Desfavor Bônus: A 3ª Guerra Mundial

bonus-terceira

Dois dias depois do referendo de 16 de Março, a Crimeia é anexada pela Rússia. O decreto assinado pelo presidente Vladimir Putin gera reações ainda mais enérgicas da União Europeia e dos EUA. O governo provisório ucraniano autoriza o uso da força contra a invasão russa no mesmo dia. No dia 19, tropas leais à Kiev retomam a base militar de Simferopol tomada pelos russos no dia anterior. Quatro soldados russos são mortos.

Três dias depois, novo movimento orquestrado por Moscou: Mais de mil soldados russos marcham Crimeia adentro sob a alegação de defesa das próprias fronteiras. Depois de dois dias de batalha e mais de cem soldados ucranianos mortos, as tropas russas preparam-se para ocupar as fronteiras com o restante da Ucrânia. O governo ucraniano declara guerra contra a Rússia. A OTAN declara apoio a Kiev, tropas francesas, inglesas e americanas começam a se posicionar em solo ucraniano.

A ONU denuncia oficialmente a Rússia, suspendendo-a de seu conselho de segurança. A delegação russa sequer comparece à assembleia. Os embaixadores começam a deixar o solo dos países membros da OTAN. A Rússia recebe severos embargos comerciais como represália, mas não cede a Crimeia de volta. Passam-se alguns meses de tensão nas fronteiras da Crimeia, russos, ucranianos e seus aliados esforçando-se para não dar o primeiro tiro. A Crimeia ainda é tratada como território ucraniano para quase a totalidade da ONU, exceções esperadas de países como Irã, Venezuela e Bolívia…

Ao contrário do esperado, a economia russa não definha com os embargos. A China começa um extremamente lucrativo acordo comercial com a Rússia; Pequim absteve-se de votar tanto na denúncia como nas sanções econômicas, tentando inclusive vetar as medidas (embora sem sucesso). Quem começa a sofrer é o restante da Europa, com seu maior fornecedor de gás natural preso atrás de barreiras comerciais. É através de um acordo com a China que boa parte da União Europeia consegue alimentar seus aquecedores durante um inverno especialmente frio.

Os EUA denunciam a China por ajudar a Rússia a evadir sanções econômicas. Fica comprovado que o gás chinês provém da Rússia, mas o caso não vai muito longe até a chegada do verão europeu. O primeiro embargo para a China é recebido com extremo desgosto pelo governo de Pequim, que em retaliação aumenta consideravelmente os impostos para os produtos vendidos para países membros da OTAN. A economia americana sente o impacto em pouco tempo e começa a direcionar cada vez mais recursos para transformar Índia, Brasil, México e África do Sul em fornecedores de mão de obra. Países desalinhados que ainda mantinham forte ligação econômica com a própria China. São cortadas as relações diplomáticas entre EUA e China.

Poucos meses depois, pelo esforço de diplomatas americanos, russos e chineses é proposto o Tratado de Johanesburgo, no qual a OTAN se prontifica a retirar tropas e sanções em troca do reconhecimento russo e chinês da Crimeia como território autônomo por pelo menos vinte anos, com a possibilidade de plebiscito no final do período. A Ucrânia, mesmo contrariada, admite a solução pelas suas elevadas perdas econômicas com o fim do comércio com seus vizinhos.

O Tratado sequer chega a ser discutido. No penúltimo mês de 2015, a Coreia do Norte invade a Coreia do Sul. Timing perfeito. Depois de vários meses com suas linhas de abastecimento limitadas pela animosidade chinesa, o exército americano fica enfraquecido na península coreana. A guerra entre norte e sul começa a pender para o lado do regime de Pyongyang. A China denuncia as ações dos norte-coreanos, mas ao mesmo tempo fecha suas águas para a intervenção ianque.

Denúncias de que Rússia e China estão abastecendo o surpreendentemente poderoso exército norte-coreano tornam a presença americana ainda mais difícil. O Japão vira base avançada dos americanos. A Coreia do Norte lança um míssil nuclear em direção à maior base militar dos EUA no Japão. O míssil falha em detonar sua carga atômica, mas ainda sim o suficiente para uma declaração de guerra formal da OTAN contra Pyongyang.

A invasão americana é grandiosa, mas acaba virando um pesadelo logístico de proporções catastróficas pela recusa chinesa em cooperar. Os norte-coreanos são empurrados de volta para seu território, alguns inclusive fugindo pelas curiosamente lenientes fronteiras chinesas. Um caça americano abate por engano um avião de carga chinês, o que faz Pequim criar uma zona de exclusão aérea estendida nas bordas com a Coreia do Norte.

Enquanto isso, os russos aproveitam-se da fraqueza das tropas ainda posicionadas na Crimeia e retomam alguns quilômetros previamente perdidos. A Ucrânia termina o armistício imediatamente e tenta retomar a Crimeia. Os soldados da OTAN demoram para reagir de acordo, e um gigantesco banho de sangue toma a área. Com a guerra nas Coreias indefinida pela intransigência chinesa, a tropa da OTAN na Ucrânia é fortalecida novamente. Mas dessa vez por recém-criados veteranos de guerra.

O massacre do exército ucraniano que se aventurou pela Crimeia começa a ser percebido em sua real escala. Dez mil soldados mortos e mais dez mil desaparecidos. A OTAN avança. Quando as verdadeiras tropas da OTAN e as verdadeiras tropas russas se encontram nas ruínas de Simferopol, uma última tentativa de acordo toma forma na ONU. Em vão.

12 de Agosto de 2017: Os EUA declaram guerra à Rússia. 20 de Outubro de 2017: Os americanos e seus aliados tomam Simferopol, saldo mais de cinco mil mortos entre ambos os lados, incluindo civis. Os russos com a maioria das vítimas. 21 de Outubro de 2017: Um míssil nuclear é detonado na fronteira entre Coreia do Norte e China.

O que mais chama a atenção é a potência da explosão nuclear. Pelo menos umas duas escalas de magnitude maior do que a mais poderosa arma nas mãos dos norte-coreanos. A retaliação chinesa é imediata, retirando Seul do mapa com outra bomba atômica. Pequim sucumbe numa nuvem de fogo e radiação logo a seguir. Os três primeiros mísseis nucleares mandados em direção dos EUA são interceptados. O quarto não. A essa altura do campeonato, Moscou já estava em cinzas.

Enquanto isso, o Brasil esperava ansioso pelo BBB18.

Para dizer que vai me dar o benefício da dúvida e não achar que eu escrevi bêbado, para inventar seu cenário infalível para uma guerra que não vai acontecer, ou mesmo para dizer que percebeu o que eu quis fazer: somir@desfavor.com

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Comments (20)

    • IMPOSSÍVEL

      Um tigre não muda suas listras

      E olha que o castigo nem é por atrasar postagem, é por atrasar E NEM SE DIGNAR A AVISAR

  • “Enquanto isso, o Brasil esperava ansioso pelo BBB18.” E pelo resultado da apuração das escolas de samba enquanto os mais jovens comentavam orgulhosos com quantos tinham feito orgias em praça pública numa micareta qualquer em Valsador.

  • Guerra não é exatamente uma coisa ruim, se fosse nenhum desses países do norte seria desenvolvido.
    Gostei do texto Somir, geralmente as pessoas não gostam de tocar nesse assunto.

  • Estou muito curioso pelos próximos acontecimentos… no youtube e internet existem vários vídeos, textos e estórias simulando possíveis cenários numa intervenção militar de ordem global… evidentemente muitos deles favoráveis à Russia, em detrimento e aversão aos EUA.
    Sabe-se de antemão que muitos bilhões de nós perecerão… e por fim – e estupidamente – dirão que está tudo na Bíblia para justificar mais desgraçãs causadas por megalômanos doentes sedentos por muito $$$$$. E assim caminha o maior dos erros “concebidos” pela natureza: a maldita espécie humana, incapaz de sustentar até mesmo o seu bem-estar.

  • Realmente assustador, mas não creio que isso vá ocorrer. Putin não é bobo. Ele sabe que já perdeu a Ucrânia, mas a anexação da Crimeia dá à sua derrota um gostinho de vitória. Ninguém vai entrar em guerra por este território, até mesmo porque Obama é um dos presidentes mais cagões e bananas que já pisaram na Casa Branca. Só temo que os 25% de ucranianos habitantes da Crimeia sofram alguma opressão.

  • Texto muito bem elaborado. E muito bem realista, afinal o brasileiro médio, principalmente, são indiferentes em relação aos assuntos contemporâneos. Mas vá perguntar pra ele(a) quem foi o(a) eliminado do BBB…

  • É Somir… um tanto foda ter previsões catastróficas mas fazer o que? Espera-se que pelo menos as tais bombas atomicas/nucleares não extingam por completo a vida no planeta!

        • E talvez as arqueobactérias também sobrevivam ~momento nerd~

          Não sejamos iludidos com nenhum país desenvolvido, em especial os EUA, porque eles com certeza escondem do mundo assuntos ligados à fabricação de armamentos, NASA e coisas assim.
          Enquanto o povo come câncer no Mc Donald’s ou dançam funk seminus, os EUA certamente estão criando armas e bombas secretamente, já que com o mais poderoso ninguém mexe.

          Nem duvidem que uma nova Guerra Mundial ia foder a porra toda.

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