A fé nos une?

Casar numa igreja ou em alguma cerimônia religiosa do tipo é um sonho recorrente nesse mundo. Tanta pessoas o tem que algumas delas até acabam se relacionando com ateus. Na hora de dizer o sim e todo o ritual ao redor dele, Sally e Somir discordam sobre a visão de quem deve ser levada em consideração. Os impopulares dão sua opinião, com ou sem cerimônia…

Tema de hoje: Na hora do casamento, quem deve ceder, o religioso ou o ateu?

SOMIR

O religioso! Está mais do que na hora das pessoas racionais pararem de ceder tanto. Não, nem todo ateu é essencialmente racional, mas pelo menos nesse ponto ele tem a posição mais lógica: se não crê em divindades, não faz o menor sentido querer sua bênção. Se o religioso quer seguir o ritual arbitrário dele, que o faça por conta própria! Sacanagem arrastar um ateu para essa palhaçada toda.

Casamento presume duas pessoas. E para duas pessoas conviverem é necessário que saibam ceder de acordo com o necessário. Entendo o ponto de que excesso de intransigência faz mal para o casal, mas em qualquer relação existem linhas de onde não se passa. A pessoa cede até o limite de sua tolerância, seja pela gravidade do que lhe é exigida, seja pela frequência com que é exigida… Quando um (ou os dois) elementos desse casal chega nessa linha de corte, precisamos de parâmetros para resolver a questão.

E é aqui que os terroristas não podem ganhar! Infelizmente o parâmetro mais comum para essas decisões é a infantilidade de cada elemento. Quem argumenta menos e chora/grita mais costuma ganhar… A pessoa mais racional acaba usando sua capacidade superior de compreensão, se coloca no lugar da outra e cede. O vencedor da disputa, por sua vez, não aprende nada com a situação.

Empatia é uma das capacidades mais nobres e racionais do ser humano. Precisa botar muito neurônio para trabalhar para conseguir criar um modelo de outra pessoa na sua cabeça e enxergar o mundo pelos olhos dela! O problema é que mesmo quem tem essa capacidade não percebe a importância dela, e por consequência acaba cobrando pouco em troca. A tendência é que pessoas com a nobreza de ceder acabem com crianças choronas e egoístas, que configuram imensa maioria da população. E por que eu estou falando em algo tão genérico sobre relacionamentos?

Simples: o ateu é capaz de entender o religioso, mas o religioso dificilmente consegue enxergar o mundo pela ótica do ateu. Ceder para o casamento religioso é recompensar a infantilidade de sua (seu) parceira(o). Percebam que essa discussão só EXISTE porque estamos num reduto de ateus… religiosos sequer considerariam a hipótese de ceder para o ateu nesse caso. Sério que vocês acham que alguém cujo sonho é casar com cerimônia religiosa pensa em alguma alternativa caso a outra pessoa não partilhe de sua crença em amigos imaginários?

O ateu não cede porque não se recompensa esse tipo de egoísmo e ignorância seletiva. O ateu não cede porque seu motivo para não querer a cerimônia religiosa é muito mais racional e estruturado do que o desejo de alguém de fazer uma “simpatia” brega e cara que não tem nenhum efeito prático além do prazer da conformidade. Foi mal, pessoa religiosa, mas seu sonho nem seu é, é pura imitação sem sentido.

E aqui eu entro no ponto da “precedência do não”. Se você não acha que chorar ou gritar configura argumentar, deve entender um dos melhores parâmetros para definir o que se fazer quando duas pessoas chegam naquela linha limite é considerar o “não”. Normalmente o desgostar é mais racional do que o gostar. Costumamos saber bem por que não queremos algo, mas muitas vezes vacilamos na hora de explicar por que queremos. Se envolve duas pessoas fazendo a mesma coisa e existe o interesse de conseguir o melhor resultado, quem não quer tem que levar vantagem.

Pense no seguinte: Uma pessoa do casal quer que os dois comecem a ter outros parceiros sexuais. A outra não. Quem você acha que tem que ter a opinião levada mais em conta? Um dos dois quer ter filhos, o outro não. E aí, é melhor ceder e cuidar de criança contra a vontade? O não tem a precedência quando são as duas pessoas que vão lidar com a consequência.

O único não verdadeiro na discussão de hoje é o do ateu. O religioso pode ter toda a festa (o VERDADEIRO sonho) sem nenhum charlatão oficiando a cerimônia, o ateu tem que encarar a encheção de saco e o CUSTO de pagar para ser enganado. Casamento religioso costuma ser caro pra caralho! Sem contar a série de rituais e burocracias “imaginárias” necessárias para completar o circo. Quem está com o cérebro em ponto-morto não se importa com todo esse entorno, mas quem SABE o golpe que é se sente ridículo entrando no clima. Imagina só financiar religião com seu dinheiro suado? Que horror!

Precisa se expor a essa situação bizarra? Estou indo por esse caminho porque é praticamente impossível que um ateu e uma pessoa muito religiosa resolvam casar, normalmente quem se junta com um descrente não tem o grau de retardamento mental necessário para acreditar cegamente em tudo que sua religião prega. Entre a vontade de quem sabe porque não quer e a de quem quer imitar o que viu na novela… sério que o ateu tem que ceder? Essa pessoa religiosa só quer a festa, essa é a verdade. Dê a festa para ela e o estelionatário recitando palavras sagradas vira elemento secundário.

E vejam bem, não estou dizendo que a pessoa religiosa é um ser humano horrível aqui… tomei bastante cuidado para compartimentar tudo nessa relação de ateu e religioso e a diferença entre as “empatias”. O religioso dificilmente vai saber o que o ateu cedeu de verdade. O ateu está só barrando um capricho específico. Se obedecer religião fosse realmente importante para as pessoas não haveria divórcio ou controle de natalidade. A verdade é que ninguém liga. Querem o confete. E confete não precisa vir com contribuição forçada para as religiões institucionalizadas que tanto fazem para atrasar a humanidade…

Ah sim, se você é ateu e não acha nada demais pagar com tempo e dinheiro para o manutenção das religiões, tudo bem! Não somos um clube mesmo. Mas não se esqueça que nessa discussão você é irrelevante… se não liga, não estaria cedendo nada, oras.

Para dizer que casar já é a pior cessão, para reclamar que seu sonho brega não é resultado direto de querer imitar o que viu na novela, ou mesmo para dizer que acha que eu falei de empatia puramente em tese: somir@desfavor.com


SALLY

Se um casal for composto por um religioso e um ateu e o religioso quiser celebrar o casamento com um ritual de sua religião, quem deve ceder?

O ateu deve ceder. E olha que eu estou para conhecer um ser humano mais ateu do que eu. Meu ponto de vista: se o ateu cede, nada acontece a não ser um ritual bobo, risível e/ou cafona. Se o religioso cede o que acontece é um sonho podado, um desejo que a pessoa acalenta desde a infância frustrado, um ritual de passagem que por algum motivo que eu não compreendo nem em um milhão de anos é muito importante para aquela pessoa. Considerando o prejuízo que cada um dos lados sofrerá, me parece que quem sofre menos é o ateu ao ceder.

Daí você pode tentar argumentar e dizer que pode ser uma violência terrível para um ateu participar de uma cerimônia religiosa. Eu responderei te perguntando o que merdas um ateu radical que nem ao menos consegue participar de uma cerimônia de faz de conta para um amigo imaginário ver está fazendo casando com uma pessoa religiosa. Sim, porque dividir uma vida com uma pessoa religiosa implica em aceitar e respeitar sua religião. Se a religião incomoda tanto, melhor nem casar. Boa sorte quando os filhos chegarem e o assunto “batizado” vier à tona!

Se você REALMENTE não acredita em Deus, não se incomoda com isso. Pegar algo que você TEM CERTEZA que não existe e ficar antagonizando é contraditório. Se não existe, não existe! Eu dou zero importância para algo que não existe, ora! Estamos falando de vestir uma roupa provavelmente ridícula e brega, andar, sorrir, repetir algumas palavras e tirar fotos. Isso é uma coisa que eu posso fazer pela pessoa que eu amo. Não me peçam para virar Hare Krishna porque não poder comer chocolate nem tomar café eu não faço, mas porra, uma cerimônia de uma noite eu posso bancar!

Assim como eu sempre critico quem não respeita meu ateísmo, estendo a crítica para quem não respeita a religião dos outros. Cada um faz o que quer e se o fato da pessoa participar daquela religião te é tão repulsivo a ponto de se recusar a participar de um ritual de uma noite (coisa que eu também respeito), simplesmente não case com essa pessoa! Gente, escolham suas batalhas, porque vida a dois te dá motivo para brigar e se aborrecer O TEMPO TODO. Escolham suas batalhas, só puxem um cabo de guerra quando realmente valer à pena, como no caso dos sagrados café e chocolate, mas nem fodendo que por homem eu abro mão de café e chocolate!

Começar uma vida a dois já nesse espírito não me parece bacana. Já começa criando um impasse, cagando um sonho da outra pessoa. Porra, se vai nesse espírito, melhor nem casar! Se já no primeiro passo para a convivência a dois se começa pisoteando em algo tão importante para o parceiro, sinal que vem problemas pela frente. Quem está prestes a casar com alguém religioso a ponto de não prescindir de cerimônias ou abstrai ou procura outro parceiro.

Quão difícil é mandar um palavrão mental, um foda-se para o suposto Deus e participar debochando por dentro? Ou faz isso ou não vai conseguir manter o relacionamento, porque a religião sempre vai se fazer presente. Por acaso não sabia que a pessoa era religiosa quando a conheceu? Por acaso não sabia que o sonho da pessoa era casar na igreja (ou onde quer que seja) quando engatou um relacionamento sério? Custa? Custa mesmo dar esse gosto para a pessoa? Tem que ser pau no cu e ficar de picuinha racionalizando o sonho de outra pessoa? Fé é irracional. Se te incomoda tanto, procure um ateu como você.

“Mas Sally, você fala isso mas casar na igreja que é bom você nunca fez”. Nem na igreja nem no civil. Mas não porque eu esteja me contradizendo, e sim porque eu escolho as pessoas com as quais me relaciono e sei que COMIGO não dá certo uma pessoa extremamente religiosa, tradicional e fã de rituais.Essas são as coisas que eu mais odeio no mundo. Então, o fato de que EU não faria esse esforço, não inviabiliza meu argumento: NÃO FAÇO, mas também não sou masoquista e idiota de me relacionar com alguém que queira isso! Se você se relaciona de forma séria (se vai casar, eu gosto de supor que seja algo sério) com alguém que tem esse sonho, é porque aceitou aquela pessoa, com seus defeitos e qualidades.

Infelizmente religiões são escrotas o bastante para não individualizar seus rituais. Não basta a pessoa fazer, quem está à sua volta tem que fazer também, porque Deus só abençoa sua união, independente de você ser uma boa pessoa ou não, se ambos do casal jurarem amor dentro de um prédio cafona cheio de flores. Todo mundo sabe que as regras do jogo são essas. Então, se você persiste em manter e consolidar um relacionamento com uma pessoa que dependerá de você para ter a bênção do seu Deus, a coisa digna a fazer é colaborar. Se recusando você gera sofrimento e frustração no parceiro, aceitando você só passa uma vergonha de algumas horas.

Enfim, acho que a pessoa que supostamente aceita, respeita e admira um parceiro adepto de uma religião tem que saber que essa religião está no pacote para uma convivência harmônica. Eventualmente vai ter que participar de alguns rituais dessa religião, quando sua presença for indispensável para que o ritual se concretize, pois se não colaborar, está privando o outro do direito de exercer sua religião. Ou ama o suficiente para passar por cima e colaborar, ou não fica com uma pessoa religiosa se isso lhe provoca tanta repulsa.

Um ateu não deixa de ser ateu nem sofre qualquer tipo de exclusão por casar na igreja (basta não dar importância ao que não é importante, poxa!), já um católico verá seu casamento “não abençoado” por Deus se não fizer esse ritual. Se você gosta do seu parceiro e o respeita, não vai querer que a pessoa passe por esse sofrimento. Foda-se se você acha que o sofrimento se justifica ou não, ele é REAL, ainda que você não concorde com os motivos que lhe deram causa. Isso é o que as pessoas não entendem: por mais bobo que pareça o motivo, o sofrimento É REAL.

A recusa radical em participar de uma cerimônia religiosa para realizar o sonho da pessoa que você ama me parece algo similar a aqueles homens que saem de um restaurante quando um casal gay se beija: se você está convicto do que é, aquilo não deveria te incomodar. Se uma cerimônia religiosa te incomoda a ponto de você não conseguir participar, tá na hora de repensar muita coisa. Ou a pessoa é muito intolerante ou muito babaca de escolher dividir o mesmo teto com uma pessoa que pratica algo que ela repudia tanto. Universo Umbigo: “se para mim não faz sentido, então não vou validar, porque quem vê sentido nisso é um idiota”. Vai desculpar, mas mais idiota é quem casa com um idiota.

Para se ofender porque eu te chamei de idiota, para se ofender porque eu te chamei de mais idiota ou ainda para dizer que eu não posso falar sobre o assunto porque nunca tive que passar por essa humilhação: sally@desfavor.com

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Comments (84)

  • Pode parecer infantil (e provavelmente é) mas provavelmente seguiria a ideia de “se eu tiver que ceder você vai ter que ceder também”, ou seja, aceitaria o senhor de vestido desde que com condições bem restritivas.
    Não acho justo apenas um lado ter que fazer uma concessão desse tipo, da mesma forma que negar o casamento religioso pode acabar com o sonho de uma pessoa que eu amo eu não vou fingir que não vai me incomodar profundamente ter que, mesmo que por um segundo, fingir que tudo o que eu considero verdade não é.
    Me recusaria a pagar, por exemplo, mas faria uma doação para uma instituição de caridade em nome de quem quer que o senhorzinho queira, se é na igreja, não ajoelharia em hipótese alguma porque acho o gesto humilhante, etc…
    Concordo com o Somir, não temos que ceder sempre só porque somos mais racionais, e não é questão de criar caso ou ecolher a batalha, levo a sério minha descrença e não abro mão dela, nem no casamento nem no futuro batizado (ou melhor, na inexistência deste futuro batizado).

    • Você não está dando importância demais a uma coisa boba como igreja e religião ao se sentir humilhado por ajoelhar? As coisas só tem a importância que a gente dá a elas…

  • Gente, como as pessoas são abnegadas! Realmente, amor existe. Ou é masoquismo, loucura, obsessão travestida de amor… Uma diferença dessas eu nem chegaria a me casar com a pessoa… Porque o ateu tem sempre que ceder? Na verdade, eu acho a instituição do casamento e o rito, bobagens. Um papel assinado não traz mais segurança (ou seja lá o que for que as pessoas que casam querem com isso) do que a palavra da pessoa. Se ela tem caráter, tem, se não tem, papel, cerimônia, religião, nada mudará isso. Sou atéia e não abro mão não, não nessa esfera. Nem me relacionaria com uma pessoa religiosa praticante, nem ao menos moderada. Isso é fator de intolerância extrema pra mim, já basta o que preciso suportar em nome do bom convívio social em família e no trabalho. Um não praticante, ok, dá pra levar, fui católica não praticante muito tempo da vida, enquanto negava pra mim mesma que era atéia. Não descarto a possibilidade de assinar o papel um dia, porque quando a gente se apaixona e confia, sim, a gente cede. Mas casar no religioso, e com festa (pros parentes me matarem de vergonha?), não, eu passo. Já passei da idade de me convencerem a fazer algo que eu francamente não quero. Não pode ser religioso, nem burro e nem fumante, rs. Sou muito feliz sozinha, e não troco meu bem estar só por um mal estar acompanhada.

    • SE o ateu topou casar com um religioso, é porque aceitou que a prática de certos rituais religiosos existirão em sua vida (casar pressupõe coabitação e vida em comum).

      SE religião incomoda tanto (como é meu caso), não case com um religioso.

  • Não sei se eu poderia ceder. Eu estaria no meu casamento o tempo inteiro me falando o quanto tudo aquilo é hipocrita, o quanto eu detesto o fato de um homem de vestido que nem me conhece estar la me falando como eu devo levar a minha vida de casado (e até mesmo falando que eu tenho que procriar, acredite, o padre falou umas coisas assim no casamento da minha cunhada).
    Ainda bem que eu e meu namorado somos os dois ateus, nos queremos um casamento, mas uma cerimônia laica, onde as pessoas que eu amo e que me amam vão me casar e serem testemunhas da minha união, e não deus.
    Mas essa minha visão da conflito em casa porque minha mãe é religiosa e fica puta quando eu falo que nao me caso na igreja (ela ja teve o casamento dela, eu faço o meu como eu quiser). E quando a gente fala que nao vamos batizar nossos filhos, o negocio fica pior ainda haha

    • Aí é que está o ponto, se você não poderia ceder, toparia se casar com uma pessoa que sabe ser tão religiosa a esse ponto?

      Cada vez mais eu tenho a convicção que ateu tem que casar com ateu. São poucos os religiosos com os quais dá para conviver harmoniosamente, salvo honrosas exceções, eles colocam religião no meio de tudo.

  • Eu me considero um teísta. Fui criado na fé católica, me sinto mais à vontade nela, e mesmo assim questiono muita coisa dela, inclusive dogmas de fé. Não sigo os princípios à risca. Creio em Deus, pura e simplesmente, mas acho a questão de ter que passar por uma determinada religião ou culto para chegar a ele muito chata. Acho q Deus é muito mais liberal, dado ao livre-arbítrio, do que as religiões pregam.

    Sally, essa questão que vocês apontaram aí tem uma pequena mistureba, é bom a gente separar. Casar não necessariamente implica em festa. Você pode simplesmente, cumpridos os pre-reqs, solicitar a um padre que te case. Sem festa, sem pompa, sem nada.

    O religioso (ou religiosa) do casal quer casar pelo ritual/sacramento ou pela festa? Porque eu mandaria essa, se não quisesse casar: “tá bom, eu caso, mas sem festa, só eu, você e o sacerdote/pastor/etc.”

    Aposto que 99% dos religiosos não topariam essa. Eles casam pela festa, não pelo ritual. Hipocrisia pura: a festa é o mais importante.

    • Isso é uma verdade. Mas eu achei que a festa fazia parte do ritual, porque na maior parte das religiões tem que estar com amigos e família reunidos.

      • Não não. Na Igreja Católica precisa só dos pre-reqs (papelada, talvez um curso, proclamas, ser batizado) e precisa também ter SÓ UMA testemunha para o noivo e SÓ UMA para a noiva. Os famosos padrinhos. Ou seja, o ritual se faz com 5 pessoas: o casal, o padre e dois padrinhos. Em outras religiões cristãs o padrão é marromeno o mesmo.

        Por que estressei o “SÓ UMA”? Porque hoje em dia tem casamento com OITO CASAIS de padrinhos de cada lado, não cabe nem no altar da igreja. Mas no papel, SÓ UMA pessoa assina por cada noivo.

        Padrinhos são essencialmente um bom negócio, em geral eles se sentem na obrigação de dar bons presentes ao casal. Quanto mais padrinhos, mais chances de bons presentes.

        • Eu achei que havia a obrigação de estar rodeado de família e amigos… Então acho que você tem razão, as pessoas querem mais pela cafonice da festa. De qualquer maneira, se eu não tiver que pagar pela minha própria humilhação, não me importo.

  • Olha novamente o exemplo do restaurante-gay-intolerante que mencionamos esses dias Sally. Concordo com tudo o que foi falado, mas você pegou um ponto importante: Se a pessoa se envolveu com um xiita religioso deveria saber que teria de fazer algum sacrifício posterior na relação do casal.

    • Se o fato da pessoa ser tão religiosa é tão repulsivo para você a ponto de não conseguir participar, será que deveria mesmo estar com essa pessoa?

  • Com essas histórias de problema no casamento, me lembrei de um senhor de quase 70 anos que quase não casou por não gostar do nome da esposa. O nome era Maria das Dores.

    Ele tinha seus 20 anos de idade e marcou casamento na igreja católica como manda o figurino. Quando ia assinar o livro, começou a conversa com o padre:

    – Padre, tira o “das Dores” do nome da minha mulher.
    – Bom, eu não vou fazer isso.
    – Padre, aqui ninguém tem “dor” não e que casamento seria esse com “dor” no nome. Então me faça o favor de tirar esse “das Dores”.
    – Rapaz, isso não é sobrenome, é o nome dela. E mexer com nome assim por mero capricho!? Deixarei o “das Dores”.
    [Depois de uma longa e acalorada discussão]
    – Se você não vai tirar, então eu não caso! – E ele ia embora xingando.
    [O padre percebeu que ele ia embora e não casaria mesmo]
    – Está bom! Volta aqui, cacete! Vou tirar essa bosta de “das Dores”!
    – Então, agora eu caso!

  • Eu me casaria na igreja sim, desde que o noivo concordasse em ter uma cerimônia neo-pagã, que é a minha religião. Mas confesso que acho cerimônias de casamento meio desnecessárias em geral. Gasta-se um dinheirão pra uma festa curta (muita gente se endivida até o cu e fica anos e anos pagando), os convidados falam mal depois… Sou mais mandar um joinha pra todo mundo, casar discretamente no civil e gastar o dinheiro da festa em uma viagem fantástica de lua-de-mel.

    • Paula, na questão financeira eu concordo plenamente com você. Acho coisa de gente com baixa autoestima, infantilóide, precisar desse “dia de princesa” onde vai ser o centro das atenções. Sabe, a vida não é o mundo da Barbie. Gente que não tem casa própria mas gasta um dinheiro sério fazendo uma festa tem mais é que se foder. Eu JAMAIS toparia gastar dinheiro para uma festa se não tivesse no mínimo uma casa própria e viajado o mundo e nunca me casaria com uma pessoa deslumbrada e cafona que pense o contrário.

  • Depende de que tipo de “religioso” nós estamos falando.

    Se for referente ao católico que vai a missa todos os domingos, tem altar para N.Sra em casa, reza terço e que leva o Olavo de Carvalho a sério, é inconcebível a união matrimonial deste com uma pessoa declaradamente atéia.

    A questão fica mais fácil quando uma pessoa que não pratica a religião a qual ela foi batizada, se relaciona com um ateu.

    Em casos assim, o mais recomendável seria casar apenas no civil e fazer uma cerimônia simbólica em algum salão, na praia, ou em qualquer lugar que você possa reunir um pequeno grupo de amigos e familiares com a presença de um juiz civil, nada de líderes religiosos.

    Agora, se a família do cônjuge for muito religiosa e querer de fato uma cerimônia com todas as pompas, é só o “ateu” da relação encarar aquilo com bom humor, ele não precisa acreditar em nada daquilo. É como ir na casa de parentes no Natal, você vai lá só para comer a noiva comida, não para “celebrar o nascimento de cristo.” E depois, o casal pode seguir sua própria vida.

  • A minha faxineira macumbeira casou as filhas na igreja e os netinhos foram batizados pelo padre. Casar na igreja é mais social que religioso.
    #somostodoscatolicos (não praticantes)
    Ae tá rolando boato que se os maaquitos forem campeões vai ser feriado nacional. Desculpa aí mas vou torcer pra caralho!

        • Como Governo, como economia, como gestores, certamente são tão cagados quanto, se não piores. Mas o PSDB nunca censurou a liberdade de expressão de ninguém.

          • Avalizando a ditadura corrente com o argumento de “é tudo a mesma coisa” é algo que o brasileiro vai se arrepender depois. Gente, vocês estão contribuindo pro cerceamento da liberdade! Será que não percebem! Se o PSDB lá entrar vai demorar pra eles iniciarem a ditadura deles…. o PT já coloca a dele em prática há 12, não deixemos estender por 16….

            • Cagado por cagado, fico com quem não me censura. Prefiro a economia escaralhada, o país todo cagado, mas PODENDO FALAR.

              • Exatamente Sally! Daqui a 5 anos quando controlarem a Internet também aí o povo não vai ter liberdade nem pra falar “ah, é verdade, não era a mesma coisa”….

                • Quando se calam as críticas o povo deixa de perceber o que está acontecendo. Muita gente passou por toda a ditadura militar acreditando que essa coisa de tortura era mentira, que isso não existia.

                  Minha opinião só é o que é por uma série de opiniões e informações que eu tenho acesso. A partir do momento em que me cortam acesso a elas, eu deixo de ter opinião e passo para uma achismo bobo. Se a liberdade de expressão foi comprometida nem opinião teremos mais, porque não teremos acesso nem aos fatos.

                  • “Minha opinião só é o que é por uma série de opiniões e informações que eu tenho acesso. A partir do momento em que me cortam acesso a elas, eu deixo de ter opinião e passo para uma achismo bobo. Se a liberdade de expressão foi comprometida nem opinião teremos mais, porque não teremos acesso nem aos fatos.”

                    Faz todo sentido, por isso você tem a sua opinião sobre a Copa estar comprada e eu duvido disso. Você tem as suas fontes o que faz toda a diferença na convicção, como não tenho acesso (esse tipo de esquema deve ficar muito bem amarrado) não consigo acreditar sem que eu tenha sequer uma prova do que está acontecendo e de como funciona tudo isso.

                    • Compreendo e respeito (e às vezes até admiro) quem discorda de mim. Acho muito saudável que não se acredite em algo só porque alguém disse.

                      Se você quiser, existem bons textos e bons documentários sobre máfia, esquemas e roubalheira, não apenas no futebol como em outros esportes. Tem muita conspiração também. Dá uma olhada no que tem por aí e separa, dentro da tua convicção, o que é conspiração e o que pode ser real. Tem um documentário em especial sobre a máfia italiana e os esquemas que eles tinham para ganhar dinheiro utilizando esportes, é bastante esclarecedor.

  • Por mim o ateu cede, ás vezes o outro não é tão religiosa, mas faz pela família, mãe, pai. E para mim, já que vai fazer a festa e casar no civil, não custa nada enfiar um padre no meio. É super rápido e não vai mudar em nada para o ateu.

    Claro que aí tem que rolar um meio termo para a festa, igreja, quantidade de convidados, etc. Um casamento repleto de pompa na Candelária não é o mesmo que no outeiro da Glória, por exemplo. Acho que uma coisa mais discreta não seria tão agressiva para o ateu.

        • Não pago. Vai desculpar mas não pago um centavo. Quer macaquear, quer se vestir de nhá-benta ou de pinguim, precisa ser o centro das atenções por uma noite para ser feliz? Beleza, tamo junto, eu passo o vexame. Mas pagar por isso já é demais. Cada um que pague por suas carências.

  • Acho que eu nunca gostei de ninguém de verdade, porque eu evito qualquer tipo de envolvimento emocional com uma garota se eu descubro que ela é religiosa. Pra você ter uma noção, nem em quermesse de igreja eu vou mais (por mais brega que seja, curto as comidas e ia com minha familia quando era criança) porque isso significa dar dinheiro pra eles.

    • Isso não quer dizer não gostar de verdade, quer dizer conhecer as suas limitações. Para mim também é motivo de exclusão a pessoa pertencer a uma religião. Não consigo admirar, sabe? Me broxa. E acho que relacionamento precisa de admiração.

      • Realmente broxa. O evangélico ficar naquele cortejo de “venha para minha igreja…” com aquelas intenções de que só vou querer trocar fluidos se vc se converter.

        E espirita? Já escutei isso “nossa relação vem de outras vidas”… e ficava tentando adivinhar sobre coisas que eu estava contando. Um charlatão.

        Tem tb os que sofrem de TOC bíblico. Uma frase solta vira motivo para debate tomando como referência versículos. Muitas vezes acompanhados de frases feitas e automáticas que escutou do padre ou pastor sem a menor reflexão.

        Quer mais desgosto?

  • Não queria cerimônia, acabei cedendo, mas, antes de marcá-la, o religioso que fazia questão de celebrar nossa união, uma pessoa muito querida (não por mim), morreu em um acidente. Daí, casamos no civil mesmo.

    Mas não teria problemas pois, no frigir dos ovos, há outras idiossincrasias bem mais desagradáveis, repetitivas, mesmo permanentes suas, que o (a) parceiro (a) tolera, e na qual até participa por você, que algo que será feito apenas uma única vez (ao menos, a gente espera(va)) e em poucas horas é algo de muito menor incômodo.

    De todo modo, não impediria de arranjar uma forma de tirar proveito da situação. Por exemplo, como ocorreu quando um conhecido ateu apostou com os padrinhos uma grana preta por segundo em que enrolaria para dizer o “sim”. Ficou uns dois minutos quieto no altar, olhando pro padre e pra esposa, fingindo nervosismo. Para a esposa, justificou a demora dizendo ter ficado indignado com o sermão do padre quanto aos deveres do matrimônio…

  • Sally sempre se colocando no lugar dos outros! Adoro!
    Concordo muito com o que tu colocou no texto: respeitar a decisão do outro, se colocar no lugar do outro e minimamente se adaptar a isso, constitui valor fundamental para uma relação saudável. Quem não enxerga isso – a meu ver – é alguém que está com problemas consigo mesmo, e seria bom repensar muita coisa internamente.

    • Se ceder implicar em um sofrimento tão grande, é de se perguntar se seria mesmo o caso de casar com alguém que tem uma característica que te incomode tanto…

  • Eu não curto muito falar desse assunto, mas o tema parece ser algo inevitável que um dia teria que enfrentar. Eu não sou ateia, mas também não tenho religião. Não gosto de discutir religião. Acho que as pessoas precisam ser mais independentes emocionais com relaçao as suas escolhas e crenças, sabe? Ficam numa tentativa de validarem isso com as opiniões dos outros, acho impressionante. E vou te falar que conheço pessoas que se dizem ateias que são mais humanas, preocupadas com reais valores de humildade, solidariedade e respeito, mais que muitos religiosos.

    Minha única vontade seria uma cerimonia pequena, intimista, com poucas pessoas em um lugar que significa muito pra mim. Eu aceitaria fazer a cerimonia religiosa do meu parceiro, ou a cerimônia a lá parceiro ateu. Em resumo, eu gostaria do rito de passagem. Isso eu desejo, mais por acreditar na importância disso. Vai muito além de questões religiosas ou familiares.

    Então respondendo à questão. Acho que é mais fácil um ateu abrir mão por tudo já elucidado no texto.

    • Estou me enquadrando no perfil do “não sou ateu, mas também não tenho religião”, cada vez mais longe da “minha religião” não prático e discordo de muitos dogmas…. então definitivamente não posso ser considerado católico; Nessa discussão fico do lado da Sally, eu acho todas as cerimônias da igreja católica uma babaquice bem grande, mas se me envolvesse com uma pessoa que considera tais ritos importantes faria isso por ela por que 1 – Não sou ateu, então não me enquadro no tema proposto, 2 – Não sou intransigente no ponto de negar algo importante a uma pessoa que eu goste.

      • A minha diferença é que o meu conceito de rito vai muito, mas muito além de questões religiosas e familiares. E eu lamento muito que as instituições religiosas tenham se apossado desse conceito de tal forma que fica difícil fazer essa diferenciação sem associar ao brega e à necessidade de aprovação da sociedade.

  • Se for APENAS a cerimônia, o ateu pode ceder. No final das contas até o civil é meio sem nexo… Já estamos envolvidos em rituais inúteis em nome da “tradição” em várias áreas: no aeroporto respondendo se você é puta ou se está levando drogas, no casamento civil respondendo se aquilo é o que você quer mesmo, na contratação em nova empresa quando é questionado sobre manuais de ética. Um a mais, um a menos, não faz diferença.

    Agora… Se envolver qualquer outra coisa que não a cerimônia (e a maioria exige), o ateu não tem que ceder não. A maioria das religiões exige que os dois sejam batizados/ façam curso de noivos/ frequentem X missas/ blablabla. Nesses casos já é exagero.

      • Na igreja católica batismo, crisma são pré requisitos. E para batizar seu filho, os pais precisam ter tudo dentro dos conformes. Rs…

        • Mas eu já vi ateus casarem pela igreja! Tipo, se você não foi batizando nunca poderá casar pela igreja? A pessoa que casou me disse que pagou bem caro para fazer um cursinho express e quando chegou o dia não foi porque perdeu a hora devido à bebedeira do dia anterior, procurou o padre, pagou uma taxa e ficou por isso mesmo.

      • Para batizado de crianças é pedido pelo padre que os padrinhos façam um curso. Para casamento, até onde sei, também é necessário fazer um curso para os noivos (os padrinhos não precisam).

        • Sim, conheço gente que fez esse cursinho mesmo sendo ateu, e nem foi no dia marcado. Mentiu que adoeceu, pagou um extra e casou na igreja mais ateu do que nunca!

      • No caso do catolicismo (fui católico até os 19 anos de idade, então lembro alguma coisa) acho que o mínimo é ser batizado e TALVEZ (não me lembro, mas faz algum sentido ter) feito a primeira comunhão.

        • Se você não for, faz um cursinho express e tá de boa. Custa caro, mas se pagar eles liberam sem nem mesmo frequentar o tal cursinho.

          • Sally, na religião catolica tem que ser batizado, ter feito a primeira comunhão e fazer um cursinho de umas 5 aulas, eu acho. Meu irmão esta passando por isso pois ele so tinha sido batizado, ele acabou de passar a primeira comunhão (e teve que ir em aulas de primeira comunhão). E para ser padrinho de batizado tem que ser batizado, no minimo, e fazer cursinho também.
            Não sei se tem exceção, pode ser que tenha, mas a regra é isso.

            • Mas então se uma pessoa nunca foi batizada ela simplesmente não pode casar pela igreja católica? Quero dizer, você não pode se converter ao catolicismo depois de adulto?

              • Sim, acho que você pode ser batizado depois de grande. Não acho que eles recusam ter mais “cordeiros de Deus”.

              • Nao sou catolico, mas ja conversei com amigos catlicos. Segundo eles, qualquer pessoa pode se converter e se batizar na Igreja Catolica, desde que antes faça o Catecumenato.

  • Os argumentos do Somir até que são válidos, mas de fato, se você quer se casar com um religioso que tem o sonho de casar em uma igreja, não vai ser tão sofrível assim. Você deveria saber sobre isso antes de ter assumido o compromisso. Não quer ter de aturar essas chatices religiosas, fique longe de pessoas teístas, simples.

  • Quando me perguntaram de batizado eu respondi: “Tanto faz. Mas não quero catecismo pra lhe fazerem lavagem cerebral desde pequeno.” E foi esse o acordo.

  • O ponto chave aqui se encontra justamente em uma frase citada pelo Somir: “O não tem a precedência quando são as duas pessoas que vão lidar com a consequência.”

    Acredito que o Ateu pudesse ceder. Se os dois vão se casar, isso significa que os dois se amam (sic) e pretendem mesmo ficar juntos. Se não houver casamento religioso isso vai causar um grande mal estar para a parte que acredita nisso, podendo ter consequências para a vida toda. Já para o ateu tanto faz. Ele não acreditando, não vai fazer mal algum participar de uma cerimonia religiosa que para ele é apenas uma cerimonia. Não vai doer, não vai abalar as convicções e não vai ‘deixar o corpo aberto’ para o espirito santo lhe penetrar. Tanto faz.

    Devemos diferenciar o ateu do anti-religioso. Como disse, no caso do ateu, não há problema algum em ceder.

    • O ateu não passa a ser religioso porque participa de uma cerimônia religiosa, pelo simples fato dele não acreditar em Deus.

  • Eu duvido muito de querer casar com um nao ateu. Caso acontecesse, eu casaria na igreja, no centro espirita, onde for pq pra mim nao significaria nada, mas pro religioso sim.

  • Minha esposa é evangélica, mas nem um pouco radical e totalmente mente aberta. No nosso casamento, fizemos concessões um ao outro ela topava a presença de chopp ( todo meu lado da família e amigos, bebem ) e eu topava a cerimônia do jeito dela. Foi até bem legal, não ficou nem um pouco com cara de culto religioso, foi bem descontraído e todo mundo se divertiu, até hoje tem conhecidos nossos dizendo que até hoje foi o melhor casamento que já foram. Até fiquei amigão do pastor.

    Sinceramente acho que até o mais ferrenho dos ateus pode fazer um pouco de corpo mole, são 20 minutos de cerimônia e 4 horas de festa, e o resto da vida para ficar com quem realmente ama.

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