Lobas e ovelhas.

Elas são trans e lésbicas: ‘Gênero é uma coisa, sexualidade é outra’. LINK


Ao bater o olho na matéria, parece só a lacração do dia do Universa, mas pode ter algo mais nefasto por trás disso. Desfavor da Semana.

SALLY

Tá ruim a pandemia? No Brasil tá ruim sim. Pouca gente com a terceira dose (a única que protege quase que completamente contra a Ômicron), muitos casos, sistema de saúde colapsando. Porém, nada de novo a acrescentar, é isso aí, vocês plantaram merda e estão colhendo bosta.

Ruim terem matado um congolês a paulada de forma sórdida e cruel? Muito ruim. Porém, nada de novo a acrescentar, isso acontece todo santo dia no Rio de Janeiro, dezenas de vezes por dia. Certamente vai acontecer com qualquer um que vá meter o dedo na cara de miliciano e cobrar dívida. Desde sempre é assim.

Por isso, escolhemos um tema que passou abaixo do radar da maior parte das pessoas esta semana: uma questão delicadíssima envolvendo gênero e sexualidade, que vocês podem ler em detalhes na matéria escolhida para representar o assunto. Nada contra as pessoas dessa matéria, por favor. Nossa preocupação é em abstrato.

A reportagem fala de pessoas que não se sentem de acordo com o gênero que nasceram (ou seja, se nasceram homens se sentem mulheres e se nasceram mulheres se sentem homens) mas que se sentem atraídas por pessoas do mesmo sexo com o qual se identificam. Calma, vamos exemplificar.

Tonhão se sente Antônia. Tonhão deixa crescer o cabelo, toma hormônios, faz cirurgias até se parecer fisicamente com uma mulher e muda seu nome para Antônia. Porém, Antônia não se sente atraída por homens, e sim por mulheres. Então, temos um homem que se transformou em uma mulher lésbica. E tá tudo certo, Go Antonia, torcemos pela sua felicidade!

O problema não é em como a pessoa se reconhece ou por quem ela se sente atraída, ela deveria ser livre para fazer o que bem quisesse com seu corpo e sua vida. O problema é como a sociedade está se comportando quando colocada frente a frente com casos como esses.

Em uma sociedade polarizada, as posturas são de extremos: tem um lado retrógrado que acha que isso é doença, que é coisa do demônio ou que é falta de porrada e tem outro lado ultra permissivo que vai achar lindo, bater palmas e dizer que a pessoa tem que ser tratada automaticamente como ela se sente, acusando quem o fizer de preconceito.

Como sabemos, todos os extremos são ruins. São, na verdade, os dois lados de uma mesma moeda, a moeda da burrice.

É patético pretender que, por uma pessoa se sentir de outro gênero, ela tenha que ser obrigada a gostar do sexo oposto. “Se gostava de mulher, pra que deixar de ser homem?”. Por não se identificar com corpo de homem, ué. Se a pessoa quiser se identificar com uma mulher, com uma girafa ou com um tatuí, o problema é dela e não cabe a você julgar.

Mas, também é patético pretender que qualquer pessoa que diz se identificar com qualquer coisa seja automaticamente tratada como tal. Não é assim. Infelizmente não pode ser assim, pois vivemos em uma sociedade involuída. E quando se vive em uma sociedade involuída, todos nós pagamos o preço com uma série de restrições que não parecem justas, mas são necessárias.

E não é a minha opinião, é a lei. Se amanhã eu acordar me sentindo Jorjão e, depois de tomar meu café da manhã for fazer uma cirurgia de redesignação de sexo, vão me mandar para casa. Apenas o meu sentir não basta. Há protocolos. Há regras. Eu precisarei fazer consulta com psicólogos e passar por uma série de avaliações. Vai demorar mais de ano até eu poder virar Jorjão no corpo. Não basta o meu querer.

Mas, tem gente que, para posar de cabeça aberta, de progressista, de amante das liberdades, está passando dos limites e querendo que o desejo do outro se torne realidade social no ato. Eu adoraria viver em uma sociedade onde isso é possível. Infelizmente, estamos a séculos de distância disso. A realidade é que vivemos em uma sociedade de espertos, aproveitadores e desonestos – e eles estão em todos os grupos, em todas as classes, em todas as cores. E todos nós sofremos restrições por causa deles. Pretender que alguém não sofra é, no mínimo, infantil.

É por isso que eu tranco a porta da minha casa. É por isso que eu não saio à noite sozinha. É por isso que eu não posso ir a certos lugares. É por isso que eu, diariamente, me imponho várias restrições que não são justas, pois eu mereceria ter total liberdade. Mas, pela má conduta de terceiros, isso se faz necessário. E eu não me faço de vítima por isso, pois tenho consciência da realidade: é assim, e precisa ser assim, até mesmo para a minha proteção.

Um Estado Democrático de Direito se baseia nisso: as pessoas fazem um pacto implícito onde renunciam a parte de suas liberdades em troca de uma sociedade minimamente organizada que garanta mais qualidade de vida e sobrevivência de seus membros. Acha ruim como está? Experimenta abolir as regras para você ver.

A partir do momento em que você diz que basta se dizer mulher para ser mulher, e que, em se dizendo mulher, você pode fazer sexo com outras mulheres, abre uma porta perigosíssima no Brasil e até mesmo no mundo. Não pelas pessoas que de fato se sentem assim, mas pelos aproveitares que vão usar disso.

Quer se aposentar cinco anos antes? Com 59 anos mete uma peruca e diz que você se sente mulher, porém, continua casado com sua esposa, pois é uma mulher lésbica. Quer ir para um presídio feminino, onde não vai sofrer violência pois é mais forte do que todas as detentas? Quando for preso bota uma peruca e diz que se sente mulher. Quer escapar de qualquer situação que seja mais branda para uma mulher? Bota uma peruca e diz que se sente mulher – e, não se preocupe, você vai poder continuar pegando mulher.

E não é uma cogitação. É uma realidade, que já vem acontecendo. Vou citar um caso, mas são centenas: um homem que foi preso e alegou que se sentia mulher, foi encaminhado(a) a um presídio feminino e, ao chegar lá, estuprou várias detentas. Obviamente, era um aproveitador. Até pela foto você vê que era um pedreiro com uma peruca, não um homem que se sentia mulher. Para que ele tenha a “liberdade” de ser tratado como se sentia, várias mulheres foram estupradas. É justo?

Então, como combinar essa equação delicada de permitir que quem se sente de outro gênero tenha o direito a ser tratado desta forma sem abrir a porta para aproveitadores e colocar em risco a vida e a integridade física de outras pessoas? Eu não tenho essa resposta, nem é essa a pretensão do texto de hoje. O ponto é: isso precisa ser debatido e esse equilíbrio, o melhor equilíbrio possível, deve ser alcançado. Só que ninguém quer debater.

O que temos hoje é um grupo dizendo que quem nasceu homem não pode nunca ser tratado como mulher e outro dizendo que qualquer pessoa que se sinta mulher pode ser tratada como mulher. Ambos os caminhos péssimos, socialmente nocivos e totalmente descolados da realidade.

A solução? Debater o que pode ser feito, uma forma equilibrada e justa de impor o menor número de restrições a quem tem direito e garantir a maior segurança à coletividade. Aderir a quem diz que não pode nada ou a quem diz que pode tudo é um desfavor e atrasa a discussão para encontrar a melhor forma de lidar com essa “novidade” (que existe faz tempo, mas só vem sendo reconhecida nas últimas décadas).

É isso. Sejam parte da solução, discutindo a melhor forma de equacionar essa questão, e não do problema, defendendo que pode tudo ou não pode nada.

Para dizer que o sujeito que foi preso tem o direito de querer ser uma mulher feia, para dizer que eu não tenho lugar de fala por ser branca hétero ou ainda para dizer que no Brasil a pessoa leva defunto para fazer prova de vida imagina se não ia tirar proveito disso: sally@desfavor.com

SOMIR

Semana passada eu escrevi um texto que chamava atenção para o fenômeno de um tipo de transexual mais comum em países ricos: homens brancos de meia idade que deixam o cabelo crescer e se dizem mulheres, sem necessariamente se esforçar para parecer com ou agir como o sexo oposto. E, de passagem, escrevi também que era bom vocês terem noção disso porque chegaria no Brasil eventualmente. Qual não foi minha surpresa com essa matéria logo depois?

“Mas você não falou de trans lésbicas…”

Não. Mas naquele texto não era o ponto desenvolver mais sobre essa faceta do movimento trans moderno. Hoje é. Vamos tirar o elefante da sala: não é que eu esteja exigindo que transexuais (homem para mulher) sintam atração apenas por homens, até porque ninguém pode exigir nada nesse campo. Seria absurdo reclamar por esse motivo.

Mas como já estamos vivendo num mundo onde pessoas mais bem articuladas não podem falar nada que possivelmente ofenda transexuais para não serem chamadas de transfóbicas, e como também temos uma infestação de “pensadores” de direita que apenas repetem dogmas religiosos com outras palavras, fica muito difícil ter acesso a uma análise mais fria e neutra do tema.

Na verdade, você vai ver uma maioria de opiniões exageradas: ou a pessoa diz que tudo relacionado com transexuais é lindo (por insanidade, medo de represálias ou vontade de fazer parte de um grupo), ou a pessoa vai cuspir preconceitos aleatórios para demonizar transexuais (por insanidade, medo de represálias ou vontade de fazer parte de um grupo).

Vamos procurar um meio termo? A matéria em questão não vai muito além de expor uma condição que a maioria de nós não considerava e usar exemplos reais para desenvolver o tema. Não temos problema com nenhuma dessas pessoas em específico, e o que eu vou descrever pode não ter nada a ver com nenhuma dessas pessoas.

Eu tenho muita estrada na internet. Mais do que deveria, aliás. Seja como for, eu acompanho faz muito tempo um grupo específico de pessoas que raramente chamam a atenção fora da internet: os párias sociais. Pessoas que não costumam se dar bem na “vida lá fora”, e acabam focando toda sua energia em computadores e interações virtuais. Muitos acabam se tornando pessoas raivosas, depressivas e seres humanos horríveis em geral, sim. Mas ao mesmo tempo, debaixo do seu nariz, esse povo que ganhou uma voz com a rede mundial de computadores vem definindo vários aspectos da cultura humana desde então.

As memes que você gosta são criadas por pessoas assim. Os sites, serviços e projetos da internet são tocados por eles, o mundo vai se tornando mais e mais digital por desejo dos antissociais, e o resto da humanidade vai se acostumando pelas facilidades que são criadas por consequência. Por mais que o mundo esteja se tornando mais inclusivo e diverso, ainda temos uma maioria desproporcional de homens brancos nesse grupo. Pessoas que tem vantagens, mas que as direcionam para mais e mais poder de computação e isolamento.

Eu vi esse grupo se separando em duas “religiões” baseadas em visões políticas nas últimas décadas. Radicalização é fácil quando você tem poucas interações humanas de verdade na vida. Muito se fala hoje dos extremistas de direita na internet, como são um bando de desocupados preconceituosos que não fazem sexo e se ressentem por isso.

Mas tem outro lado nessa história. Uma boa parte dos antissociais “neutros” do começo do Século XXI foi para o outro lado. O pessoal mais histérico do lado lacrador se mistura, e muito, com gente sem traquejo social por falta de treino. Tem o perdedor na vida do lado da direita fingindo ser muito cristão, mas tem o perdedor na vida do lado da esquerda também. Ele só não chama o mesmo tipo de atenção porque criou a cortina de fumaça perfeita: a transição de gênero.

Se você não está prestando atenção nesse povo pelo tempo que eu estou, não consegue enxergar o que está por trás dessa “epidemia” de homens de meia idade se dizendo mulheres. Provavelmente vai achar que eu estou batendo em transexuais em geral. Não controlo o que você quer acreditar, mas estou te avisando aqui mesmo: não é sobre transexualidade, é sobre gente problemática usando isso como disfarce.

“Porra, Somir, você ainda não falou da parte de gostar de mulher.”

Que é possível alguém ser transexual e se sentir atraída por mulheres, eu nem tenho que discutir; mas quando você começa a pensar nesse grupo de párias aceitando o progressismo de esquerda como religião, começa a enxergar como tem lobo no meio das ovelhas. Transexualidade não é fetiche, não é uma roupa que se veste; transexualidade é literalmente se enxergar como o sexo oposto, quase sempre com altas doses de problemas psicológicos relacionados com a rejeição ao corpo que têm.

Mas transexualidade pode ser usada como disfarce para fetiches e problemas psicológicos derivados da dificuldade de socialização. Transexuais não tem facilidades na vida, mas pelo menos tem uma classe unida e proteção da grande maioria do público mais alinhado à esquerda e ao progressismo em geral. Considere uma pessoa que nunca foi muito bem quista pelas pessoas ao seu redor, que sempre foi terrível em socialização… ela não tem muito a perder com o preconceito, não arrisca tanto assim se mudar de imagem. Existe sim um público que paga relativamente barato para trocar de gênero, esse público é composto de gente que gasta a maior parte do seu tempo na internet e nunca foi muito bom em lidar com sentimentos ou… ter senso do ridículo.

E um dos sinais de perigo é justamente essa história de ser transexual lésbica. Sugere que pode não ter muita profundidade no desejo de ser do sexo oposto, e que na verdade é uma fantasia (duplo sentido intencional). Quanto mais estranho o visual da pessoa, no sentido de fazer pouco ou nenhum esforço de se parecer com mulher (e diz que somos preconceituosos por notar isso), maior a chance de estarmos falando de um desses lobos. Não é só botar uma peruca.

E eu me preocupo com isso também por motivos progressistas: deixar gente assim correr solta é pedir para criar exemplos terríveis de abusos contra mulheres e crianças que vão ser jogados nas costas dos transexuais de verdade. Cada vez que eu vejo esses lobos, mais eu entendo quem tem horror de deixar transexual entrar em banheiro feminino.

O movimento LGBT+ não pode ser infinitamente inclusivo. Porque entra lobo no meio das suas ovelhas, e lobo faz muito estrago toda vez que ataca. E adivinha só o que o cidadão médio vai ver? Essa praga está chegando no Brasil, preste atenção nos sinais e não tenha medo de falar sobre esses transexuais de fachada, porque se ninguém o fizer, eles vão acabar com os avanços conquistados a duras penas com os reais.

Para clicar na suástica até quebrar o dedo, para dizer que quem é ruim se destrói sozinho, ou pra dizer que de novo é culpa do homem branco: somir@desfavor.com

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Comments (6)

  • “O movimento LGBT+ não pode ser infinitamente inclusivo.”

    Eu acho que a sociedade em geral (ate quem não tem muita convivência com gays) respeitaria um pouco mais os homossexuais se essa militância não abarcasse todo tipo de degenerado que entra nesse grupo (nas profundezas do Twitter ate simpatizante de zoofilia e pedofilia se dizendo LGBT+ eu já vi).
    Infelizmente esse tipo de discussão não vai progredir tão cedo, pois o próprio ativismo trans passa um caminhão de pano pra esses machos de peruca com a justificativa do “se fulano se sente assim, então ele e assim”.

  • Trans usa qual banheiro? Porque onde eu trabalho tem um homem trans, que nasceu mulher e virou homem, mas continua indo no banheiro feminino. Tem umas lésbicas masculinas que a pessoa fica na dúvida de qual gênero é, mas elas usam nome feminino e se consideram mulheres. Esse meu colega até o nome social tem, então não era pra ir em banheiro feminino. Já falei que ele se arrisca a levar porrada.

  • A mente humana é complicada. A primeira vez que vi um caso desses foi no YouTube que o cara nasceu mulher, virou homem e agora tá casado com outro homem. Na época eu pensei pqp se a mina curtia homem, no layout de mulher ela ia pegar muito mais homem, vai ver ela gosta éde gay. Eu sou gay, se pudesse escolher teria nascido mulher pra ter mais facilidade de pegar homem, mas não vale o trabalho e o gasto financeiro de mudar meu sexo só pra isso.

  • Os Ungidos do Alfabeto entraram em uma espiral de bizarrices que so vai, e esta, angariando desfavores. Virou um circo, e agora todo homem quer ser mulher? E uma guerra contra as mulheres? Todo o respeito a quem realmente sofre serios disturbios como os hermafroditas por exemplo.

  • Tá, mas essas pessoas têm habilidades, hobbies, personalidade além de sexo e militância? O que elas têm de bom e de interessante pra conquistar alguém? Por mim, se não for um descompensado mental e tiver boa aparência eu namoraria de boa uma pessoa trans, não dou a mínima pra procriação. Mas exigir que todo mundo seja assim é irreal e até infantil. O problema da humanidade é gente que acha que merece sexo/relacionamento só por existir. Se sofreu uma rejeição parte pra outra que nem todo mundo, simples.

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