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FAQ: Coronavírus – 9

FAQ: Coronavírus – 9

| Sally | | 18 comentários em FAQ: Coronavírus – 9

Será que a vacina chinesa vale a pena? Você pularia de um avião de soubesse que as chances do paraquedas abrir fossem só de 50%?

Sim, a vacina vale a pena, e sua comparação é muito infeliz e incorreta. Vamos por partes.

Antes de mais nada é importante afirmar que a vacina é segura. A segurança de uma vacina é testada na Fase 2 (ver postagens anteriores explicando como se cria uma vacina), que já foi concluída, comprovando que a vacina é segura. Também é importante informar que metade dos remédios que o Brasil prescreve e vacinas que o Brasil aplica são da China, então, todos vocês já estão tomando remédio e vacina chinesa faz tempo.

Vamos falar da eficácia da vacina chinesa. O grande problema, para variar, foi que politizaram esses resultados, divulgando-os de uma forma truncada, para favorecer ou prejudicar determinados grupos políticos. Se fez a população esperar uma vacina que impedia o contágio em 94% ou 78% dos casos e depois de muito adiar os resultados, se disse que ela protege apenas em 50% dos casos, fazendo a vacina parecer um grande fracasso. Pois bem, não é.

Qual é a prioridade de qualquer pessoa sã neste momento? Não morrer e não deixar que seus entes queridos morram. Para isso, a Coronavac é um sucesso. Vamos explicar de forma bem didática a eficácia dela. A eficácia é medida em 3 frentes: 1) o quanto a vacina te protege de pegar a doença; 2) o quanto a vacina te protege de ser afetado pelos sintomas da doença e 3) o quanto a vacina te impede de chegar num estágio grave e morrer.

Entendidos quais são os parâmetros? Pois bem. No que diz respeito a pegar a doença, a proteção da Coronavac é de 50%, ou seja, se você toma a vacina, tem 50% menos chances de pegar covid. Isso te autoriza a sair, parar de usar máscara e parar de se cuidar? Não. Você faria uma roleta russa com 50% de balas no tambor da arma? Obvio que não. Medidas de distanciamento e cuidados sanitários continuam necessários.

Caso você seja os 50% que o vírus conseguiu barrar o bloqueio da vacina e se instalar no seu organismo, no que diz respeito a desenvolver os sintomas da doença, há 78% de chances de não sentir sintomas, ou seja, reduz em muito a probabilidade de passar mal ou ter desconfortos que precisem de médicos caso você adoeça.

E, a grande vitória a ser comemorada com muita ênfase diz respeito à mortalidade: 100%, ou seja, todas as pessoas que tomam a Coronavac, estão protegidas dos efeitos mais agressivos da covid e tem a certeza de que não vão morrer de coronavírus. No máximo terão sintomas leves, ou seja, não precisarão de hospitalização nem respirador.

Desculpa, mas se você não está super feliz com o fato de que se sua mãe pegar covid há 100% de garantia de que ela não vai morrer, você é um babaca.

Passaram todo o ano de 2020 rezando por uma vacina, e agora, por ela não ser 100% em todos os quesitos, estão reclamando. É inacreditável. Coronavac SALVA TODAS AS VIDAS de quem a toma, isso é pouco? Nunca na história se conseguiu desenvolver uma vacina com tanta eficácia e em tão pouco tempo. Era para estar todo mundo celebrando, não criticando. No critério mais importante, que é “não morrer”, ela teve 100% de eficácia!

Ao reduzir os sintomas, principalmente os severos, e a mortalidade, a Coronavac não protege apenas quem a toma, como também ao resto da sociedade, pois ela ajuda a proteger o sistema de saúde de colapsos, como o que vimos em Manaus. Se não houver uma demanda massiva por internação, por CTI, por respiradores, o sistema de saúde não colapsa e se evitam muitas mortes, seja elas por covid ou não. Se você acha isso pouco, você não entendeu nada.

Não é pouco ter a garantia de que, mesmo que você, seus pais ou seus avós peguem a doença, não vão morrer. Se você esperava mais do que isso em apenas um ano de desenvolvimento de vacina, suas expectativas eram irreais.

Ah sim, sobre sua comparação com o paraquedas: todo mundo já pulou do avião, pois o coronavírus está circulando. A pergunta é: você preferiria pular de um avião sem paraquedas ou com um paraquedas que te dá 100% de garantias que você não vai morrer.


Você tem certeza de que a vacina é segura? Não vai acontecer nada com ninguém?

Sim, eu tenho certeza de que a vacina é segura, mas talvez nosso conceito de “segura” seja um pouco diferente. Toda vacina, por mais segura que seja, provoca efeitos colaterais, entre eles mortes. É em um número muito reduzido de pessoas? Sim, quando se compara à população mundial, sim, mas a gente não sabe quem vai ser o “premiado”. Então, o fato de ser segura não quer dizer que não exista risco.

Eu tenho certeza de que vai acontecer muita coisa com muita gente, desde sequelas e até mortes. Acontece com todas as vacinas. Porém, as chances de acontecer algo ruim com você é maior se você não se vacinar. É essa a escolha: qual risco você vai correr. Se você somar toda a população mundial que se vacinou até agora e fizer um percentual de quantas morreram ou tiveram problemas, verá que é muito menor do que as mortes e problemas da mesma quantidade de pessoas em caso de covid. Então, sua melhor chance é se vacinar.

Faça qualquer coisa oito bilhões de vezes. Em algum momento, algo vai dar muito errado. Não existe vacina na história da humanidade que não tenha causado problemas durante seus estudos ou durante sua aplicação. É previsto, faz parte, está dentro das regras do jogo. Uma vacina é considerada segura quando os danos que causa são em um número muito reduzido de pessoas, mas eles existem.

A questão é o que te coloca em um risco maior: eventuais efeitos colaterais da vacina (ainda que letais) ou eventuais riscos do covid (ainda que letais)? Bom, sabemos que o coronavírus tem letalidade em torno de 1% (isso quando o sistema de saúde não colapsa, algo bem possível no Brasil). Eu asseguro a vocês que a taxa de letalidade das vacinas é muito inferior a 1% (não veremos 1% de 8 bilhões morrerem por causa de vacina), portanto, o risco maior é pegar covid, o risco menor é tomar vacina. E não adianta esperar por uma vacina sem risco algum, o risco sempre vai existir.

Vale lembrar que a segurança da vacina é testada na Fase 2, durante sua elaboração e também é testada e atestada pela ANVISA, portanto, há uma dupla revisão. Se foi aprovada pela ANVISA, pode ter certeza de que as chances de morrer ou sofrer alguma complicação ou sequela são maiores se você não tomar a vacina e se arriscar a pegar covid.

Vai morrer gente? Vai. Mas vai morrer mais gente se não tomar também. Vai ter gente com sequela? Vai sim. Mas vai ter mais gente com sequela entre os que não tomarem. Eu tenho tanta certeza disso que estou inscrita como voluntária (vulgo cobaia) para todas as vacinas que estão sendo testadas em Fase 3 no meu país. Eu confio no crivo da Fase 2. Pode dar merda? Claro, mas as chances são menores do que se eu pegar covid.


O que causou essa nova variante? Qual é a diferença dela para a versão raiz?

Há mais de uma variante. As novas variantes foram causadas por mutações no vírus: elas se adaptaram melhor ao ser humano e conseguem contaminá-lo de forma mais eficiente. Essas mutações são esperadas, vírus se comportam assim, mas quando e como vão acontecer é imprevisível.

Um dos fatores que mais contribuem para que elas aconteçam é a oportunidade. Quando mais pessoas infectadas, mais oportunidade o vírus tem de se adaptar e mais provável é que isso aconteça. Não é de se estranhar que geralmente elas venham de lugares com muitos contágios.

A mais famosa entre as novas variantes é a B117, mas ela não é a única. O que muda: ela parece reconhecer melhor nossas células e ser melhor transmitida de pessoa a pessoa. Inicialmente ela era responsável por 2% dos casos de coronavírus em alguns países (como Reino Unido), hoje, semanas depois, ela já é responsável por 100% dos casos, ou seja, virou um vírus muito bem adaptado ao corpo humano.

Mas, a B117 está prestes a ser destronada. Surgiu uma versão que, até o momento, em estudos preliminares parece ser ainda pior: a P1, também conhecido fora do Brasil como “o vírus brasileiro” ou “a nova variante de Manaus”. Não são estudos conclusivos, portanto, não temos dados para bater o martelo, mas acho que o que aconteceu em Manaus, a quantidade de pessoas que essa variante jogou no hospital de uma vez só, é um bom indício de que a P1 deve gerar preocupação.

No Brasil já há novas variantes circulando, vindas de fora (graças às fronteiras eternamente abertas em meio a uma pandemia) e também nacionais. A linhagem B117 (que foi detectada inicialmente na Inglaterra) e a linhagem que foi detectada inicialmente na África do Sul já estão no país, assim como a maravilhosa P1 Mande in Manaus. Isso significa que temos diferentes variantes mais contagiosas do vírus começando a circular, ou seja, o número de casos vai disparar.

No caso da B117, estima-se que seja entre 50 a 70% mais contagioso. No caso da P1 ainda não sabemos, mas, ao que tudo indica, deve ser igual ou ainda mais contagiosa. Some-se a isso um país onde boa parte da população não se cuida, acredita em “tratamento precoce” contra covid e não abre mão do seu lazer e imaginem o que está por vir.

A variante nova reconhece melhor nossas células e também se prende melhor a elas (tem mais spikes, aqueles espinhos da parte de fora, e eles são maiores, se prendendo com mais facilidade e firmeza). Com uma gotícula menor, com menos tempo de vírus no ar e com menos carga viral o novo corona consegue te contaminar. Sim, ele ficou mais eficiente, mais transmissível.

Vale lembrar que quando falamos em contágio de covid, falamos em crescimento exponencial, ou seja, se você deixa passar de uma margem inicial, os números aumentam de forma incontrolável e assustadora. Por isso os países europeus se fecharam em lockdown mesmo com número de casos relativamente baixo.

Eles sabem que se deixarem crescer exponencialmente esse potencial de contágio não há hospitais no mundo suficientes para cuidar das pessoas. Os casos que levariam meses ou anos para acontecer, agora levarão semanas. Também por isso países começam a trabalhar com fechamento de fronteias em anos, não em meses.

A letalidade do vírus é a mesma, porém, como sua transmissão é maior, temos mais pessoas contaminadas, há mais demanda por atendimento médico e isso pode causar um colapso no sistema de saúde. E quando o sistema de saúde colapsa, morre todo mundo por falta de atendimento, qualquer doente, seja de covid ou não.

Bem, não preciso explicar isso, tá fresquinho na memória de todo mundo, aconteceu semana passada em Manaus: morreu desde o bebê prematuro que precisava de oxigênio até a pessoa que sofreu acidente de carro e não tinha médico para atendimento. Então, sim, aumenta a letalidade, de forma indireta. Em tese, o vírus é apenas mais transmissível, mas na prática ele também vai matar mais.

Por ser mais transmissível, as medidas para conter o vírus usadas no ano passado não são mais suficientes para conter o vírus. Então, esqueçam as orientações de 2020 para evitar o contágio. Em 2021 são necessárias medidas muito mais rigorosas. Mas isso ainda não está sendo explicado com a clareza que deveria. Já já vão começar a explicar que os cuidados devem ser maiores.

Talvez não se esteja fazendo o alarde necessário por um motivo simples: no começo, esse aumento de contágios não é tão sentido. Como qualquer crescimento exponencial, a coisa só fica feia a partir de número com 4 ou 5 dígitos.

Quando esse estágio chegar, cada dia é uma porrada, cada dia é um aumento descontrolado e, se deixar correr solto, não existem médicos, UTI, respiradores ou oxigênio no mundo suficientes para dar conta de tanta gente doente ao mesmo tempo. Não adianta comprar mais, mandar trazer de outro estado ou de outro país. A demanda fica impossível de alcançar.

Por isso, agora mais do que nunca, distanciamento social faz mais diferença. Por isso boa parte dos países europeus está em lockdown até abril. Ninguém gosta de parar tudo, ninguém gosta de privar cidadão de seus direitos, ninguém gosta de paralisar produção e economia. Vocês podem perceber que, se não fosse algum muito grave, países como a Alemanha não fariam lockdown de meses.

Sempre olhem para o que os países civilizados estão pedindo a seu povo em matéria de restrições, eles costumam ser um bom termômetro de como você deve se portar.


As variantes podem inviabilizar a vacina? Tratamento preventivo pode me ajudar a não pegar uma nova variante do vírus?

Por enquanto, essas variantes mais transmissíveis ainda são “pegas” pela vacina. Mas pode acontecer do vírus mutar tanto, que ele se torne irreconhecível para as vacinas que temos hoje. Até onde se sabe, ainda não aconteceu. Mas pode acontecer.

Nesse caso, o grande problema não é desenvolver uma nova vacina, uma vez que se tem a “vacina mãe”, fica relativamente fácil adaptá-la a novas variantes. Em alguns meses novas vacinas para o novo covid já podem ser colocadas no mercado. Talvez até em questão de semanas.

O grande problema é vacinar 8 bilhões de pessoas tudo de novo, e rápido, antes que o vírus sofra mais mutações que deixem essas novas vacinas obsoletas também. Sim, corremos o risco de estar sempre correndo atrás do rabo, na pendência de uma nova vacina que neutralize as variantes novas que vão surgindo.

A única forma de tentar (eu disse tentar) impedir essas mutações, ou ao menos fazer com que elas não sejam tão frequentes, é reduzir o contágio. Com poucos contágios o vírus terá menos oportunidade de aprender e mudar para nos infectar melhor. Como nem todos os países conseguem isso, outra boa medida é o fechamento de fronteiras por um longo período, como pretende fazer a Austrália, fechando por todo 2021, assim, se algum país relapso se descuida, isso não atinge sua população.

O chamado “Tratamento preventivo” não é uma solução. Nem para isso, nem para nada. Na verdade, ele sequer existe, é uma invenção do (des)Governo brasileiro que já foi contestada pelo mundo todo, inclusive pelos principais órgãos médicos, científicos e técnicos brasileiros.

Em caixa alta, para deixar bem marcado: TRATAMENTO PREVENTIVO CONTRA COVID NÃO EXISTE. Cientistas, pesquisadores, médicos, infectologistas, epidemiologista do mundo todo já cansaram de repetir que não existe. Cloroquina, Ivermectina, Azitromicina, Nitazoxanida, Corticoide, Zinco, Vitaminas, Anticoagulante, Ozônio por via retal, Dióxido de Cloro, ou qualquer remédio/substância ao qual se pretenda atribuir algum benefício se tomado antes de ter coronavírus é uma mentira.

A própria ANVISA, o Conselho Regional de Medicina e a Sociedade Brasileira de Infectologia concordam que tratamento preventivo não existe e que estes medicamentos podem inclusive piorar a condição da pessoa caso ela pegue covid-19.

Apenas o atual (des)Governo insiste nisso, e por questões financeiras, pois comprou uma tonelada de Cloroquina e precisa emplacar ela como tratamento. Seria muito bom que se cobre da ANVISA uma coletiva de imprensa para dissecar a eficácia desses tratamentos preventivos e seus riscos, assim como se fez com a Coronavac.

Mesmo seus criadores e defensores iniciais já desistiram da ideia. O médico francês que começou com essa palhaçada de Cloroquina já voltou atrás, admitiu o erro e está no banco dos réus sendo julgado pelos estragos que cometeu.

De todos os países mundiais, apenas uma meia dúzia ainda insiste nesses remédios (nenhum deles um país desenvolvido). Até Trump e os EUA desistiram dessa palhaçada de tratamento preventivo. E, na prática, basta olhar para Manaus, cuja população fazia uso dessas porcarias e lotou os hospitais da mesma forma.

Não é nocivo apenas do ponto de vista físico (dar remédio que pode causar parada cardíaca, cegueira, surdez e outras consequências bizarras), a ideia do “tratamento preventivo” faz a população se descuidar, pois acham que, de alguma forma, estão mais protegidos contra a doença.

É consenso mundial: NÃO EXISTE TRATAMENTO PREVENTIVO PARA CORONAVÍRUS e, o que hoje é oferecido como tratamento preventivo no Brasil, pode piorar a sua saúde caso você pegue a doença.

Então, a única forma de se proteger é isolamento social, como primeira medida. Máscara, álcool e todo o resto não serão tão eficientes com essas novas cepas, mas, é claro, reduzem as chances. Se puder, fique em casa. Mesmo com vacina (que vai demorar muito a chegar na população no geral), o cenário ainda vai piorar muito.

Para dizer que não sair de casa é questão de saúde física e mental no Brasil, para dizer que vão fazer carnaval mesmo com proibições e cagar mais ainda o cenário ou para dizer que prefere quando a gente fala de assuntos mais leves: sally@desfavor.com

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