Resultado final.

Já pedimos, já falamos, já conversamos, mas, ainda assim, senti a necessidade de reunir tudo em um único texto final. Vale para o resultado das eleições e vale para qualquer situação indesejada que se apresenta na sua vida, para que você possa lidar com ela da forma menos desgastante possível.

Para ficar mais didático, dividi em três premissas que, se puderem, peço que carreguem sempre com vocês: 1) não sei 2) entrego 3) ressignifico.

Longe de mim querer impor o que vou escrever aqui como verdadeiro, é apenas um de muitos pontos de vista e sinta-se mais do que confortável para pegar apenas o que te serve e jogar o resto no lixo. Desfavor é Bufê, não pacote de adesão.

Antes de mais nada, este texto não é nada sobre nada mágico, místico ou religioso. São apenas algumas ferramentas que eu entendo que podem ser úteis para algumas pessoas, para se viver melhor e que vem a calhar neste momento. Dito isso, vamos ao texto.

A primeira premissa é que nós não sabemos nada.

Achamos que sabemos, mas a verdade é que por mais que gostemos de ter a sensação (falsa) que que somos muito especiais, importantes e sabemos muito, não sabemos nada. O (pouco) conhecimento que temos, é contaminado por crenças, por uma visão de mundo parcial e por centenas de informações falsas que nos cercam. O que você sabe sobre a vida, a verdade e o universo? Nada. Não, não estou te chamando de burro, eu sei tanto quanto você: nada. O mais brilhante dos seres humanos teria esta limitação, seja pela nossa estrutura física, seja pela imensidão de informação (boa parte dela, ainda desconhecida) do universo.

Então, o que vemos são situações pontuais, fora de contexto, que, em um primeiro momento, achamos entender e julgamos rapidamente se são ou não boas para nós. Quem aqui nunca passou por um evento que julgou ser horrível, injusto e desnecessário e, mais para frente, percebeu que o fato daquilo ter acontecido foi crucial para sua vida? Seja por trazer um aprendizado muito útil mais para frente, seja por significar, no final das contas, uma coisa verdadeiramente boa, no quando acaba a gente vê que foi pra melhor. É aquele clássico clichê da pessoa que acorda atrasada, maldiz o azar, perde um voo e o avião cai. Quem nunca reclamou pra cacete de algo que, em um primeiro julgamento superficial parecia ruim mas no final das contas foi bom?

Mais: muitas vezes isso acontece sem que a gente sequer tome consciência. Uma coisa supostamente “ruim” acontece, a gente xinga e, nos efeitos borboletas da vida, ela é responsável por salvar a nossa vida, por nos colocar em um lugar melhor ou tantas outras coisas boas que não conseguimos sequer compreender ou relacionar. A meia-verdade é que o que nós achamos que é bom ou ruim está totalmente contaminado pelo nosso entorno, pelos condicionamentos do nosso cérebro e por nossa pouca percepção do quadro geral.

Eu disse “meia-verdade”, porque a verdade mesmo, senhoras e senhores, é que não existe “bom” ou “ruim”. Isso é uma construção social. Existem coisas que nos agradam ou nos desagradam, porque somos arrogantes de achar que sabemos categorizar o que é “bom” ou “ruim”. Mas se não sabemos nada, como podemos julgar? O julgamento será com base em crenças sociais, que bosta de critério, não? Cêjura que acha que sabe alguma coisa tomando por base esse critério cagado? A dualidade não existe, é uma construção nossa, social, e um tremendo desfavor. Quem puder sair dela, vai viver melhor, muito melhor.

É utópico, eu sei. É praticamente impossível sair da dualidade, ainda mais em um momento de polarização máxima como esse: coxinha x petralha, país vai virar Venezuela x fascista e tantas outras versões toscas, medíocres e escrotas da dualidade que estamos experimentando. Mas, se você conseguir sair, ao menos um pouco, ao menos por um segundo desse pensamento dual, onde ou é uma coisa, ou é outra, ou é bom, ou é ruim, eu te prometo que sua vida vai melhorar. Olhar para as coisas com o olhar da neutralidade vai expandir sua consciência e te ajuda a sair dessa tsunami de infelicidade, ansiedade e estresse.

É que saindo da dualidade, não tomando lados, você passa a ser um mero observador, aberto para aquilo que o universo tenha a te oferecer. Quando você para de lutar contra o universo (adivinha quem vai levar a pior?) você sai do jogo. E quando o que quer que seja chegar, você não vai fazer julgamento, portanto, não vai sofrer.

Mas tudo isso depende do primeiro passo: Admitir que não sabe porra nenhuma, que te desqualifica para julgar, pois quem não tem os subsídios necessários não tem como formar uma opinião. Difícil explicar isso ao brasileiro, que se sente apto para ter uma opinião sobre tudo, mas vocês não são o brasileiro médio. Se uma meia dúzia daqui aproveitar algo do que eu estou dizendo hoje, já terá valido o texto.

“Mas Sally, isso tudo é muito difícil, não consigo”. Nem eu, meu anjo. O que mão me impede de tentar, pois sei que vou viver melhor se conseguir. Como diria o Romário: só perde quem bate. Quando você tinha um ano não conseguia andar, hoje você anda. O fato de não conseguir algo HOJE, não quer dizer que você nunca vai conseguir. Por sinal, daqui há um ano, você vai desejar ter começado hoje.

Existem mil caminhos para chegar em cada objetivo, vai trilhando os seus, uma hora você chega lá. Não tenho como dizer o caminho de ninguém, mas, no que depender de mim, sempre que descobrir uma ferramenta nova para ajudar nesse caminho, venho aqui compartilhar. Pega quem sentir que ela pode ser útil, quem não, passa amanhã. Fazer uma trilha acompanhado é sempre mais fácil, não?

Bem, depois que a gente entende que não sabe nada, que não tem condições de saber por não ter todas as informações, os subsídios necessários e por não ter uma compreensão de mundo limpa de toneladas de lixo social que despejam na gente, o próximo passo é a entrega, talvez o mais difícil de todos.

Se você não sabe de nada, se você não entende nada, o que pode fazer a respeito? Muito pouco, pode trabalhar apenas naqueles pequenos pontos onde tem controle, que são poucos, muito poucos. Depois disso, o que parece mais razoável: ficar ansioso prevendo todos os cenários possíveis (spoiler: é impossível) e tentando se preparar ou viver sua vida com graça e dignidade, sem deixar que algo que não depende do seu controle te abale?

Dica de ouro para controlar a ansiedade: aprender a discernir aquilo que está no seu poder ser mudado e o que não está. Normalmente somos arrogantes e achamos que temos poder para muito além do que podemos fazer. Tem que botar o pé no freio antes. Fez tudo que estava ao seu alcance? Meu amor, missão cumprida, ENTREGA.

Entregar não é desistir, entregar é aquilo deixar de ser uma questão para você. Desculpa aí a grosseria de simplificação tosca, mas existe uma coisa na física quântica chamada Efeito Zenão, que mostra como o foco do observador pode cagalhar o processo normal das coisas.

Falamos por alto no texto sobre o Gato de Schrodinger, mas eu vou fazer um texto só sobre isso, porque é complexo demais da conta, mas, basicamente, se você ficar olhando, a torrada não pula da torradeira. Em uma partícula radioativa, o elétron pode estar perto do núcleo ou se afastar dele (decair). Sabe-se que em algum momento o elétron se afasta do núcleo e decai. O que o Efeito Zenão comprovou é que se o observador fica olhando, ele atrasa esse decaimento. Ou seja, ficar ali, jogando uma energia ansiosa, surtando, pensando naquilo sem parar, sufocando… faz mal, para você e para a situação.

A razão pela qual isso acontece a gente não sabe. Assim como no experimento da fenda dupla, pode ser apenas uma percepção nossa, pode acontecer em função de algum tipo de energia que a gente movimenta ou pode acontecer por um motivo que sequer conseguimos cogitar. O fato é que ficar apegado a uma questão que não está mais no seu poder resolver, faz mal para você (seu corpo joga na sua corrente sanguínea substâncias tóxicas relacionadas a estresse e ansiedade), e provavelmente atrasa de alguma forma a solução ou o desfecho daquela questão.

E, não se enganem, esta entrega é interna e meramente ficcional, você não abre mão de poder, ela acontece apenas em uma percepção interna sua. Na realidade, você nunca teve controle sobre o que é incontrolável, basta apenas que assuma isso para si mesmo. Pergunte-se: “eu fiz tudo que podia para tentar reverter isso?”. Se sim, entrega, caso contrário você estará fazendo um mal a você mesmo e prejudicando seu objetivo final. E quando eu digo “entrega”, não é dizer “pronto, entreguei” da boca pra fora. É um ato interno, é uma postura, é um mindset.

Entregar é não pensar mais no assunto de forma fixa, é não sentir medo, é não querer que a coisa se resolva “logo” ou no seu tempo ou do seu jeito. Entregar é abrir mão de qualquer coisa referente a aquele assunto e, acima de tudo, estar aberto para o que quer que aconteça. Se não depende de você, esperar por um resultado X é pedir para se frustrar. Mente em branco, aberta e disponível para o que quer que venha.

Fez tudo que podia? Zera tudo. Abstrai. Aceita que não tem mais controle, que você não sabe o que e quando vai acontecer e, na medida do possível, lembrar que, qualquer que seja o resultado, ele não é “bom” ou “ruim”, pois a dualidade é uma ficção da nossa cabeça, fruto do apego e de toda a titica de crenças que a sociedade nos passa. Entregar é uma espécie de resiliência antecipada, mesmo antes do resultado final, você desistiu de controlar o que não pode ser controlado e de julgar o resultado final. Você faz as pazes com o universo, com os acontecimentos e recebe de bom grado o que vier.

Porém, temos um pequeno obstáculo aqui. Para entregar, é preciso confiar. Confiar que, o que quer que aconteça, é o que tinha que acontecer e nós, pequenos micróbios do universo, não temos como fazer um juízo de valor sobre isso, pois não sabemos nada. E confiar é difícil para um ser humano que cresceu sendo educado para se defender, para competir, para ver o mundo como um lugar difícil e perigoso. Por isso, muita gente precisa de muletas e alegorias para conseguir essa confiança, através de religiões: um amigo imaginário está providenciando que aconteça o que é melhor para você. Tá joinha, se ajudar, vai fundo. Mas saiba é possível confiar sem acreditar em um amigo imaginário, se você entender que todo o poder está dentro de você.

Não me refiro a um poder mágico, a algo paranormal, a algo inexplicável e divino. É o poder de ter controle da sua mente, compreender e assimilar estas questões: eu não sei nada, não sou capaz de discernir o que é bom ou ruim e isso nem ao menos existe, a dualidade é uma criação social. Ciente disso, faço a minha parte e depois não me aborreço mais com isso, entrego e fico aberta para o resultado que acontecer, pois não há bom ou mau, há apenas oportunidades de onde posso tirar algum aprendizado e o curso natural das coisas, onde passarei por aquilo que for necessário, sem medo, sem espernear, sem fazer birra porque as coisas não saíram do meu jeito.

Difícil, eu sei. Porém possível. Tudo questão de fé. Não em Deus, em divindades, não em criaturas mágicas. Fé em você, que você tem a capacidade de operar essa transformação em você mesmo, que você consegue sair do jogo, da ansiedade, do medo, da angústia, todos inúteis, pois nenhum deles melhora sua situação ou te ajuda em nada. Fé nada mais é do que tentar, sem se deixar abalar por aquele impulso de “ah não, impossível, isso eu não consigo”. Com essa postura, não vai conseguir mesmo. Tenha fé em você.

Você consegue largar tudo isso e apertar este belíssimo botão de “foda-se” que todos nós temos dentro da gente. Faça o que estiver ao seu alcance, depois, botão de foda-se, para não atacar seu próprio organismo com hormônios do estresse e outras químicas nocivas que nosso corpo produz que, cedo ou tarde, debilitam nossa saúde. Primeiro passo é não bater o martelo que não consegue. “Não sei como fazer” é muuuuito diferente de “nunca vou conseguir fazer”. Tem centenas de ferramentas que podem te ajudar, procura que você acha. É como dizem, quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece.

Uma vez alcançado este patamar, qualquer que seja o resultado final, será tolerado com mais serenidade. Lembram daquela frase de Jung que eu sempre cito aqui? “Tudo aquilo a que você resiste, persiste”?. Lutando contra, você só alimenta, Bolsonaro tá aí para provar. Aceitando, a coisa se dilui. É o sua resistência, o seu ímpeto por controle que alimenta todo o sofrimento da sua vida. O sofrimento vem, basicamente, da não aceitação, ou, em termos populares, aceita que dói menos.

“Mas Sally, como posso aceitar coisas terríveis, como a morte de um filho?”. E eu te respondo: e como pode não aceitar? Não aceitar não traz a pessoa de volta, não resolve o problema e ainda te faz sofrer muito mais. Mas é o que a sociedade nos impele a fazer, se não, periga até de pensarem mal de você. Quando uma pessoa da minha família adoeceu e eu fiz um trabalho interno intensivo para ficar bem, ficar serena e conduzir a coisa com o máximo de graça e leveza que pudesse, escutei por várias vezes (não por mal, por falta de consciência da pessoa mesmo) que eu provavelmente nem gostava tanto dessa pessoa, se não, não conseguiria me manter assim.

Tudo é formatado e predefinido socialmente: SE você ama uma pessoa e ela adoece ou morre, você TEM QUE sofrer feito um filho da puta, chorar deitado no chão em posição fetal. Se não, tem algo “errado” com você”. Meus amores, queiram ser errados, porque se adequar às expectativas de uma sociedade doente, cheia de gente medicada, deprimida, com síndrome do pânico e de matando com cigarro, drogas, comida, bebidas e estresse não é uma boa opção. Saiam do jogo. Apesar do condicionamento que já tem no nosso cérebro, não TEM QUE ser assim, não TEM QUE nada. É um longo caminho, mas é possível e… porque não? podemos fazê-lo juntos.

Essa ideia da dor necessariamente vinculada ao sofrimento precisa ser extirpada da sua cabeça. A dor pode até ser inevitável, o sofrimento não. O sofrimento está dentro da sua mente, a qual você pode controlar. Já passei por poucas e boas nessa vida, sobretudo em matéria de saúde, e eu lhes asseguro: a dor pode ser inevitável, mas o sofrimento está ao seu alcance evitar.

Quando o resultado final aparece, se a pessoa conseguiu manter a mente neste lugar bom, lidará com ele da melhor forma possível, e terá um último recurso valioso: ressignificar. Lembram da história do atrasado que perdeu o voo do avião que caiu? No final das contas, o que foi aquilo? Um puta azar ou uma puta sorte? Meio copo cheio, meio copo vazio? Sempre dá para ver ambos, cabe a você escolher.

Mas, novamente, por condicionamento social, nossa mente, por já ter caminhos neurais formados nessa direção (é como uma ladeirinha que sempre faz uma bola cair pela inclinação), acaba caindo quase que no piloto automático para o meio copo vazio. Isso porque vivemos cada vez mais em uma cultura do medo, onde acreditamos que o mundo é um lugar horrível e precisamos nos defender dele. O “normal”, o “natural” é sofrer em determinadas situações. E lá vamos nós para o sofrimento, medo, angustia, ansiedade…

Só que, mais uma vez uma frase que eu já cansei de repetir aqui: sua mente cria realidade. Não no sentido de “vou materializar uma Ferrari aqui agora!”, mas no sentido do Efeito Rosenthal, algo cientificamente explicado e comprovado.

Então, olha que combinação nefasta: se sua mente cria realidade e se sua mente está meio que pré-programada para ver sempre o meio copo vazio, sentir medo, sofrer e estar preparada para o pior. O que você acha que vai acontecer com você? Que tipo de realidade você vai criar para a sua vida?

Vai dar merda, e, verdade dolorosa: muita gente vai até ficar feliz com isso inconscientemente: “Não disse? Eeeeeuuuu não disse?”. Triste, mas hoje as pessoas preferem estar certas do que serem felizes, mesmo que para isso elas mesmas tenham que criar, inconscientemente, um cenário de danação para suas vidas. “Se eu não gosto do piloto, eu torço para que o avião onde eu estou caia”. Não sejam essa pessoa.

Ressignificar é lançar um olhar mais profundo sobre aquele acontecimento e ver que ele pode significar muito além do que a explicação imediata e contaminada pelo medo e sofrimento que seu cérebro encontrou. Nesse ponto, a evolução joga contra: nosso cérebro é uma máquina de sobrevivência. Aqueles homens das cavernas que aprenderam a ser “pessimistas” ou precavidos, são os que sobreviveram.

Aqueles que, ao ver um arbusto se mexendo pensaram “não vou passar ali, pode ser um tigre”, são os que não foram comidos e passaram seus genes adiante. Então, estamos inundados de uma genética medrosa, defensiva e estressada que, no contexto atual, em vez de nos proteger, hoje, representa o próprio perigo em si. É esse medo, estresse, defesa, que está nos adoecendo.

Resignificar é lutar contra seus caminhos neurais e contra sua própria genética. Difícil? Certamente, mas possível. A evolução se faz melhorando o que já existe. Tudo, absolutamente tudo pode ser ressignificado. Eu os desafio, nos comentários, a deixarem qualquer coisa que eu não possa ressignificar. Aliás, fazer diariamente um exercício de ressignificação é ótimo. Pensem em coisas que supostamente “deram errado” em uma interpretação rasa e tentem fazer uma interpretação mais profunda, onde estas mesmas coisas teriam que acontecer para servir a outro objetivo na “Big Picture”. Isso ajuda a colocar a mente em um lugar bom e criar novos caminhos neurais para destinos mais agradáveis.

“Mas Sally, isso é só especulação”. Sim, pode ser. Depende do quanto você esteja em contato com você mesmo, do quanto expanda sua consciência, do quanto escute sua intuição. Uma pessoa com a mente alinhada, em um bom lugar e conectada consigo mesma não vai especular racionalmente, ela vai desligar o racional e deixar que seu inconsciente (eu superior, alma, mente, Deus, Unicórnio do Cu rosa ou como queiram chamar) lhe mande essa informação. É um saber sutil, que só chega para quem está muito equilibrado, relaxado e disposto a escutar. Não é uma revelação trazida por uma entidade que flutua, é algo corriqueiro, do dia a dia: um insight, um sonho, uma lembrança repentina. Chega pra todo mundo, alguns conseguem perceber, outros não. Ótimo momento para isso: meditação. Fica a dica.

Você fez tudo que estava ao seu alcance. Você entregou. O resultado veio. Você pode fazer algo para mudar o resultado? Faça. Não pode? Ressignifica, pois tudo aquilo a que você resiste, persiste. O sofrimento vem da não aceitação. Resignifique, veja o meio copo cheio e, principalmente, SINTA o meio copo cheio, pois não adianta de nada fazer um discurso resiliente quando, por dentro, você está putaço. Aliás, tudo isso que estamos falando hoje não deve ser “feito”, deve ser sentido, caso contrário é só mais uma máscara que você veste para camuflar uma verdade que está presa dentro de você.

Bom, já me estendi três fuckin´págunas além do limite, vou parar por aqui. Não importa o desfecho destas eleições, ou de qualquer situação que esteja te aborrecendo. Tenha sempre em mente que:

– Não sabemos NA-DA, não temos subsídios para julgar se algo é bom ou ruim, e, na realidade, o bom e ruim nem existe, dualidade é uma criação social, tente olhar as coisas desde a neutralidade.

– Fez tudo que estava ao seu alcance? Entregue. Tire a questão da sua cabeça, não se preocupe mais com isso, siga sua vida sendo o mais feliz e sereno que puder, se não a torrada não pula da torradeira.

– Veio um resultado final? Beleza, tendo em mente que não sabemos nada (nem mesmo para avaliar esse resultado final), que a dualidade não existe e que tudo aquilo a que você resiste, persiste, ressignifique o que veio, tente entender e sentir a razão daquilo e seja grato, pois para alguma coisa essa bosta vai servir.

“Mas Sally, e se nada disso for verdade?”. Foda-se, vive-se melhor. Você quer estar certo ou ser feliz?

Para dizer que eu não estou bem, para bater o martelo que você nunca vai conseguir nada disso e se auto-limitar ou ainda para me mandar ressignificar meu cu: sally@desfavor.com

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Comments (19)

    • Obrigada, Vava. Já leu “O poder do agora”, do Eckhart Tolle? O título faz parecer que é um livro de auto-ajuda, mas seu conteúdo é bem valioso…

  • Um conforto ler esse texto nesse momento. Entrei na histeria política, fiquei triste pelo resultado, com medo de que coisas ruins aconteçam, mas vou seguir o seu conselho. Vou ser espectadora, fiz a minha parte, o que vier é lucro, vida que segue.

    • Sim, não sabemos nada. NADA. Ficar no medo, ficar esperando pelo pior vai fazer com que você de fato só veja o pior. Entrega.

    • É questão de hábito. No começo a tendência é voltar para velhos caminhos neurais, velhos hábitos de uma vida, mas com o tempo a gente aprende a funcionar desde um lugar melhor…

  • Leio o Desfavor há muitos anos e há bastante tempo notei a diferença no tom dos textos da Sally. Podem perceber que continuam os palavrões, a indignação, o xingamento, mas aquela raiva que era quase palpável saindo do texto foi diminuindo (raiva essa que nunca percebi vindo dos textos do Somir).

    Quando a Sally começou a escrever sobre autoconhecimento, entendi o motivo da mudança.

    Ou é só viagem minha! :-)

    Sally, teus textos tem me ajudado muito e a partir disso comecei a pesquisar outras pessoas que também falam destes assuntos e isto tem me feito muito bem, e tento compartilhar os assuntos com quem acho que possa ser útil.

    Já trilho o caminho do autoconhecimento há décadas, e a gente sempre aprende muita coisa nova. São alguns passos para a frente, e outros para trás.

    Muito obrigada por compartilhar teu tempo e aprendizado conosco. Você é uma pessoa que, mesmo não conhecendo pessoalmente, sinto como se conhecesse há quase uma vida inteira e a quem admiro muito.

    “Você quer estar certo ou ser feliz?”: melhor reflexão dos últimos tempos!!!

    • Que elogio legal, Morgana! Obrigada!

      Eu sempre creditei qualquer mudança no Desfavor à nossa premissa básica: trazer algo novo ao leitor. Como hoje o que mais tem é raiva e polaridade, só posso trazer algo novo ser adotar outra postura. Mas talvez você esteja certa. Talvez seja o autoconhecimento

      Não quer escrever um Desfavor Convidado sobre o que você já aprendeu ou percebeu em materia de autoconhecimento? Com certeza vai ajudar muita gente…

  • Que domingo impossível de chegar! Parece que entramos num buraco de minhoca infernal.
    Ótimo texto, foi pros meus favoritos.

  • Innen Wahrheit

    Oi Sally.

    Há uns 15 anos, eu tinha uma amiga da faculdade que me dizia muitas coisas parecidas (algumas até demais) com o seu texto de hoje.

    Ela foi morar em outro país e eu permaneci aqui, trabalhando e estudando. No período em que mantivemos contato por e-mail e telefone, as conversas sobre nossas visões de mundo e a condição humana eram recorrentes, e ela sempre tinha algo bom a compartilhar sobre esses assuntos, demonstrando preocupação com o bem-estar das pessoas com quem havia convivido, mesmo vivenciando dificuldades e longe da família e dos amigos.

    Após algum tempo, ela parou de responder aos e-mails e os telefones não atenderam mais. Como ela nunca foi muito adepta de redes sociais (ela já se incomodava com evasão de privacidade nos primórdios do orkut), não consegui localizar mais nenhuma informação sobre ela.

    Enfim, vão se as pessoas, mas aqui ou ali continuamos a vê-las nos pensamentos e visões das quais outras pessoas também compartilham. Pessoas como você me fazem lembrar dela, e talvez por isso eu continue passando por aqui.

    Agradeço por me trazer essa lembrança hoje.

    E parabéns para mim.

    • Jurava que este texto ia zerar de comentários…

      Se você reparar, no fundo todo mundo, filosifia, religiao, gurus etc, todos dizem em essência o que está neste texto, só muda a alegoria.

          • Entretanto, quisemos.

            Excelente tipo de reflexões (!); pena que não tenho elogio(s) melhor(es).

            Só tenho a complementar que me senti muito ajudado a ficar de fora do máximo possível de polarizações, desde esse tipo de essência em outros textos.

            • É a única forma de manter um mínimo de equilíbrio, não se envolver com essas pessoas loucas que brigam em lados diferentes!

  • Ótimo texto e ótimos conselhos, Sally. Dos melhores que eu já li e das melhores coisas que você já escreveu. É algo para se levar para toda a vida.

    Posso estar enganado – e por favor me corrija se eu estiver -, mas senti umas “pitadas” de taoísmo no seu texto. Eu mesmo não sou taoísta, mas já li umas poucas coisas a respeito e vi alguma semelhança entre o conceito de “Tao” da filosofia chinesa que entendi nessas minhas leituras e o que você escreveu aqui. Pelo que li – e que está até na Wikipedia -, o “Tao”, que na verdade é algo indefinível, pode ser entendido como um “conhecimento intuitivo da vida” que não pode ser apreendido, mas conhecido/sentido através da experiência de vida real, cotidiana, internalizada e individual.

    No mesmo artigo da Wikipedia sobre “Tao”, tem mais dois trechos – retirados do livro “Tao Te Ching” (“O Livro do Caminho e da Virtude”, em tradução livre) – que eu gostaria de destacar:

    1 – “Se entendermos bem a natureza das coisas e conseguirmos esquecer tudo o que aprendemos que tenta ir contra ela, conseguimos fazer tudo o que é possível, com o mínimo esforço. Porque acabamos por deixar as coisas seguirem o seu curso natural.”

    2- “Domina-se o mundo deixando as coisas seguirem o seu curso.
    E não interferindo”.

    A autoria do livro “Tao Te Ching” é atribuída ao filósofo e historiador chinês Lo-Tsé. Há quem diga, no entanto, que o tal Lao-Tsé nunca existiu de verdade – sendo apenas uma figura folclórica ou personagem de lendas antigas – e que essa obra seria uma compilação de provérbios de uma tradição oral coletiva milenar sobre o conceito de “Tao”. De qualquer forma, deve ser uma leitura interessante. Vou tentar encontrar em sebos.

    • Obrigada, fico feliz em saber que tocou alguém.

      Em essência, todas as religiões, gurus, crenças, dizem o que está neste texto, só que com alegorias, historinhas, dogmas.

      O que eu tentei fazer foi limpar toda a parte “andava sobre as aguas e transformava água em vinho”, e deixei a essência pura.

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