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As pedras do meu caminho – Parte 3

As pedras do meu caminho – Parte 3

| Sally | | 15 comentários em As pedras do meu caminho – Parte 3

CAPÍTULO 6 – UM MERGULHO NO PÓ

Neste capítulo descobrimos que foi uma namorada mais velha chamada Juliana foi quem apresentou a cocaína ao Pilha. Sobrou para Juliana a culpa dele se viciar. Até Dona Sylvia, a mãe que fumava maconha dentro de casa, culpa a moça pelo vício do Pilha. Pronto, acabou. Sobre cocaína, é isso que o capítulo fala. Daqui pra frente é só informação bizarra. Estão preparados?

O grande rosário de inadequação e oversharing começa contando como Pilha pegava as namoradas do Gugu. Você deve estra chocado, eu também fiquei. A ideia do Gugu com mulher é realmente chocante. Aparentemente, Pilha pegava as mulheres do seu patrão e ainda tirava onda. Mamãe Sylvia conta que Pilha chegava a sacanear o Gugu dizendo “Qual é a próxima que vai cair aqui no meu colo?”. Sobre o estranhamento de cogitar Gugu + Mulheres, Dona Sylvia elucida a questão, sempre em sua adequação habitual: “Gugu tinha as namoradas, mas quem transava era o Rafa. Mais dia, menos dia, a mulherada acabava nas mãos dele”. Ah sim, agora faz sentido: “mas quem transava era o Rafa”. Dona Sylvia e o sincericídio que educou esse ser humano maravilhoso que é o Pilha.

Fica bem claro que o gene da adequação foi herdado com pompa e circunstância pelo nosso herói. Questionado por ter passado a vara em uma moça que era noiva do Gugu depois que eles terminaram, Pilha dá seu relato sobre ela: “A Silvinha era muito chata, logo entendi porque o Gugu não tinha casado com ela!”. Finesse. Classe. Sofisticação. Um verdadeiro gentleman. Olha, Pilha, a moça poderia até ser chata, mas a julgar pelas informações transmitidas pela senhora sua mãe, mais provável que não tenham casado porque “quem transava era o Rafa”.

O título do capítulo deveria ser “Um mergulho na falta de noção”, pois ele é uma compilação de depoimentos infelizes. Nenhum dos envolvidos parece minimamente constrangido em falar a tonelada de bosta que falaram. Isso porque todos devem ter lido o rascunho e a revisão final do livro, ou seja, leram a bosta umas duas ou três vezes e pensaram: “tá ok, tá bem bacana e adequado o que eu disse”. Parabéns aos envolvidos.

Em outro trecho, o livro deixa bem claro que o Pilha nunca se importou em contabilizar as mulheres da sua vida, mas Ricardo se deu ao trabalho de fazer essa conta. Se isso não é gozar com o pau dos outros, então eu não sei o que é. Francamente, contar quantas parceiras seu colega de trabalho tem significa que está sobrando bastante tempo na sua vida. Não me admira ter aparecido em programa sensacionalista dizendo que estava desempregado e mostrando a geladeira vazia. Se trabalhasse mais e contabilizasse menos a foda dos outros, estaria melhor na vida.

Enfim, Ricardo, O Invejoso, estima que nos tempos do Polegar o Pilha tenha chinelado 1500 mulheres. Não contente, ele ainda descreve a metodologia que usou para fazer essa conta. Olha, é muito deprimente ver alguém tentando se promover com a foda alheia, mas estamos falando do Ricardo, um débil mental que por mais de uma vez acusou publicamente o Pilha, um astro de luz, de estar usando-o para se promover. É como se a Mulher Maçã acusasse a Apple de usar seu nome para se promover.

Como o capítulo ainda não está constrangedor o bastante, ficamos sabendo que “para driblar o cansaço”, durante uma viagem de ônibus, os polegares resolveram competir para ver quem tinha o maior pênis. Olha, ainda bem que meus colegas de trabalho e meus familiares não driblam o cansaço dessa forma. Um tanto quanto peculiar, não? Imagina só, você está exausto dando um intervalo do trabalho e os colegas começam a gritar o tamanho de seus pênis!

Foram discutindo seus atributos até chegar ao hotel e lá apostaram dinheiro para ver quem era o mais bem dotado. Ninguém levava fé no Pilha, pois ele era o menorzinho do grupo. Pois é, adivinha quem ganhou? Deixo o Ricardo Manja Rola contar para vocês: “Quando ele mostrou, foi um choque geral. Sabe quantos centímetros o Rafael tem de pênis? 23! Por Deus! Nós medimos e ele tem 23 centímetros”.

Tanto a ser apontado. Nem sei por onde começar. Primeira coisa, não convém envolver Deus como testemunha de uma afirmação dessas, até eu que sou ateia tenho essa noção. Na boa, amigão, se você acredita em Deus, deixa ele de fora na hora de falar do tamanho do pinto do seu amigo. É melhor assim.

Segundo que, por mais que você queira aparecer às custas de quem tem estrela, Amigão, você está fazendo isso errado. Em uma Terra de mulheres fruta e palhações no Congresso, Ricardo conseguiu ser a forma humana mais vil, degradante e apelativa, tentando aparecer falando do pênis de um ex-colega de trabalho. Sei lá, faz que nem Fabão Jr. e casa 300 vezes, faz qualquer coisa mas não faz isso.

E outra: será que ele sabe o quanto a namorada dele calça? Será que ele sabe o quanto sua mãe veste de manequim? Sim, porque de duas uma: ou esse menino tem uma memória absurda para números ou então esses 23 centímetros ficaram bem gravados no seu cérebro por algum motivo especial, não é mesmo?

CAPÍTULO 7 – A CAMINHO DO INFERNO

Bom, agora sim se fala de drogas, em que pese o título do capítulo anterior. Talvez a Sonia Abrão tenha ficado constrangida de chamar o capítulo 6 de “23 centímetros de piroca” ou de “Gugu namorava mas quem transava era o Rafa”. Não faz mal, estamos aqui para isso, para jogar um holofote no que há de pior neste obra maravilhosa.

A grande derrocada do Pilha ocorreu aos 15 anos. Até os 14 conseguia conciliar tudo, inclusive o vício, mas depois dos 15 a coisa desandou de vez. Seu comportamento estava totalmente alterado. Não comia, não dormia, parecia outra pessoa. Dona Sylvia, a mesma que o flagrou usando drogas mais de uma vez no passado, acreditou nele quando ele disse que era “estresse” por causa dos shows. Apesar de dar centenas de sinais, Mamãe Sylvia escolheu o que sempre foi a especialidade da casa: o caminho da negação. Enquanto o coitado do Pilha emagrecia e se matava aos poucos, Dona Sylvia não via nada. Pode se filiar ao PT, Dona Sylvia.

Até que um dia o próprio traficante que vendia drogas para o Pilha foi até a casa de Dona Sylvia dar um feedback. Sensacional, né? Foi lá dizer que o filho era viciadão, aparentemente com algum grau de preocupação com que ele morra, pois estava no auge da fama e ia respingar merda na boca de fumo dele. Vejam vocês o grau de alienação parental de Dona Sylvia: o traficante estava mais preocupado com o Pilha do que ela. Como teve a verdade esfregada na sua cara, ela foi obrigada a tomar uma atitude. E tomou. A pior possível.

CAPÍTULO 8 – GUGU AMEAÇA: “OU VOCÊ SE TRATA OU ESTÁ FORA”

Quando eu falo que o livro deveria se chamar “A Sylvia no meu caminho” não estou exagerando. Ao descobrir o problema do filho, o que esta mulher fez? Foi contar para o Gugu! Imagina que você faz uma merda grande, sua mãe descobre e… vai te dedurar para seu patrão! Porque não basta estar na merda, é preciso se assegurar que o filho esteja na merda E desempregado.

Fizeram uma intervenção, com direito a muita conversa e até a ameaça do Gugu, que disse que ou ele se internava, ou estava fora do Polegar. Esperavam um acesso de fúria e até violência, mas a resposta do Pilha foi impagável: “Eu topo, mas você tem que me dar a sua TV portátil”. Pilha é uma pessoa que sabe quais são suas prioridades! Pilha foi de boinha, levando a TV portátil do Gugu. Mas chegando na lá, não curtiu muito não, no segundo dia fugiu da clínica e foi encontrado três dias depois em uma boca de fumo totalmente alucinado.

Essa foi a realidade que se seguiu. Mas Dona Sylvia tinha um método. Ela conta que quando ia buscar o Pilha dentro de alguma favela (percebam o tempo verbal que denota habitualidade), já entrava gritando “RAFAEEEEL! Se você não aparecer aqui agora, vou voltar com a polícia!”. Pilha não obedecia, mas os traficantes se cagavam de medo e enxotavam o Pilha para fora, jogando ele no meio da rua, onde quer que ele estivesse. Ninguém queria a polícia por ali. Aí Dona Sylvia levava ele para casa, com todo o carinho que lhe é peculiar: “Eu podia brigar, até estapear ele, mas sempre fui uma leoa na hora de defender meu filho”. Leoa? Pode ser, passa 18 horas dormindo e só cuida dos filhotes até os dois anos de idade. Faz sentido.

Pilha despirocou e veio uma segunda internação, dessa vez em uma clínica de segurança reforçada. Pilha ficou putão quando soube e ameaçou matar Dona Sylvia. Ele deu trabalho, foram necessários quatro enfermeiros para imobilizá-lo e aplicar uma injeção que o apagasse. Trancaram ele na clínica e disseram à imprensa que ele se afastaria temporariamente do Polegar graças a uma estafa e anemia. Mas, todos os altruistões que internaram o Pilha e diziam querer seu bem, o tiraram de lá um mês depois pois a agenda de shows estava lotada e não seria mais possível esperar pelo seu retorno. Parabéns aos envolvidos, viu? Foda-se a recuperação dele, o bacana era que ele gere dinheiro! Parabéns mesmo! Ninguém nunca amou esse menino, quando ele precisou de um pulso firme, ninguém estava lá por ele.

O coitado voltou a fazer shows. Os idiotas acharam que poderiam ser mais espertos que o Pilha. Dona Sylvia passou a trancá-lo em casa quando ele voltava dos shows, para impedir que saia e compre drogas. Mas não estamos falando de qualquer um, estamos falando do Pilha. Ele rapidamente criou uma metodologia com seu traficante, que jogava a droga na sacada do seu quarto e Pilha jogava o dinheiro para ele. Ele conta que assim driblou a vigilância da mãe e cheirava a noite inteira. Agora eu te pergunto, que mãe que mora com seu filho não percebe que ele cheirou a noite inteira? Dona Sylvia, a Enabler Master.

Foi só quando vieram as convulsões e overdoses, quando Pilha passou a ser hospitalizado correndo risco de vida, que Dona Sylvia percebeu que talvez tivesse algo errado. Gugu percebeu que não havia mais condições e escalou um outro Polegar para o lugar do Pilha, chamado Marcelo Souza. Você já ouviu falar em Marcelo Souza? Não, né? Sabe porque? Porque o Pìlha é insubstituível, quando ele saiu, o Polegar morreu. O plano era apresentar Marcelo como um novo integrante e aos poucos ir tirando o Pilha de circulação, deixando o novo membro no seu lugar.

Pilha, acertadamente, não levou fé em Marcelo: “Eu era o líder do grupo, cantava as músicas principais, encabeçava as entrevistas, as meninas me adoravam. Tinha certeza que sem mim o Polegar acabaria”. Sim, Pilha estava certo. Mas essa segurança toda fez com que não tivesse medo de fazer merda e ser excluído do grupo, protagonizando cenas lamentáveis, como na vez em que compareceu ao aeroporto para embarcar de pantufas, doidão ou outra vez, em que enfiou um murro na cara do Alan durante um voo.

Após muitas merdas, o copo finalmente transbordou. Poucos segundos antes de entrar no palco para fazer um show para 30 mil pessoas, Pilha teve uma overdose. Todos ficaram muito assustados, mas Alex, que sempre foi o mais viadinho, ficou tão transtornado que, segundo conta, teve que fazer um “tratamento cardíaco”. O choque de ver o Pilha assim teria desencadeado um “prolapso na válvula mitral”. Consultei um cardiologista e ele me afirmou que é um defeito congênito, que ocorre durante a formação do bebê no útero da mãe, que não é nada que possa ser adquirido por um susto, mas né, quem sou eu para desmoralizar a vitimização do rapaz. Se na hora de narrar o ocorrido ele escolheu focar no seu problema cardíaco, só me resta ter muita pena desse viadinho superprotegido.

Depois disso, Gugu bateu o martelo e afastou o Pilha do grupo. Pilha cagou e andou, continuou usando cocaína e conta em que pé as coisas ficaram: “as convulsões foram se agravando, passei a ter várias por dia. Caía com a cabeça no chão, machucava o nariz, a boca… mas insistia em continuar usando cocaína”. Talvez isso explique em parte essa face meio Nikki Lauda que ele tem hoje.

O problema é que a fama atrapalhava as drogas do Pilha: traficantes começaram a virar as costas e não vender para ele, por causa dos paparazzi que o seguiam tentando conseguir um flagra dele comprando drogas. Pilha, como sempre, criativo, foi atrás do maior traficante de São Paulo e comprou cocaína pura através de uma banca de jornal que ele tinha como fachada. E aí ele deu a afundada final, que o levaria para um dos piores momentos da sua vida.

Até mês que vem!

Para pegar uma régua e verificar a monstruosidade que são 23cm, para dizer que agora entende porque Pilha era o xodó do Gugu ou ainda para me alertar para o fato de que quando eles mediram, o Pilha ainda estava em fase de crescimento: sally@desfavor.com

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