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Desfavor Explica: Monalisa.

| Sally | | 148 comentários em Desfavor Explica: Monalisa.

Vocês são finos, né? São chiques. Não querem saber da gentalha do programa “A Fazenda”, né? Vetaram meus plantões… Então tá, Meus Finesses, falemos de arte. E nada melhor do que começar pelo quadro mais famosos do mundo: A Monalisa. Um quadro que aparentemente não tem nada de muito especial mas que abriga uma série de curiosidades. Porque até quadro pode ser objeto de fofoca.

A Monalisa, também conhecida como “A Gioconda”, foi pintada por Leonardo DaVincci. Especula-se que ele começou a pintá-la em 1503 e tenha concluído a obra em 1507. Ela é uma pintura feita a óleo e não é tão grande como a gente imagina, mede apenas 77 x 53cm. Atualmente, está exposta no museu do Louvre, em Paris. Não se iluda se você acha que pode dar um pulinho lá e vê-la de perto, pois além de todo o aparato de segurança que a protege, tem sempre centenas de pessoas à sua frente. Saca atropelamento na frente de bar? É esse o esquema, aglomeração total. Para você ter uma ideia, ela fica em uma sala especialmente feita para ela, que custou a bagatela de 16 milhões de reais.

É isso. Essas são todas as informações oficiais que vocês vão conseguir de mim. Se você queria fazer um trabalho sério sobre a Monalista e pretendia usar meu texto como pesquisa, foi mal. Porque informação técnica sobre a Monalisa você consegue no Google. Vamos para a podridão, a fofoca e os bastidores. Nada como os podres da Monalisa para entreter quem é fino demais para querer saber os podres da Gretchen.

Para você que entende chongas de arte e nunca compreendeu porque tanto se fala a respeito da Monalisa, um apanhado dos principais méritos do quadro, que o fazem tão famoso e tão valioso como obra de arte: as técnicas de pintura, de cores, de luz e de perspectiva usadas na Monalisa além de serem inovadoras à época em que ela foi pintada, também são muito difíceis de fazer. A técnica principal, chamada “sfumato”, que, em resumo tosco, cria efeitos de luz e sombra, foi usada por DaVincci de uma forma inovadora. Vamos compreender o que ele fez de tão diferente.

Leonardo descobriu que passando uma camada de verniz sobre a tinta a óleo criava uma reação química entre os dois que diminuía as marcas das pinceladas no quadro, o que dava um aspecto sombreado, natural e quase que 3D, graças ao grau de “diluição” da tinta, quase que transparente. Como o cara era meio cheio de TOC, meio maluco e workaholic, repetiu esse processo por inúmeras vezes, ao longo de FUCKIN´ QUATRO ANOS, construindo a imagem a partir dessa mistura, que formava camadas muuuito finas de tinta, quase transparentes, sobrepostas umas às outras.

Enquanto uma pessoa normal faria o desenho e depois o coloriria, Leonardo fez A Monalisa foi pintada em infinitas camadas alternadas (umas mais claras, outras mais escuras, para dar dimensão e sombra). Ela é tipo um mil folhas de pintura, feita de camadas de tinta escura e clara alternadas. Por serem transparentes, a camada sobreposta deixa transparecer a anterior, criando um contraste de brilho e luz dando uma sensação de profundidade e relevo muito difícil de conseguir.

Resumão da Tia Sally para tirar onda e fazer bonito: a Monalisa é isso tudo porque Tio Léo usou técnicas inovadoras para pintá-la, que deram trabalho pra caralho e requerem muita habilidade, além de quebrar os padrões de quadros femininos da época e ainda conseguiu inserir algumas ilusões de ótica no quadro. Continue lendo que você vai entender.

Quem é a mulher que inspirou a Monalisa? Existem muitas teorias sobre quem teria sido a modelo que deu origem ao quadro. A mais aceita, com base em algumas anotações encontradas, é a de que seria a esposa de um rico mercador de Florença chamado Francesco Del Giocondo (daí seu outro nome, A Gioconda). Dizem que após quatro anos de pintura o tal Francesco se emputeceu e até achou que a esposa estava tendo um caso com DaVincci, porque estava demorando demais para o quadro sair. O sujeito começou a não achar graça de ver sua mulher indo posar para Leo, dia após dia e em um surto de ciúmes a proibiu de voltar a vê-lo e de quebra não pagou porra nenhuma nem foi buscar o quadro.

Entretanto, existem historiadores defendendo que a Monalisa seria na verdade um retrato da amante de Giuliano de Médici e a história do parágrafo acima foi uma trollagem espalhada na época para despistar. Também há quem afirme que era o rosto do próprio Leonardo em um corpo de mulher e que se você comparar lado a lado com pinturas de seu rosto verá que a simetria bate. E no mais baixo escalão da fofoca, há quem afirme que na verdade era cara do seu mordomo (ou assistente, como queiram) no corpo de uma mulher, com direito a insinuações de um possível envolvimento afetivo de DaVincci com seu modelo. Acredito que nunca saibamos qual é a versão verdadeira, mas vai, a do mordomo é a mais legal…

Muito se fala do “sorriso da Monalisa”. A polêmica gira em torno da dificuldade em decifrar sua expressão facial. Dependendo da cultura do observador, ela pode ser considerada como triste, alegre, séria, tímida, sonsa, sexy e etc… A controvérsia foi tanta que neurologistas se dedicaram a estudar a Monalisa para tentar decifrar “tecnicamente” que tipo de expressão ela tem. A imagem foi submetido a um computador na Universidade de Amsterdã que calcularia através de um software qual seria sua exata expressão facial. A conclusão? Segundo análise do computador, a Monalisa está predominantemente feliz.

Mas não parou por aí. Muitos cientistas disseram (com razão) que um computador não é um meio confiável para aferir sentimentos humanos. Uma nova pesquisa foi feita, mas desta vez com base na percepção humana sobre a Monalisa. Um Instituto de Neurociência da Espanha chegou a uma conclusão curiosa: DEPENDE. Isso mesmo. Não se sabe bem como DaVincci conseguiu essa façanha, nem se o fez de propósito, mas a Monalista tem uma dose de ambiguidade tão certeira que a interpretação de sua expressão acaba sendo um reflexo da personalidade ou do estado de ânimo de quem a observa. Também constataram que fatores como a iluminação, agulação e até mesmo o tempo pelo qual se olha interferem no resultado.

Um exemplo rápido para ilustrar o estudo feito: pegaram um grupo de voluntários e fizeram com que olhem por 30 segundos para cartões pretos e depois olhem para a Monalisa. Fizeram o mesmo com outro grupo, só que expondo-os a um cartão branco antes. Os que olharam para o branco viram o sorriso com mais facilidade. Também concluíram que em um olhar rápido há maiores chances de não perceber seu sorriso, porém se você focar mais de um minuto nela, os olhos acabam se focando no lado esquerdo da sua boca graças a um jogo de cores, sombras e enquadramento. Esse lado esquerdo está mais para sorridente do que o direito e ao desviar a atenção involuntariamente para ele, você acaba percebendo um sorriso.

Uma experiência interessante é olhar para a Monalisa de tempos em tempos, pois através dela você pode ver dentro de você, desde que você tenha um mínimo de autoconhecimento e sensibilidade para perceber as variações. Eu mesma olho para a Monalisa de tempos em tempos e dependendo da fase da minha vida, do meu estado de espírito, vejo uma mulher com um risinho debochado, ou um sorriso tímido ou até mesmo séria ou constrangida. Olhe a Monalisa ao longo de sua vida, é uma experiência interessante. Quer ver como ela reflete o que está dentro de você? Freud disse que o sorriso da Monalisa era na verdade “como uma atração erótica subjacente de Leonardo para com a sua mãe”. Ô judeuzinho mal resolvido… esse é um que ganha um Processa Eu a qualquer momento!

Especialistas em arte tem uma opinião diferente: como as sombras do quadro são percebidas de forma mais eficiente pela nossa visão periférica, isso gera uma ilusão de ótica. Quando olhamos diretamente para a boca da Monalisa, vemos que ela não está sorrindo. Porém, se olharmos para seus olhos ou para a paisagem de fundo como foco principal, por consequência a boca será vista pela visão periférica e seu sombreamento será acentuado, o que vai fazer com que você veja um sorriso. Leonardo DaVincci: te trollando desde 1507.

E por falar em boca: bafão! Não faz muito tempo o setor de Odontologia da Universidade de Harvard, EUA, trouxe uma nova teoria sobre o suposto sorriso da Monalista. Eles afirmam que não é sorriso porra nenhuma, que essa expressão é típica de quem perdeu todos os dentes. Sim, eles juram que a Monalisa era banguela e que qualquer pessoa sem dente ficaria com essa boquinha enigmática. Mais: dizem que se você olhar bem de perto, pode ver uma cicatriz localizada logo abaixo de seu lábio inferior, cicatriz esta típica de agressões por uma pancada na região da boca, que costumam fazer as pessoas perderem os dentes. Será que o ser humano é tão imbecilóide de fazer altas elucubrações e enigmas em cima de uma inocente pintura banguela?

Mas o sorriso não é a única “ilusão de ótica” da Monalisa. Ela foi pintada de tal forma que onde quer que você se posicione, a filha da puta parece estar olhando para você. Você vai para o canto direito da sala e ela está olhando para você, por maior que a sala seja. Você vai para o meio e lá está ela olhando para você. Daí você vai para o canto mais à direita que consegue e… ela continua olhando para você. Quer opinar mas está pobrão? Tá quebrado? Não tá com saco de ir para Paris? Entra aqui, aproxima a imagem e dá um confere nela virtualmente e depois me conta qual é a cara que você acha que ela está fazendo.

Fisicamente, a Monalisa seria bem baranga nos dias de hoje, mas estava dentro dos padrões estéticos da época: fofolete, bochechuda e sem sobrancelhas. Mas no que diz respeito à forma de retratá-la, ela foi um marco e inspirou a forma de pintar mulheres dali para frente. Na época era comum que mulheres fossem retratadas com a cabeça baixa e inclinada para um lado, já nossa amiga Mona tá olho no olho com você. Ousado. Leo também usou a chamada “oraganização de imagens piramidal”, ou seja, as mãos da Monalisa como base de uma pirâmide imaginária e a cabeça como vértice. Isso passa uma imagem de imponência e após a Monalisa, este recurso passou a ser amplamente utilizado. Sim, a Monalisa determinou um padrão estético para retratos futuros.

Mas, tal qual acontece aqui com o Desfavor, a Monalisa não teve o reconhecimento merecido em seu tempo. Acabou sendo comprada por um rei francês e usada para DECORAR UM BANHEIRO. Realiza que karma eterno e indissolúvel olhar para A FUCKIN´ MONALISA enquanto você caga! Ela ficou sendo ornamento de banheiro até a Revolução Francesa, quando finalmente deixou de morar mal e ganhou um espaço no Louvre.

O fato é que a coitada da Monalisa já sofreu muito nessa vida, além de morar anos em um banheiro, já foi roubada (sobrou até para Pablo Picasso) por um funcionário do museu, italiano patriota exaltado, que acreditava que o lugar dela era na Itália. Como ele conseguiu a proeza? Enfiou a Mona debaixo do casaco e saiu assoviando. Fácil assim. Será que era a PM carioca a responsável pela segurança da Monalisa? Ou seria o DESIPE?

A coitadinha da Monalisa também teve que enfrentar algumas agressões. Só para citar um caso, uma senhora russa tacou uma xícara contra ela em represália, pois estava puta da vida por não ter conseguido a cidadania francesa. Justamente por ser muito visada, hoje ela é protegida por um vidro grosso e um cordão de isolamento que não permite que ninguém chegue muito perto dela. Além deste, houveram outros casos, sendo o mais grave um derramamento de ácido que quase cagou a Mona para sempre, mas após uma longa restauração a coitadinha se recuperou.

Eu conheço vocês… mercenários, frios, ambiciosos, coração preto e cabeludo! Duvido que vocês não estejam se perguntando “Caralho! Quanto vale essa porra?”. Mais respeito com a Mona! Essa porra tem valor praticamente inestimável, mas, só para dar um parâmetro, em 1962 a Monalisa foi passar férias nos EUA e ficou exposta ali por um tempo. O seguro feito para este deslocamento foi de 100 milhões de dólares, o que lhe rendeu um lugar no Guinness Book como “o objeto mais valioso existente”.

Hoje a Monalisa transcende a pintura. É um ícone, e como todo ícone, também foi ofendido e humilhado, como por exemplo, no medonho livro “O Código DaVincci”, daquele projeto de escritor chamado Dan Brown. Muito triste que o grande público obtenha informações sobre uma das maiores obras de arte através de gente assim. Eu estou fazendo a minha parte para tentar reverter essa desgraça.

Bom, se vocês gostarem, eu repito a dose, falando de obras de arte famosas, assim como repeti a dose ao falar de primeiros socorros.

Para perder seu tempo perguntando pelo Somir, para se contradizer e depois de vetar meus Plantões dizer que não quer saber mais sobre artes ou ainda para não comentar pois achou chato: sally@desfavor.com

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