Este texto é desagradável. Se você está em um dia sensível, em um momento sensível ou simplesmente não quer levar umas porradas de uma estranha, volte amanhã.

Estou aqui para falar de uma combinação explosiva: o Brasil vai passar por momentos muito ruins, onde será necessário muito sacrifício e resiliência. O problema é que o país está composto, em boa parte, por uma geração mimizenta incapaz de lidar com contrariedade de frustrações. Vai dar merda. Vai ter muita gente passando mal, surtando, deprimindo. Não seja você essa pessoa.

Não há outra forma de lidar com o que está por vir do que uma quarentena muito severa. A única dúvida é quando ela vai acontecer. Mas ela vai acontecer, e pode ser que nem assim funcione. Um vírus que sobrevive 16h no ar pode ir parar na sua casa partindo da casa do vizinho, mesmo que você siga todas as normas de quarentena, então, nem a garantia de não adoecer o brasileiro terá. É fazer quarentena para, quem sabe, com sorte, não adoecer.

Hoje o Brasil não tem quarentena, tem uma mera recomendação de isolamento social. Quarentena é a proibição total de sair de casa, salvo em determinados dias, determinadas horas e por um curto período de tempo, apenas para determinadas atividades. Eu, por exemplo, só posso sair por dois motivos: ir à farmácia mais próxima da minha casa ou ir ao supermercado mais próximo da minha casa. E não pode ser todo dia, nem posso ficar muito tempo na rua.

Tempos difíceis exigem sacrifícios, mas o brasileiro está acostumado a sacrifícios seletivos: se odeia ir para a feira, não vai para a feira para prevenir o contágio, mas continua indo à praia, à banca de jornal e a vários outros lugares. Façam suas cabeças para restrições totais e façam as pazes com as restrições totais, pois brigar contra elas só vai tornar as coisas mais sofridas para você.

“Mas Sally, meu direito constitucional de ir e vir…”. Meu anjo, o direito à vida também é constitucional, se você ficar indo e vindo, vai privar a outros do direito à vida. Estamos em uma situação de exceção, não adianta ficar invocando direitos constitucionais tirados de contexto. Em uma quarentena um policial pode te prender e te multar se você sair de casa sim e isso não fere em nada à constituição, os direitos fundamentais, o estado democrático de direito nem a lei. Não passe vergonha reclamando dos aspectos legais. Para que o bem-estar coletivo prevaleça, serão sacrificados direitos individuais.

Acabou a vida como você a conhecia. Acabou vaidade. Chamar manicure para fazer sua unha em casa? Chamar cabeleireiro para cortar seu cabelo em casa? Isso é de uma desconexão com a realidade que não tem tamanho. O brasileiro não está percebendo, pois há uma normalização da irresponsabilidade aí. Será necessário que cada um de vocês enterre uma pessoa próxima morta por coronavírus para que adquiram consciência do grau de privação que terão que passar? Não tem máscara, não tem luva, não tem nada que te proteja o suficiente para chamar alguém para a sua casa.

Acabou vaidade. Quem não souber fazer sozinho alguns rituais de beleza em casa vai ficar “desleixado” e isso pouco importa, uma vez que estamos em uma guerra. Vai ficar peluda, vai ficar com cabelo escroto, vai engordar, vai passar por um período onde não vai se reconhecer no espelho. Mas estará majorando suas chances de continuar vivo, bem como a de seus entes queridos. Quem ainda pensa em vaidade em meio a uma pandemia, certamente não entendeu o alcance do problema.

Vocês serão privados de tudo que estão acostumados: socialização ao vivo, lazer ao ar livre, escolha do que comer, direito de ir e vir e mais. Algumas delas, inimagináveis em tese, são do tipo que a gente só percebe quando as portas de casa se fecham para não mais se abrirem. E, quer saber? Quem tiver consciência saberá que isso é a melhor coisa que poderia lhe acontecer.

Para os mimados, será uma proibição frustrante que vai arruinar a vida deles nesse período. Para os conscientes, será uma proteção muito bem-vinda. De qual lado você quer estar?

Agradeçam, agradeçam com as mãos para o céu que estão passando um perrengue onde o inimigo não vai te buscar em casa, é você que dá mole e leva ele. Se fosse uma guerra, a qualquer momento poderia cair uma bomba no seu teto ou sua casa ser invadida por soldados inimigos. Se fosse uma guerra, em vez de estar no conforto do seu lar vendo TV ou olhando o celular, você estaria enfiado em uma trincheira, todo molhado, com fome, com frio, com sede, sabendo que pode ser morto a qualquer momento de uma forma muito dolorosa.

Não abram a boca para reclamar. O sofrimento vem da não aceitação. Resiliência. Durante toda a vida de vocês, vocês fizeram o que vocês queriam. Agora chegou a hora de fazer o que tem que ser feito. Engole o choro. Não é nada tão sofrido, não é nada tão grave, certamente outras gerações passaram por coisa muito pior. Salvo que você comece a passar fome por não poder sair de casa, saiba que está sendo um bebê chorão se reclamar.

Vejo gente se queixando que não há nenhuma boa notícia sobre o vírus. Não vai ter. Vacina, se sair, demora pelo menos um ano até ser testada dentro dos protocolos e liberada para ampla utilização. Sabe o que é uma boa notícia? Olhe pro lado. Sua mãe está viva? Isso é uma boa notícia e não deveria ser necessário que eu ou que a imprensa o diga para que você valorize. Sua mãe está viva? Comemore. Encontre em você mesmo as boas notícias e o conforto que precisa, basta olhar a coisa pelo ângulo certo.

Brasileiro chora muito por muito pouco. Adora se dizer um povo guerreiro, mas nunca vi tanto mimimi, zero senso de sacrifício, tanta infantilidade. Gente que “não consegue” é a especialidade da casa: não consegue parar de fumar (majorando absurdamente suas chances de morrer), não consegue ficar em casa, não consegue ficar sem fazer a unha. Pois vão ter que conseguir, por bem ou por mal, pois não vai poder sair para comprar o cigarrinho, não vai poder sair para fazer unha, só vai sair para comprar comida e olhe lá.

Dá para encarar a situação da forma infantil, chorando, esperneando, se sentindo injustiçado, sacaneado, se revoltando, reclamando. Dá para encarar a situação de forma consciente: entender que isso é necessário e aproveitar essa nova realidade para tirar dela o que ela pode oferecer de melhor. Descobrir novas atividades, refletir, passar mais tempo com as pessoas que te cercam e aprender a conviver com elas de forma adulta ou, simplesmente enfiar o galho dentro e entender que adultos fazem o que tem que ser feito, não o que querem ou o que gostam.

Entendam: está acontecendo, é uma realidade que vocês não têm o poder de mudar e vai durar algum tempo, que vocês não têm o poder de controlar. Tudo aquilo a que você resiste, persiste. Não lutem contra, surfem na onda. Gastem energia em encontrar a melhor forma possível de passar esse período. Em vez de olhar para tudo que “perdeu”, olhem para as novas oportunidades que vão surgir. É isso ou passar muitos meses amargurado.

Faltam ao Brasil grandes guerras, grandes catástrofes naturais, situações extremas que imponham restrições extremas e a percepção que, ou o povo se une, colabora, se ajuda, ou tudo fica muito mais difícil. Parece que estamos vendo uma criancinha na primeira vez que leva um “não” de seus pais: atordoada, sem acreditar, se recusando a cumprir a negativa.

Não é momento de festa, de pegação, de consumismo, de vaidade, de querer individual, de aplacar sua angústia com nada externo a você. É momento de fazer o seu melhor para não morrer e para não matar mais ninguém. “Mas Sally, eu preciso fazer progressiva no meu cabelo, estou me sentindo muito mal com essa raiz”. Então aproveita o tempo livre e olha para esse seu problema de autoestima, que te faz precisar de um cabelo X para se sentir bem. Olha pra questão e resolve, em vez de continuar simulando bem-estar na base do formol.

Cresçam. Adquiram consciência. Chega de choro, chega de reclamação, chega de olhar tudo que foge ao seu querer perda. Estejam abertos ao que a vida vai trazer daqui pra frente: o que tem pra hoje é ficar trancado? Beleza, vamos fazer o que tem que ser feito. Não está confinado na situação mais confortável do mundo? Beleza, ainda assim, vamos fazer o que tem que ser feito. Sem reclamar, sem chorar, sem se sentir vítima. Se chiar adiantasse, sal de fruta não morria afogado.

Não é tão grave não pode fazer rituais de beleza. Não é tão grave não poder sair com os amigos. Não é tão grave não poder ir à academia. Não é tão grave não poder sair de casa nem receber ninguém na sua casa. Sabe o que é grave? Sua mãe morrer nos seus braços. Seu pai morrer nos seus braços. Seu filho morrer nos seus braços. Virem adultos, o quanto antes. Vai poupá-los de muito sofrimento.

Não adianta colocar a culpa em terceiros: fulano comeu morcego, tal país criou o vírus em laboratório, fulano viajou e trouxe o vírus para o meu bairro. Nada disso muda a realidade. “Eu não vou deixar de sair por causa de um idiota que comeu morcego”. Vai sim. Vai deixar de sair pois é o que tem que ser feito, independente de onde veio tudo isso. O foco não é no passado, na culpa. O foco é no futuro, em como resolver.

Para um eleitorado que, em boa parte, votou em um Presidente alinhado com a ditadura militar, o Brasil anda chorão demais. Um mimimi por abordagem policial mandando sair da rua. Dá uma olhada no artigo 268 do Código Penal. Saiu na rua? Cometeu crime. Como era mesmo aquele papo de que bandido bom é bandido morto? Que tem que apanhar? Que não tem que ter direitos humanos ou respeito por bandido? Pois é, o discurso radical está voltando para morder na bunda aqueles que o defenderam.

Só resta rir e sentir pena daqueles que se referem à proibição de sair como “ditadura” ou “autoritarismo”. Estão precisando passar por uma ditadura real para saber que, na primeira frase atravessada dita em rede social, homens armados arrombam a porta da sua casa, te levam, te torturam e te matam, talvez a você e à sua família. Ser removido da rua por uma medida sanitária decorrente de uma pandemia é cuidado, não ditadura. Nisso que dá um povo mimado que não tolera ser contrariado: qualquer medida estatal para tentar manter a ordem e salvar vidas vira “ditadura”.

Não sejam essas pessoas choronas, revoltadas, amarguradas, assustadas, resistentes. Faça sua limonada. Não importa o que venha acontecer, entendam que o que prevalece daqui pra frente não é a sua vontade individual, o seu achismo individual, e sim as recomendações de médicos, infectologistas e cientistas. Foda-se se isso te parece certo ou não, você não tem o conhecimento, o estudo, as ferramentas para opinar. Siga as instruções, cumpra quarentena sem brigar contra isso, encontrando mecanismos para que ela seja o menos sofrida possível.

Comecem a preparar a mente de você agora. Negação não protege, não ajuda e não muda a realidade. Acabem com esse desejo de criança de “mas eu não quero!”. A vida não está nem aí para o que você quer. Conselho? Deixe de querer qualquer coisa que esteja fora do seu alcance escolher ou mudar, aceite o que vier e passe por isso da melhor forma possível.

Para dizer que prefere continuar em negação, para dizer que não vê problemas em receber uma pessoa na sua casa se ela usar máscara ou ainda para dizer que acha que coronavírus é invenção da globo lixo: sally@desfavor.com

Se você encontrou algum erro na postagem, selecione o pedaço e digite Ctrl+Enter para nos avisar.

Etiquetas: , , ,

Comments (58)

  • Concordo com cada vírgula do texto Sally. O maior problema pra mim e pro pessoal da minha casa é justamente ser assalariado e ser obrigado a continuar trabalhando. Por escolha nossa ficaríamos 100% em quarentena já que todos somos grupo de risco. Mas é aquela; se paro de trabalhar não pago aluguel e não coloco comida na mesa. Acredito que esse é um problema que muita gente tá passando, não poder parar de ir trabalhar pra não ser demitido (e ficar sem renda). As reservas de financeiras durariam um período, mas e depois?

    • Infelizmente, no Brasil, o Estado não ampara as pessoas como deveria. Em um país decente, o Estado garantiria seu sustento e o da sua família, pois sim, tem dinheiro para isso. Você não consegue trabalhar de forma remota, em casa?

  • Bom dia!

    Como usaram de apelo a autoridade citando Fio Cruz, OMS, etc pra classificar quem discorda do alarmismo exagerado, trouxe algumas informações com apelo a autoridade.

    Alguns dos meus pontos anteriores que não foram respondidos pra nada além de tentarem me pintar como um brasileiro médio ignorante e negacionista foram:

    1- A informação aqui vomitada como certeza absoluta sobre o vírus ficar 16 horas no ar. É um estudo PRELIMINAR que ainda não foi validado. Não há certezas, ao contrário da opinião do blog.

    https://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/2020-04-20/covid-19-virus-pode-permanecer-no-ar-por-ate-16-horas-sugere-nova-pesquisa.html

    2- A resposta sobre a reinfecção ser fatal, também é infundada. Não existe NENHUM estudo a respeito. Só se tem dúvidas quanto a imunidade e se é possível pegar uma segunda vez. A OMS não fala NADA sobre reinfecção ser fatal.

    https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/04/25/oms-alerta-para-a-incerteza-sobre-casos-de-reinfeccao.ghtml

    E aí, vamos debater sobre isso, ou vamos falar mais um pouco sobre o que acham de mim?

    Valendo!

  • Sally, achei o seu texto bem tranquilo, nada alarmista, apenas verdadeiro. A quarentena tem sido tranquila para mim, porque moro em casa, dá para dar umas voltas no quintal, pegar um sol, fazer jardinagem… Tenho saído de máscara para fazer as compras, mas sempre volto com aquele medinho de ter me contaminado. Meu pai, que já tem 63 anos, vive reclamando da pandemia, de não poder sair, que todo mundo vai morrer, etc.Já a minha mãe, da mesma idade que o meu pai, está pleníssima, acho que ela tá até gostando de ficar em casa, rs! Assim como a maioria dos brasileiros, acho um saco não poder sair e ter uma vida normal, mas isso não é nada, meus avós passaram por coisas muito piores, sobreviveram a uma guerra… então, preciso pensar que ficar uns diazinhos em casa é brincadeira de criança.

  • Ser bem assalariada permite ser empregadora, consumidora de insumos e serviços. E também possibilita a pagar quem prestava serviços, enquanto assume-se o serviço que elas ofereciam durante sua ausência. Não se trata de bondade, nem empatia, é uma excelente oportunidade de finalmente reconhecer o bom trabalho que essas pessoas vinham fazendo há anos até serem impedidas por culpa de ninguém. Enfim, de dar valor e colocar as coisas em perspectiva.

  • Eu arrumei o jardim, plantei uma leva nova de árvores. Pendurei uma rede, as crianças amaram. Mais tempo para estudar e tocar piano. Vida que segue.

  • Wellington Alves

    sei que a situação é muito delicada. Mas gostaria de trazer um ponto de vista mais otimista:
    O problema não é pegar o vírus. É estar entre os 5% que podem precisar de respirador e não ter leito disponível para isso.
    Dito isso, já está evidente que o cenário no Brasil é totalmente diferente da Europa. temos 6 vezes menos mortes do que a Itália no mesmo período.
    Tirando algumas cidades como Manaus, que teve seus míseros 35 leitos ocupados e, obviamente, colapsou, temos inúmeros hospitais vazios Brasil afora. Inclusive hospitais já demitindo funcionários devido a baixa ocupação.
    O que vemos são prefeitos e governadores Até desmontando leitos de hospitais para justificar abertura de hospitais de campanha sem licitação.
    Em São Paulo estão propondo que pacientes com “sintomas leves“ sejam internados!
    A justificativa da prefeitura é para que eles não voltem para casa e contaminem seus familiares. Mas a verdade é que estão querendo ocupar os hospitais para justificar a construção dos hospitais de campanha.
    Veja bem, não estou negando o alto potencial de contágio do vírus. Só estou dizendo que temos margem de sobra para absorver os casos que chegarem aos hospitais. ninguém vai conseguir fugir do vírus para sempre. Mais cedo ou mais tarde todos pegaremos. Aqueles que morrerem, independente do tratamento hospitalar, já morreriam em qualquer tempo.
    Como vocês mesmos Estão dizendo, no Brasil não existe quarentena de verdade. Então não adianta atribuir o baixo número de óbitos ao isolamento social.
    Pra finalizar, lembro que não podemos contar apenas com a questão do isolamento. Existem outras variáveis nessa equação. Os tratamentos e medicamentos que vem sendo testados hoje não existiam a 2 meses atrás.
    Sem falar A diferença de faixa etária do Brasil, menor número de fumantes, maior exposição ao sol com consequente produção de vitamina D.
    Tudo isso, aliado aos protocolos sanitários e de distanciamento social, pode ser muito mais eficiente do que uma quarentena Que só vai empurrar a curva por tempo indeterminado.

  • Obrigada por nos alertar de forma franca e objetiva! Seu alcance deveria ser muito maior. Tem “influenciador” com 1 milhão de seguidores fazendo campanha contra o isolamento social, o referido não é nenhum ignorante. Estou chocada. Qual a razão de pensar assim?

  • O mundo precisa aprender a trabalhar online. Vários setores poderiam adotar o trabalho a distância, muitos não o fazem por resistência ou comodismo. Muitos profissionais estão abraçando as tecnologias, continuam seus trabalhos normalmente, sem grandes impactos. A reabertura do comércio deveria ser online pra que as empresas continuem seus trabalhos com o mínimo de contato, respeitando o isolamento, só deveriam autorizar a abertura completa quando a situação estivesse sob controle. Acredito que viveremos outras epidemias, melhor aprender a viver com essa, já se preparando pra outra possível crise.

  • BrancoÉirracional

    ”Gente que “não consegue” é a especialidade da casa: não consegue parar de fumar (majorando absurdamente suas chances de morrer)”

    Gente do céu… Mas é uma débil mental mesmo…

    Tirando os seus textos de humor, o resto geralmente é sofrível… Você engana bem mas não passa disso.

    Pense no que a madame mais gosta de fazer. Pensou?? Agora tente parar de fazer isso pelo resto de sua vida.

    Tirando pessoas que conseguem parar com enorme facilidade, que denota algo mais intrínseco às personalidade delas, na maioria dos casos de vícios, é extremamente difícil parar de praticá-los a partir de abordagem abrupta. Mas, uma pessoa desprovida de uma boa média de empatia como você, não consegue perceber isso. Se coloque no lugar do fumante (não me refiro a mim, detesto cigarro) ou de qualquer outro com um tipo de vício que faz mal à saúde antes de dizer que é “mimimi”. Vicio é irracional, assim como as suas opiniões que modulam entre fanatismo e preconceito.

  • Pessoas com dois neurônios ativos percebem que esse texto é para quem PODE ficar na quarentena e não quem tem que trabalhar para manter funcionando serviços básicos. E eu vejo MUITA gente com grana que não tá dependendo de ir vender doce na rua saindo de casa, indo passar final de semana em hotel, comemorar aniversário na casa de parente, ir visitar avó. Isso porque ainda coloca em risco os véio tudo. Eu fico muito puta vendo esse nível de irresponsabilidade, quanta gente pode estar assintomática arriscando a vida de quem tem que ir trabalhar no posto de gasolina, cozinhas, etc. Não é só você entrar no seu carrinho e ir p casa do fulano, até se você for pro prédio do lado você coloca em risco porteiro/zelador que tá ali fudido fazendo o trabalho necessário. E se tiver um acidente de carro, furar pneu? Vai lotar mais ainda hospital, vai pedir serviços e colocar em risco pessoas que poderiam estar sossegadas em casa?
    Gente pedindo delivery a rodo (como se o vírus não pudesse vir da embalagem ou de uma tossida de quem preparou a comida), indo pra praia, indo passear no parque porque não aguenta mais se suportar sozinho dentro de casa. Quão ferrado da cabeça esse povo tem que ser de não aguentar um mês de isolamento com internet, videogame, televisão, comida, etc, em casa? Tem dezenas de psicólogos/psiquiatras aí dando plantão até de graça, porque não utilizam esses serviços?
    E outra coisa que não tenho mais paciência é gente culpando quem comeu o morcego, isso e outro, gente, se chegou na bosta que chegou nos países ocidentais como Itália, Espanha e Estados Unidos NÃO FOI POR FALTA DE INFORMAÇÃO. Todo mundo viu a China implementando medidas seríssimas de restrição de mobilidade, fechando cidade, fazendo hospital de campanha em uma semana. Pelo amor de deus, ficou todo mundo achando que era exagero da mídia, que as pessoas estavam bem. Eu mesma conheço um italiano que 2 semanas antes da merda explodir lá minimizou a gravidade da situação. O que Brasil tá esperando para tomar as medidas necessárias? Se morrer metade do país não poderemos culpar ninguém a não ser nós mesmos pela arrogância e ignorância mesmo tendo observado em tempo real o que aconteceu.
    Todo mundo tinha planos, tinha expectativas, mas agora a parada é questão de vida ou morte. Eu tinha 3 viagens de trabalho importantíssimas esse ano, vou ficar em casa agradecida por ter os meus protegidos e pelo próprio privilégio de poder ficar em casa. Não vou fazer metade do que gostaria esse ano, mas a vida é assim, aceita logo que dói menos.

    • Não fui eu que escrevi (rs), mas concordo totalmente! Tenho vontade de dar uns tabefes na cara desse povo que tem condições de ficar em quarentena, mas que está “””sofrendo horrores””” por ter que passar alguns dias na própria casa, que geralmente conta com toda estrutura e conforto.

  • Tem gente apostando que a pandemia vai fazer essa nova geração criar caráter e priorizar as coisas certas, hard times make strong men etc. etc., mas na realidade o ócio só fez eles ficarem ainda mais arrogantes, retardados e mentalmente instáveis. É simplesmente IMPOSSÍVEL essa gente manter uma sociedade funcional. Ou alguma coisa muda ou o navio vai afundar de vez.

  • Sally, senta e chora, até porque em Manaus já está rolando uma parada vibe Guayaquil, sendo que pra ajudar, nossos governantes corruptos e despreparados estão metendo os pés pelas mãos.
    Boa sorte, porque infelizmente a dominância de grupos de interesse na base do “farinha pouca, meu pirão primeiro” já põe a situação de EXCEÇÃO em xeque e os efeitos provavelmente vão ser sentidos por toda a América do Sul.
    A gente ainda está dando sorte daquele BM na presidência ainda ficar na política do ziguezague, até porque ele tem meios pra colocar todo o trabalho feito até agora em xeque e isso não é segredo pra ninguém.
    Ah, sim… Avisa para aquela cambada de OTÁRIO PEDINDO INTERVENÇÃO MILITAR que eles são um bando de TROUXAS, cuja única utilidade é dar alguma sustentação política para o BM de faixa presidencial.
    Se ele renunciasse, seria ótimo (até o dólar cairia significativamente com o Bolsonaro renunciando e o Mourão assumindo), mas como os filhos Carluxo, Flavuxo e Dadinho Pau Pequeno caem na linha de tiro sem o papai na presidência, se fica nessa letargia.
    Para o BM hoje na presidência (até pela falta de estofo intelectual, mesmo porque até pra fazer o mal é preciso competência), restam três alternativas, que são a de renunciar, a de não concorrer a reeleição e a de continuar na presidência até sofrer impeachment no segundo mandato.
    O fato é que a polarização entre lulistas e bolsonaristas esvazia completamente um posicionamento de terceira via, sendo que gente como Dória e Witzel está mal posicionada demais até pra tentar marcar contraponto nesse campo. O otário do Mandetta perdeu qualquer chance que teria de postular a uma posição nesse campo graças a aquele vídeo de cumprimentos que vazou na internet.
    Nesse cenário, Bolsonaro (o BM) prevalece eleitoralmente na corrida presidencial, mas isso não vai se converter automaticamente em votos pra fortalecer sua base de apoio na câmara federal. Ele continua dependendo e muito em especial da bancada evangélica (já que os grupos relacionados ao empresariado já estão em debandada) e essa aliança só se sustenta por interesses afins e porque a turma da bancada evangélica propriamente dita ainda não tem postulante em condições de tomar a linha de frente, mas isso pode mudar passado o próximo pleito presidencial.

  • Aquela hora que agradeço por não depender de salão, pq a época das vacas magras me fez aprender a fazer unha, depilar e cuidar bem do cabelo. Ter sido mais pobrinha valeu muito a pena!

    E realmente, o BR está LONGE de estar em quarentena.

      • Sempre fiz. No máximo vou ao cabeleireiro tipo 2 vezes por ano, a unha sempre dou um jeito eu mesma (não faço muita questão, na verdade) e me depilo eu mesma. Em tempo como o de agora tenho a sorte de ser dessas pessoas estranhas que ODEIAM ser tocadas ou manipuladas fisicamente (exceto em um contexto sexual/afetivo, hehe).

        • Por questões de falta de confiança nos “profissionais” eu sempre fiz minha própria manutenção de beleza também, mesmo quando o tempo das vacas magras passou.

  • Eu quase não li o texto, por estar num momento sensível. Acho que todos estamos, lá no fundo. Mas o que mais me puxa pra baixo e me deixa mal é saber que posso perder gente próxima que não leva a quarentena a sério. Minha cidade está quase zerando o número de suspeitos, os confirmados já estão curados e eu tenho medo que isso leve a uma reabertura muito rápida e precipitada. Já me conformei de ter de me isolar dos meus amigos logo no ano em que tornei a morar perto deles, já me conformei em provavelmente passar mais um tempo desempregada e em ter de esperar para fazer um mestrado, só não consigo me conformar com a inconsequência alheia. Ninguém gosta de ficar de quarentena, ninguém está feliz com essa situação, mas garanto que acabar com ela vai deixar todo mundo muito mais triste em poucos dias.
    Pra quem quer boas notícias cientificas, tem uma plataforma dedicada especialmente a elas agora. Se Sally e Somir permitirem, envio o link. Chama-se The Good News Coronavirus.

  • A minha prima pediu demissão pra ficar trancada em casa e pegou o China vírus! E mora sozinha! E aí? Tomou na jabiraca 2X porque foi demitida e ainda se lascou. Não adianta nada os jovenzinhos saudáveis ficarem em casa pedindo Ifood, o corona vem de delivery!

    • Também acho. Não tem que pedir delivery, não pela embalagem da entrega e sim por não saber como a comida foi preparada.
      Mas adultinho adolescente brasileiro não sabe cozinhar…

  • Algo que tem chamado minha atenção nesse cenário é como a classe média é financeiramente desorganizada. Gente que não pode parar de trabalhar 15 dias porque parece que vai à falência. Tudo bem que há casos e casos, nem todos são meramente desorganizados, mas essa gente não conhece educação financeira? Eu não nado em dinheiro, muito pelo contrário, mas sempre tenho minha reserva para emergências (a custo de abrir mão de alguns desejos). Taí uma característica que algumas pessoas poderiam pensar em melhorar, se assumissem isso como uma falha pessoal, já que sabemos que não dá para contar com auxílio do governo.

    • Concordo plenamente. Gente que viaja, janta fora, trocou de carro, faniquitando por ficar um mês parada. Porra, se o orçamento tá apertado, corta os luxos e faz uma reserva!

  • Procurando pelo termo “ontocracia” no Google, descobri o site. E foi uma grata surpresa ter acabado de ler este texto bem direto, claro, cru, objetivo, que expressa tudo o que eu penso desta situação. Gostei muito! Parabéns!

  • Faz tempo que não comento por aqui. Mas como parece que o pior que o vírus do Covid, o vírus da profecia do apocalipse saiu do Átila, e esta contaminando mais gente, vamos lá.
    1- O vírus ficar suspenso no ar por 16 horas, é uma pesquisa preliminar, que ainda não foi validada. É irresponsável dizer isso como AFIRMAÇÃO e fato concreto.
    2- O direito de ir e vir, individual pode sim ser limitado perante uma crise como essa, mas isso depende de identificar e classificar infectados. E sem testes em massa. Sem um diagnóstico da situaçaõ o Estado não pode arbitrariamente simplesmente dizer que TODOS devem ficar em casa e prender quem desrespeitar isso.
    3- Vc fala de vaidade, mimimi, choro. Sua alienação perante a situação da maioria das pessoas é taõ grande que dá a impressão que o querer quebrar a quarentena é mera questão de ignorancia. De cultura dos que chamam de brasileiros médios.
    Quarentena e isolamento é um LUXO. Luxo que nem todos podem exercer. Quem é pobre tem de escolher entre pegar o vírus, e morrer de fome, desemprego, desespero ou depressão. Quem quer quebrar a quarentena é por questão de necessidade.
    Sem contar que nas periferias, o isolamento muitas vezes é impossivel por questões estruturais, físicas logisticas e sociais.
    Vc fala de Lockdown irrestrito, pleno e as cegas. Mas só pra ficar em casa vc precisa que várias pessoas trabalhem e esqueçam isso de #ficaemcasa. Farmácias, a galera que mantem sua internet, mercados, hospitais, entregadores, etc.
    O parar tudo é utopia.
    4- Lockdown sem um plano de aquisição de novos leitos, sem testes em massa, e sem um plano a curto, médio e longo prazo, é suicídio. Economia ou vidas? A economia ruim também mata, e com uma porcentagem maior que o vírus.
    5- Novamente: Se tem gente querendo voltar a trabalhar não é por ignorancia, e sim necessidade. Nem todo mundo está chorando por falta de salões de beleza e academia. Essa é SUA realidade. Não a de mais de 70% da população.

      • Alias, vindo de ti, esperava que focasse em algo que eu disse. Mesmo que eu esteja errado, gostaria de refutações quanto ao que escrevi, e não quem acha que sou.

        • Refutar uma discussão que não estamos tendo? Você está discutindo com uma pessoa aleatória, porque cagou e andou para o texto. Evidente que um artigo de linguagem complexa de várias páginas que fala sobre pedir comida em casa está levando em consideração o público médio do desfavor. Eu não te chamava de Mythbuster porque te achava um imbecil, e sim porque você se distraia do contexto e argumentava sobre algo que era mais ou menos óbvio para quase todo mundo ao seu redor. Adivinha o que aconteceu aqui?

          Mythbuster: defendeu a população miserável brasileira de um texto que ela não sabe ler.

          • “Artigo complexo de várias páginas.”
            hahahahahhahaahhahahahahahahahahahahahahahahaha

            Sim. Eu defendi justamente essa maior parte da população que não vai conseguir entender a genialidade deste texto, que basicamente fala pra ficar em casa de maneira irrestrita, e deixar a vaidade de lado na hora de ir no cabedeleiro ou academia.

            E justamente essa parte que defendo, é a que interessa. O que torna o alarmismo do seus texto ainda mais inútil, já que só vai ficar em casa quem já pode, e os ‘brasileiros acima da média” que lambem suas bolas.

            Mas vc acertou numa coisa: Realmente, caguei e andei pro texto.

            Prazer em reve-los, e ver que a arrogância injustificada continua a mesma.

            Flw. Wlw.

            • Olha só… bastava apertar. Te restou repetir o que eu disse e dar uma atacada infantil nos outros leitores.

              Seja como for, tomara que da próxima vez que você voltar, finalmente entenda que nós não somos os inimigos.

              Até lá, se cuide, está historicamente comprovado que não acreditar numa doença não te torna imune.

              • Onde escrevi que não acredito no vírus.
                Se for me responder, se atente ao que escrevi. Não crie espantalhos.
                Alias, nem precisa. O que tinha que dizer, já disse, e percebi que não vai vir nenhuma resposta que não seja ad hominem.
                Foi um prazer.

  • O tipo penal do 268 é de menor potencial ofensivo. Quase ninguém se preocupa com essa imputação, ainda mais com Judiciário sem audiências. Vai passar o vexame de assinar o TCO, claro. Até desacato é mais grave em termos de pena.
    No mais, quarentena nunca prosperará no Brasil. Os negacionistas de plantão não serão extintos.

  • Ótimo texto. Eu já sabia disso, mas ainda é difícil aceitar…

    2020 era pra ser o meu ano. Eu iria fazer parte do meu doutorado nos Estados Unidos. Por um lado fico feliz de não ter ido, já que atualmente eles são o epicentro mundial de COVID-19, mas por outro fico triste pelos sonhos perdidos e por tudo que não aconteceu….

    Sei que no fim das contas “viver é melhor que sonhar”, mas eu juro que a aceitação é um exercício diário.

    • Shax, pode ser que tenha coisa muito melhor reservada para você.
      Tire o seguinte aprendizado: colocar suas metas em algo externo é furada. Pode ser que 2020 de fato seja seu ano sem a necessidade de pape, título, doutorado….

  • Sally, os idiotas acham que ir ao play é permanecer em casa! Só porque não estão na rua acham que está tudo bem. Já saiu até notícia de pessoas que se contaminaram na Barra da Tijuca por isso. Eu vi uma reportagem na televisão, foram entrevistar uma velha na rua e perguntaram quanto ela estava saindo e a resposta: somente quando necesário. Uma vez ao dia. Isso porque ela era aposentada.

    Aqui o síndico fechou piscina, quadra e proibiu festas no salão e churrasqueira. Entregadores também estão proibidos, tem que buscar encomenda na portaria. Mas o play, onde tem brinquedos para crianças (escorrega, balanço), continua aberto. Tem tipo um bar aqui dentro do condomínio aí o pessoal compra cervejas e fica bebendo lá embaixo. Crianças jogando bola e andando de patinete, pais levando os filhos para desenhar, não pode fazer isso em casa não? Outro dia 23:30 tinha criança gritando lá fora. Velhos lendo jornal nos banquinhos. Teve um imbecil começou a gritar para o outro na janela descer, que só precisava ficar a 2m de distância. Outros débeis mentais falando pros amigos chegarem perto pois não estavam doentes. E tem a “praia”! Pessoas levando cadeira de praia lá pra baixo para tomar um solzinho. Uma vez eu vi um cara com um travesseiro, deitado de bunda pra cima no banco. Um dia tinha gente dançando lá embaixo.

    • Gente… NÃO TEM QUE SAIR DE CASA
      NÃO TEM QUE FREQUENTAR ÁREAS COMUNS
      NÃO TEM QUE TER CONTATO COM OUTRAS PESSOAS

      Quão difícil é isso?

    • Eu entendo que o medo que você sente te faça negar a realidade… Mas, mesmo assim vai se preparando também, pois quando a pessoa está inconsciente a porrada é mais dolorosa. No seu caso, tem uma pré-preparação que é aceitar a realidade. Ou então, continua na negação, que a realidade chega até você.

  • Sally, tá tudo, literalmente tudo, cada vez mais insuportável, viu? A histeria coletiva, as fake news, as redes sociais, a mídia, ter que conviver com parente bolsominion, e ainda por cima a contragosto, isolado, enfim… Todo esse combo tá sendo um teste nível hard de resistência!

    Mas sobre a quarentena propriamente dita: to achando incrível a imbecilidade das pessoas de dizer que o comércio tem que reabrir, mesmo que gradativamente, porque o povo tem que trabalhar, etc, e que já tem gente passando fome, e que pequenas empresas estão pra fechar etc etc. Outra imbecilidade, a meu ver, é dizer que o futebol também tem que voltar, porque querendo ou não, também é uma atividade econômica, que movimenta milhões, que os clubes de futebol vão enfrentar problemas etc etc etc.

    Poxa, quantas mil vezes tem que explicar pra esse povo que é um vírus, é letal, não tem cura? Tem horas que eu sinto que não adianta mesmo, viu? Lavo minhas mãos e entrego nas mãos do corona vírus pra fazer o papel da seleção natural. Aliás, eu to pra ver, nos próximos meses, se com essa abertura do comércio o número de casos e óbitos não aumenta lá em cima, e daí esse povo paga a língua, ou talvez nem assim…

  • Na periferia as coisas seguem normalmente, não se tem o luxo de parar. Hoje fui cortar a juba no salão, tava em meia porta, o cara falou pra entrar correndo, entrei com medo de ser preso mas fui. Eu já peguei o coronga e me tratei em casa. Quem tá curtindo mesmo são os governadores, se aproveitando pra gastar à vontade o dinheiro público.

    • Percebe-se que você já pegou, pela forma como está se isolando socialmente.
      Um conselho: muita gente pegou e pega novamente. E nessa segunda vez costuma ser letal. Cuide melhor da sua vida.

  • As duas melhores armas para enfrentar este período difícil são: maturidade e estoicismo. A maturidade para fazer o que tem que ser feito de acordo com o que a situação exige em vez de apenas buscar satisfazer desejos momentâneos desimportantes. E o estoicismo para “segurar a barra” sem se descabelar e conseguir agüentar resiganadamente algumas privações e desconfortos.

Deixe um comentário para nome Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Relatório de erros de ortografia

O texto a seguir será enviado para nossos editores: