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Desfavor Bônus: Dia dos Fracos.

| Somir | | 40 comentários em Desfavor Bônus: Dia dos Fracos.

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Relações precisam de manutenção senão acabam estagnadas. Mesmo pequenos gestos podem manter viva essa chama… e já faz um bom tempo que eu não me volto contra vocês. Abram o fogão, porque hoje eu cheguei com a lenha! No Dia dos Fracos da RID, falemos mais sobre os tipos que empobrecem as discussões por aqui. De nada!

Para quem chegou aqui há pouco tempo, já travei uma guerra praticamente solitária contra a degradação da qualidade nos comentários do desfavor. Infelizmente (ou felizmente, tudo questão de ponto de vista), a campanha terminou em armistício. Comprometi-me a não lançar mão de medidas autoritárias para coibir off-topics e o chat aleatório que agora compõe a maioria dos comentários do desfavor. Afinal, vocês disseram em coro que era isso mesmo que queriam.

Não, não pretendo reiniciar o confronto, mas acho justo que todos vocês saibam que isso não é novidade, nem mesmo reflexo direto dos últimos meses. Essa história de intolerância vem de longe. Nada pessoal, somos todos nomes e apelidos flutuando na internet. Mas, se não for pedir muito, favor acreditar que é uma crítica direta a você e dar chilique nos comentários… alegra o meu dia.

Ah sim, soaria artificial demais se eu não dissesse que gosto sim de muitos dos comentários (e comentaristas – embora eu seja mais orientado por conteúdo do que por personalidade) que povoam nosso impopular espaço na grande rede, crítica excessiva fica caricatural. Dito isso, vamos aos tipos de leitores/comentaristas que mais homenageiam este tão importante feriado impopular:

Em tempo: Vou escrever tudo no masculino por simplicidade, mas as leitoras podem sim vestir a carapuça. No Dia dos Fracos eu não quero excluir ninguém!

O LIVRO ABERTO: Não adianta avisarmos, tem gente que simplesmente não consegue entender o conceito de privacidade. A sanha de ganhar o maldito jogo do “quem sofre mais” nubla sua percepção da realidade. Num mundo ideal, pessoas que abrem seu coração em qualquer situação pública deveriam ser ignoradas e isoladas do convívio de outros seres humanos. O que muitos falham em entender é que isso não é apenas sobre auto-proteção, é sobre preservar a paciência alheia.

Testemunhos altamente emocionais raramente são interessantes. Sei que num mundo onde BBB faz sucesso pode-se ter a impressão que alguém se importa com dramas repetitivos da vida cotidiana, mas na verdade isso é altamente dependente da atração sexual que você exerce sobre o seu público. Sem pelo menos um par de peitos para manter sua atenção, não é como se sobrasse algo de realmente importante ali. Caso prefira o sexo forte, imagine um exemplo condizente.

Uma decepção ver um comentário mais saudável do que os anêmicos habituais e descobrir depois de um parágrafo (isso quando temos parágrafos!) que é mais uma trama confusa baseada em relações humanas erodidas por baixo desenvolvimento intelectual de uma ou ambas as partes envolvidas. Se eu achasse a vida alheia tão interessante assim, teria um Facebook! Sabem como é, ideias e pessoas: faz diferença qual é o seu assunto mais comum.

O livro aberto joga seu drama para o mundo sem nenhuma consideração por quem calhe de prestar atenção, e ainda pune os pobres coitados que ainda tem um pouco de bondade no coração para entretê-lo com mais e mais evasões de privacidade. Fica aqui uma singela crítica a Sally: quanto mais você responde questões jurídicas, mais dessa gente pousa por aqui. Talvez exista uma relação direta entre problemas judiciais e falta de filtro na exposição da própria intimidade…

O MASOQUISTA: Típico personagem de tempos para cá. O masoquista é alguém que foi convidado a se retirar de nossa comunidade – seja com avisos cada vez menos sutis, seja com um banimento – e decide que mesmo assim vai continuar nos brindando com sua presença. O masoquista se acha vítima de tratamento injusto. A escolha do termo masoquista não é à toa: por mais que a pessoa tente disfarçar, fica clara a intenção de continuar sendo maltratada num lugar onde não precisa estar.

Um dos maiores problemas do masoquista é sua crença inabalável que na verdade é um troll. Trolls tendem a não considerar desprezo como uma das reações desejáveis em suas vítimas. Tanto não são que a maior tática anti-trollagem existente não os incomoda: o masoquista pode continuar sua triste jornada rumo à insignificância mesmo sem ser alimentado.

Sabem aquela coisa toda de querer se relacionar com pessoas que também querem se relacionar com você? Que bom, os masoquistas não sabem. Talvez por falta de exemplos práticos em suas vidas, talvez por uma teimosia fantasiosa de que vão conseguir reverter seu status negativo por aqui repetindo exatamente o que os fizeram ser rejeitados em primeiro lugar. Ei, talvez eles até achem que é uma forma de vingança… tudo bem que é basicamente como querer ganhar uma briga dando narigadas no punho do adversário, mas não estamos lidando com pessoas no auge de seu amor próprio.

O AUTISTA: O autista nem sempre é um traço permanente de caráter de quem comenta, mas com certeza é um estado passageiro para alguns leitores. O autista acaba preso em um mundo próprio ao mesmo tempo que tenta lidar com o que está lá fora. Receita de confusão para quem escreve e para quem lê. Entendam que eu estou falando sobre quem perde completamente o fio da meada do assunto proposto e começa a confundir a própria opinião sobre o assunto com a exprimida no texto.

Sim, estou falando de quem comenta sem ler (ou sem passar a impressão que leu). Mas o autista é um grau além disso. Todo autista parece que não leu o texto, mas nem todo mundo que parece que não leu o texto se encaixa na categoria. O autista transcende simples confusões sobre o que leu (algumas inclusive culpa de quem escreveu o texto), ele consegue criar uma realidade paralela onde as palavras do texto rearranjam-se em clara discordância de suas próprias opiniões.

E o autista reage mal quando confrontado com o fato. Percebe-se como savant na hora da crítica, como se tivesse quebrado uma criptografia complexa e descoberto que em segredo tanto eu quanto Sally pensamos diretamente o oposto sobre o que escrevemos. E aí eu sou o cretino que chama todo mundo de burro, não? Oras, é Dia dos Fracos, deixa eu me vitimizar!

O ESFÍNCTER: O esfíncter precisa evacuar sua opinião. Rápido! Favor não confundir com o intestino. O intestino produz a merda, mas não é quem a coloca no mundo. Ou mesmo quem define sua distribuição. Por sorte os esfíncteres cansam do trabalho mais rápido que os outros tipos, mas nem por isso deixam de deixar um rastro fedorento no caminho.

Sua prevalência é maior principalmente depois de postagens que acabam saindo de nossas fronteiras (ou seja, as da Sally). É gente que entra aqui com o único propósito de ofender, não estou nem falando de criticar o conteúdo que o desagradou, estou falando de usar todo seu (parco) arsenal de ofensas e ameaças na esperança fútil de causar sofrimento para quem escreveu o texto (ou seja, a Sally).

E como o esfíncter só tem um trabalho, tende a se esforçar um pouco mais do que o habitual. Temos por política não aprovar comentários que sejam xingamento puro, até para não dar qualquer impressão que nos misturamos com a gentalha. Boa parte deles vocês sequer veem, mas alguns deles involuem com o tempo: começam como os extremamente aceitáveis detratores de nossos argumentos, tendo um ou vários comentários aprovados.

O problema do esfíncter é que ele não gosta de ver sua obra(da) anulada por uma resposta atenciosa e inteligente. Quanto mais se dá ouvidos e respostas para ele, maior a tendência de baixar o nível até atingir a maturidade de uma criança de 10 anos de idade. O esfíncter normalmente tem uma faixa de tolerância para discussões inteligentes da qual escorrega em questão de minutos… Por pura frustração por suas limitações intelectuais, decide de que escrever o roteiro de um filme pornô ou mesmo ameaça de violência física vale como algo que um adulto diria na situação.

O BISCOITO DA SORTE: Não se mete em nenhuma discussão remotamente arriscada. Se tem algo para dizer, é genérico e sucinto. Reconheço que essa também pode ser uma fase passageira, mais comum para quem está molhando os pés no mar revolto dos comentários habituais do desfavor. Precisamos começar de algum lugar, certo? Estou criticando aqui de quem faz dessa sua personalidade habitual no desfavor.

O biscoito da sorte quer estar em algo parecido com uma rede social até mesmo aqui dentro de nossa impopular república. Não se compromete, não critica, não se envolve em nenhuma briga… Como se precisasse manter a pose da vida normal até num lugar onde o anonimato é incentivado. Esse tipo de leitor e comentarista tende a entrar na defensiva a cada vez que eu ou Sally dizemos que há sim espaço para arriscar mais aqui dentro. Claro que bem mais quando sou eu falando… Se em média o biscoito da sorte não atrapalha o fluxo habitual das discussões, o mesmo não se pode dizer sobre sua influência nos constantes embates de opinião tão necessários para criarmos uma casa mais aconchegante para os impopulares.

Os mesmos que minam minhas tentativas de elitizar o desfavor (mesmo sendo obviamente o caminho certo) minam as tentativas de Sally de cobrir assuntos mais popularescos (mesmo demonstrando clara intenção de debochar do conteúdo). Claro que há mérito em buscar um ponto de equilíbrio, mas não podemos confundir estabilidade com estagnação. Em última instância, a “cúpula” pode corrigir os rumos rapidamente. Podemos sempre decidir tudo por conta própria, mas há diversão na tentativa de angariar simpatizantes para nossas causas. Lembrem-se: vocês desequilibram, nós equilibramos.

Nós sabemos que tem mais coisa se passando pelas suas cabeças… dividam-nas!

Ah, só para confirmar: Sim, eu estou falando de você. Seja lá quem você for… É tudo pessoal e de propósito. Feliz Dia dos Fracos!

Para dizer que se sente vitimizado(a) por não se encaixar em nenhuma dessas categorias, para dizer que nunca vamos ganhar dinheiro assim, ou mesmo para encarnar o autista: somir@desfavor.com


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