corra para longe do avião, mesmo que na hora você esteja eufórico por ter sobrevivido e isso não te pareça necessário.

Se for um pouso na água, não infle seu salva-vidas dentro do avião, pois você corre o risco de limitar seus movimentos, ficar entalado ou até mesmo danificá-lo. Só quando estiver na porta. Além do salva-vidas, se puder, leve consigo o acento do avião, que flutua. Mas, sem querer te desanimar, não se preocupe muito com isso, as chances de um avião conseguir pousar na água são muito remotas, na maior parte das vezes ele explode nessas condições. Normalmente as pessoas só não se salvam quando há um impacto monstruoso e/ou uma explosão violenta, e, se serve de consolo, elas não chegam a experimentar o pavor de que vão morrer, acontece tudo muito rápido. Já na queda, com a desaceleração as pessoas perdem a consciência, tudo indica que não há dor e medo até o último segundo.

Para finalizar, não tenha esse pensamento de que acidente aéreo implica e morte, porque a maior parte das pessoas envolvidas em acidentes aéreos sobrevivem. Lute, acredite, você leva vantagem em cima do brasileiro médio. Sobreviva. E na hora lembre da minha frase: se alguém vai sair vivo desse avião, vai ser você.

Para constatar que você sempre viajou que nem um inconsequente e só não morreu porque não teve acidente, para dizer que agora tem ainda mais medo de avião ou ainda para sair matando todo urubu que encontrar por uma questão de segurança aérea: sally@desfavor.com

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