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Ele disse, ela disse: Sozinho em casa?

| Desfavor | | 106 comentários em Ele disse, ela disse: Sozinho em casa?

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Nos dias atuais cada vez mais gente opta por morar sozinha. Com certeza é mais fácil fazer isso atualmente do que jamais foi na história da humanidade. O que não significa que seja a melhor solução para todos… Sally e Somir discordam sobre as benesses da moradia solitária. Os impopulares se juntam para dar suas opiniões.

Tema de hoje: É melhor morar sozinho ou com alguém?

SOMIR

Não deve ser surpresa para quem acompanha o desfavor… “Antes só do que mal acompanhado” poderia ser minha frase de lápide. Sim, vou defender que morar sozinho é melhor do que morar com alguém (não precisa ser necessariamente parceiro sexual), mas já começo dizendo que não vou escrever um texto reclamando de convivência em geral. Atentem que não gostar de gente NÃO é pré-requisito para morar sozinho.

Pode-se ter uma atitude saudável em relação às outras pessoas desse mundo e mesmo assim exercer essa preferência. Não que a minha atitude sobre convivência seja lá muito saudável, mas não contaminemos o argumento com elementos tão pessoais assim… Morar sozinho não é escolher a solidão, é escolher controle e liberdade no seu ambiente.

Quem mora sozinho não deixa de ter namoros, amizades e relações familiares; isso já foi verdade em tempos onde as pessoas tinham dificuldade de comunicação e locomoção, mas vivemos no século XXI. Isolamento, mais do que nunca, é questão de escolha (ou de um problema sério). Prefiro gastar parágrafos falando disso do que arriscar que essa ideia jurássica contamine a discussão sobre o assunto.

Morar sozinho é criar seu próprio santuário. Um lugar onde você pode desligar seu lado social SE QUISER. Quando a casa é sua, ela vai refletir seus gostos, atitudes e opiniões… E também seus problemas. Te ajuda a se manter conectado com a sua vida, seu momento. Seja pelo lado positivo quanto pelo negativo… sua casa vai refletir sua personalidade. Prestando um pouco de atenção, você aprende muito sobre quem você é, o que faz bem e o que precisa de correção.

É muito mais do que poder andar de cueca furada pela sala. Essas liberalidades da vida solitária são agradáveis, mas não se faz uma pessoa que prefere morar sozinha apenas de prazeres egoístas. Bacana que tudo esteja configurado e preparado para seus gostos, que você não tenha que dividir quando não quiser, que você tenha privacidade para abdicar de algumas regras de conduta socialmente aceitáveis… Mas isso não é exclusividade de quem mora sozinho. Gente folgada faz a mesma coisa, quem quer que esteja do seu lado. Aliás, gente folgada e egoísta MESMO prefere ter alguém por perto, preferencialmente alguém que cumpra suas vontades e aceite seus abusos.

Morar sozinho é fazer um contrato consigo mesmo. E um em que o único prejudicado possível também é você. Não gosta de fazer alguma tarefa comum no dia a dia de uma casa? Se vira! Não aprendeu a se virar sozinho? Se vira mais ainda! Está passando aperto financeiro? Adapte-se. Pode parecer desalentador, mas na verdade não é o fim do mundo… a maioria dos desafios são conquistáveis, e a sensação de dar conta deles faz muito bem para o ego. É mais difícil, mas a vitória é mais saborosa… e quem faz o difícil consegue se dar muito bem fazendo o fácil depois, SE quiser.

Além do aspecto psicológico, ainda temos o prático… por mais que você goste desse “alguém”, não existe essa coisa de companheira(o) perfeita(o). Gente enche o saco, algumas mais do que outras. E às vezes nem por descaso ou maldade, simplesmente por estarem por perto. Numa casa dividida, as necessidades e as vontades de cada uma das pessoas vão acabar em choque eventualmente.

Tem horas que você quer fazer as coisas no seu tempo, do seu jeito… ou mesmo não fazer nada. Mas morar acompanhado não te permite mais essa prerrogativa. Você começa a ter “contas a prestar”, e justamente no lugar onde você deveria estar mais livre… na SUA casa. Que por sinal, não é mais sua…

Quando você mora com alguém que tem personalidade e as manias inversas às suas, o conflito é inevitável. Isso gera dois resultados possíveis: Um passa por cima do outro, ou os dois cedem até um meio termo. Ambos resultados com a estabilidade de um barril de pólvora… É difícil esquecer os problemas quando se vive com a pessoa.

Claro que dá para achar uma pessoa mais ou menos na mesma “vibração” que a sua, facilitando bastante o convívio, mas mesmo assim existe o problema da potencialização dos defeitos… Uma pessoa desorganizada se dá relativamente bem com uma preguiçosa, mas os defeitos de ambos se unem num pacote maior que nenhum dos dois tem muita capacidade de lidar.

Não nos esqueçamos que as pessoas não são todas criadas no mesmo lugar. O aceitável de uma pessoa é o abominável de outra… E as pessoas adoram reclamar e argumentar para provar que seu ponto de vista está certo (e para minha tristeza, a maioria das pessoas ainda se baseia exclusivamente em falácias para argumentar). Conflitos são inevitáveis em qualquer convivência, é possível viver com eles, mas com certeza é uma delícia ter um lugar onde você pode ficar sem eles.

Vejam bem: Não é questão de cortar contato com outros seres humanos, é a realização de que te faz bem ter seu espaço. Mesmo que se diga que pode-se conseguir esses tempos de paz na convivência com outra pessoa, eles nunca são plenos. Fazer uma pausa estratégica no contato com as pessoas não é sinônimo de ficar escondido num quarto… Pode muito bem ser seguir sua rotina cotidiana com a ESCOLHA de se manter separado.

Quem escolhe a hora de ficar sozinho acaba gostando mais das relações sociais, fica mais atento ao que outros dizem, fica mais protegido de estresses aleatórios e ainda por cima pode peidar a hora que bem entender!

Convivência forçada vai se tornar artigo obsoleto, ainda bem. É o futuro de uma espécie social melhorar a qualidade das interações.

Para dizer que também prefere que eu more sozinho, para reclamar que mora acompanhada mas também faz tudo sozinha, ou mesmo para dizer que gente intratável sempre tem uma boa desculpa: somir@desfavor.com

SALLY

O que é melhor, morar sozinho ou morar com alguém?

Reparem no termo: ALGUÉM. Não precisa ser marido, namorado, parceiro. Eu disse ALGUÉM. Amigo, amiga, irmão, parente, enfim, ALGUÉM que você escolha, que te seja querido, alguém que seja agradável. Não é qualquer pessoa, é uma pessoa com a qual você tenha prazer em conviver.

Eu prefiro morar acompanhada. Sou fã de gente, o que me faz mal é o excesso de gente. Acho morar sozinha meio deprimente, meio chato e porque não, até meio perigoso. Já me aconteceram situações que talvez se eu estivesse sozinha, estivesse morta.

Em parte o fato de ser mulher torna mais difícil o ato de morar sozinha. Uma barata, uma lagartixa, um rato ou qualquer outro bicho que provoque fobia podem estragar seu dia. Um pequeno afazer que demande força pode te custar caro nas mãos de um profissional que não seria necessário se houvesse mais alguém ali com você. Até uma simples gripe é mais fácil de levar quando tem alguém do seu lado. Eu sou suspeita para falar, sou daquelas pessoas que só saiu da casa dos pais porque não era mais socialmente aceito morar com papai e mamãe, vou te falar, por mim eu ainda moraria com meus pais.

Morar com outra pessoa não significa estar SEMPRE com a outra pessoa nem dever obediência. Não há essa obrigação de estar colado, de fazer tudo junto. Apenas se passa tempo com a outra pessoa quando se deseja. Claro que implica em alguns sacrifícios, como a lastimável perda da prerrogativa de peidar quando quiser e onde quiser (um saco essa coisa de levantar até o banheiro para peidar, hein?). Mas no cômputo final, acho que compensa mais ter alguém ali do lado. Duas cabeças pensam melhor do que uma, as pessoas se ajudam, se acrescentam, se amparam.

Existe uma enorme diferença entre PRECISAR de alguém e gostar de ter alguém por perto. Muita gente posa de independente alegando que não precisa de ninguém e na verdade se porta como se gostar de ter alguém do lado fosse sinônimo de precisar. Gostar de ter alguém por perto passa longe de dependência, fraqueza ou vergonha. Muito pelo contrário, eu desconfio é de quem se isola para provar que não precisa de ninguém ou, no caso do Somir, se isola porque seu temperamento faz o convívio com seres humanos ser extremamente trabalhoso.

Conviver é troca. Pessoas como o Somir se acham tão última bolacha do pacote que não tem mais o que aprender com os reles mortais, não há interesse em trocas. Pessoas como eu ainda acham interessante interagir e trocar experiências, pensar junto, conversar. Evidentemente estamos falando aqui de morar com alguém que você GOSTE e tenha escolhido (morar com pau no cu ninguém quer, não haveria controvérsia). Uma pessoa que você gosta e escolheu para dividir o mesmo teto fatalmente te acrescenta alguma coisa, torna sua vida melhor, mais rica, mais completa. Diante disso sacrifícios normais de convivência ficam pequenos, acho o ganho muito maior do que os sacrifícios que devem ser feitos.

Ter uma pessoa debaixo do mesmo teto significa dividir tarefas e dividir tarefas significa trabalhar menos. Também significa que se um dia você precisar, se estiver impossibilitado de executar as suas tarefas, vai ter alguém para te socorrer. Também significa pagar metade das despesas daquela casa, o que nos dias de hoje não é algo a ser desprezado. Provavelmente quem divide as contas consegue viver com mais conforto do que quem tem que arcar com tudo sozinho. Prefiro poder ligar um ar condicionado no calor e morar com alguém do que dormir suando e sozinha.

Morar com outra pessoa pode te livrar de tarefas que você odeia. Por exemplo, eu fico muito feliz em cozinhar se o outro lava. A pessoa que mora com você pode acabar te salvando em alguma tarefa que você abomina. Na pior das hipóteses, dividir tarefas sempre alivia o peso.

Mais de uma pessoa dentro de casa também gera uma segurança maior. Evidente que a preferência para assaltos ou qualquer outra forma de violência urbana será de uma menina que mora sozinha. Mas além disso, é mais provável que duas pessoas percebam um vazamento de gás, um incêndio ou qualquer outra fonte de perigo. Também é mais provável que encontrem soluções criativas para questões do dia a dia, duas cabeças pensam melhor do que uma.

Você sente necessidade de ficar sozinho? Você tem essa opção morando com outra pessoa: se entoca em algum canto e fica na sua. Já o contrário não é possível. Morando sozinho nem sempre você consegue socializar quando tem vontade. Morar sozinho é uma delícia, nos primeiros seis meses. Depois nem tanto. E quando algo dá errado morar sozinho pesa mais ainda na sua cabeça.

Em tese, morar sozinho é ótimo, mas na prática acontecem inúmeros dificultadores que seriam muito mais leves com outra pessoa ao lado.

Para dizer que a minha opinião não conta, para dizer que melhor do que morar com alguém é ter uma empregada ou ainda para dizer que você não saberia opinar pois por toda sua vida só morou com gente insuportável: sally@desfavor.com

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