Raio-x social.

Vai ser meio inevitável falar sobre política a semana toda. Estamos às vésperas de uma eleição presidencial com cara de final de novela: mocinhos, vilões, um final emocionante e imprevisível. Some-se a isso o tom conferido à disputa, repleto de baixarias, evasão de privacidade, ataques pessoais e outras indignidades outrora destinadas apenas à capa de uma revista barata de fofocas.

Resultado: o brasileiro resolveu acompanhar a política nacional. Pelos motivos errados. Pelo tom de folhetim maniqueísta, pelas fofocas, pela cara de rivalidade futebolística. O fato é que o brasileiro está acompanhando de perto estas eleições. E a forma como o vem fazendo diz muito sobe a sociedade atual. Seja pelos votos, seja pelas posturas, estamos traçando um raio-x da sociedade neste período eleitoral. O que você viu nesse raio-x? Vou te contar o que eu vi e trocamos ideias nos comentários.

No meu sentir, o resultado desse escaneamento não é nada agradável. Uma sociedade homofóbica que vota em candidato que diz que um filho gay se “resolve” com uma surra, uma sociedade machista e conservadora religiosa onde ninguém pode se dizer favorável ao aborto porque não se elege e uma sociedade revanchista e violenta, onde direitos humanos são demérito, enquanto que prisão, tortura e morte são mérito.

Acho que todo mundo aqui sabia da existência de homofóbicos, radicais religiosos, intolerantes ou torturadores. O que não sabíamos, ou ao menos eu não sabia, é que eles eram maioria na nossa sociedade. Essa varredura de caráter que as eleições proporcionaram me surpreendeu. Negativamente. E olha que eu sou uma pessimista convicta, para me surpreender negativamente precisa de muito!

O desgosto não veio apenas na forma de votos bizarros. O tom bélico e raivoso tomou conta do nosso dia a dia. Pessoas se digladiam defendendo com unhas e dentes seus candidatos, diga-se de passagem, nenhum deles minimamente defensáveis. Amigos brigando, se xingando e cortando relações por divergências política. Tudo aquilo que sempre falamos sobre o desrespeito a opiniões contrárias parece ter eclodido e explodido na nossa cara no período eleitoral.

A má notícia é que isso não acaba com a votação de domingo que vem. As pessoas se apegaram a esse papel de torcedores fanáticos. Brasileiro gosta de pertencer a um grupo, qualquer que seja o grupo, pois isso o define, lhe confere um status e acaba por dar um respaldo: sou do grupo de Fulano de Tal, se mexer comigo vem mais vinte me defender.

E isso vem sendo alimentado, pois convém que briguemos uns com os outros e assim estejamos muito ocupados para brigar por melhoras no país. Se na ditadura a saída era um inimigo em comum, hoje a solução é desunir a população e jogar uns contra os outros. As pessoas topam, porque gostam de pertencer a um grupinho e ter o respaldo deles. A vaidade humana e carência por aceitação estão chegando a um ponto inaceitável. Seu grupo é o que te respalda.

A forma que esse grupo “backup” se manifesta varia de acordo com o momento social. Durante muito tempo, o grupo backup que dava respaldo e segurança ao brasileiro era a religião: se diziam católicos para se sentirem de alguma forma elite, especiais, parte aceita de um conglomerado mundialmente poderoso e de quebra ter presunção de bondade, porque quem tem Deus no coração não pode ser má pessoa. Os marginalizados ocupavam o posto de vilões: religiões de origem africana, os ditos “macumbeiros” e ateus eram o lado negro da força. Essa necessidade doentia de buscar conforto no bando mereceria uma análise mais aprofundada, mas fica para outro dia.

Hoje, para você ser definido socialmente, como praxe, se utiliza sua profissão (outro tema que já já vai ser objeto de texto). Mas, neste período eleitoral, virou modismo definir quem ou que a pessoa é por suas escolhas políticas. Algo que deveria ser de foro íntimo, de acordo com a convicção pessoal de cada um, virou quase que um crachá de identificação que determina onde você será aceito e como você será tratado.

E, não se enganem, até quem não quer saber de política e não vai votar em ninguém encontra uma classificação e julgamento. O que te define até o dia 26 de outubro é o seu posicionamento político, queira você ou não. Um ser humano é muito mais do que isso, você sabe, eu sei. Mas o Brasileiro Médio não sabe.

Tal qual tubarão branco quando sente sangue, entraram em um frenesi agressivo e desrespeitoso de se dedicar a combater um suposto inimigo. Porque guardar forças para tentar fazer desta bosta de país um lugar melhor nem pensar, o prioritário é calar que pensa de forma diferente. A diferença ofende, afronta. No Brasil, tudo é prioridade, menos aquilo que realmente deveria ser.

Você TEM QUE pertencer a um grupo, porque uma organização social onde pessoas não possam ser rotuladas e classificadas é uma abstração por demais assustadora para o Brasileiro Médio. Ainda que você se recuse a pertencer a um grupo, será rotulado e encaixado em algum, pois nesse universo burro e cartesiano tudo tem que ter um rótulo para poder ser compreendido. É o preto e o branco, zonas cinzentas não existem.

Daí você é rotulado, e com o rótulo ganha de brinde inúmeros ataques. Gente do seu convívio que sempre gostou de você se ofendendo, porque supostamente você, um traidor, ficou “contra” o grupo que essa pessoa aderiu. “Como assim você DISCORDA DE MIM?”. Discordância gera ofensa, a partir do momento em que você discorda de alguém é porque o está chamando de burro ou coisa pior. Entrar (ou ser colocado à revelia) em um grupo rival ao de um amigo ou conhecido gera uma sensação de traição.

Essa sensação de traição já faz presumir que você é: burro, alienado, influenciado por terceiros ou simplesmente um escroto. Não importa todas as suas escolhas de vida, todas as suas realizações, toda sua bagagem, se você ousou entrar no grupo errado, dali para frente, tudo que você fez ou faz será desmerecido, desqualificado, desvalorizado. Quem pensa diferente deve ser calado, censurado e destruído, o comando está muito claro.

Diante de um ataque injusto como esse, a pessoa atacada se defende, como reação natural. Isso desperta ainda mais a ira do interlocutor, que agora tem a certeza (universo umbigo) de que aquela escolha é de fato uma traição para afrontá-lo. Resultado: ataca de volta, o que costuma gerar uma nova reação de defesa de volta. Esta bola de neve maligna vai aumentando, até pessoas que nutriam algum laço afetivo efetivamente brigarem e cortarem relações.

E se você pensa que isso acaba no domingo, dia 26, pense novamente. Espero de coração estar enganada, mas pelo que venho observando do ser humano, tenho a impressão que essa rixa Lado A x Lado B não vai se desfazer. Não enquanto não encontrarem outra classificação para polarizar as pessoas. O grupo que perder as eleições vai passar os próximos quatro anos atacando o grupo que ganhou, como se o candidato que perdeu fosse fazer muito pelo povo brasileiro.

Desculpa a impaciência e desesperança, mas a merda já está consolidada no futuro do país. O que Lado A e Lado B não parecem perceber é que no sistema brasileiro TUDO depende do Congresso Nacional. E este ano parece que ambos os lados se esforçaram para transformá-lo em um aterro sanitário humano. A composição da Câmara e do Senado está UM LIXO, e eles são quem mais detém poder no país. O Presidente é apenas o trocador do ônibus, o motorista é o Congresso.

Então, ganhe quem ganhe, o prognóstico é ruim. Mas imagina se as pessoas vão refletir e assumir sua parte de culpa pelas merdas de Deputados e Senadores que mandaram para lá? Não vão, porque a culpa é sempre do outro. O grupinho que perder as eleições vai passar os próximos quatro anos culpando o grupo vencedor até em caso de tornado ou tsunami. O grupo vencedor vai responder às agressões e esse circulo vicioso de raiva e ressentimento vai ser perpetrado.

Com isso, mais uma vez, nossa atenção e energia está sendo canalizada para uma babaquice e os problemas gravíssimos do país continuarão a se consolidar. Brigamos uns contra os outros em vez de brigar juntos por um futuro melhor para todos. Porque? Porque somos todos donos da razão e só é um futuro melhor aquilo que EU acho que seja um futuro melhor, o que os outros dizem é sempre burrice, imbecilidade e tem interesses obscuros.

E, atenção, a intenção deste texto também é alertar sobre o MECANISMO, não apenas sobre a forma como o mecanismo vem sendo usado no momento. O mesmo acontece quando torcedores de um time se unem para protestar contra um técnico ou bater na torcida rival, como vimos esta semana, ou quando tentam censurar humoristas, ou quando tentam vetar casamento gay. Desvio de atenção e energia para o lugar errado, devidamente induzido pela mídia e outros poderes. Não caiam nessa.

Por décadas estamos perpetrando o mesmo mecanismo: um grupo que se acha dono da razão brigando com outro grupo por uma grande perda de tempo em vez de canalizar sua atenção e energia para o mal coletivo que estão fazendo ao país. Cabeças pequenas e imediatistas que só pensam nos problemas que cercam seu umbigo. Passou da hora da gente pensar macro, pensar na coletividade, no país como um organismo. Pensar apenas no seu bem estar não leva a lugar algum, porque, cedo ou tarde, o mal estar do outro reflete em você.

Sinceramente, eu não aguento mais essa cultura do ódio, do revanchismo e da intolerância. Adianta essa diarreia legislativa de leis inclusivas se na prática a sociedade está cada vez mais dividida e hostil? Não sei se tenho paciência para viver no meio dessa gente raivosa e ressentida pelos próximos quatro anos jogando na cara dos outros que tudo que dá errado no país acontece porque não votaram no seu maravilhoso candidato.

Minha previsão pessimista é de que anos difíceis nos esperam, independente de quem vença as eleições. O que eu desejo é que o povo se una para tentar sair do buraco em vez de um apontar o dedo na cara do outro e ficar discutindo sobre a culpa de estarem emburacados. Provavelmente não vai acontecer, mas, quem sabe, algum dia, em um momento social mais favorável, alguém leia este texto e ele seja de alguma serventia. Fica aqui, para o mundo, para a posteridade, porque hoje ele não vai ser absorvido pela maior parte dos brasileiros.

E já que é para sonhar alto, espero um dia poder viver em uma sociedade onde eu tenha o direito de não pertencer a grupo algum, onde não seja classificada à força dentro de um bando em função da incapacidade das pessoas medíocres de lidar com o desconhecido, com o complexo, com o imprevisível. Uma sociedade sem a necessidade de grupos, onde eles eventualmente se formem por afinidade e não para unir forças para alguma empreitada bélica. Provavelmente não vou viver para ver isso acontecer, mas, se de alguma forma, puder contribuir para isso, já seria o bastante.

Fica aqui meu apelo: façam a parte de vocês para romper com esse círculo vicioso nocivo de raiva, revanchismo e ressentimento. Não responda a ódio com ódio. Ou melhor, não responda a ódio. Ao declarar um inimigo, você automaticamente está dando importância a essa pessoa/instituição, e eles não tem que ter importância. Não merecem ter importância. Deixe que falem, deixe que agridam, deixe que perpetrem sua intolerância e fúria. Não responda. Não alimente o troll.

Pode parecer um pedido um tanto quanto inusitado vindo de mim, uma pessoa por natureza combativa. Mas se você refletir com calma, vai perceber que não deixa de ser uma forma de combater a cultura do ódio e da intolerância. Talvez uma das mais eficientes, já que combater ódio com ódio é como apagar incêndio com gasolina.

Nossa parte já vem sendo feita desde que essa baixaria começou. Nenhum comentário da indústria do ódio é aceito aqui, não importa de que lado seja, e todos geram banimento sumário, pois não queremos esse tipo de pessoa por perto. Infelizmente não tem botão de banimento na vida, mas tem sempre a possibilidade de ignorar a pessoa. Faça o mesmo, não dê voz, não dê audiência a quem prega o ódio, a quem cultua o medo, a quem é intolerante com as diferenças.

Peço encarecidamente aos Impopulares que façam sua parte e não aceitem convite para briga de grupinho rancoroso, raivoso, hostil. Tenham pena, tenham compaixão dessas pessoas. Faça sua parte para não perpetrar essa cultura asquerosa, ou nossos próximos quatro anos se transformarão em um verdadeiro inferno.

Para desqualificar meu discurso na tentativa de me chamar para a briga, para continuar na torcida pela queda de mais dois aviões ou ainda para fazer suas malas e ir morar nas montanhas: sally@desfavor.com

Se você encontrou algum erro na postagem, selecione o pedaço e digite Ctrl+Enter para nos avisar.

Etiquetas: , ,

Comments (52)

  • Pelo que eu vejo da pouca convivencia (online) que eu tenho com gringos, assistindo videos feitos por gringos, etc etc…eu diria que nos EUA, as disputas políticas quase chegam no mesmo nível de putaria que o nosso chegou esse ano. Lá eles também conseguem ser bem apaixonados e irracionais quando o negócio é preferência política. A diferença entre eles e a gente é que, como usual, o brasileiro tem a versão mais cagada da mesma coisa.

    • E desde ainda antes – 2012, Obama vs. Romney – já me parecia que isso havia crescido lá, pois é, pertinência não costuma ser prestigiada…

  • O post parecia prever o que aconteceria apos as eleicoes: usuarios de rede sociais culpando os nordestinos pela reeleicao de Dilma, desejando que o Ebola faca uma visita ao nordeste, que a regiao nordeste seja apagada do mapa, que um raio os parta e outras babaquices…
    Mas a reacao foi pior: nordestinos respondendo a altura, disseminando odio do mesmo jeito.

    Seria melhor, portanto ignorar, nao dar Ibope, ora.

  • Não sou de ficar puxando saco de vocês (Do Somir sim hehehe) mas esse seu texto Sally…. está do caramba! Muito bom mesmo! Há tempos não lia algo vindo de você o qual eu não discordasee sequer de uma vírgula… esse texto está impecável. Parabéns mesmo, ótima análise e preciso exercício de futurologia pós eleições. Vou até divulgar esse texto.

    • Divulga, divulga sim. Não vai mudar a cabeça da maioria, mas ao menos vai atrair para cá gente que pensa como a gente.

  • Nossa Sally nossa apenas nossa…Que texto maravilhoso to quase imprimindo 50 copias e colando na cara dos meus colegas de faculdade/estagio…

  • Sigo a premissa de que voto é secreto. Se me perguntam não falo e nem quero saber o dos outros também. O que vai agregar na minha vida saber o voto de alguém? Só se for para ser maria vai com as outras, coisa que já aprendemos desde crianças que não está com nada! E LONGE de mim gastar minha pouca energia para tentar mudar o voto de alguém só porque não concordo. É como querer fazer alguém mudar de religião, de crenças… Pura perda de tempo.

  • Felīcia Hardy

    Meus principais amigos estão tão saturados que vão viajar no final de semana. Como terça é feriado e segunda é ponto facultativo estou quase me rendendo ao foda-se tbm. Que dilema.

  • O pior de tudo: não é preciso nem sair de casa pra ver isso. Vejo todos os dias sempre que logo nas minhas redes sociais, que ultimamente dei o apelido “carinhoso” de esgoto social, pra onde vão todas as opiniões odiosas e merdas que não seriam expostas cara a cara pro alvo em questão porque 80% da internet é constituído por pessoas covardes demais pra isso.
    Mas ultimamente está mais pra rede antissocial mesmo. As pessoas falam o que querem, não aceitam ouvir opiniões em contrário, se acham donas da razão e se fecham em seu Universo Umbigo. Discordar hoje é coisa de gente do contra, chata, arrogante, que não quer ajudar. Porque ajudar pra esse bando de mente fechada e aceitar tudo e calar a boca. Sinceramente, não tenho mais paciência, mas também não discuto mais. Simplesmente oculto a postagem do meu Facebook e acabou.
    Só é triste ver pessoas que eu tinha em alta conta e considerava ser inteligentes com esse comportamento de manada e espalhando discurso de ódio (quando segundos antes acabaram de compartilhar algo todo fofinho, se dizendo ser contra preconceito e pregando aceitação ao diferente). Se eu ganhasse um real pra cada post que já ocultei da minha timeline desde que começaram as campanhas eleitorais, tinha dinheiro suficiente pra viajar ao redor do mundo por um ano.

    • Outro dia descobri que uma pessoa que eu respeitava muito abriu um Facebook para seu cachorro e está postando como se fosse ele falando. Não consigo mais nem olhar na cara da pessoa, e olha quenem Facebook eu tenho! Evasão de privacidade gera isso, as pessoas acabam mostrando o que tem de pior para o mundo!

      • Ah, depende do que o cachorro fala. Se fosse um Pastor Alemão defendendo as teses de Lutero, eu acharia uma boa sacada.

  • Eu ia comentar alguma coisa, mas seria redundância. O tema desse texto e os argumentos utilizados são compartilhados por mim. Concordo 100%

    Essa frase resume o texto pra mim:“Como assim você DISCORDA DE MIM?”. Discordância gera ofensa, a partir do momento em que você discorda de alguém é porque o está chamando de burro ou coisa pior.

    Simplesmente não pode existir uma opinião diferente!

    Esse texto era pra ser tido como definição do brasileiro em sua maioria.
    Hoje esse texto está no contexto da eleição, mas até o final do ano ou durante todo o ano que vem ele simplesmente será genérico a todo tema tido como importante a esse pais.

  • Desde o primeiro turno já tinha cantado a bola “anos difíceis nos esperam, independente de quem vença as eleições” e as pessoas das minhas salas de aula (universo no qual eu sobrevivo) não acreditam. Pelo menos comigo não tem mais brigas, se a pessoa vai votar na candidata e me pergunta por que eu vou votar no candidato, eu esclareço, sem brigar, e geralmente não fica a sensação de briga (eu falo muito, as pessoas cansam de me ouvir no meio do caminho), afinal os dois candidatos tem podres que já foram escancarados na cara da sociedade (e muitos outros escondidos), assim a decisão é extremamente pessoal afinal “é tudo farinha do mesmo saco”, tem que votar na que tem menos carunchos.

  • “No Brasil, tudo é prioridade, menos aquilo que realmente deveria ser.” Essa frase devia ser gravada numa placa de metal para a posteridade. Simplesmente resumiu a sociedade atual em uma frase.

    • Esconde essa placa, se não vão te acusar de trair a pátria ou dizer que se voce está insatisfeito tem que ir embira…

  • Aspectos da campanha eleitoral que me fizeram repensar minha relação com a RID:

    – Eu sou a favor do casamento do Somir com o Deja, mesmo que eles usem os órgãos excretores para demonstrar o seu amor.
    – O fato do Hugo não ter filmado sua conversão não significa que ele tenha perdido o apoio da Larissa e sua bancada Evangélica na musculação dos glúteos.
    – Acho muito salutar a posição da Suellen em não pleitear cotas para atores japoneses em filmes pornô.
    – Sou contrário à contratação de psiquiatras cubanos para tratar do Marciel.
    – Sou favorável a que paguemos o dobro do valor atual da anuidade para que a RID possa entregar pontualmente os brindes aos vencedores.

  • Nem da mais vontade de entrar no face. A política no Brasil simplesmente virou PT x PSDB, guerrinha de fandom a la Lady Gaga x Madonna, Crepúsculo x Harry Potter. Se eu disser que vou votar no Aécio automaticamente já sou tachada como “coxinha” pelos “PTralhas” e acusada de odiar pobres, negros e oprimidos. Ficam tentando fazer minha cabeça, mas é a porra do meu candidato. Preocupem-se com o deles. Não vejo a hora de chegar domingo pra essa merda acabar de vez.

    • Karina, nem precisa declarar voto. Basta criticar algum ponto que já vem os ataques. Ou seja, mesmo que você vote no candidato que está criticando, apanha. Além de votar, tem que achar o candidato perfeito!

          • Usei meu emputecimento com o processo pra finalmente concretizar algo que vinha pensando faz tempo… fechei minha conta no FB.

              • Eu não sei o que se passa na cabeça do BM que acha que quando a pessoa escolhe um candidato automaticamente concorda com todas as atitudes e ideias do partido.

                • Eu também não sei, mas queria ser petista. Seria mais confortável.

                  Vc escolhe seu candidato vermelho, e automaticamente tudo é lindo, vivemos num país maravilhoso, o mercado mais caro é pessimismo, e se algo realmente está ruim, será consertado no próximo mandato.

                  É tipo acreditar em Deus, mas Deus não te rouba.

  • Achei o texto sensacional.

    Está difícil discutir ideias… Se você diz que vai votar em um ou em outro já chovem críticas. Se você explica ou cita um dado para justificar seu voto então… ganha inimigos na hora, parece que você xingou a mãe da pessoa. Por isso se eu não for citada nominalmente, não falo nada, não comento voto, nada. Gostava de discutir política, aquelas discussões mais inflamadas. Só que estas acabavam, todo mundo brindava e ficava bêbado junto e pronto.

    Agora não dá mais. É só fanático defendendo o indefensável. Só guerrinha pessoal, muito achismo, muita vaidade.

    Como nas minhas redes sociais quem manda sou eu, quando alguém começa o post com “QUERO QUE VOCÊ ME PROVE (…)” eu deleto a pessoa. Com esse tom impositivo, a pessoa quer briga não quer ponto de vista.

    Na boa, você está certíssima: ganhe quem ganhar, será uma merda…

  • Eu tenho notado muito isso. Por exemplo, eu não votei na Dilma no primeiro turno por causa dela ir buscar apoio do Edir Macedo, mas vou votar nela no segundo. Já comentei sobre com amigos, familiares e afins quando me perguntaram e recebi um tratamento incrivelmente hostil.

    Acho que as pessoas adoram a zona de conforto da resposta fácil. Da acusação – hoje, só precisa acusar. Mais nada. Só acusar e isso é o suficiente para uma sensação de ser superior, saber mais – mesmo que se repita um monte de mentiras e estupidez.

    Isso e a postura extremamente odiosa do povo brasileiro, nós somos muito rápidos em odiar alguma coisa e bem intensos nisso. É muita vontade do outro ser pior (não de ser melhor que alguém, não de todo mundo ser bem, mas do outro ser pior).

  • Excelente!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Adorei o texto!!!!!!!!!!!!! Por favor, continuem a falar só de política até domingo! Desfavor é um pouco de lucidez num mundo de guerra por likes.

  • O fanatismo é tão antigo quanto a civilização. Ele apenas virou digital. A melhor arma do racionalismo contra isso é a educação, a divulgação, a discussão. Gostaria de ter melhores ferramentas e não ser tão minoritário. Não parece ser suficiente, mas a paciência talvez possa compensar a falta de esperança.

  • Concordo com muitas partes, mas acho difícil não se encaixar em um grupo automaticamente a partir do momento em que faz QUALQUER escolha.

    Quanto as partes que não concordo, vou seguir o seu conselho: “Fica aqui meu apelo: façam a parte de vocês para romper com esse círculo vicioso nocivo de raiva, revanchismo e ressentimento. ”

    E não falar sobre eles.

    • A gente pode presumir que a pessoa pertence a um grupo mentalmente depois de fortes indícios, mas temos a flexibilidade mental de mudar de ideia. Esse povo decreta e acabou, voce esta para sempre naquele grupo!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Relatório de erros de ortografia

O texto a seguir será enviado para nossos editores: