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As pedras do meu caminho – Parte 8

As pedras do meu caminho – Parte 8

| Sally | | 10 comentários em As pedras do meu caminho – Parte 8

CAPÍTULO 19 – ÚLTIMA CHANCE: GUGU FALA COM RAFA NA CADEIA

Nosso herói continua preso e sua situação se deteriora. O livro relata como uma situação dramática para o Pilha. Os preses se reunindo e fazendo uma imposição: Pilha teria que pedir para alguém levar uma arma para dentro da prisão, caso contrário o matariam. Começaram a planejar uma rebelião e ele é peça chave nesse plano.

Dona Sylvia, sempre com o celular ligado (boa mãe que é), ficou sabendo do plano: “Estavam armando uma rebelião e o único famoso lá dentro era meu filho. Rafael como refém seria garantia de vitória para eles!”. Bonitinho ela pensar que seu filho é famoso e que alguém se importava tanto assim com o Pilha. Mãe é mãe, né gente? Ela fez o que poderia fazer de pior (como de costume) e denunciou tudo à Corregedoria, apontando o dedo para o delegado. Dedurar qualquer pessoa para seu chefe já é ruim, porém quando essa pessoa está responsável pelo seu filho é ruim ao quadrado.

Na reunião realizada com a corregedoria e o delegado responsável pelo Pilha Dona Sylvia continuou fazendo amigos. Acusou o delegado de forma nada amistosa: “(…) está mais preocupado em aparecer na televisão, pensa que é James Bond, tem link da Record dentro da sala dele 24h por dia, fica o tempo todo dando entrevistas. Só libera a entrada de artistas para ver o Rafael, mas para mim, como mãe, disse que teria que pegar fila de visitas nas quartas-feiras, passar por revista íntima”. Bacana que Dona Sylvia não reclama que a lei está sendo descumprida (e que pessoas estão entrando sem revista), reclama que ela está sendo obrigada a cumprir a lei.

Vocês podem imaginar a felicidade do delegado vendo ela falar mal do seu trabalho para seus chefes. O livro relata que o barraco que ela fez foi tão grande que o delegado tentou partir para cima dela, mas foi segurado por colegas. Dona Sylvia quando não caga na entrada, caga na saída. Um gesto que por mais equivocado que fosse, tinha a intenção de proteger seu filho, acabou sendo um grande vexame.

Ocorre que, quando falamos de Rafael Pilha, sempre tem um plot twist na trama. Na verdade, a ideia toda tinha partido do próprio Pilha, que se ofereceu para ser refém quando soube que estavam planejando uma rebelião por causa da superlotação. Ele traçou o plano todo e convenceu os presos que, por ser famoso valeria mais como refém.

Para dar início à rebelião, eles teriam que conseguir uma arma, assim poderiam fazer do Pilha o refém mais voluntário do mundo. Para isso decidiram inventar essa história, de modo a que alguém ligado ao Pilha se assuste e dê um jeito de levar uma arma para dentro, usando o Leôncio da vez para levar a informação. Mas não contavam com Dona Sylvia barraqueando e estragando o plano. Graças ao escândalo dela, Pilha acabou transferido e abortaram a rebelião planejada pelo próprio Pilha.

Ele continuou preso e sua saúde preocupava. Os efeitos da síndrome de abstinência o faziam passar mal. Chegou a ter convulsões, fazendo com que os presos tenham que bater em panelas reivindicando por socorro para ele. Foi hospitalizado, mas depois retornou à cela. Não conseguiam colocar o Pilha em liberdade, e, sem querer, a própria Dona Sylvia nos conta o motivo: “Decidi trocar de advogado, mesmo porque o Dr. Marlon (advogado do Pilha até então) nem pertencia à OAB”. Dona Sylvia, meu anjo, nem advogado o Dr. Marlon era. Acho que podemos chama-lo de Leôncio I. Esta família tem tradição em contratar advogado ruim!

De fato, Pilha estava preso injustamente. A própria “vítima” declarou em juízo que não foi roubada coisa nenhuma, que ela deu um real para o Pilha porque sentiu pena dele. Sobre o suposto assalto a um policial, tudo não passou de um mal entendido: o apelido do bandido que efetivamente o assaltou era “alemão”, que também calhou de ser alcunha do Pilha entre os drogados do viaduto onde ele morava. Convenhamos, qualquer loirinho ganha a alcunha de “alemão” no Brasil. Por também ser chamado de “alemão” acabou sendo preso como autor de um crime que não cometeu.

Todos os que conviviam com ele (inclusive os drogados do viaduto) são categóricos ao afirmar que ele jamais conseguiria assaltar alguém, muito menos um policial, pois mal conseguia andar. O próprio Pilha conta que, quando foi preso, estava há 13 dias sem dormir e 10kg mais magro. Além disso, seu estado físico não era dos melhores. Tomou facadas de drogados. Usou água do esgoto para diluir cocaína e injetar na veia, o que lhe rendeu uma Hepatite C.

Uma vez chegou a ser incendiado pelo namorado de uma menina que estava fumando crack com ele, por ciúmes: o sujeito jogou álcool e depois um fosforo aceso nas costas do Pilha, que ficou gritando e rolando no chão. Não, não queimou a cara, apesar do atual estado da sua musculatura facial, foi só nas costas mesmo. Fato é que ele sofreu todo tipo de agressão, de tiro a incêndio, estava muito debilitado, mal nutrido e doente. Jamais conseguiria assaltar um policial. Na verdade, nem sei como não morreu. Pilha é uma espécie de Rasputin brasileiro.

Enquanto isso a imprensa explorava o sofrimento do Pilha. Ele virou capa das revistas mais famosas da época com manchetes de partir o coração, coisas como “Por favor, quero me tratar” e uma foto dele detonado pelas drogas. Nessas horas é que se peneira quem realmente se importa com a pessoa e quem não. Muitas pessoas que fizeram parte da vida do Pilha foram a público para criticá-lo, como a vaca da Simony: “Quando a fama vai embora a gente perde fãs e passa a ganhar menos dinheiro. Aí quem não tem estrutura fica louco mesmo”. Essa foi a versão que ficou para o mundo: Pilha surtou porque perdeu a fama.

Só que não foi o caso do Pilha, como conta sua ex e talvez a única mulher que tenha amado ele realmente: “Ninguém sabe, mas depois da saída do Polegar ele passou a vender salgadinhos, andava de ônibus carregando tudo aquilo em uma caixa de isopor enorme.”. Depois Pilha arrumou trabalho em uma loja de shopping, onde frequentemente tinha que ouvir provocações como “agora que não é mais cantor, tem que arregaçar as mangas e trabalhar”. Ele ralou em diversos empregos, sempre tentando se reerguer. Só que vício é uma doença. O viciado é viciado para o resto da vida. Quando sua vida vai mal, você tem menos forças para lutar contra o vício.

Curioso que o Pilha tem uma justificativa para se afundar, o uso de drogas. Ele é doente, é viciado. Qual é a justificativa da Simony para hoje ser uma fracassada que vive de fazer filho de criminoso dentro do presídio? E para viver barraqueando na internet cada vez que alguém chama seus filhos feios de feios? Mais uma que tenta se promover jogando pedras no Pilha. O Pilha que foi preso 374 vezes, mas quem fazia sexo no presídio era ela. Com que moral fala do Pilha?

Pilha nunca deixou de trabalhar e de ralar e nunca desistiu de retomar sua carreira. Chegou a vender uma moto, que tinha sido presente do seu pai e era o bem que ele mais amava, para investir na produção de um disco independente. Gravou e produziu uma tiragem de mil cópias, mas não conseguiu lançar o disco. As portas das gravadoras estavam todas fechadas. Então, foi nesse contexto que ele se afundou nas drogas. Se afogou lutando para sobreviver e não na vida boa como muitos pensam.

No meio desse circo, surge uma luz no fim do túnel: Gugu Liberato. Ele conseguiu falar com o Pilha por telefone e fez uma proposta: Bancaria um disco novo para ele com a condição de que abandone as drogas definitivamente. Se conseguisse se livrar das drogas, Gugu o ajudaria a voltar para o meio artístico. Pilha aceitou e disse que assim que saísse da prisão iria para uma clínica de desintoxicação.

Aí a coisa mudou de figura, a vida do Pilha começou a entrar nos eixos. Gugu contratou um advogado de verdade, que tomou todas as providências possíveis para a soltura do nosso herói, inclusive ir até o Ministério da Justiça, em Brasília. Deu certo, 24h depois, Pilha foi solto, depois de 40 dias de prisão.

Agora restava ao Pilha cumprir sua parte. Combinou uma participação exclusiva no programa Domingo Legal, contando tudo sobre sua prisão. O assédio da imprensa era enorme, mas ele se manteve fiel ao Gugu e deu entrevista apenas para seu programa. Até Dona Sylvia se meter. Ela queria que o Pilha fosse internado logo, então, acho que o melhor caminho seria ameaçar: “Se não arrumarem uma clínica para meu filho, não tem mais exclusividade!”. Então, nesse saudável diálogo baseado em chantagem onde o próprio filho era moeda de troca, ela forçou a internação imediata do Pilha.

Diante de uma postura tão bacana, obviamente jogaram o Pilha no primeiro buraco que encontraram, segundo narra Dona Sylvia: “Levei um choque quando cheguei lá, era um lugar precário, sem condições. A psicopedagoga não tinha dentes e o tratamento era na base do “amém”. Tudo que perguntava, respondiam com essa palavra. Apelidei a clínica de Buraco do Amém e decidi tirar o Rafael de lá de qualquer jeito”. Novamente, mais escândalos e ameaças. Dona Sylvia barraqueando com Gugu e cia. Atendendo ao escândalo feito por ela, Pilha foi transferido para outra clínica.

Porém, os problemas continuaram. Agora Dona Sylvia brigou com o diretor do Domingo Legal, reclamando que ele tirava muito o Pilha da clínica sem pedir a ela, para compromissos profissionais. Dona Sylvia, a mesma que colocou o filho para fora de casa e se negou a dar-lhe um cobertor quando ele estava com frio, a mesma que não foi à delegacia quando seu filho estava sendo preso, queria ser consultada sobre convocação do seu filho para trabalhar. A mesma que deixava criança de dez anos fazer tatuagem e pegar ônibus para ir a entrevista de emprego sozinho, agora queria saber dos passos do filho. O diretor foi certeiro: “Deixa o Rafa ser feliz! Depois a gente trata da senhora”. Ela ficou putíssima.

Apesar de Dona Sylvia enchendo o saco, Pilha gravou seu CD em uma grande produção, no melhor estúdio, com a melhor direção. Todos os envolvidos no projeto afirmam que o resultado ficou muito bom. Foi no palco do Domingo Legal que o Pilha lançou a primeira música do CD, achando que essa seria sua volta por cima, retomada da sua carreira artística. Porém, depois do lançamento, Pilha percebeu que o CD não estava sendo divulgado como deveria e começou a se sentir abandonado, ou, em suas palavras “usado e descartado”.

Os motivos são nebulosos. Pessoas envolvidas no projeto contam que Pilha estava recomeçando a usar drogas e, quando isso foi percebido, houve uma decisão interna de não continuar investindo nele, pois já sabiam como acabaria. Pilha, por sua vez, diz que seria impossível usar drogas e gravar um CD ao mesmo tempo, já que ele é um viciado compulsivo e jamais conseguiria usar drogas com moderação.

Tem muitas versões diferentes, mas até hoje esse CD abandonado continua sem uma explicação. No livro fica bem claro que Dona Sylvia estava urubuzando o projeto desde o começo, pois o Pilha conta que sua mãe desde o início batia na tecla dizendo que o Gugu só estava usando o Pilha, então, ele certamente foi envenenado por ela no dia a dia.

Pilha ficou muito magoado com Gugu por nunca ter recebido uma explicação decente dos motivos que o fizeram abandonar esse projeto. Se sentiu traído e sacaneado e, adivinhem? Voltou a se afundar em drogas. O pior ainda estava por vir.

Para dizer que entende porque o Pilha botou uma arma na cabeça da mãe, para dizer o que pensa da Simony ou ainda para perguntar porque a Juma sumiu depois da prisão do Pilha: deixe seu comentário.

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